Discurso durante a 216ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Denúncia da existência de obras inacabadas no Estado do Piauí, que são declaradas como concluídas pelo Governo Federal. Insatisfação com o piso salarial de diversas categorias profissionais, comparativamente ao aumento concedido aos parlamentares, assim como com o valor pago aos médicos pelo SUS e pela existência do fator previdenciário dos aposentados.

Autor
Mão Santa (PSC - Partido Social Cristão/PI)
Nome completo: Francisco de Assis de Moraes Souza
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
DESENVOLVIMENTO REGIONAL. POLITICA SALARIAL. PREVIDENCIA SOCIAL.:
  • Denúncia da existência de obras inacabadas no Estado do Piauí, que são declaradas como concluídas pelo Governo Federal. Insatisfação com o piso salarial de diversas categorias profissionais, comparativamente ao aumento concedido aos parlamentares, assim como com o valor pago aos médicos pelo SUS e pela existência do fator previdenciário dos aposentados.
Aparteantes
Acir Gurgacz.
Publicação
Publicação no DSF de 22/12/2010 - Página 60592
Assunto
Outros > DESENVOLVIMENTO REGIONAL. POLITICA SALARIAL. PREVIDENCIA SOCIAL.
Indexação
  • DETALHAMENTO, OBRA PUBLICA, ESTADO DO PIAUI (PI), AUSENCIA, CONCLUSÃO, MANIPULAÇÃO, GOVERNO, OPINIÃO PUBLICA, CONCLAMAÇÃO, ORADOR, ATUAÇÃO, CANDIDATO ELEITO, PRESIDENTE DA REPUBLICA, SOLUÇÃO, PROBLEMA, REGISTRO, CONFIANÇA, MANDATO.
  • GRAVIDADE, DESCUMPRIMENTO, LEGISLAÇÃO, PISO SALARIAL, PROFESSOR, PROTESTO, INFERIORIDADE, SALARIO, POLICIAL, MEDICO, DETALHAMENTO, PROBLEMA, SEGURANÇA PUBLICA, SAUDE PUBLICA, PAIS, PREVIDENCIA SOCIAL, INJUSTIÇA, EXISTENCIA, FATOR, NATUREZA PREVIDENCIARIA, REDUÇÃO, BENEFICIO.
  • COBRANÇA, REDUÇÃO, PREÇO, GASOLINA, COMPARAÇÃO, PAIS ESTRANGEIRO.

                          SENADO FEDERAL SF -

            SECRETARIA-GERAL DA MESA

            SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


            O SR. MÃO SANTA (PSC - PI. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Senador Alfredo Cotait, que preside esta reunião de 21 de dezembro, Parlamentares na Casa, brasileiras e brasileiros aqui no plenário e que nos acompanham pelo sistema de comunicação do Senado.

            Alfredo Cotait, a mentira dominou. Isso é ruim. Nós sabemos que Goebbels, o comunicador do Hitler, ensinou, chegou até aqui e aprenderam ligeiro: uma mentira repetida se torna verdade.

            Mentiu-se muito neste Brasil, mas a verdade vem. Eu aprendo é com o homem do campo, caboclo lá do interior do Piauí, que diz que é mais fácil tapar o sol com a peneira do que esconder a verdade. A verdade vem.

            Este não é meu discurso de despedida. Farei amanhã. É a oportunidade que temos que usar.

            Mentiu-se muito. Eu vou citar só dez obras no Piauí, inacabadas, que são tidas como acabadas pela mentira divulgada. Mas está aqui. Estamos gravando. São centenas.

            Mas eu quero colaborar com a Presidente futura. Ela não teve culpa dessa mentira, desse mar de corrupção. Ela não teve, não é? Mas que foram as eleições de maior corrupção da história do mundo foram! Está longe daquela que o Getúlio disse que sofreu, a corrupção do paulista Júlio Prestes com o Washington, que era o Presidente. E aí o Getúlio tomou o governo porque achou que foi um pleito corrupto que os militares já tinham denunciado, os tenentes. A coluna Prestes já tinha advertido que a República... Mas esta está pior.

