Discurso durante a 217ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Despedida da passagem de S.Exa. pelo Senado Federal, como suplente do Senador José Maranhão, fazendo um retrospecto das principais bandeiras de seu mandato. (como Líder)

Autor
Roberto Cavalcanti (PRB - REPUBLICANOS/PB)
Nome completo: Roberto Cavalcanti Ribeiro
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
ATUAÇÃO PARLAMENTAR.:
  • Despedida da passagem de S.Exa. pelo Senado Federal, como suplente do Senador José Maranhão, fazendo um retrospecto das principais bandeiras de seu mandato. (como Líder)
Aparteantes
Adelmir Santana, Alfredo Cotait Neto, Alvaro Dias, Antonio Carlos Júnior, Augusto Botelho, Cristovam Buarque, Efraim Morais, Heráclito Fortes, Magno Malta, Marco Maciel, Mozarildo Cavalcanti, Mão Santa, Valdir Raupp.
Publicação
Publicação no DSF de 23/12/2010 - Página 60661
Assunto
Outros > ATUAÇÃO PARLAMENTAR.
Indexação
  • QUALIDADE, SUPLENTE, JOSE MARANHÃO, EX SENADOR, GOVERNADOR, ESTADO DA PARAIBA (PB), BALANÇO, EXERCICIO, MANDATO PARLAMENTAR, PRIORIDADE, BUSCA, DESENVOLVIMENTO REGIONAL, INTERESSE NACIONAL, DETALHAMENTO, AUTORIA, PROPOSIÇÃO, AGRADECIMENTO, APOIO, SENADOR, FUNCIONARIOS, SERVIDOR, FAMILIA, ESPECIFICAÇÃO, ELOGIO, TELEVISÃO, RADIO, JORNAL, SENADO.

                          SENADO FEDERAL SF -

            SECRETARIA-GERAL DA MESA

            SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


            O SR. ROBERTO CAVALCANTI (Bloco/PRB - PB. Pela Liderança. Sem revisão do orador) - Agradeço, Sr. Presidente, e peço vênia a V. Exª: por uma questão de equidade, também tenho direito a duas horas e cinco minutos, como aconteceu com o nobre companheiro e colega Mão Santa.

            Então, na verdade, são 16h06. Eu deixarei a tribuna às 18h06, ou às 18h15, mais ou menos.

            Mas é brincadeira! Na verdade, tenho o maior respeito à validade do uso do tempo por cada um.

            Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores...

            O SR. HERÁCLITO FORTES (DEM - PI) - Senador, V. Exª me permite apenas tirar uma dúvida aqui?

            O SR. ROBERTO CAVALCANTI (Bloco/PRB - PB) - Com a maior honra.

            O SR. HERÁCLITO FORTES (DEM - PI) - Até para V. Exª ficar mais tranquilo quanto ao tempo em que vai usar essa tribuna, para a alegria do Brasil.

            Sr. Presidente, a informação que eu gostaria de receber é para que horas está marcada a sessão do Congresso para a discussão do Orçamento. Às 15h era a hora inicial, mas são 16h06.

            O SR. PRESIDENTE (Acir Gurgacz. PDT - RO) - Havia uma previsão de que seria às 15h30. Nós estamos aguardando o término do relatório para iniciarmos os trabalhos, Senador Heráclito.

            O SR. HERÁCLITO FORTES (DEM - PI) - Havendo esse acordo, e iniciando a votação, a sessão do Senado então...

            O SR. PRESIDENTE (Acir Gurgacz. PDT - RO) - Interrompe-se...

            O SR. HERÁCLITO FORTES (DEM - PI) - Suspende-se.

            O SR PRESIDENTE (Acir Gurgacz. PDT - RO) - Suspendemos e continuamos depois.

            O SR. HERÁCLITO FORTES (DEM - PI) - Muito obrigado, Senador.

            O SR. ROBERTO CAVALCANTI (Bloco/PRB - PB) - Regimentalmente, é exatamente isso.

            O SR. HERÁCLITO FORTES (DEM - PI) - Está bom.

            O SR. ROBERTO CAVALCANTI (Bloco/PRB - PB. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, lá se vão vários anos desde o dia em que aceitei o convite do meu querido amigo José Maranhão para ocupar a suplência. Fiquei, evidentemente, muito honrado com o convite e o aceitei com a convicção de que apenas cumpriríamos uma formalidade da Justiça Eleitoral.

