Discurso durante a 212ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Manifestação de reconhecimento e apreço ao cidadão goiano Henrique Meirelles, que deixa o Banco Central do Brasil, após 8 anos à frente daquela Instituição.

Autor
Marconi Perillo (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/GO)
Nome completo: Marconi Ferreira Perillo Júnior
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Manifestação de reconhecimento e apreço ao cidadão goiano Henrique Meirelles, que deixa o Banco Central do Brasil, após 8 anos à frente daquela Instituição.
Publicação
Publicação no DSF de 17/12/2010 - Página 59363
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • CUMPRIMENTO, EX PRESIDENTE, BANCO CENTRAL DO BRASIL (BACEN), SUPERIORIDADE, TEMPO, GESTÃO, REGISTRO, BIOGRAFIA, CARREIRA, BANCO ESTRANGEIRO, EX-DEPUTADO, ESTADO DE GOIAS (GO), PARTIDO POLITICO, PARTIDO DA SOCIAL DEMOCRACIA BRASILEIRA (PSDB), ELOGIO, CONTRIBUIÇÃO, POLITICA ECONOMICO FINANCEIRA, BRASIL.

            O SR. MARCONI PERILLO (PSDB - GO. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Senador Mão Santa, eu quero fazer uma comunicação, o encaminhamento de um ofício ao Exmº Sr. Presidente José Sarney, Presidente da Mesa Diretora do Senado.

            Sr. Presidente, de forma soberana, decidiu o povo do Estado de Goiás, nas urnas, conduzir-me ao Palácio das Esmeraldas para exercer, a partir de 1º de janeiro de 2011, o honroso cargo de Governador.

            É hora de partir para mais uma etapa da vida pública, sob a proteção de Deus.

            Sigo inspirado por Getúlio Vargas e Juscelino Kubitschek, que reconheceram o valor e a pujança do Centro-Oeste e a importância de desenvolver o coração do Brasil.

            Cheguei com a experiência de mandatos como Deputado e Governador, mas tinha a certeza de que, nesta Casa de Rui Barbosa, teria oportunidades singulares para compreender os anseios de cada Ente Federativo pela palavra de seus respectivos representantes políticos, já que este Senado é o guardião da Federação.

            Sigo com o conhecimento construído pela convivência durante quase quatro anos com um corpo de Senadores permanentemente voltados ao debate dos temas mais instigantes e prioritários da agenda nacional.

            Aprendi a ver o País sob diferentes óticas, porque é neste plenário e nas Comissões do Senado onde se discutem os projetos e as leis que delineiam o futuro do Brasil.

            Como 1º Vice-Presidente do Senado Federal, pude compartilhar dos ensinamentos de todos os membros da Mesa Diretora, para juntos conduzirmos os trabalhos desta Casa e atendermos as expectativas de seus servidores e do povo brasileiro.

            Agradeço a todos os Senadores, de quem, independentemente da coloração partidária e ideológica, levo lições de grande valia. Esforcei-me para fazer o melhor, mas tenho certeza de que recebi mais do que pude oferecer.

            Tive a honra, Sr. Presidente, de ocupar a cadeira que um dia pertenceu a Juscelino Kubitscheck, Pedro Ludovico Teixeira, o fundador de Goiânia, Henrique Santillo e tantos outros que dignificaram o Senado da República, honrando o povo do meu Estado.

            Assim, neste momento, nos termos do art. 29 do Regimento Interno, dirijo-me à Mesa Diretora do Senado Federal para comunicar que, a partir desta data, renuncio ao mandato de Senador da República e de 1º Vice-Presidente desta Casa, requerendo a leitura desta comunicação no Período do Expediente e a consequente publicação no Diário do Senado Federal.

            Muito o obrigado a todos.

            (Palmas.)

            O SR. PRESIDENTE (Mão Santa. PSC - PI) - Os Srs. Senadores Marconi Perillo, Gerson Camata e César Borges enviaram discursos à Mesa, que serão publicados na forma do disposto no art. 203 do Regimento Interno.

            S. Exªs serão atendidos.

 

            O SR. MARCONI PERILLO (PSDB - GO. Sem apanhamento taquigráfico.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, ao ocupar esta tribuna, gostaria de externar meus cumprimentos ao amigo Henrique Meirelles que deixa o Banco Central do Brasil após ter permanecido no cargo por oito anos, ou seja, foi o Presidente que por mais tempo ficou à frente da instituição.

            Henrique Meirelles, esse goiano de Anápolis, nascido em 31 de agosto de 1945, merece nossa homenagem porque tem-nos brindado com exemplos de persistência, obstinação e desprendimento, que devem servir como referência para todos os brasileiros.

            Nem todos os dias, Sr. Presidente, encontramos entre os nomes de nossa história alguém capaz de fazer o percurso entre o cargo de Office-boy e o de Diretor do Bank Boston e Presidente do Banco Central do Brasil.

            Henrique Meirelles é uma dessas pessoas que nasceu para brilhar e soube aproveitar as oportunidades colocadas em seu caminho para construir uma carreira de sucesso.

