O SR. JAYME CAMPOS (DEM - MT. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, gostaria de falar sobre a comemoração dos 40 anos da fundação da Universidade Federal de Mato Grosso, acontecida nesse último dia 10 de dezembro em nosso Estado.

            Em torno dos muros e dos castelos medievais surgiram cidades, protegidas pelas fortificações e pela força bruta dos senhores feudais. Países e estados se formaram na encosta de fortalezas que serviam de arrimo para essas novas sociedades, e também de esteio para o comércio que as impulsionava.

            Mas foi ao redor das escolas e das academias que floresceu a civilização, alicerçada no livre pensamento e no saber. Pois, se as armas e os exércitos garantiram a sobrevivência desses grupos, foi o ensino quem propiciou a evolução cultural, ética e científica de nossa espécie.

            Pois bem, na última semana, mais precisamente no dia 10 de dezembro, com grande júbilo, nossa comunidade celebrou o aniversário de 40 anos de fundação da UFMT - Universidade Federal de Mato Grosso, entidade em torno da qual brotaram a inteligência e o amplo sentido da palavra educação em nossa terra.

            Criada com o sugestivo nome de Uniselva, nossa universidade nasceu como um farol da liberdade para iluminar o caminho democrático das futuras gerações de mato-grossenses, em plena ditadura militar.

            Se a tênue luz do saber for acesa nas trevas da intolerância política, logo ela se propaga em facho incandescente que se expande pela imensidão como uma grande fogueira a clarear as consciências.

            A Universidade Federal de Mato Grosso, que o Senador Marco Maciel, naquela oportunidade, na década de 70, ajudou muito para que fosse instalada e implantada, é hoje, indiscutivelmente, uma das maiores obras implantadas e orgulho de todos nós mato-grossenses. E a UFMT, nas últimas quatro décadas, tornou-se essa lanterna moral de nossa comunidade, formando homens e mulheres que estão ajudando a multiplicar oportunidades em uma sociedade ávida por justiça e desenvolvimento.

            Mas, Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, o médico Gabriel Novis Neves, primeiro reitor da entidade, costuma se referir à Universidade Federal do nosso Estado como uma “usina formadora de gente”. Ele tem razão. Em sua história de vida, a universidade já colocou no mercado brasileiro 40 mil profissionais. A escola de Medicina, Senador Augusto Botelho, Senador Mozarildo, que são médicos, por exemplo, destaca-se em âmbito nacional, sendo apontada, sucessivas vezes, como a que oferece o melhor curso nessa área em nosso País.

            Atualmente, a Universidade Federal de Mato Grosso oferta cinco mil vagas por ano em 98 cursos de graduação regulares, nos quatro campi e 17 polos de ensino à distância mantidos pela instituição. Além de 25 cursos de mestrado, 4 doutorados próprios, 10 doutorados em regime de intercâmbio e 70 cursos de especialização.

            O corpo docente é composto por 1.300 professores, e mais 1.600 técnicos oferecem o imprescindível apoio para o funcionamento eficaz da entidade. Vale ressaltar que a gestão desse universo do conhecimento está sob a égide da competente reitora Maria Luiza Cavalli. Ela sucedeu a outros lendários administradores universitários, tais como: o Dr. Gabriel Novis Neves, Atílio Ourives, Benedito Pedro Dorileo, Eduardo De’Lamônica Freire, Helmut Forte, Frederico Muller, Fernando Nogueira, Luzia Guimarães e Paulo Speller.

            Srªs e Srs. Senadores, nesses 40 anos, a UFMT ajudou a formar a elite intelectual mato-grossense, fazendo surgir um novo calibre de lideranças políticas, empresariais e sociais em nossa comunidade. As cabeças pensantes da segunda metade do século XX têm sua gênese no campus desta entidade de ensino superior.

            Não é exagero dizer que a Universidade Federal ampliou as fronteiras do conhecimento em nossa região, alargando a massa crítica e multiplicando o poder de compreensão de nossa própria grandeza, bem como observando, com mais cuidado, as contradições socioeconômicas latentes de nossa geração.

            Devo dizer que cada um dos alunos formados pela UFMT se transportou para nossa sociedade como uma ilha do “saber” acadêmico, propagando, em suas atividades pessoais, o sumo da retórica e da evolução tecnológica assimiladas na escola.

            Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, na semana passada, como contei no início deste pronunciamento, participei de uma emocionante solenidade que comemorou as quatro décadas de existência dessa universidade. Digo tocante, porque foi um reencontro com a coragem e a determinação de seus pioneiros. Vi ali a satisfação do Dr. Gabriel Novis Neves, ao ostentar na fronte o orgulho de ser um dos fundadores da UFMT.