            Se algum vidente tivesse, então, nos antecipado o que os anos seguintes nos reservavam, a mim e ao atual governador da Paraíba, nós dificilmente acreditaríamos em previsão tão fantasiosa àquela época.

            A realidade, porém, não se cansa de nos surpreender, e muitas vezes os fatos, como sugere o título de um recente filme hollywoodiano, podem ser mais estranhos que a ficção.

            Assumi o mandato de Senador pela primeira vez em agosto de 2006, quando o Senador José Maranhão decidiu disputar o Governo da Paraíba. Nos quatro meses em que exerci o mandato, comecei a aprender, na prática, o bê-a-bá do processo legislativo e tentei me portar à altura do titular do cargo. Ou seja, tudo dentro do esperado, nada fora do normal.

            Até que o destino resolveu diferente e em 2009, quando o Supremo confirmou o entendimento do TSE e reverteu o resultado daquelas eleições de 2006, dando a vitória a José Maranhão, mais uma vez fui chamado a cumprir o fado que nos era reservado.

            O Senador José Maranhão assumiu, pela terceira vez, o Governo da Paraíba, e eu, consequentemente, retornei ao Senado em fevereiro de 2009, e hoje venho, emocionado, a esta tribuna para encerrar minha passagem por esta Casa, já que optei por não disputar as eleições.

            Na balança da vida, nós temos que ter pesos. Pesou muito essa convivência com todos os nobres Senadores, com esta Casa. Porém, na balança da vida, pesou mais fatos paraibanos, família e outros.

            Foram praticamente dois anos de aprendizado intenso, durante os quais busquei fazer o máximo possível pelo Estado da Paraíba, pelo Nordeste e pelo Brasil.

            Não pude evitar, é claro, a sensação de orgulho ao participar do cotidiano do Parlamento brasileiro.

            São poucos os lugares, neste País, em que se pode usufruir da convivência diária com imortais da política e das letras, como José Sarney e Marco Maciel; com homens da estatura moral de Pedro Simon, Eduardo Suplicy, Augusto Botelho, Antonio Carlos Magalhães; com a sensibilidade social do meu líder, Marcelo Crivella; e com mulheres da fibra de Marina Silva, Marisa Serrano, Rosalba Ciarlini e outras.

            Concedo um aparte ao Senador Antonio Carlos Júnior.

            O Sr. Antonio Carlos Júnior (DEM - BA) - Senador Roberto Cavalcanti, nossa convivência aqui, inclusive até com uma convergência no campo empresarial, foi extremamente salutar pela participação efetiva de V. Exª nas comissões, nos debates em plenário, nas questões que importam para o País. Quer dizer, nesses quase dois anos em que V. Exª está exercendo a titularidade da cadeira de Senador, V. Exª sempre participou dos grandes debates da Casa, debates econômicos, debates na área de meios de comunicação, na área social, sempre foi presença marcante nesses debates, nessas questões. Sempre discutimos. Aliás, nós nos afinamos muito porque talvez a nossa origem empresarial faça com que essa convergência aumente. Seu mandato foi coroado por uma série de relatorias, de discussões e de pronunciamentos importantes neste plenário. Parabenizo V. Exª pela excelente produção legislativa e pelo empenho e dedicação ao mandato, mostrando inclusive uma participação muito efetiva nos trabalhos desta Casa nesse período. Portanto, parabenizo V. Exª pelo mandato excelente que conseguiu fazer, obtendo posições importantes nesta Casa.

            O SR. ROBERTO CAVALCANTI (Bloco/PRB - PB) - Agradeço o aparte do companheiro, do grande empresário e amigo Antonio Carlos Júnior, pelas palavras, pelas referências elogiosas.

            Em 2006, eu aqui estive e tive ocasião de conviver com o senhor seu pai, pessoa na qual tenho uma referência histórica e uma admiração profunda e eterna. Desta tribuna, o senhor seu pai também fez referências elogiosas a mim que guardo no fundo do meu coração. V. Exª como eu somos emotivos, mas, na verdade, as referências feitas pelo senhor seu pai desta tribuna estão guardadas eternamente na minha memória e no meu coração.

            Senador Mozarildo Cavalcanti, meu primo, mais um Cavalcanti neste Senado Federal.