            Mas, está aí. É como Juscelino disse: “É melhor ser otimista. O otimista pode errar. O pessimista já nasce errado”. Vamos ser otimistas: que a Presidente corrija.

            Olha, vou citar só dez obras inacabadas, que são tidas como se existissem - são uma centena: Porto de Luís Correia. O Porto tem 66 quilômetros e foi iniciado por Epitácio Pessoa. Epitácio Pessoa! Vai fazer quase um século. Conversa! Olha, inauguraram...

            Funcionamento do aeroporto da minha cidade, Parnaíba. Como eles mentem! Não é assim! Esse aeroporto foi inaugurado, eu estava lá, quando João Paulo dos Reis Velloso era Ministro. Eu fui à inauguração. Aeroporto igual ao de Teresina, aqueles que os militares fizeram, tipo caixão. Hoje, estão redondos, são essas arquiteturas, não é? São todos iguais. Aí disseram que era internacional. Alfredo Cotait, mas não tem nem teco-teco. Não tem mais nem teco-teco, aquele avião pequeno. É uma mentira! Eu creio muito em Cristo, quando Ele falava: “De verdade, em verdade eu vos digo”. E disse mais: “Eu sou a verdade, o caminho...”

            Mentira! Era a minha cidade. Não tem nem teco-teco. Quisera que tivesse. Fizeram, ampliaram a pista, pintaram, inauguraram... “É internacional”, não sei o quê!

            Mentira! O que se vai fazer?

            Ferrovia Luís Correia/Parnaíba/Teresina. Olha, eu meu lembro que eu vi o Presidente, o Governador do Estado, o Prefeito... Não têm culpa, não. Há quatro anos, eu vi. Alberto Silva era um Senador daqui, nosso. Aliás, ele era do PMDB e deixou de votar na gente do PMDB, para... “Não, sou engenheiro ferroviário.” Há quatro anos. Sessenta dias, o trem Parnaíba/Luís Correia para o litoral; e quatro meses, para Teresina.

            Alfredo Cotait, minha querida Presidente Dilma Rousseff, não votei nela, não. Mas, esses pilantras não trocaram nenhum dormente. Sabe o que é dormente, não sabe? É aquele pau que segura os ferros do trilho. Está lá. Eu vi. Com quinze dias, às vésperas da eleição... “Teremos Parnaíba-Luís Correia.” Eu até acreditei. O Alberto Silva, que dizia “não, não vou perder essa oportunidade, não” morreu, foi para o céu enganado.

            Hospital Universitário de Teresina. Existe em todo o Brasil, mas lá não. Lá há um ambulatório, não um hospital.

            Uma ponte de Luzilândia, no norte, que vemos aí... Desde que estou aqui, eu vejo, já raiaram oito anos... Quando governei o Estado do Piauí, construí uma ponte no rio Poti em 87 dias. Engenheiro do Piauí, construtora do Piauí e operário do Piauí. Isso aí em Luzilândia.

            Universidade do Delta do Parnaíba. O campus João Paulo dos Reis Velloso, que foi Ministro. Tem condições, há um projeto e tudo, e uma Faculdade de Medicina. Conversa!

            O Aeroporto de Teresina, muito acanhado.

            A última inovação que houve lá - e foi boa - foi quando eu fiz, quando eu governei o Estado, a torre de controle das aeronaves, que não existia. Havia um dinheiro e eu perguntei... Eu até, Alfredo Cotait, queria pôr aqueles tuneizinhos, que são bonitos, mas eu fui me orientar com o administrador, que tem experiência maior, e ele me disse que era desnecessário, pois só havia 400 mil passageiros por mês, que seria preciso haver 700 mil. O ideal eram essas torres de controle. Ele tinha razão, e eu lembro que eu dei os recursos. É o que existe lá, mas está muito acanhado.

            Centro de Convenções de Teresina. Rapaz, havia um Centro de Convenções, mexeram, derrubaram, e está lá. Teresina é central. A atração que ela tinha era porque era uma cidade de conclaves, de congressos. Olha, acabaram o Centro de Convenções; só na propaganda.

