Discurso durante a 216ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Balanço dos oito anos no exercício do mandato de Senador pelo Estado da Paraíba, destacando os cargos exercidos por S.Exa., a luta pelos direitos dos paraibanos e pelo aprimoramento da democracia.

Autor
Efraim Morais (DEM - Democratas/PB)
Nome completo: Efraim de Araújo Morais
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
ATUAÇÃO PARLAMENTAR.:
  • Balanço dos oito anos no exercício do mandato de Senador pelo Estado da Paraíba, destacando os cargos exercidos por S.Exa., a luta pelos direitos dos paraibanos e pelo aprimoramento da democracia.
Aparteantes
Alfredo Cotait Neto, Alvaro Dias, Antonio Carlos Júnior, Eduardo Azeredo, Geraldo Mesquita Júnior, Heráclito Fortes, José Agripino, Marco Maciel, Mozarildo Cavalcanti, Mão Santa, Papaléo Paes, Roberto Cavalcanti.
Publicação
Publicação no DSF de 22/12/2010 - Página 60391
Assunto
Outros > ATUAÇÃO PARLAMENTAR.
Indexação
  • DESPEDIDA, MANDATO PARLAMENTAR, SENADOR, CUMPRIMENTO, MISSÃO, BENEFICIO, ESTADO DA PARAIBA (PB), BRASIL, AGRADECIMENTO, CONFIANÇA, POVO, REGISTRO, EXERCICIO, LIDERANÇA, MINORIA, CARGO PUBLICO, PRIMEIRO SECRETARIO, SENADO, PRESIDENCIA, CAMARA DOS DEPUTADOS, PARTICIPAÇÃO, PARLAMENTO, MERCADO COMUM DO SUL (MERCOSUL), MEMBROS, COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUERITO (CPI), FIDELIDADE PARTIDARIA, RESPEITO, ELEITOR, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DA FRENTE LIBERAL (PFL), DEMOCRATAS (DEM), IMPORTANCIA, FUNÇÃO, BANCADA, OPOSIÇÃO, GOVERNO, FISCALIZAÇÃO, VALORIZAÇÃO, DEMOCRACIA, REVEZAMENTO, PODER.
  • BALANÇO, ATUAÇÃO, INCENTIVO, PRODUTOR RURAL, RENEGOCIAÇÃO, DIVIDA AGRARIA, TRABALHO, MODERNIZAÇÃO, TRANSPARENCIA ADMINISTRATIVA, SENADO, AMPLIAÇÃO, INTEGRAÇÃO, LEGISLATIVO, ESTADOS, MUNICIPIOS, PROJETO, INCLUSÃO DIGITAL, COMUNICAÇÃO SOCIAL, REFORÇO, EMISSORA, RADIO, TELEVISÃO, AGRADECIMENTO, FAMILIA, APOIO, SENADOR, SERVIDOR.

                          SENADO FEDERAL SF -

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            O SR. EFRAIM MORAIS (DEM - PB. Para uma comunicação inadiável. Sem revisão do orador.) - Srªs e Srs. Senadores, é com muita honra, confesso a V. Exªs, que hoje ocupo a tribuna para me despedir desta Casa.

            Tenho certeza de que cumpri o meu mandato como uma missão e me posicionei com coragem e dedicação pelo que julguei melhor para a Paraíba e para o Brasil. 

            Pela confiança do povo paraibano, que me fez em 2003, Senador da República com a maioria dos votos, presto, Sr. Presidente, toda a minha gratidão e o balanço do que significaram estes oito anos como representante daquele povo e do Brasil nesta Casa, na condição de Senador da República.

            Durante toda a minha vida política, este foi o meu norte: fazer do meu mandato uma luta pelos direitos de cada paraibano, batalhar pelo aprimoramento da democracia e contemplar todos os setores sociais, defender o direito dos aposentados, dos pequenos agricultores e empresários, dos cidadãos mais carentes e, principalmente, do sertanejo, que carrega em si o espírito batalhador do povo do meu Estado, da minha querida Paraíba, e me permito ressaltar a pequena cidade onde nasci, minha querida Santa Luzia, e o meu Vale do Sabugy

            Durante o meu exercício como Parlamentar legislativo, ocupei cargos de maior importância aqui no Senado, como Líder da Minoria e 1º Secretário por duas vezes. Na Câmara dos Deputados, como 4º Secretário, Vice-Presidente e, com orgulho, Presidente daquela Casa, ali trabalhei incansavelmente e aprendi muito do que futuramente exerci aqui no Senado Federal, onde continuei dedicando-me e trocando experiências com meus Pares, muitos dos quais me honram ter dividido propostas e convivência diária.

            Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, para tanto, não perdi de vista minhas ideias e meus ideais, que me acompanharam desde o início. Mantive postura fiel aos princípios que fundam a democracia. Fui governo quando o povo me colocou no governo; fui oposição quando o povo me colocou na oposição.

            E aqui quero lembrar um fato. No final deste mandato, no dia 31 de janeiro de 2011, estarei completando, Senador Marco Maciel, 28 anos de mandatos consecutivos. Foram dois mandatos de deputado estadual, três mandatos de deputado federal e um mandato de senador da República, que estou concluindo. E quero lembrar: nunca mudei de partido. Sempre no mesmo partido, sempre respeitando o voto do cidadão paraibano.

            Como disse há pouco, quando governo exerci a condição de governista; quando o povo nos colocou na oposição, fizemos o trabalho de oposição. E repito aqui o que já disse numerosas vezes: faço oposição ao governo, não ao País. Fiscalizar não é só função do meu mandato, mas uma postura. E, nesse sentido, o povo da Paraíba sabe que pode continuar contando comigo.

            Escuto V. Exª, Senador Roberto Cavalcanti.