            O Sr. Mozarildo Cavalcanti (PTB - RR) - Senador Roberto, foi um prazer muito grande conhecê-lo aqui no Senado, inclusive identificarmos as nossas origens familiares. V. Exª foi mais um daqueles que, assumindo o mandato tendo sido eleito primeiro suplente, desmistificou aquela coisa que está mais ou menos cristalizada na mídia, de que existe senador sem voto. E tenho dito: ninguém questiona, por exemplo, quando um vice-presidente da República assume a Presidência no impedimento do presidente, ou o vice-governador ou o vice-prefeito no impedimento deles, por alguma razão. E V. Exª demonstrou, mesmo com o desafio de substituir o nosso Senador Maranhão, que assumiu o Governo da Paraíba, que não só tinha importância na eleição do Maranhão - quer dizer, do nosso Senador Maranhão - como tinha virtudes e capacidades pessoais para exercer o mandato. Então, eu quero dar este testemunho do seu trabalho aqui, um trabalho que, sendo V. Exª um empresário, trouxe justamente aquelas qualidades do empresário: preocupação com a eficiência e com o bom desempenho do mandato. Isso V. Exª fez de sobra aqui. Então, quero dizer da minha satisfação de tê-lo conhecido aqui e dizer que realmente foi um desempenho muito importante para o Senado e, com certeza, para a Paraíba. Muito obrigado.

            O SR. ROBERTO CAVALCANTI (Bloco/PRB - PB) - Agradeço o aparte de V. Exª. Dentro das características de V. Exª, além da amizade e da cumplicidade, V. Exª tem um extremo bom humor. Todas as vezes que nos encontramos, V. Exª tem sempre por trás uma brincadeira: “Alguém está perseguindo o senhor, Senador!”; “Olha, eu soube que está havendo um tal boato...”. Não existe um momento em que nos encontremos neste Parlamento que V. Exª não tenha este lado gostoso da vida, que é trabalhar, mas ter uma coragem de humor. Foi um privilégio ter esse encontro com esse Cavalcanti. Na verdade, cultuaremos nossas famílias e nossas ligações por muitos e muitos anos.

            Recebo, com muita alegria, o aparte do Senador Alvaro Dias.

            O Sr. Alvaro Dias (PSDB - PR) - Senador Roberto Cavalcanti, V. Exª falou em aprendizado, mas nesta Casa, nesses dois anos, foi um mestre. Aprendemos muito com V. Exª, que demonstrou uma capacidade enorme de ser elegante e respeitar opiniões divergentes, entendendo ser o contraditório fundamental no debate democrático. Essa é uma lição que V. Exª oferece pelo seu comportamento de elegância, não só na tribuna, mas no cotidiano, na relação que estabelece com seus pares e com seus adversários no campo político, mas sempre com elegância, sem perder, naturalmente, a altivez. Suas convicções sempre expostas com muita clareza, sobretudo com muita veemência, capacidade intelectual, talento e, sobretudo, experiência de vida. V. Exª trouxe uma contribuição inegável ao Poder Legislativo nesse período em que aqui esteve. Nesta despedida, nossos votos de que seja sempre muito feliz, tenha êxito nas suas atividades e obtenha o sucesso, que tem sido uma rotina na sua existência. Parabéns pelo mandato em nome da Paraíba nesta Casa.

            O SR. ROBERTO CAVALCANTI (Bloco/PRB - PB) - Agradeço as palavras elogiosas, fundamentalmente as vindas de um líder inconteste da oposição. O Senado Federal, pela TV Senado, bem como todos os meios de comunicação acompanham V. Exª, com a sua presteza, sua eficiência, sua competência e sua combatividade. Nós estávamos sempre em lados opostos, mas, em nenhum momento, confrontamo-nos. Nós debatemos e, ao sairmos desta tribuna, nós nos cumprimentávamos, abraçávamo-nos. V. Exª sempre teve, no início, uma avaliação cautelosa, não foi um dos primeiros a se aproximar de mim, mas, lá na frente, nós conseguimos, de uma forma crescente, rápida, ter esse vínculo, esse sentimento de carinho e de afetividade um para com o outro. Foi muito honroso para mim aprender com V. Exª nesses momentos que aqui convivemos. Agradeço a forma elogiosa com que sempre fui tratado e o comportamento extremamente exemplar de V. Exª, inclusive com assiduidade. É muito importante, em minha vida, a avaliação quanto à transpiração. Existem talentos, mas a transpiração é de muito valor para mim.

            Ouço o aparte do Senador Efraim Morais.