            O Aeroporto de São Raimundo Nonato, onde está a Serra da Capivara, considerado o berço do homem americano. Também, Alfredo Cotait, não há avião de jeito nenhum, não há combustível. É só conversa.

            E a Transcerrado. O Piauí se desenvolveu, foi o último cerrado. Existem 11 milhões de hectares de cerrado. Eu o eletrifiquei, no Governo Fernando Henrique Cardoso. E levamos a Bunge para lá. E temos a Transcerrado, que, no nosso Governo, há dez anos, fizemos de barro, de piçarra. Então, isso é totalmente destruído, inviabilizando e dificultando a riqueza do produtor.

            Mas isto aqui são dez, só para advertir a Srª Presidente. Não, eu vim é pedir. Está no Livro de Deus: “Pedi, e dar-se-vos-á”. Então, eu vim pedir à Presidente eleita, enquanto ela tem mandato, para dizer que o que há muito é mentira. Há centenas, mas eu trouxe dez.

            Ó, minha Presidente, eu lamento informar, mas seu pessoal mentiu muito. Tudo é mentira. Estão aqui, inacabadas. Está tudo sendo gravado.

            Então, a mentira vai chegar. Ela pegou uma herança maldita. Mas não são dez, não; são cem. Estou citando as melhores. Isso porque o Senador representa o Estado - não é isso, Acir Gurgacz ? -, mas o Brasil também.

            Agora, a querida Presidente é mulher - mulher, em geral, é brava, corajosa. A Rainha Vitória foi a maior rainha da história da Inglaterra. Dizem que ela passou quase 70 anos lá. Então, acredito... A Princesa Isabel passou poucos dias e fez a melhor obra: libertou os escravos. Eu estou acreditando... Mas ela vai pegar uma herança maldita.

            Olha para cá, Acir Gurgacz. Tu és do PDT, não é? Olha o piso salarial dos professores. Isso é uma vergonha! Ela não tem culpa. Mentira! Cristovam sugeriu aqui, nós votamos. Fazer uma lei é complicado, é um negócio difícil. Olha que a minha vida foi fazer nascer menino. Rapaz, uma lei é muito mais complicado. Olha, o menino são nove meses, faz-se o pré-operatório, engancha, puxa o fórceps ou faz cesariana.

Mas uma lei passa por aquelas comissões, e não sei o quê, audiência pública, vai para lá... Mas o Presidente foi correto: sancionou a lei perfeita; nasceu; respirou. Ô Alfredo Cotait, a maior vergonha! Aí vem uma liminar da Justiça, o piso de R$960,00 das professoras. O piso, R$960,00! E o Cristovam que queria trocar até a bandeira. Ele disse aqui, em um discurso dele, tão emocionado com a vitória: “Vamos colocar “Educação e Progresso”, não é “Ordem e Progresso”, não. E R$960,00, vem uma liminar, e não se paga. Há professoras ganhando R$300,00, R$400,00! Tem no Brasil, e eu vou dizer por quê. Eu fui prefeitinho, eu sei isso tudo. Não são dois turnos? Então, o Prefeito lá, os Governos meteram esses R$960,00 e meteram uma liminar, podem fazer o que quiser. Então, as professorinhas, algumas só dão um turno, não é? Então, o salário é R$520,00, e eles dão a metade. Há professoras ganhando essa ninharia.

            Então, onde está o nosso Presidente, que é tão heróico, falador? Por que é que ele não disse: “Ô Poder Judiciário, se manque! Como é que mete uma liminar dessa!” Porque o Governo somos nós três, o Poder Executivo, o Legislativo e o Judiciário, um freando o outro, olhando. Por que o Luiz Inácio, tão falador, homem de coragem, homem bravo, não adverte, não chama o Judiciário e diz “isso não está certo”? Meter essa “liminarzinha”em uma lei bem feita, que ele sancionou. Isso é uma vergonha! Não tem o piso das professoras de R$ 960,00.