            O Sr. Roberto Cavalcanti (Bloco/PRB - PB) - Senador Efraim Morais, meu companheiro de bancada da Paraíba, estivemos, por força do destino ou por força da fatalidade, sempre de lados opostos; estivemos, na Paraíba, politicamente, de lados opostos; estivemos nesta tribuna, eventualmente e momentaneamente, de lados opostos, por junções ou motivações nacionais; mas jamais eu poderia me omitir na tarde de hoje. Se assim o desejasse, bastava ter encerrado o meu pronunciamento e me retirado do Plenário. Passei por V. Exª e pedi: amigo Efraim, conceda-me uma preferência no aparte, haja vista compromissos externos pelos quais teria que me ausentar. Mas eu, na verdade, gostaria de fazer um aparte a V. Exª. V. Exª autodefine-se muito bem como sertanejo, como espírito batalhador. Essa talvez seja a sua grande característica. V. Exª é um grande aliado porque é um batalhador aliado, e é um grande opositor porque é um opositor também batalhador. Essa experiência de 28 anos não é à toa, sei disso. Aqui passei dois anos e a cada minuto aprendo. Imagine V. Exª com o aprendizado de 28 anos! É uma cultura invejável, uma experiência invejável, que V. Exª está transmitindo aos demais, inclusive ao seu filho, que estará representando a sua família no Congresso Nacional, sem dúvida, com talento próprio, mas com um grande conselheiro. Eu diria que, na verdade, não poderia deixar de fazer esse reconhecimento. V. Exª foi sempre um lutador, um defensor das causas em que acredita, e a bancada da Paraíba sempre esteve enriquecida com a sua presença no Senado. V. Exª sabe que digo tudo isso nos intramuros da província. Na verdade nós sempre estivemos, lamentavelmente, um pouco afastados. Mas V. Exª sempre teve a extrema elegância de até na dureza aceitar o nosso contraditório, aceitar uma convivência social, sermos amigos de praia, de passeio, do dia a dia, respeitando-nos reciprocamente, mesmo quando, muitas vezes, sentiu-se incomodado por essa não conjunção de pensamentos na área política. Mas, na verdade, havia uma conjunção como cidadão que nós dois somos, no dia a dia, nas nossas famílias, em nosso relacionamento. Então, parabenizo-o, agradeço pela convivência, agradeço pela experiência e agradeço também até no sentido da permissão de permanentemente conviver com V. Exª, mesmo em momentos da mais alta e conturbada política polarizada, que é a política da Paraíba. Parabéns! V. Exª deixou um marco. Não é fácil passar 28 anos ininterruptos na atuação política. Reconheço o trabalho, reconheço a garra, reconheço o sertanejo Efraim Morais. Parabéns.

            O Sr. Marco Maciel (DEM - PE) - Nobre Senador Efraim Morais, gostaria de solicitar um aparte a V. Exª.

            O SR. EFRAIM MORAIS (DEM - PB) - Darei imediatamente a V. Exª o aparte, Senador Marco Maciel. Só quero agradecer o aparte do Senador Roberto Cavalcanti, meu companheiro de bancada.

            Quero dizer, Roberto, que o contraditório é muito importante, principalmente na democracia. Não acredito em governo sem oposição, e a oposição é, sem dúvida, uma das pilastras mais importantes do Governo, e o mais importante no nosso Legislativo, é o direito de fiscalizar, é a obrigação de fiscalizar.

            Considero importante o respeito que cada um de nós tem que ter para com o cidadão, para com o eleitor. É muito fácil sair da oposição e ir para o governo. V. Exª sabe muito bem que comecei minha carreira como deputado estadual sendo governo. Quatro anos após, já era oposição e me mantive nesse vai e vem da democracia, que é a alternância do poder. Em nenhum momento fui buscar as facilidades do governo para mudar de lado. Sempre e em todo momento respeitei o que para mim é mais sagrado: a decisão do povo, a decisão daqueles que me deram todos esses mandatos através do voto secreto, através da vontade popular. Claro, sei e respeito a decisão dos paraibanos, porque acreditaram em um projeto ao lado dos meus amigos, ao lado dos meus companheiros.

            V. Exª cita no seu aparte a continuidade do meu trabalho nesta Casa. Meu filho, Deputado Federal Efraim Filho, se reelegeu. É um jovem parlamentar. Foi deputado federal com 26 anos de idade. Reelegeu-se agora. Tenho certeza de que fará, com luz própria, a continuidade não do meu trabalho, mas daquilo que fiz em defesa do povo paraibano.

            Agradeço a V. Exª o aparte e espero, sim, que possamos ter - nós dois que sairemos daqui sem mandato - uma convivência na Paraíba. Continuaremos defendendo os interesses do povo paraibano e da nossa querida Paraíba.

            Senador Marco Maciel, escuto o seu aparte.

            O Sr. Antonio Carlos Júnior (DEM - BA) - V. Exª me permite um aparte?

            O Sr. Mozarildo Cavalcanti (PTB - RR) - Senador Efraim, quero me inscrever também para um aparte.

            O Sr. Marco Maciel (DEM - PE. Com revisão do aparteante.) - Nobre Senador Efraim Morais, desejo expressar a V. Exª meus cumprimentos pelo desempenho do mandato que o altamente politizado povo paraibano lhe conferiu. V. Exª, como acaba de mencionar, deixa o Senado Federal quando está praticamente completando trinta anos de vida pública, o que demonstra que sempre recebeu o voto e, mais do que o voto, a confiança do povo do seu Estado. V. Exª chamou a atenção para um dado muito importante para quem faz vida pública: a coerência. Aureliano Chaves certa feita me disse: “acho melhor que duvidem da minha inteligência do que duvidem da minha coerência, porque o político tem que ser sobretudo coerente”. De fato V. Exª deu um exemplo de coerência política, como ofereceu igual testemunho na Paraíba, Estado vizinho ao nosso, com o qual temos tantas relações. Esse exemplo de coerência prova que sem militância partidária não se constrói partido e, consequentemente, não se criam condições para que possamos crescer política e partidariamente os Estados. Quero dizer que V. Exª merece, por todos os títulos, esse nosso reconhecimento. Faço votos que V. Exª continue na vida pública, mesmo porque tem um filho que já está em atividade partidária, na Câmara Federal, e que, consequentemente, tende a continuar seguindo o exemplo do pai, já que desde cedo aprendeu, e com profundidade, os meandros da política e, por isso mesmo, está habilitado a dar uma boa contribuição à Paraíba e ao seu povo. Portanto, meus cumprimentos a V. Exª. Que V. Exª persevere na sua luta no campo político partidário em favor do seu Estado, o Estado da Paraíba, que sempre teve, ao longo da nossa história, uma participação muito ativa na política nacional.

            O SR. EFRAIM MORAIS (DEM - PB) - Senador Marco Maciel, V. Exª fala em ensinar, mas prefiro dizer “Professor Marco Maciel”, porque V. Exª sempre foi um espelho para todos nós, principalmente para os paraibanos. Ali, pertinho do seu Estado, tivemos a oportunidade de ver toda a sequência da sua carreira política, sempre vitoriosa. Nós, paraibanos, admiramos V. Exª. Tive a felicidade de chegar a esta Casa, de aqui estar durante esses oito anos e de ter V. Exª como companheiro, como orientador, como professor, como parceiro de partido. Tivemos oportunidades inúmeras de, juntos, discutirmos a questão do Brasil. V. Exª sempre esteve em defesa do seu povo, dos seus irmãos pernambucanos; nós sempre estivemos em defesa dos nossos irmãos paraibanos. Mas todos nós pensamos num Brasil melhor, num Brasil que desejamos. V. Exª é um dos nomes por que tenho o maior respeito na história política deste País, pela transparência, pela seriedade, pela inteligência. Enfim, é um homem que nos garante, acima de tudo, principalmente para nós que somos companheiros de partido, segurança. Nos momentos mais difíceis, V. Exª foi um dos conselheiros, um dos grandes companheiros. Por isso, muito obrigado pelo aparte de V. Exª. Tenha a certeza de que continuarei sendo seguidor de V. Exª.