            Em 1972, graduou-se em Engenharia pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, para, dois anos mais tarde, obter o grau de Mestre em Ciências da Administração pela Universidade Federal do Rio de Janeiro.

            Em 1984, conclui o Programa de Administração da Universidade de Harvard, em Boston, nos Estados Unidos e, 1997, é agraciado com o título de Doutor Honoris Causa pelo Bryant College, de Rhode Island, também nos Estados Unidos.

            A carreira de Henrique Meirelles e sua notável percepção das intrincadas variáveis do mercado financeiro e da economia construíram-se no Bank Boston, reconhecida instituição mundial.

            Já em 1975, ocupava a posição de Diretor Superintendente da Boston Leasing, em que permaneceu até 1981, quando assumiu a Vice-Presidência do Banco de Boston, no Brasil.

            Em 1984 é alçado à Presidência do Banco de Boston, no Brasil, onde permanece até 1996, quando assume a Presidência Mundial do BankBoston Corporation, em Boston, EUA.

            Até 2002 permanece nesse cargo, que acumula com o de Presidente de Financial Services Bank, no FleetBoston.

            Creio, Srªs e Srs. Senadores, que, neste momento de sua carreira, Henrique Meirelles deu um dos maiores exemplos de desprendimento e abnegação ao País, digno apenas de grandes homens públicos.

            Ao se lançar à carreira política como candidato a Deputado pelo PSDB do nosso querido estado de Goiás, obteve a maior votação, com o total de 183 mil votos.

            Não tenho dúvida de que, na Câmara dos Deputados, Henrique Meirelles teria uma trajetória de expressão e significado, sobretudo pela capacidade e conhecimento do mundo econômico.

            Mas havia diante desse anapolino um desejo que se sobrepunha ao do povo de Goiás, o desejo da Nação brasileira, carente de um experiente timoneiro para guiar o Banco Central do Brasil.

            Convidado pelo Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em razão do prestígio que detinha diante da comunidade financeira internacional, Meirelles lançou-se à missão de assumir um dos cargos mais importantes de qualquer Governo.

            A Presidência do Banco Central colocava-se, antes de tudo, como um desafio: o dólar encontrava-se no patamar de quatro reais, a taxa selic batia 25% ao ano e a inflação prevista para 2003 superava a casa de 11%.

            Era preciso tarimba, confiança e pragmatismo para enfrentar a situação e conduzir o Brasil pelo caminho mais seguro na economia.

            Meirelles enfrentou adversidades dentro do próprio governo, até porque, num primeiro momento, a taxa selic subiu até chegar a 26,5%.

            Mas, nosso homenageado, cercou-se por uma equipe técnica de primeira linha e estabeleceu diretrizes e metas de trabalho para manter a inflação sob controle e promover o gradativo declínio da taxa de juros, esta fundamental para o estímulo do consumo interno.

            Hoje o Brasil tem juros que permanecem aquém do necessário para garantir o fortalecimento do mercado interno, mas ninguém poderá tirar de Henrique Meirelles o mérito de ter baixado a taxa selic em mais de 15% e de manter a inflação sobre controle e dentro das metas estabelecidas pelo Conselho Monetário Nacional.

            É sob a batuta de Henrique Meirelles, também, que o Banco Central do Brasil ganho reconhecimento no exterior e passa a participar mais ativamente dos principais organismos e fóruns internacionais, como o Fundo Monetário Internacional (FMI), Conselho de Estabilidade Financeira (FSB) e o próprio BIS.

            Não poderia deixar de registrar aqui, como feito da Presidência de Henrique Meirelles, a regulamentação do setor cooperativo de crédito, que experimentou significativa evolução no período compreendido entre os anos de 2003 a 2010. Hoje, há cerca de 5 milhões de cooperados que possuem acesso a esse tipo de crédito.

            As regras para o setor de crédito imobiliário foram aperfeiçoadas, também, favorecendo a aquisição de imóveis de baixo valor. O crédito imobiliário cresceu expressivamente entre 2004 e 2010, de 1,8% do PIB para 4,9%.

            Destaque-se, também, que Henrique Meirelles foi eleito membro do conselho diretor do BIS (Banco de Compensações Internacionais, na sigla em inglês), o que levou o Brasil a ser o segundo país emergente com representante no conselho - o presidente do Banco Central da China também faz parte do órgão.

            É forçoso reconhecer, também, o papel do nosso homenageado diante da crise mundial de 2008. Sua atuação foi fundamental para que a população não fosse tão sacrificada como ocorreu em outros países.

            Creio, Sr. Presidente, que Henrique Meirelles, deixa como legado a consolidação da agenda macroeconômica do Brasil.

            Reitero, portanto, o reconhecimento e o apreço a este cidadão goiano, que soube colocar acima de qualquer interesse pessoal ou político partidário o dever maior de servir ao Brasil.

            Era o que eu tinha a dizer.

            Muito obrigado!


Este texto não substitui o publicado no DSF de 17/12/2010 - Página 59363