            E o aumento aí passou no vapt-vupt: 64% para Senador e Deputado, e 140% para Presidente. Não estou contra, não, devem ganhar bem. Sabe quanto é o aumento do salário mínimo? Aumento de 5,8%. A mídia, toda comprada, não fala. Mas o vapt-vupt foi de 64% e de 140%. E o salário mínimo e as professorinhas?

            Eu estou com fé nessa mulher aí, viu? Eu não estou com fé é na mentira. Olha, Luiz Inácio não fez, mas eu sou oficial da reserva. Eu sou! Eu fiz CPOR e tenho noção exata do que é hierarquia e disciplina. Por essa bandeira aqui, marchei muito; dei continência a ela; passei aquela guarda; o fuzil, 1908, retém, maneabilidade, armamento, munição e tiro. Tenho noção exata. Vai acabar a violência?! Olha aquela propaganda, olha aquela mídia! Um morro! Tomaram um morro! “Resolvemos a violência!” Um morro! O País todo! Tomaram um morro! A Aeronáutica, a Marinha, o Exército, a Polícia Federal, a Polícia: um morro! E propaganda: “Acabou a violência”.

            Olha, o que está de tóxico, de crack, de tudo! Quantos morros tem o Rio de Janeiro? Quantos morros tem este País? E o soldadinho está ganhando quanto, Alfredo Cotait? R$1.100,00. A lei do Renan, que passou...

            Eu digo: “Pegue a dele, que dava R$3,5 mil”. Já melhorava no Norte e no Nordeste. A PEC 300 igualava aos de Brasília. Nem uma nem outra. É uma herança maldita. Não vai se acabar a violência com isso aqui, não. A nossa querida Presidente pega uma herança maldita.

            “Vai acabar a violência!” Vai mentir até quando?

            Abraham Lincoln... Luiz Inácio disse que não gosta de ler. Não lê mesmo, não quer saber disso, não está nem aí. Mas Abraham Lincoln disse... Ô Alfredo Cotait, olha o telefone!... Sabe o que ele disse? “A gente pode enganar poucos muito tempo; muitos pouco tempo; mas ninguém engana todo mundo todo tempo.” E aí, Luiz Inácio? Vem meter na minha cabeça que vai acabar a violência com o soldadinho ganhando R$1,1 mil? Hein, Acir Gurgacz? Não vai!

            Eu conheço isso. Eu governei o Piauí. Eu vi greve de policiais. Aliás, fui o que me saí melhor de todos na história do Brasil enfrentando greve de polícia militar. Estou dizendo, Acir Gurgacz. Está vendo, Alfredo Cotait? Não é conversa, não. Quem melhor se saiu enfrentando greve de polícia foi o Governador Mão Santa. Está sendo gravado. Eles sabem qual é a história. Dei casa para eles. Convidei as Adalgisinhas, as mulheres. Botei para trabalhar - assistentes sociais. Dei curso profissionalizante, dinheiro para elas montarem uma empresa. Os Governadores me telefonaram. O Piauí está ouvindo. Mas com esse salariozinho - Ô Alfredo Cotait! - de R$ 1,1 mil?

            A verdade está naquele filme Tropa de Elite 2. Você sabe que ele já foi visto por mais de doze milhões de pessoas? Está aí o filme do Luiz Inácio. Ta aí. Olha, outro dia, um cara me ofereceu a dúzia por três reais, ninguém quer. Ninguém quer porque é mentira. Olha, você já assistiu ao Elite 2? Vá agorinha. Saia daqui, vá com a mulher. Você já assistiu, Alfredo Cotait? Já? A senhora já assistiu? Aquela é a verdade. Ali é a verdade.

            Piso salarial dos médicos. Ô, Alfredo Cotait, eu sou médico. Passou aqui também, para a Câmara, prometido, R$ 7.500,00. Fui relator, passou aqui. É uma novela, não é? R$ 7.500, um médico, um médico ganha é bico. É muito? Não é não. Quanto ganha um juiz? Quanto ganha o Judiciário? O do Supremo Tribunal? Era 27, agora está entrando em mais de 30. Um médico. Olha o curso do médico. Viu, Alfredo? É mais complicado. Eu terminei medicina, eram dois anos. Agora, são quatro anos. Estou com uma filha no Rio Grande do Sul, há quatro anos que terminou e é só estudando, residência. Um negócio. Não tem nenhum médico novo que estude menos de dez anos. No meu tempo eram dois anos, viu? Tornei-me cirurgião. Agora está. E por que esses ganham...?