            Ouço o meu Líder, o Senador Antonio Carlos Magalhães Júnior.

            O Sr. Antonio Carlos Júnior (DEM - BA) - Senador Efraim Morais, tivemos uma convivência mais próxima nesses últimos quatro anos, mas já tínhamos alguma convivência quando aqui estive pela primeira vez e quando V. Exª era Vice-Presidente da Câmara. Aqui, nós nos aproximamos mais neste período, numa convivência sadia, numa convivência de coleguismo, de grupo. Sempre conversamos sobre os problemas mais graves que aconteciam na Casa e sempre estivemos afinados na bancada, sempre convergimos. Criamos uma amizade que, inclusive, já passou para os nossos filhos, o Deputado Efraim Filho e o Deputado ACM Neto. Essa nossa convivência foi muito salutar. V. Exª sempre foi um Parlamentar combativo e participante. V. Exª sempre participou da administração da Casa, dos trabalhos na Bancada. Foi relator e autor de vários projetos, com uma produção legislativa importante. Tivemos uma belíssima convivência, a qual vamos levar para fora daqui, pelos anos à frente. Parabéns a V. Exª pelo mandato que cumpriu, sempre colocando os interesses da Paraíba na frente, mas sempre pensando também no Brasil! V. Exª foi um parlamentar que podemos classificar como um parlamentar de grande produção e de grande trabalho nesta Casa. Parabéns a V. Exª! No mandato que V. Exª agora conclui, como também concluí o meu, V. Exª realmente pode dizer: “Trabalhei e produzi para a Paraíba e para o Brasil”.

            O SR. EFRAIM MORAIS (DEM - PB) - Senador Antonio Carlos Júnior, agradeço a V. Exª o aparte. Aqui, devo lembrar a convivência que sempre tive com sua família. Nos doze anos que passei na Câmara dos Deputados, tive a felicidade de conviver com o nosso saudoso companheiro Luís Eduardo Magalhães - inclusive, fui seu Vice-Líder quando ele foi Líder do PFL. Lembro também a convivência e o aprendizado que tive com o pai de V. Exª, o Senador Antonio Carlos Magalhães, que, como todos nós sabemos, foi exemplo nesta Casa, pelo amor que tinha a esta Casa e ao Congresso Nacional, mostrando-nos, acima de tudo, como defender um Estado. Como ele defendia sua Bahia, com amor, com carinho, com dedicação! Cada um de nós que aqui chegava aprendia sempre com Antonio Carlos Magalhães. Então, foi uma grande convivência. E, hoje, nossos filhos, os Deputados ACM Neto e Efraim Filho, estão na jovem guarda do nosso Partido, fazendo um trabalho que, tenho certeza, será produtivo e positivo para os seus Estados e para o Brasil. Por isso, agradeço o aparte a V. Exª e o incorporo, na íntegra.

            Peço permissão aos companheiros para que eu avance um pouco no nosso pronunciamento.

            E diria, Srªs e Srs. Senadores, que, durante meu mandato como Senador, foram contemplados dois setores muito importantes da sociedade, conquistas que me tocaram especialmente: a defesa do pequeno e do médio agricultor no que diz respeito ao perdão e à rolagem da dívida; e os direitos alcançados no que tange aos pensionistas e aposentados.

            Como 1º Secretário desta Casa, Sr. Presidente, não tenho dúvida de que estabelecemos um salto de qualidade no padrão de trabalho desta Casa. Durante quatro anos, trabalhamos para levar a mais avançada tecnologia da Casa até os menores Municípios, ampliando e paramentando o Interlegis, hoje um dos maiores projetos de inclusão digital do País, um projeto desenvolvido pelo Senado Federal, em parceria com o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), que dá à comunidade legislativa acesso a computadores e à Internet. A partir do Interlegis, a que dei continuidade, promovemos a modernização e a integração do Poder Legislativo em nível federal, estadual e municipal, levando a informação e a informatização para os mais distantes Municípios do Brasil.

            O Interlegis, Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, contava, quando deixei a 1ª Secretaria, com a adesão de 3.744 Câmaras Municipais, e, em 2.948 Câmaras, equipamentos foram instalados. O Brasil, como se sabe, possui 5.560 Câmaras Municipais, o que significa que o Senado Federal, por meio do Interlegis, alcançou com sucesso, naquela ocasião, mais da metade dos Municípios brasileiros, mais precisamente 67,34% das Câmaras Municipais, 53% delas devidamente informatizadas. O programa ainda revolucionou o trabalho de Vereadores, de Deputados estaduais e federais e de Vereadores, ao permitir maior fiscalização popular.

            Menciono, Sr. Presidente, que a 1ª Secretaria, uma espécie de prefeitura do Senado, desenvolveu, ao longo do meu mandato, graças, sobretudo, à alta capacitação técnica do seu pessoal, grande eficiência no processamento das múltiplas demandas que foram remetidas.

            Outro setor fundamental à democracia, em cujo desenvolvimento investimos, é o da comunicação social. Desnecessário ressaltar o papel cada vez mais relevante da Rádio Senado e da TV Senado. Cada vez mais, sabemos da importância da nossa televisão e da nossa rádio para o trabalho que é desenvolvido pelas Srªs Senadoras e pelos Srs. Senadores. Sr. Presidente, não tenho a menor dúvida de que a TV Senado e a Rádio Senado, pelo trabalho relevante que prestam à democracia e à sociedade, fortalecem, cada vez mais, esta Casa e seus Parlamentares.

            Sem imprensa livre, Sr. Presidente, não há democracia. Preocupam-me, no Partido do atual Governo, as tentativas de manipular a opinião pública por meio de expedientes oblíquos, a que chamam de controle social de mídia.

            Pelo Legislativo, sobretudo, tenho o mais profundo respeito. Toda a minha trajetória política aconteceu no Legislativo e foi marcada pelo mais democrático, transparente e representativo dos Poderes da República. Aqui, exercitam-se, efetivamente, os fundamentos da democracia, que promove o debate construtivo dos contrários e que estabelece códigos de valores que permitem às minorias o sagrado direito de manifestação crítica diante do poder estabelecido. Enquanto o chefe do Poder Executivo é eleito por uma parcela da sociedade - ainda que majoritária -, o Legislativo recebe os votos da totalidade dos eleitores.

            Aproveito, Sr. Presidente, a oportunidade para agradecer, neste momento, o reconhecimento que obtive ao longo desses oito anos e a confiança dos honrosos quase 700 mil votos que recebi nas últimas eleições. E quero lembrar que esses 700 mil votos, Senador Mozarildo, significam 100 mil votos a mais do que os que recebi em 2003, o que é uma prova de confiança, o que significa a aprovação em parte do meu trabalho nesta Casa.