            Assisti também à outorga do título de Doutor Honoris Causa ao ex-Senador e ex-Governador Pedro Pedrossian, uma lenda entre nós mato-grossenses. Pedrossian liderou politicamente os esforços para a implantação da UFMT e, merecidamente, recebeu o reconhecimento da comunidade acadêmica regional. Aos 81 anos de idade, os olhos de Pedrossian brilharam com o entusiasmo de um menino que contemplava, diante de si, não o fluir do tempo, mas, sim, a projeção do futuro venturoso daqueles que tiveram a felicidade de passar pelos bancos daquela Universidade.

            Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, quem semeia conhecimento colhe prosperidade. Quem planta a árvore do saber vai saborear os frutos da paz e da justiça social.

            Gostaria de parabenizar todos os mestres, servidores e alunos da Universidade Federal de Mato Grosso, certo de que eles são a boa safra de nossa terra.

            O Sr. Delcídio Amaral (Bloco/PT - MS) - Senador Jayme Campos.

            O SR. JAYME CAMPOS (DEM - MT) - Pois não, Senador Delcídio Amaral.

            O Sr. Delcídio Amaral (Bloco/PT - MS) - Eu gostaria de somar. Eu estava ouvindo o discurso de V. Exª, falando sobre a Universidade Federal do Mato Grosso, do nosso irmão Mato Grosso, e sobre a figura do ex-Governador Pedro Pedrossian. Eu sei que ele recebeu o título de honoris causa. Eu sou pantaneiro e conterrâneo dele. O ex-Governador Pedro Pedrossian nasceu em Miranda, uma cidade vizinha à minha, vizinha à Corumbá, no pantanal sul-mato-grossense. Ao longo do tempo e da vida política que tenho, que também não é longa, eu tive oportunidade de conviver com o ex-Governador Pedro Pedrossian. Como V. Exª disse, um homem com uma visão extraordinária, um político completamente diferenciado. E eu tenho legitimidade para dizer isso, meu caro Senador Jayme Campos, porque eu disputei as eleições em 2002 contra o ex-governador Pedro Pedrossian. Quero aqui registrar, aproveitando a oportunidade do discurso de V. Exª, o que ele representou e representa para o meu Estado, o Mato Grosso do Sul, e para o Estado de V. Exª, o Mato Grosso. Homem visionário, futurista, um político de vanguarda, inegavelmente, que pensou os nossos Estados e que ousou muito na vida. Nós devemos muito o que o Mato Grosso do Sul e o Mato Grosso avançaram ao ex-governador Pedro Pedrossian. Tenho absoluta convicção do que digo a V. Exª, porque hoje sentimos falta do que ele representou para nós. Um político moderno, que passou do rio Paraguai, que passou do rio Paraná, que olhava Mato Grosso do Sul ecumenicamente, que tinha uma visão holística de desenvolvimento econômico, social e de respeito a sua gente. Nós todos temos orgulho de ter um político como foi e como é o ex-Governador Pedro Pedrossian, referência para nós. E eu espero que outros Pedros Pedrossians surjam em Mato Grosso do Sul e em Mato Grosso, para realmente fazer com que os nossos Estados tenham uma leitura maior, uma leitura dinâmica, com a consciência de que aqueles Estados do bucolismo, do fazendão, definitivamente se encerrem. Pedro Pedrossian foi um ponto fora da curva. Ele nos levou a refletir sobre o que Mato Grosso do Sul representava para a Nação. E, portanto, eu não poderia deixar de destacar e aproveitar esse discurso competente de V. Exª para, de viva voz, prestar as nossas homenagens ao grande cidadão sul-mato-grossense, mirandense, Pedro Pedrossian. Muito obrigado, meu caro Senador Jayme Campos.

            O SR. JAYME CAMPOS (DEM - MT) - Eu é que agradeço o aparte de V. Exª.

            O SR. MARCO MACIEL (DEM - PE. Pela ordem. Com revisão do orador.) - Sr. Presidente, pela ordem.

            Sr. Presidente, gostaria de registrar, para efeito dos Anais da Casa, que hoje se despede do nosso convívio o Senador Antonio Carlos Júnior, filho de Antonio Carlos Magalhães, e figura exponencial de nosso Partido.

            Encontrava-me no Rio de Janeiro, participando de um evento. Não pude aqui estar para associar-me à manifestação dos colegas, de regozijo pelo desempenho do Senador Antonio Carlos Júnior no Senado Federal, honrando o nome de sua família, especialmente do seu pai, o Senador Antonio Carlos Magalhães, que muito contribuiu para o desenvolvimento da região nordestina e do País, sobretudo para a melhoria das condições de vida de nosso povo.

            Por isso, deixo minha homenagem ao Senador Antonio Carlos Júnior pela forma digna e proba com que se houve no desempenho do mandato, e também pelo exemplo, honrando as tradições de sua família.

            Era o que tinha a dizer, Sr. Presidente Senador José Sarney.