            E o seguinte, essa Emenda 29. Isso é ridículo, é uma herança maldita. Eu falei nesta tribuna, antes de ser Senador, discutia-se a Emenda 29. Sabe o que é isso? É para o Governador dá 12%. E vou ser franco: eu não dava. Eu vi, me indagaram aqui. Eu digo: “Olha, aqui só está dando sete”.

            Vamos aumentar isso gradativamente. Mas faz muito tempo que fui governador. E todos eram assim, na base de 7%. Então, não vamos botar de chofre, não é? Gradativamente se chega no que é justo. Nunca se chegou. Nunca se coisou. Está aí o caos. O Governo não bota essa Emenda nº 29, que obriga os Governadores do Estado... Não se obriga dar para a educação 25%? Prefeitinho que não dá vai preso, cassam e tal. E isso não passa.

            E o SUS? Acir Gurgacz, sabe quanto é uma consulta no SUS? Eduquei a minha família consultando e operando pelo SUS. Sou médico. Sabe quanto é, Alfredo Cotait? R$5 a R$6. Aqueles credenciamento de consultório que eu tive... O País foi melhor. Eu tive. Não é conversa, não. Sou a vida, a luta, a verdade, médico. Então, eles credenciam um consultório. Sou cirurgião e tinha que consultar antes de operar. Dão dez consultas por dia. Dão duzentas consultas em um mês. O preço de uma consulta... Imagine, lá, em São Paulo, um médico, um otorrino, um cirurgião, um dermatologista, duzentas consultas. É R$5. No fim do mês, dá R$1 mil. Aí tem que pagar o consultório, a enfermeira, a luz e a água. Alfredo Cotait, isso é... Você entendeu o negócio?

            Ó, Deus, agradeço ser médico há 44 anos, porque agora é sofrimento muito. Você entendeu? É R$5 ou R$6 o valor da consulta. Ele tem é duzentas. É credenciado. Um bom médico. Olha se dá! Aí ele tem que pagar enfermeira, não tem?A luz... Não dá, não existe... Então isso não tem... Saúde, Alfredo, é bom para quem tem dinheiro e quem tem plano de saúde. Tem tratamento aqui do Senado que saí por R$3 milhões. E tem hospitais, minha querida Presidente Dilma, que ganham no interior deste País, R$40 mil por mês, R$50 mil. É verdade.

            Por isso que não ofendi, trouxe a verdade para o País. Por isso que eu fui cassado. Estava eleito, faltando 48 horas, a maior corrupção da história do mundo. Eu entrei na Justiça. Eu não lhe perguntei, Gurgacz? Ora, rapaz, se eu vi aqui gente perder por R$26,00, já saí, a maior, 48 horas antes, eu era, em 300 pesquisas feitas por eles, eu era... Aí o Governo, com a corrupção, os ricos, os poderosos, mas eu entrei, faltando nove minutos. Eu não lhe perguntei? Você não viu como é? Pois foi.

            Sim, mas eu dei a minha contribuição à democracia. porque democracia não é corrupção. E eu aprendi de Rui Barbosa, eu, aqui, Luiz Inácio, aprendi, ele disse assim: “O homem que não luta pelos seus direitos não merece tê-los. Não merece viver”.

            Só por isso eu estou muito feliz e muito tranquilo. Mas eu dei essa contribuição, e está lá. O rolo eu não sei. Você não viu, Acir, eu conversando com você como era? Faltavam nove minutos do prazo, entrou-se, e com coisa de Ministério Público... antes. Mas é uma contribuição que quero dar.

            Eu quero mesmo é ir para o Parlasul porque eu estou preparado. Entrei para contribuir porque democracia não é corrupção. Tem que diferir as coisas.