            No final de meu mandato, como V. Exªs têm conhecimento, enfrentei turbulências, perseguições e ataques pessoais, mas deixo esta Casa de mãos limpas, em paz com minha consciência, determinado a continuar a militância no meu Partido, o Democratas, na certeza de que o eleitor, ao sufragar os vencedores, indica também os que irão fiscalizá-los, e, podem ter certeza, serei um deles.

            Como Senador, fui distinguido pelos meus Pares com a indicação para o exercício de cargos importantes. Exerci, inicialmente, a Liderança da Minoria por dois anos. Presidi, posteriormente, a CPI dos Bingos em 2005, na crise do mensalão, responsável por denúncias importantes, entre as quais a do caseiro Francenildo Santos Costa, que resultou na demissão do então Ministro da Fazenda, Antonio Palocci, e do então Presidente da Caixa Econômica Federal, Henrique Mattoso.

            Contrariar interesses poderosos explica os ataques posteriores que recebi contra minha honra e aos quais respondi, um a um. E todos tiveram o mesmo destino, o arquivo. Foram ataques políticos. Aqueles que não queriam a fiscalização, aqueles que não queriam a vigilância não queriam também a presença do Senador Efraim Morais, por mais oito anos, nesta Casa.

            Senador Mozarildo, com muito prazer, escuto V. Exª.

            O Sr. Mozarildo Cavalcanti (PTB - RR) - Senador Efraim Morais, conheço V. Exª desde a Câmara dos Deputados. Acompanho os trabalhos de V. Exª como Parlamentar atuante, e, aqui, no Senado, V. Exª se superou. Foi um Senador que trabalhou muito em todos os setores, seja na parte administrativa do Senado, seja na Presidência da CPI, nas Comissões, no plenário. Foi um Parlamentar bastante atuante e, sobretudo, coerente. E, como V. Exª mesmo disse, obteve mais votos do que na eleição anterior. Mas é lógico que essa eleição, no Brasil todo, teve, digamos assim, um exponencial, em termos de abuso do poder econômico e do poder político, que permeou todos os Estados. Tenho a impressão de que, no Estado de V. Exª, não foi muito diferente. No meu Estado, então, nem se fala! Lá houve o menor contingente eleitoral e o maior índice de corrupção eleitoral. Mas o importante é que V. Exª, ao se despedir, mostra, mais uma vez, a serenidade de quem sai de um mandato, mas de quem, com certeza, não vai sair da vida pública, porque não só a Paraíba precisa da colaboração e do trabalho de V. Exª, como também o Brasil. Portanto, quero dar-lhe um “até breve” e dizer que, aqui, somos sempre companheiros na luta para fazer um País plural, para fazer um País, como disse V. Exª, que tenha governo e oposição, que tenha, portanto, ideias divergentes, não apenas um esquema único de pensamento. Quero cumprimentar V. Exª pela coragem com que enfrentou temas delicados durante seu mandato - talvez, por causa dessa questão, tenha pago um alto preço. Parabéns pela sua atuação! Espero, realmente, que V. Exª continue na trincheira da luta do bom combate.

            O SR. EFRAIM MORAIS (DEM - PB) - Senador Mozarildo Cavalcanti, meu irmão, é com muita alegria e com muita honra que convivi com V. Exª nesses oito anos, nesta Casa. V. Exª foi meu Vice-Presidente na CPI dos Bingos e sabe do nosso trabalho na Comissão, não só do trabalho do Senador Efraim Morais, como Presidente, mas também da atuação do Senador Garibaldi Alves Filho, como Relator, e de muitos outros que participaram daquela CPI, a exemplo do Senador Tião Viana. V. Exª diz exatamente da convivência que tivemos nas Comissões, no plenário, em missões por nós assumidas e na Comissão de Orçamento. Enfim, juntos, trabalhamos muito. V. Exª trabalhou em defesa do seu Estado, e eu, na defesa do meu Estado, mas, juntos, trabalhamos em defesa do Brasil. Agradeço a V. Exª. Com certeza, irei incorporar, na íntegra, esse aparte, que servirá para o futuro - pode ter certeza -, porque tenho em V. Exª um dos maiores companheiros desta Casa. V. Exª é leal, correto, amigo, acima de tudo. Nas horas em que qualquer parlamentar precisava - ou precisa -, V. Exª estava perto, estava junto e era solidário. Muito obrigado. Tenho a certeza de que V. Exª continuará aqui, defendendo os interesses do nosso País. Muito obrigado.

            Senador Mão Santa, com muito prazer, escuto V. Exª.

            O Sr. Mão Santa (PSC - PI) - Senador Efraim, agradeço a Deus essa convivência. No início do nosso mandato, em missão da Casa, fomos ao México juntos. Foram V. Exª, sua esposa, uma filha, um filho. Vi uma beleza de família! Sua vida tem genética, tradição, história. Seu pai, líder político respeitado em todo o Nordeste e no Brasil, na Paraíba adorado, como exemplo, resolveu passar o bastão para um filho que era um brilhante médico, mas viu que a aptidão estava com V. Exª, que tomou o bastão e saiu engrandecendo a Paraíba, o Nordeste e o Brasil. Na Câmara Federal, foi tudo; foi um Presidente de que nos orgulhamos, de decisões firmes. Aqui eu queria dar um testemunho. Sabemos as dificuldades. É aquele negócio de atirar pedras em árvores que dão frutos. Vou dar um testemunho. Fazer oposição é difícil, mas V. Exª foi o general das oposições, como Rui Barbosa o foi no seu tempo. Rui Barbosa chegou a enfrentar o Marechal de Ferro, Floriano Peixoto, e V. Exª foi o Líder da Minoria. Quero dar um testemunho. Olha, Acir Gurgacz, este Senado, nunca, na história do mundo, tinha se reunido às segundas e sextas-feiras. A ideia, a luta e a inspiração foram de Efraim Morais. Aí ele pegou quatro - dedicado e obstinado; sabia o Regimento - e nos trouxe. Eu era um dos quatro. Por causa de Efraim Morais que esta Casa passou a ter sessão às segundas e sextas-feiras. Olha que o Senado já tem quase 200 anos; vai para isso. A história do Senado é a história da República, e antes já tinha; pois nunca funcionou às segundas e sextas-feiras. Era ele, Arthur Virgílio, Antero Paes Barros e Mão Santa. Quero dizer que eu me apresento - é até gratificante no meu currículo - como o Senador que talvez tenha mais presidido as sessões do Senado da República em sua história. Ele, atento - tem a cabeça branca, mas eu tenho mais idade que ele - regimentalmente, chegou, olhou e disse: “Mão Santa, é você quem vai presidir”. Aí fui presidindo, foi aumentando e quero dizer que V. Exª foi um grande jardineiro. Quero dizer que em nenhuma segunda e sexta-feira faltou a esta Casa ser a ressonância do povo, ser o tambor, falarmos defendendo as teses mais prolongadas. Porque, no passado - está ali - Rui Barbosa fazia discursos de três horas e meia, quatro horas. Então, nas segundas e sextas são defendidas as teses mais importantes deste País, e V. Exª nos liderou. Quero dizer que na política é assim. Está ali Rui Barbosa, que perdeu a eleição. A gente esquece muitos vitoriosos, mas ele está ali. E se V. Exª tombou, tombou como Joaquim Nabuco, tombou como Gilberto Freyre, tombou como Paulo Brossard. A nossa admiração e o nosso respeito.

