Discurso durante a 213ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Anúncio de apresentação de projeto de lei em coautoria com o Senador Pedro Simon, sobre o reajuste do piso salarial dos professores, na mesma proporção do percentual de reajuste conferido aos parlamentares.

Autor
Cristovam Buarque (PDT - Partido Democrático Trabalhista/DF)
Nome completo: Cristovam Ricardo Cavalcanti Buarque
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA SALARIAL. EDUCAÇÃO.:
  • Anúncio de apresentação de projeto de lei em coautoria com o Senador Pedro Simon, sobre o reajuste do piso salarial dos professores, na mesma proporção do percentual de reajuste conferido aos parlamentares.
Publicação
Publicação no DSF de 18/12/2010 - Página 59552
Assunto
Outros > POLITICA SALARIAL. EDUCAÇÃO.
Indexação
  • JUSTIFICAÇÃO, PROJETO DE LEI, AUTORIA, ORADOR, PEDRO SIMON, SENADOR, DEFINIÇÃO, IGUALDADE, INDICE, REAJUSTE, PISO SALARIAL, PROFESSOR, SALARIO, CONGRESSISTA, DEMONSTRAÇÃO, INTERESSE, EDUCAÇÃO, VALORIZAÇÃO, ATUAÇÃO PARLAMENTAR.
  • QUESTIONAMENTO, AUMENTO, SALARIO, MEMBROS, LEGISLATIVO, PERIODO, CRISE, CONFIANÇA.

            O SR. CRISTOVAM BUARQUE (PDT - DF. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente Valdir Raupp, Srs. Senadores, Srªs Senadoras, depois do aparte que fiz ao Senador Mão Santa, o meu discurso pode até ter ficado desnecessário, porque o que eu queria era comunicar aqui que o Senador Pedro Simon e eu, ontem, demos entrada a um projeto de lei pelo qual o piso salarial dos professores do Brasil seria reajustado na mesma taxa do reajuste que houve ao salário nosso, de Parlamentares.

            Eu creio que isso seria o mínimo que poderíamos fazer para mostrar ao Brasil inteiro que nós não estamos pensando apenas em nossos salários. Estamos pensando também nos salários dos outros, que nós estamos pensando na educação, que nós estamos pensando nas crianças.

            Eu creio que esse era o mínimo que a gente poderia fazer, inclusive para dar uma legitimidade ao aumento salarial. Não vou discutir aqui se é justo ou não o Parlamentar ganhar o mesmo salário de um Ministro do Supremo. Não vou discutir aqui se a gente deve comparar o nosso salário com o salário do Ministro do Supremo ou com o salário mínimo. Não vou discutir isso. O que eu quero discutir é se esse era o momento em que nós, do Congresso, estamos com tanta força e credibilidade ao ponto de darmos um aumento desse tamanho, e aí a minha resposta é de que não era o momento oportuno.

            Nós precisamos olhar o povo como o médico olha os seus clientes. O médico não aumenta o valor da sua consulta no momento em que a sua credibilidade como médico não está bem entre os doentes, e nós, hoje, estamos com dificuldades pelas crises dos últimos anos. Essa é a razão pela qual não é oportuno.

            Não vou discutir o valor também. Como professor universitário, ex-reitor, professor titular, 31 anos, o meu salário é maior do que o do Senador, mas eu sou uma exceção entre os professores das universidades, pela minha idade, pelo meu tempo de magistério, pelo fato de ter sido reitor. A média não ganha esses salários. Eu ganharia muito mais se não fosse Senador; pelas palestras que eu cobrava - como Senador, eu não cobro -, pelos Conselhos de que eu podia fazer parte, pelas consultorias que eu dava nacionalmente e internacionalmente, mas escolhi ser Senador, Senador Crivella, então tenho que esquecer esses salários que eu teria, como alguns empresários aqui teriam muito mais dinheiro.

            Aliás, creio que aqui, nesta Casa, qualquer um pode ganhar mais sem ser Senador do que sendo Senador. Não vou dizer todos, mas quase todos conseguiriam. Nós fizemos uma opção, e essa opção exige prestar contas e ter um salário que a população realmente reconhece como aquele que deve ser.

            Eu fui muito bem votado nessas últimas eleições, mas, se eu consultasse os meus eleitores sobre esse aumento, será que eles me dariam esse aumento ou eles iam pedir que antes fizéssemos certas coisas que querem que façamos? Uma delas é, por exemplo, darmos um aumento salarial para os professores do Brasil.

            Nós não temos o poder aqui, como Senadores, de dar aumento para todos os professores do Brasil, mas temos o poder de definir o piso salarial.

            Por isso, espero que o projeto de lei do Senador Pedro Simon e meu também venha a ter o apoio de todos os Senadores e, também, de todos os Deputados. Se a gente fizer isso, é bem capaz que as pessoas lá fora digam: “Puxa, esse pessoal está realmente pensando em agir para resolver uma das tragédias do Brasil: a tragédia educacional!” E, quem sabe, a partir daí, nos vejam como médicos que merecem uma consulta mais cara. Mas, primeiro, vamos mostrar aos nossos clientes que nós somos capazes e, aí sim, esses clientes vão nos aplaudir pela consulta que nós cobramos a eles.

            Isso era o que eu tinha a dizer, Senador Raupp, repetindo muito do que eu falei há pouco no meu aparte ao Senador Mão Santa. Mas, como eu estava inscrito para falar - e queria falar sobre esse assunto -, que fique registrado esse projeto e o meu pedido para que aprovemos um aumento no piso salarial do professor na mesma proporção do aumento dado, nesta semana, ao salário dos Parlamentares.

 

            


Este texto não substitui o publicado no DSF de 18/12/2010 - Página 59552