            Então, outro: piso salarial, a tabela do SUS. Quatro - isso é do Brasil: o fator previdenciário dos aposentados. Isso é molecagem. Presidente Dilma Rousseff, isso é molecagem, não existe isso. Acabar... Luiz Inácio não paga aposentadoria de ninguém, o Ministro não paga. Eu paguei a minha, cada um paga a sua, o Alfredo Cotait vai pagar a dele, é descontada. Isso é que é verdade. Eh, Ministro! Ministro não paga a aposentadoria de ninguém. Aquilo é calculado. O contrato... O sujeito passa 54 anos trabalhando, começa com 16, termina com 70, descontando. É calculado. Não tem erro não; é matemático.

            Então nós derrubamos, a Câmara derrubou. O Luiz Inácio - ô artista, ô homem sabido, sabido não, sabidão - vetou. Os aposentados, aquilo que é legítimo, que é correto, que eles pagaram. Sabe quando é que ele vetou, Alfredo? É por isso que eu tinha que ter derrotado. Na hora do jogo de futebol, o primeiro do Brasil na Copa. Os velhinhos passaram o ano aqui em vigília. Um dia eu estava presidindo, aí o Paim disse: “Rapaz, os homens estão desmaiando, estão com fome”. Eu disse: Zezinho, dá comida a eles, café com pão. Os velhinhos passaram o ano, e a matéria foi para a Câmara e nós lutamos. Na hora do jogo, de o Brasil ganhar a Copa, todo mundo desviado, ô, pá! Vetou, vetou!

            Não fez ... Essa é a verdade. É dura. Eu mereço ser cassado, tirado, roubado o mandato do povo que eu represento.

            Agora eu sou povo, Alfredo, mas é povo de vergonha, Luiz Inácio. Eu sou aquele povo... Para mim, dois de fevereiro, eu sou esse povo, mas é o povo de vergonha. Eu sou povo, aquele que foi na rua e gritou: “Liberdade, igualdade e fraternidade”. E derrubaram os reis.

            Eu aprendi, eu quero ensinar. Estou aqui para ensinar, ensinar a todos, aos paulistas jovens, aos piauienses. Alfredo Cotait, autoridade, eu sempre me preocupei: a autoridade tem que ser pessoal. Pessoal!

            Quer que eu lhe dê um exemplo? Eu cheguei sexta-feira em Teresina. Chegaram lá uns artistas. Aí, quando eu vi: “Ó Mão Santa!” Eram os jovens, as mocinhas, todos tirando retrato. Ah, se eu fosse bonito como o Gurgacz. Todos tirando... Aí eu só vi a zoada de um.. “Olha, o artista está ali”. Chegou um desses cantores, mas o povo veio tirar retrato com Mão Santa. Agora, Luiz Inácio, agora, sexta-feira. Cheguei lá, com Adalgisa.

            Aí os caras, um tirando... Disse: “Olha, está ali o cantor, mas a turma vem tirar retrato”... A autoridade tem que ser autoridade pessoal. É to be or not to be. O ser. Não é o cargo. Andando. É esse respeito pelo ser. Essa eu sou. Então, nós temos que derrubar isso.

            E outro, para terminar, você está cansado. Petrosal, não sei o quê, conversa fiada. Eu fui na infraestrutura. O fato é que a gasolina mais cara do mundo é a nossa. Eu fui agora ao México, representando este Congresso. Lá ela é até quatro vezes mais barata. O México não tem nem moto, porque a gasolina é tão barata que todos usam um carrão. É. O custo de vida... Esse negócio de que está bom, que tirou da pobreza... Tirou nada; enganaram; estão enganando. Daí, o chinês colocou barato os óculos. Achei bom. Botou um disco pirata e, de repente, eles adquirem essas coisas e pensam que saltaram para o mundo da riqueza e não é; é uma ilusão por causa daqueles produtos que estão chegando baratos, como o telefone. Mas, a gasolina, o preço dela no México, você paga um carro como paga um mototáxi no Piauí. Bem aí em Buenos Aires...