            O SR. EFRAIM MORAIS (DEM - PB) - Agradeço a V. Exª, Senador Mão Santa. Claro que é um dos companheiros com quem tivemos mais afinidade durante esses oito anos, ouvindo e sempre aprendendo sobre o nosso Piauí. Piauí do seu coração, que, com certeza, vai fazer com que você volte o mais rápido possível também para esta Casa, para dar continuidade a esse belo trabalho. Espero eu que V. Exª, Senador Mão Santa, possa ainda continuar no Parlamento, desta feita no Parlamento do Mercosul. Eu tive oportunidade, ao lado do meu amigo Geraldo Mesquita, que aqui se encontra, de sermos também Parlamentares do Mercosul. Eu tenho certeza, pela experiência não só Legislativo, mas no Executivo de V. Exª, de que o Brasil estaria bem representado na pessoa do Senador, que passaria a ser o parlamentário Mão Santa. Eu diria, Srs. Senadores, que não me arrependo. Sinceramente, eu não me arrependo em nenhum momento de ter assumido a linha de frente de uma das CPIs mais desafiadoras da história desta Casa.

            Como seu presidente, fui submetido a pressões de toda ordem, enfrentando chantagens e ameaças, mas me mantive firme: sou um homem de valores, não sou de lado “a” ou de lado “b”. Sou movido pelos interesses dos cidadãos, não por interesses corruptos, como naquele momento, interesses governistas de abafar uma corrupção que se arrastou pelo partido do Governo e seus principais comandantes durante a gestão do Presidente Lula.

            Celso Daniel, “vampiros”, Toninho do PT, Correios, “sanguessugas”, dólares da cueca, Francenildo, o caseiro, Aloprados, ONGs, Bancoop, Getech e Gautama, como citado por outros colegas e acompanhado com repulsa por toda sociedade, são apenas alguns exemplos da corrupção orquestrada pelo atual Governo.

            Senador Papaléo Paes, concedo aparte a V. Exª.

            O Sr. Papaléo Paes (PSDB - AP) - Senador Efraim Morais, quero cumprimentar V. Exª por sua passagem no Senado Federal, reconhecida por nós todos como uma grande atuação como Parlamentar, Senador que trouxe uma experiência da Câmara dos Deputados e que fez exatamente a sua construção nesta Casa, de credibilidade, de capacidade de trabalho, de participação ativa nos processos que discutiam assuntos importantes para o nosso País, nas Comissões, claro, aqui no plenário foi uma liderança. Destaco, além da sua atuação individual, como Parlamentar, a sua atuação coletiva como líder do Democratas, como líder da minoria, ou seja, meu líder que foi. Enfim, excelência, sua passagem pela 1ª Secretaria da Casa mostrou um trabalho eficiente, um trabalho com a sua presença física e de decisão naquela Secretaria, uma Secretaria difícil de ser dirigida, principalmente no período em que V. Exª a dirigiu. Passou por muitas injustiças por lá, mas tenho certeza absoluta de que essas injustiças já foram superadas pelas verdades que V. Exª exerceu naquele mandato. Então, Senador Efraim, pessoalmente, quero agradecer a V. Exª pela amizade, pela fraternidade com que sempre se relacionou comigo e com os companheiros. Falo agora por mim e quero lhe dizer que tenho por V. Exª uma grande admiração pelo homem público que é e, principalmente, pela dedicação ao seu Estado, ao Estado da Paraíba, e ao nosso País. Muito obrigado pela amizade e muito obrigado mais ainda por sua atividade parlamentar no Congresso Nacional.

            O SR. EFRAIM MORAIS (DEM - PB) - Muito obrigado, Senador Papaléo. V. Exª me deu a honra de, por dois anos nesta Casa, liderar, de ser um dos meus liderados, anos que serviram de passagem de grande contribuição para que eu pudesse fazer aquela responsabilidade que tinha, fazer oposição a um Governo que tinha um alto índice de popularidade. Como disse, estávamos aqui, eu, V. Exª e outros companheiros e companheiras, fazendo exatamente o que determinou o povo brasileiro, fazer oposição, fiscalizar o Governo.

            E, evidentemente, em função disso, as injustiças aconteceram não só com este Senador, mas com outros Senadores. Porque o que é estranho é que, em nenhum momento, houve uma oposição dirigida da imprensa nacional ao Senador Efraim Morais enquanto ele não presidiu a CPI dos Bingos. Quando nós tivemos a coragem de avançar, quando tivemos a coragem de chegar ao batente do Palácio do Planalto, daí não houve outro meio, houve, sim, a injustiça contra os Senadores que assim estavam fazendo. Não só a Efraim Morais, que estava presidindo a CPI dos Bingos, mas aos outros que participavam com coragem naquele momento. E foi a imprensa o melhor caminho para se tentar evitar que a verdade chegasse para todo o País. E V. Exª me ajudou bastante. V. Exª é um companheiro trabalhador, lutador, corajoso, que gosta e, acima de tudo, tem coragem de assumir aquilo que é importante para o Poder Legislativo.

            Sou grato a V. Exª por tudo, por me ajudar no meu mandato como parceiro, companheiro de oposição nesta Casa. Tenho certeza de que V. Exª cumpre também, da mesma forma que Efraim Morais, este mandato com muita decisão, com muita coragem, com muita eficiência e transparência.

            Senador Geraldo Mesquita Júnior, meu vizinho de porta, com muita alegria, escuto V. Exª.

            O Sr. Geraldo Mesquita Júnior (PMDB - AC) - Querido amigo, Senador Efraim, eu ia me referir inclusive a esse fato. Este é um dos três pontos de contato que eu tenho com V. Exª: somos vizinhos de porta de apartamento. Quero aqui aproveitar a oportunidade para, além de cumprimentar V. Exª, cumprimentar toda a sua família gentil, atenciosa.

            O SR. EFRAIM MORAIS (DEM - PB) - Obrigado, Senador.

