Discurso durante a 209ª Sessão Deliberativa Extraordinária, no Senado Federal

Considerações sobre os escândalos que surgem quando da elaboração do Orçamento da União, e apresentação de sugestões para que a peça orçamentária tramite nas comissões técnicas das duas Casas, extinguindo-se a Comissão Mista de Orçamentos, assim como seja de natureza impositiva.

Autor
Alvaro Dias (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/PR)
Nome completo: Alvaro Fernandes Dias
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
ORÇAMENTO.:
  • Considerações sobre os escândalos que surgem quando da elaboração do Orçamento da União, e apresentação de sugestões para que a peça orçamentária tramite nas comissões técnicas das duas Casas, extinguindo-se a Comissão Mista de Orçamentos, assim como seja de natureza impositiva.
Publicação
Publicação no DSF de 16/12/2010 - Página 58784
Assunto
Outros > ORÇAMENTO.
Indexação
  • CRITICA, CORRUPÇÃO, ELABORAÇÃO, ORÇAMENTO, NECESSIDADE, PROXIMIDADE, LEGISLATURA, PROMOÇÃO, DEBATE, EXTINÇÃO, COMISSÃO MISTA, REALIZAÇÃO, TRAMITAÇÃO, PROJETO DE LEI ORÇAMENTARIA, COMISSÃO TECNICA, CAMARA DOS DEPUTADOS, SENADO, OBJETIVO, REDUÇÃO, LOBBY, IRREGULARIDADE, GARANTIA, TRANSPARENCIA ADMINISTRATIVA.
  • COBRANÇA, CONGRESSO NACIONAL, PROVIDENCIA, RELAÇÃO, DENUNCIA, CORRUPÇÃO, COMISSÃO MISTA, ORÇAMENTO, RECUPERAÇÃO, CONFIANÇA, POPULAÇÃO, LEGISLATIVO, CRITICA, EXECUTIVO, INFERIORIDADE, LIBERAÇÃO, RECURSOS ORÇAMENTARIOS, AREA, TRANSPORTE AEREO, SEGURANÇA PUBLICA, APRESENTAÇÃO, DADOS, DEFESA, OBRIGATORIEDADE, EXECUÇÃO ORÇAMENTARIA, REGISTRO, TENTATIVA, ANTONIO CARLOS MAGALHÃES, EX SENADOR, EFETIVAÇÃO, PROPOSIÇÃO, DIFICULDADE, PARALISAÇÃO, CAMARA DOS DEPUTADOS.

            O SR. ALVARO DIAS (PSDB - PR. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, o Congresso Nacional não pode mais aceitar a convivência com os escândalos que brotam todo final de ano quando da elaboração do Orçamento da União. É a peça fundamental que define as prioridades nacionais, e todos os anos há indícios de desvios e denúncias de corrupção.

            Há 17 anos, o Congresso Nacional instituiu a Comissão Parlamentar de Inquérito dos Anões do Orçamento e revelou fatos estarrecedores, que levaram Parlamentares à cassação. Desde aquele período até hoje, a Comissão mantém-se sob suspeição permanente.

            O que fazer diante dessas denúncias? Não basta investigar e punir; é preciso encontrar uma solução definitiva. O que estamos pretendendo para o próximo ano é motivar um debate sobre a hipótese de extinção da Comissão de Orçamento no Congresso Nacional. O Projeto de Lei do Orçamento tramitaria pelas Comissões Técnicas da Casa. Com isso, teríamos a ampliação do debate sobre as prioridades nacionais, maior transparência, uma participação efetiva e mais abrangente de um número maior de Parlamentares, que se dedicariam a essa tarefa.

            Certamente, estaríamos reduzindo a força da pressão do lobby sobre a Comissão e seus Parlamentares, e ainda estaríamos reduzindo o espaço da corrupção, que se amplia em razão da impunidade que tem prevalecido.

            O que se indaga é: o que fará o Congresso agora diante dessas denúncias? E nós respondemos: praticamente nada neste final de ano. A sinceridade é indispensável nesta hora. O Conselho de Ética está dissolvido. A Casa não tem Corregedor. Não temos sequer como apresentar representações nesta hora. Cabe solicitar ao Tribunal de Contas da União. E nós precisamos estabelecer uma prática definitiva. Ao Tribunal de Contas da União cabe auditar os fatos referentes a denúncias veiculadas. Se há denúncia, há que haver auditoria para o esclarecimento necessário e as providências subsequentes. O Tribunal de Contas da União tem, a meu ver, nessa hora, o dever de realizar auditoria em relação às denúncias, veiculadas pela imprensa, envolvendo parlamentares na distribuição de recursos através das chamadas emendas parlamentares; e, na sequência, o Ministério Público deve adotar os procedimentos para responsabilização civil e criminal.

            O que não pode prevalecer é a leniência. Nós não podemos ficar passivos diante desse quadro de denúncias que comprometem a imagem do Congresso Nacional.

            A banalização da corrupção nos últimos anos no Brasil chega ao limite. Não há como suportar mais esse tipo de cumplicidade absoluta e generalizada. Nós temos de agir. E o Congresso Nacional só recuperará a sua credibilidade quando agir com rigor em relação à questão ética, quando coibir, quando enfrentar, quando se expuser diante dos fatos para impedir que eles se tornem rotina no Poder Legislativo. É um Poder muito importante para ser contaminado. É um Poder essencial no Estado de Direito Democrático. Nele estão fincados os alicerces básicos do regime democrático. Não podemos continuar permitindo que seja enxovalhado a cada passo e a cada ano. Especialmente no fim de festa, ao final do ano, reiteradamente há as denúncias de corrupção envolvendo a Comissão de Orçamento.

            E, além disso, o Orçamento não pode ser essa peça de ficção, não pode ser apenas uma peça para o deleite dos especialistas. O Orçamento tem que definir prioridades nacionais e ser cumprido pelo Executivo. Nós verificamos que, a cada ano, o Orçamento perde importância, porque os recursos consignados não são aplicados. É por essa razão que o saudoso Senador Antonio Carlos Magalhães iniciou nesta Casa uma luta para tornar o Orçamento impositivo. O Senado o ouviu e o apoiou, mas essa tarefa não teve prosseguimento, com eficiência, na Câmara dos Deputados.

            É por essa razão que, no final do ano, quando há esse apagão aéreo, quando os aeroportos estão superlotados, faz-se o balanço e se verifica que menos de 1% do que estava consignado para investimentos nos aeroportos brasileiros foi aplicado pelo Governo. E, quanto à segurança pública, com o caos que há no País em matéria de segurança, apenas 56% dos recursos provisionados para segurança pública, neste ano, foram devidamente aplicados.

            Portanto, o Orçamento tem que ser encarado com responsabilidade e importância. E estas são as sugestões que nós estamos apresentando no próximo ano: discutir a extinção da Comissão de Orçamento, para que o Governo possa elaborar com o tempo necessário, a fim de que a tramitação ocorra nas comissões técnicas e, ao final, uma comissão de sistematização ordenasse aquilo que tivesse sdo aprovado pelas comissões técnicas da Casa. Essa é uma sugestão. E a outra é a continuidade do debate sobre o modelo de Orçamento que queremos, estabelecendo o Orçamento impositivo para que o País saiba quais são realmente as prioridades adotadas pelo Executivo.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 16/12/2010 - Página 58784