            “Nós somos os maiores, os mais poderosos!” Que negócio é esse? Ô minha querida Dilma Rousseff, vamos baixar a gasolina do povo! Está cara. Esse salário mínimo só cresceu 5,8%. Salários outros passaram aqui, no vapt-vupt, foi de 64% a 140%. E o trabalhador do Brasil, com esse salário, vai comprar essa gasolina? Com isso tudo, os R$120,00 da Bolsa Família, vai pagar isso tudo?

            Então, era isso e o que podia fazer pela nossa querida Presidente, porque ela não tem culpa... A eleição foi uma corrupção louca. Ela veio lá do Rio Grande do Sul, o Secretário não entende, mas ô corrupção grande. A do Getúlio não se compara.

            Então, o que eu podia fazer eu faço. O Cícero dizia: “o Senado e o povo de Roma”. Eu digo: o Senado e o povo do Brasil, o Senado e o povo de vergonha, o povo de dignidade, o povo de respeito do Brasil, que eu represento. Esse sistema de comunicação, a zona sonora, da televisão, da rádio AM, que leve a minha voz até os céus, a Deus, como uma súplica, uma oração: “Meu Deus, abençoe, dê luz à nossa próxima Presidente, que vai enfrentar essa eleição maldita. Que resolva as obras inacabadas do Piauí e melhore a qualidade de vida do Brasil”. E só tem uma maneira: nos aproximarmos da verdade.

            Com a palavra, Acir Gurgacz.

            O Sr. Acir Gurgacz (PDT - RO) - Senador Mão Santa, fico pensando como é que vamos estar aqui ano que vem sem V. Exª aqui colocando, de maneira clara e franca, o seu pensamento, o seu conhecimento através do seu trabalho aqui no Senado, o seu conhecimento através da sua prefeitura, a sua experiência que adquiriu no Governo do Estado do Piauí. Então, tenho certeza de que vamos sentir falta de V. Exª aqui com seus discursos. Este é o nosso País, esta é a nossa democracia, democracia pela qual temos de nos orgulhar muito. O contraditório tem que existir, e a democracia nos dá essa possibilidade de convergir em certo momento e divergir em outro momento. O fato é que entendo que, nos últimos vinte anos, o Brasil cresceu muito, desenvolveu-se bastante, com problemas evidentemente, mas houve um avanço muito grande. E esse avanço se dá exatamente, no meu entendimento... Não tenho o conhecimento que V. Exª tem da vida pública - a minha vida pública é muito menor, é muito mais jovem, é muito mais nova -, mas esse avanço se dá exatamente em função da democracia brasileira. Muitos avanços aconteceram com o Governo do Fernando Henrique Cardoso, foi importante a atuação do ex-Presidente, como também entendo que a atuação do Presidente Lula foi - e é - muito importante para o nosso País. E a expectativa a respeito da nova Presidenta.... Evidentemente, quando o senhor diz que acredita muito nela, eu fico contente e fico mais fã seu ainda, porque nós vamos convergir, estamos convergindo nessa expectativa positiva e nesse depósito de confiança na futura Presidenta do Brasil. V. Exª não estará aqui, no Senado, mas queremos que V. Exª esteja lá, no Parlasul, representando o povo brasileiro, assim como o senhor muito bem representa aqui o povo do Piauí e representa, extensivamente, todos os brasileiros. E é fato: aonde a gente vai, Senador Mão Santa, as pessoas perguntam: “E como é o Senador Mão Santa? Ele é essa pessoa simpática que aparece na televisão, é essa pessoa simples como aparenta na televisão?” Eu respondo: Olha, tenho um grande parceiro lá em Brasília, no Senado, que é o Senador Mão Santa. Então, quero cumprimentar V. Exª por seu valoroso trabalho aqui, no Senado. Tenho certeza de que vamos conseguir fazer com V. Exª nos represente lá no Parlasul. É uma discussão ampla que vai acontecer. São discussões importantes que vão acontecer no Parlasul, e V. Exª está à altura para representar o Brasil, o nosso País. Antes de encerrar, Senador Mão Santa, sabendo que V. Exª é um homem muito preocupado com a família, assim como eu, quero dizer que hoje é uma data importante para mim. Hoje, dia 21 de dezembro, meu filho faz 25 anos. Ele está em Ji-Paraná, junto com a minha esposa, junto com o meu pai, que o senhor conheceu. Quero mandar um abraço para ele, desejar sucesso, saúde, muita alegria, muita vontade de trabalhar, o que ele tem, muita saúde, o que ele tem. Quero desejar a ele um feliz aniversário e que ele tenha, neste dia, muitos momentos felizes, que muitos dias como este se repitam ao longo da sua vida e que ele tenha muita paz, muita felicidade. Senador Mão Santa, meus cumprimentos, mais uma vez, por toda a sua atuação. Eu fiquei esperando V. Exª terminar, pois queria fazer esta menção à importância da democracia para o nosso País, à importância dos últimos vinte anos, em que tivemos esse crescimento, esse desenvolvimento, com Fernando Henrique Cardoso como Ministro da Fazenda e, depois, como Presidente, com o Presidente Lula e, agora, com a grande expectativa em Dilma Rousseff, expectativa que V. Exª tem, assim como nós. Depositamos uma confiança muito grande no futuro do Brasil através da nossa Presidente, ou Presidenta, assim como queira a imprensa. Desejamos a ela um sucesso muito grande. Muito obrigado pelo aparte, Senador.