            O Sr. Geraldo Mesquita Júnior (PMDB - AC) - Sua esposa, sua filha, seu filho. Foi um prazer muito grande, para mim e para minha família, ter vivido todo esse tempo porta a porta com V. Exª, como se diz. O segundo ponto de contato foi aqui nesta Casa, onde tive oportunidade de participar com V. Exª de trabalhos e lutas importantes. Fizemos parte da CPI a que V. Exª se referiu há pouco, na qual V. Exª se destacou como um Parlamentar investigador, que trouxe à luz fatos que desabonam esse Governo. Acho que esse Governo que passa, além dos seus méritos, será marcado pelos escândalos, pelos “alopramentos”. Isso marcará esse Governo. E V. Exª botou o dedo na ferida naquela CPI. O outro ponto de contato, V. Exª também aqui a ele se referiu: somos colegas do Parlamento do Mercosul. Sou testemunha da sua atuação naquele importante organismo regional. E também, da mesma forma, para mim foi um prazer imenso ter trabalhado ao lado de V. Exª e de outros companheiros aqui do Senado e da Câmara na implementação, na construção, na manutenção daquele importante fórum legislativo regional. Portanto, eu queria desejar a V. Exª, seja que estrada a tomar, seja que caminho escolher, que seja muito feliz ao lado da sua honrada família. E tenha no Geraldo Mesquita seu amigo, seu companheiro, que estará sempre à disposição de V. Exª para o que der e vier. Felicidades e sucesso para V. Exª.

            O SR. EFRAIM MORAIS (DEM - PB) - Muito obrigado, meu caro amigo - se posso assim tratá-lo - Geraldo Mesquita, por essa convivência tripla, vamos assim dizer, já que V. Exª ressaltou aí que fomos dos Parlamentares de grande convivência durante esses oito anos. E aqui deixo o meu abraço à sua querida esposa, figura extraordinária, também companheira de longas viagens que fizemos ao Mercosul.

            E tenho absoluta certeza de que V. Exª, um dos Parlamentares mais brilhantes desta Casa, dedicou-se, dentro da sua simplicidade e, acima de tudo, do seu conhecimento e inteligência, porque sempre primou pela coisa pública, principalmente aqui no Parlamento.

            Eu tenho certeza absoluta de que nos reencontraremos. Pode ter certeza de que, dessa boa convivência, vamos matar as saudades. Qualquer dia desses V. Exª irá à Paraíba ou eu irei ao Acre e, com certeza, juntos poderemos reviver esses bons momentos, as dificuldades, as vitórias, as revoltas; enfim, aquilo que nós vivemos nesses oito anos, tenho certeza, com o mesmo pensamento, em defesa do povo brasileiro. V. Exª primando, defendendo o povo do Acre, e eu, como sempre, tendo como prioridade a Paraíba, e juntos construímos a defesa do povo brasileiro.

            Senador Heráclito Fortes, com muito prazer, escuto V. Exª e, em seguida o Senador...

            O Sr. Heráclito Fortes (DEM - PI) - Senador Efraim Morais, neste momento em que V. Exª faz um pronunciamento de despedida desta Casa, eu não poderia me ausentar de dar o meu testemunho da convivência proveitosa que mantivemos, primeiro, na Câmara dos Deputados, depois, no Senado Federal. V. Exª é um Parlamentar dedicado, destemido e, acima de tudo, é um Parlamentar que sempre nesta Casa buscou honrar o seu mandato, quer seja nas comissões, quer seja no plenário. Foi, portanto, um Parlamentar que deixará marcas no Congresso Nacional. Teve inclusive a oportunidade de presidir a Câmara dos Deputados, evidentemente que por um curto período, mas leva isso na sua biografia. V. Exª tem também a marca do companheirismo, que vai levar como registro da sua personalidade e, acima de tudo, repito, da sua tenacidade, da sua luta. Quero dizer a V. Exª que vou poder dizer que tive a felicidade de conviver neste Parlamento com o Deputado Efraim Morais. A Paraíba perderá um grande representante, mas tenho certeza de que V. Exª vai saber preparar a sua volta ao Parlamento brasileiro. Muito obrigado.

            O SR. EFRAIM MORAIS (DEM - PB) - Senador Heráclito Fortes, quando cheguei à outra Casa do Congresso Nacional, a Câmara dos Deputados, lá já se encontrava V. Exª, com a experiência do Executivo, com a competência dentro do Legislativo. E até que procurei seguir V. Exª. V. Exª foi Vice-Presidente da Câmara dos Deputados, e eu fui o seu sucessor. Depois, assumi a Presidência da Casa e me elegi Senador. Como falou V. Exª, foi um período muito pequeno, mas que muito me honrou. Quando o ex-Governador e Senador eleito Aécio Neves, que era o Presidente da Casa, renunciou ao mandato para assumir o Governo de Minas Gerais, como faltavam menos de 90 dias, a Mesa da Casa escolheu um de seus membros, e na condição de Vice-Presidente fui escolhido para fazer aquele mandato tampão. Governei a Câmara dos Deputados e tive oportunidade, ainda como Vice-Presidente - aí é um fato histórico - de ser o único Deputado a presidir o Congresso Nacional. Nós sabemos que o Presidente do Congresso Nacional é o Presidente do Senado. Quando houve aquele impasse com o Jader Barbalho, o então Senador, eu, na condição de Vice-Presidente da Câmara, era o Vice-Presidente do Congresso Nacional. E, por mais de 60 dias, eu presidi o Congresso Nacional. Talvez tenha sido o único Deputado Federal da história deste País que presidiu o Congresso Nacional.

            Então, foram fatos que me marcaram lá na Câmara dos Deputados, e V. Exª estava lá, com a sabedoria de sempre, com essa mesma competência, e aqui, juntos, no mesmo partido, fazendo oposição, assumi; cheguei a assumir a 1ª Secretaria, cargo hoje que V. Exª está exercendo com muita competência.

            Portanto, Senador Heráclito, é bom registrar que eu é que vou ter a satisfação, a alegria de poder dizer, pelo País afora, que o companheiro Heráclito Fortes foi um dos melhores Parlamentares que eu vi passar no Congresso Nacional no meu período.

            Então, agradeço a V. Exª pelo aparte. E tenha certeza de que, da mesma forma o carinho que tenho pelo seu companheiro Mão Santa lá do Piauí, tenho por V. Exª.

            Senador Alvaro Dias, escuto V. Exª, com muito prazer.

            O Sr. Alvaro Dias (PSDB - PR) - Senador Efraim Morais, nós somos transeuntes; a instituição é que é permanente. Hoje, V. Exª se despede, outros tantos estão se despedindo. A democracia pressupõe esse tipo de ocorrência. E nós lamentamos profundamente quando começamos a sentir a ausência de companheiros e amigos nesta Casa. Mas logo, quem sabe, daqui a quatro anos, não estejamos nos despedindo do Parlamento? É da vida e é da rotina democrática. Já ouvi aqui os que me antecederam enaltecendo o trabalho de V. Exª. E houve quem fizesse um registro, que também fortaleço: a atuação de V. Exª na CPI dos Bingos. Eu até fico muito aborrecido quando vejo pessoas tentando desmoralizar o instituto da CPI. Ele é essencial para o Parlamento, possibilita-nos cumprir um dever primacial, que é a fiscalização do Poder Executivo, tão importante quanto a tarefa de legislar. E aqueles que tentam desmoralizar as CPIs prestam um serviço aos corruptos. A desmoralização das CPIs só interessa aos corruptos, que as temem. Eles temem a CPI. E V. Exª teve um papel fundamental naquela CPI, que apresentou um resultado expressivo e cujas consequências, imaginamos, também devem ser importantes, já que o processo judiciário é lento e, muitas vezes, há etapas que devem ser superadas antes da conclusão, com o julgamento final. Mas eu quero cumprimentá-lo. Cumprimentá-lo pelo mandato exercido e pela forma com que se conduziu com seus pares. Desejo a V. Exª toda sorte nos caminhos da vida, que V. Exª seja muito feliz e possa ser vitorioso em todos os seus pleitos e, se for do desejo de V. Exª, que volte. Que essa despedida não seja um adeus, mas seja um até logo apenas. Um abraço a V. Exª.

            O SR. EFRAIM MORAIS (DEM - PB) - Muito obrigado, Senador Alvaro Dias. No aparte de V. Exª, só não concordo quando V. Exª diz que, daqui a quatro anos, estará se despedindo desta Casa. Pode ter certeza de que o povo do Paraná precisa do trabalho parlamentar de V. Exª, pela forma aguerrida com que V. Exª usa esses microfones, vai às comissões, dedica-se a esta Casa e ao seu povo.

            V. Exª, permita-me dizer, é um dos parlamentares mais completos desta Casa, porque a atuação de V. Exª acontece em todos os recantos do Senado Federal.

            Tenho absoluta certeza de que não só o povo do seu querido Estado do Paraná, mas também o povo brasileiro precisa de sua atuação política, de sua voz corajosa, de sua voz firme em defesa do povo brasileiro. E repito: V. Exª é daqueles que não têm medo, V. Exª é daqueles parlamentares que está aqui em defesa do povo, em defesa daqueles que mais precisam, acima de tudo porque V. Exª poderia, como outros que se foram, encontrando caminho mais fácil no seu mandato, sair da oposição e ir para o governo. Eu, V. Exª e muitos outros resistimos a isso, prestamos um serviço à democracia e um grande serviço ao Brasil, porque, repito, sem oposição não pode existir democracia. Nós fizemos a nossa parte, cumprimos a missão que nos foi dada pelo povo de nossos Estados.

            Por isso, saio daqui na certeza de que convivi com um grande homem público. Serão muitos os que irão passar por aqui e seguir o caminho de V. Exª, pela coerência, pela lealdade, pela transparência e, acima de tudo, pela competência.

            Parabéns a V. Exª. Para mim é motivo de orgulho tê-lo tido como companheiro durante esses oito anos no Parlamento brasileiro.

            Meu Líder José Agripino, é uma alegria poder ouvi-lo.

            O Sr. José Agripino (DEM - RN) - Senador Efraim Morais, isto não é despedida, porque nós somos vizinhos e vamos nos encontrar com muita frequência lá na nossa Santa Luzia, fronteira comum. V. Exª vai a Santa Luzia, eu vou a Caicó, e a gente se encontra, como já aconteceu algumas vezes, quando fui seu hóspede com muita alegria. Já perdi eleição e V. Exª também. Isso é da contingência democrática. Ganhar e perder é da contingência democrática. Agora, tenho certeza, pelo prestígio que tenho e V. Exª tem na Paraíba, que essa ausência vai ser uma chuva que V. Exª vai passar fora do Congresso. V. Exª, como aqui já ficou bem registrado, chegou ao ponto máximo da vida congressual, foi Presidente da Câmara dos Deputados, terceira posição mais importante na hierarquia da República, pelos seus métodos, pela sua capacidade, pelo seu trânsito político, pela sua habilidade, que é costumeira, e pela sua coragem. Acho que o traço fundamental de sua personalidade política, mais do que sua habilidade e sua lhaneza no trato com as pessoas, é sua coragem. Veja, Senador Efraim Morais, V. Exª foi Presidente da Câmara, V. Exª foi Primeiro Secretário, V. Exª foi Líder da Minoria, mas as pessoas estão falando aqui é sobre a sua coragem cívica, estão destacando a sua atuação na presidência da CPI dos Bingos. V. Exª assistiu, nesses últimos oito anos de mandato, a momentos diferentes no que diz respeito ao comportamento do Governo, que teve maioria quase sempre. No entanto, na CPI dos Bingos, da qual V. Exª foi Presidente, havia ainda não a ousadia do governo, mas o respeito pela oposição. As opiniões podiam ser emitidas e, podendo as opiniões ser emitidas, não havia o sufocamento da oposição e as investigações podiam correr. As denúncias existiam e a investigação acontecia porque se conseguia aprovar requerimento de audiência, requerimento de investigação, de quebra de sigilo, disso e daquilo. V. Exª foi, naquele momento, intérprete fiel do que a democracia reserva à oposição: o papel de propor, sim, mas de fiscalizar e denunciar para aperfeiçoar. O governo, por mais acertos que cometa, erra. Se não há oposição, os erros do governo passam impunes, e toda impunidade é muito ruim, porque gera o vício da prática, do erro repetido pela falta da punição. Para isso existe a oposição e para isso existem as comissões parlamentares de inquérito. V. Exª assistiu, depois, à ousadia do governo, que passou, com sua maioria, a sufocar as iniciativas da oposição, como aconteceu na CPI das ONGs. Perderam o acanhamento e, diferentemente do comportamento que adotaram quando V. Exª era Presidente, corajoso Presidente da CPI dos Bingos, respeitando o direito de investigar proposto pela oposição e muito bem comandado por V. Exª, passaram, com sua presença maciça nas comissões, de forma truculenta, a votar de qualquer maneira contra qualquer tentativa de investigação, contra qualquer requerimento de audiência que pudesse esclarecer os fatos. V. Exª, portanto, assistiu à evolução do processo de investigação. Quando V. Exª foi Presidente, V. Exª exerceu, com muita coragem e com muito patriotismo, o papel que lhe foi destinado, de presidir uma comissão que tinha como missão fundamental investigar o mal feito, identificar aqueles que tinham contas a pagar e que foram claramente colocados à opinião pública como pessoas que deveriam ser investigadas. Essa, o Brasil lhe deve, como lhe deve a coragem com que se comportou no exercício da Liderança da Minoria, como lhe deve também por seu papel decente no exercício na Primeira Secretaria do Senado, como lhe deve muito o Nordeste, o nosso Nordeste. V. Exª sabe, como eu sei, que, nessa última campanha eleitoral, muito nos agradeceram pelo perdão das dívidas do pequeno produtor rural. Se não fosse a coragem de V. Exª, a minha, a de Renan Calheiros, aquela vitória não teria sido conquistada. E aqui quero prestar um testemunho: o Senador Efraim Morais é Senador do Brasil, mas, na hora em que estão em causa as questões paraibanas e do Nordeste, fica mais evidente a valentia de S. Exª. O Nordeste lhe deve muito, o Brasil lhe deve muito e a democracia lhe deve muito. Quero desejar-lhe muito êxito. Sei que V. Exª vai ser governo na Paraíba - V. Exª ganhou, com o seu candidato, o governo da Paraíba. Não sei o que vai fazer da sua vida pública. O que sei, sim, é que espero revê-lo em breve nos alpendres de Santa Luzia para comermos um pão doce com caldo de cana e falarmos das vitórias que juntos conquistamos no Senado da República. Que Deus o proteja, a V. Exª e a sua família!