            O SR. MÃO SANTA (PSC - PI) - Senador Acir Gurgacz, nós convergimos em um ponto. Eu conheço todo o mundo. O mundo mudou quando uns homens capazes acreditaram no estudo e no trabalho, e nasceu a época que se chamou Renascimento, com Leonardo da Vinci, Michelangelo e Rafael. O mundo medieval ficava esperando tudo de Deus. E Leonardo da Vinci, que liderou, Alfredo Cotait, disse: Mau discípulo é o que não suplanta o mestre.

            Quer dizer que a sociedade evoluiu, a tecnologia, e que o Brasil está nesse conceito de renascimento, mas eu digo que a verdade não está sendo a verdadeira. Esse é o quadro que eu mostrei aqui, que eu lamento. Eu queria que fosse pinçado pelo Leonardo da Vinci e pelo Michelangelo as cores, mas não é isso. A mentira está pelas cores da mentira, da enganação. Isso é o que quero dizer. E V. Exª enriquece quando busca a mais sagrada das instituições: a família. E Rui Barbosa está ali porque ele disse: A pátria é a família amplificada.

            Quantos filhos V. Exª tem? Um? Tem que ter mais para melhorar Rondônia e o Brasil. Eu tenho quatro e digo que todos são melhores do que eu. Eu simbolizo uma das riquezas deste País: a família. Eu e minha mulher Adalgisa vamos completar e eu o convido... Eu vou até contestar, porque o santo do amor é São Sebastião. Nós casamos e vamos fazer 42 anos. Tenho quatro filhos. O mais bobo da família sou eu. Todos são mais preparados do que eu. Um filho é empresário, como você, uma filha é engenheira, casada com outro empresário, outro é advogado, e a caçula é médica, como o pai.

            Então, essas são as nossas crenças. Eu confesso as minhas crenças. Eu creio em Deus, eu creio no amor, eu creio na família, instituição sagrada, eu creio no trabalho. Rui Barbosa disse: a primazia é do trabalho e do trabalhador. Ele veio antes, ele faz a riqueza. Deus já disse: “Comerás o pão com o suor do teu rosto”. O apóstolo Paulo aperfeiçoou, sendo mais duro, e disse: “Quem não trabalha não merece ganhar”. E, embora o Luiz Inácio não acredite - eu respeito -, mas eu acredito no estudo, que leva à sabedoria. Está escrito no Livro de Deus que a sabedoria vale mais do que o ouro e a prata. Essas são as forças.

            Quando eu sair daqui, serei povo, mas povo de dignidade, povo bravo, povo brasileiro, que quer apenas isto - nossas orações para iluminar a nossa Presidente: queremos a verdade.


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