            O SR. EFRAIM MORAIS (DEM - PB) - Meu Líder, posso assim chamar, meu Líder Agripino, a quem devo muito os primeiros passos nesta Casa. V. Exª foi comigo um orientador, um professor, companheiro. Deu-me as oportunidades, na condição de Líder, indicando-me para missões importantes dentro desta Casa. Evidentemente, dentro da minha modéstia, procurei cumpri-las. V. Exª, em todos os momentos, sem nenhuma falha, não recuou em relação a este Parlamentar. Foi firme, correto. Sou um admirador de V. Exª, que tem um estilo político parecido com a forma com que faço política: coragem acima de tudo. V. Exª é um homem público corajoso. Teme, teme a Deus e a mais ninguém. V. Exª na linha, com seriedade, com diplomacia, com competência, com postura, desenvolve um trabalho, nesta Casa, de fazer inveja a qualquer Parlamentar, seja qual for o Parlamento a que pertença. É um dos melhores da história republicana. É um dos que pode chegar aqui e dizer: “Tenho experiência no Legislativo e no Executivo. Tenho, acima de tudo, respeito ao povo brasileiro”. V. Exª soube ser governo, sabe ser oposição e sabe muito bem que, dentro da política, não se pode ficar em cima do muro, e V. Exª não é político de muro. V. Exª é político de decisão. Por isso, o admiro.

            Levo comigo, durante esses oito anos, o meu Líder, deixando um pouquinho aqui, pois, com muito prazer, também fui liderado pelo nosso ACM Júnior, numa união desses dois homens. Mas, sem dúvida para mim, é uma alegria imensa saber que fui liderado por um dos mais completos, um dos melhores, um dos mais competentes e sérios homens públicos deste País que foi V. Exª.

            Eu teria só uma palavra para dizer a V. Exª durante os meus oito anos de mandato: muito obrigado.

            Senador Alfredo Cotait.

            O Sr. Alfredo Cotait (DEM - SP) - Senador Efraim Morais, eu queria apenas fazer um pequeno relato sobre a coisa mais gratificante desta minha curta passagem aqui no Senado: ter a oportunidade de conviver com pessoas que eu sempre admirei, que acompanhei o trabalho à distância, e V. Exª era uma dessas pessoas que eu admirava pelo trabalho aqui no Senado em prol da defesa do seu Estado e do Brasil. V. Exª leve um pouco esta minha mensagem de quem, como eu - muitas outras pessoas pelo País -, acompanhou o seu trabalho. Tenha certeza de que V. Exª fará muita falta, mas, com certeza, terá outras oportunidades de contribuir mais tanto para o seu Estado, a Paraíba, como para o Brasil. Leve o abraço fraterno do povo de São Paulo.

            O SR. EFRAIM MORAIS (DEM - PB) - Senador Alfredo Cotait, realmente foi uma pequena convivência. Claro que V. Exª teve a oportunidade de me dizer que não queria ter chegado aqui da forma como chegou. V. Exª era suplente do nosso saudoso companheiro e amigo, com quem tivemos oportunidade da convivência nesses oitos anos, Senador Romeu Tuma. E, claro, V. Exª, em várias oportunidades, chegou a me afirmar que este não era o seu desejo, de assumir esta Casa nessas condições. Mas V. Exª, com muita rapidez, fez muitos amigos e, claro, estaremos com as portas da Paraíba abertas para V. Exª. Tenho certeza de que muito em breve vamo-nos encontrar, sim, lá na minha querida Paraíba. É uma alegria poder contar com V. Exª participando deste meu pronunciamento e vou incorporá-lo, com toda certeza.

            Senador Eduardo Azeredo, companheiro de Minas Gerais.

            O Sr. Eduardo Azeredo (PSDB - MG) - Da mesma maneira que os nossos colegas, também quero lhe saudar, desejando sucesso futuro. Nós tivemos aqui o papel de Oposição nesses últimos oito anos. É importante o papel da Oposição. Veja que hoje mesmo nós temos aí a confirmação de que nada menos do que R$43 bilhões deveriam ter sido utilizados em telecomunicações, e não foram, estão guardados nos cofres do Governo, num desvio real. Isso mostra a importância do trabalho da Oposição, porque não é de hoje que estamos falando isso, é dinheiro do Fistel, do Fust que não tem sido utilizado no que deveria. A sua função foi permanente nessa linha de oposição e o seu pronunciamento aqui, hoje, é um pronunciamento de balanço das suas atividades. É importante e representou muito bem o seu Estado da Paraíba aqui no Senado Federal. Meus parabéns.

            O SR. EFRAIM MORAIS (DEM - PB) - Obrigado pelo aparte de V. Exª, Senador Eduardo Azeredo.

            Quero dizer a V. Exªs que trilhamos, portanto, ao longo deste período de oito anos, um caminho de duras batalhas, é verdade, mas a satisfação de cada passo adiante, desta Casa e de todo o povo brasileiro, me inspira a enfrentar toda e qualquer dificuldade na tentativa de contribuir para um país melhor, para uma Paraíba melhor.

            Mais da metade do eleitorado brasileiro - considerando-se os votos brancos, nulo e de oposição - não sufragou o governo que tomará posse em janeiro. Isso indica que a missão oposicionista será redobrada: de um lado, fiscalizar o governo; de outro, contribuir para recompor a imagem da política perante a sociedade.

            Quero, por fim, reiterar, como cidadão-contribuinte, que estarei torcendo pelo bem-estar do País, atento aos acontecimentos, olhando-os de modo crítico, mas não destrutivo. Quero também agradecer a todos que foram presença generosa e distinta em minha passagem por esta Casa.

            Agradeço, com emoção confesso, aos colegas Senadores, que com honra pude dividir momentos marcantes de minha vida e da política nacional, e também a todos os servidores que fizeram mais completa a minha passagem pelo Senado Federal.

            Sr. Presidente, teria que fazer, é natural, um agradecimento todo especial a minha família, a minha esposa, aos meus filhos, a minha filha, as minhas noras, aos meus netos, enfim, aos meus amigos, que, durante esses oito anos, estiveram ao nosso lado.

            Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, concluo com o lema que, mesmo sendo lugar comum, não deixa de expressar a verdade: a luta continua. Em política, não há derrota: há papéis a serem exercidos. E o que nos cumpre agora é o de ser a voz crítica e continuar trabalhando pelo nosso povo, pelo nosso Estado e pelo País.

            Muito obrigado.


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 22/12/2010 - Página 60391