            O Sr. Efraim Morais (DEM - PB) - Senador Roberto Cavalcanti, V. Exª representou, ao nosso lado, ao lado do Senador Cícero Lucena, a Paraíba nesses dois anos, como titular na cadeira de Senador da República. V. Exª foi um parlamentar, podemos assim dizer, atuante e vigilante, em defesa dos interesses da Paraíba e do Brasil. Então, na condição de seu companheiro de bancada, quero parabenizá-lo pelo trabalho realizado. Como disse V. Exª ontem, quando me aparteava, estivemos em lados opostos na política paraibana, muitas vezes aqui - talvez quase todas as vezes -, quando tivemos de nos manifestar, mas o mais importante é que tivemos um lado: nosso lado foi o da Paraíba.

            O SR. ROBERTO CAVALCANTI (Bloco/PRB - PB) - Isso.

            O Sr. Efraim Morais (DEM - PB) - Quando se tratou de assuntos de interesse da Paraíba, sempre estivemos unidos em defesa de nosso Estado. Então, tenho certeza absoluta de que V. Exª cumpriu a sua missão como representante de nossos conterrâneos paraibanos. Parabéns a V. Exª pelo trabalho realizado nesta Casa e no Congresso Nacional.

            O SR. ROBERTO CAVALCANTI (Bloco/PRB - PB) - Agradeço o aparte do Senador Efraim Morais, meu companheiro de bancada da Paraíba. Como o Senador Efraim relatou, nós, efetivamente, estivemos do mesmo lado, no tocante à Paraíba; em lados opostos, dentro de uma política extremamente dualizada como é a da Paraíba; porém, sempre conseguimos manter, acima de tudo, o relacionamento de nossas famílias, nosso relacionamento social. V. Exª sempre teve - registrei isso ontem - a elegância de não se deixar ferir, muitas vezes, com críticas, com comportamento de imprensa que, muitas vezes, foge ao controle de todos nós. Na verdade, V. Exª sabe que eu o admiro pela combatividade, pelo sertanejo vitorioso que V. Exª é. Agradeço demais o aparte de V. Exª.

            Ouço o aparte do Senador Valdir Raupp.

            O Sr. Valdir Raupp (PMDB - RO) - Nobre Senador Roberto Cavalcanti, V. Exª conseguiu fazer o que poucos conseguiram: trabalhar tanto em tão pouco tempo. Tenho a impressão de que, nesse período de menos de quatro anos, V. Exª fez por oito, ou seja, por um mandato cheio. Então, parabenizo V. Exª pelo dinamismo, pela capacidade de trabalho que tem, em defesa do povo paraibano, do povo brasileiro. Aproveito também, como o fiz com Mão Santa e Heráclito Fortes, para parabenizar o Senador Efraim, que foi um grande Deputado Federal, um grande Senador da República. Tenho certeza de que V. Exªs podem voltar para seus Estados com a consciência tranquila do dever cumprido: nesse espaço de tempo, marcaram época, deixaram um legado de trabalho, de serviço prestado à Nação e ao Estado da Paraíba. Parabéns a V. Exª.

            O SR. ROBERTO CAVALCANTI (Bloco/PRB - PB) - Agradeço-lhe por de mais. V. Exª era meu quase vizinho de gabinete. Nós interagimos muito, pois V. Exª tem em seu gabinete alguns bons profissionais paraibanos, de origem paraibana. Da mesma forma que elogiei o Senador Alvaro Dias, no tocante à transpiração, V. Exª também esteve muito presente aqui.

            Eu, na verdade, como V. Exª relatou, tinha de fazer em dois o que alguns têm de fazer em oito. Então, na verdade, suei um pouquinho a camisa, até para tentar ativar os meus neurônios, que não são tão vigorosos como os de todos os demais Senadores. Então, tinha de aquecê-los muito, para que estivessem a pleno vapor, para eu poder acompanhar o ritmo de V. Exª. Agradeço-lhe por demais, e a Paraíba o aguarda, para poder recebê-lo em casa, da mesma forma como fui recebido, aqui, em Brasília por V. Exª.

            Concedo, com muita honra, um aparte ao meu amigo histórico e pessoal, Senador Marco Maciel.

            O Sr. Marco Maciel (DEM - PE. Com revisão do aparteante.) - Nobre Senador Roberto Cavalcanti, desejo iniciar as minhas palavras, recordando tempos pretéritos, tempos do século passado e, diria até, do milênio passado. Somos de uma geração que teve a oportunidade de não somente viver a virada de um século, mas também de participar da virada do milênio. Poucas gerações conseguem ver a virada de um século, e pouquíssimas conseguem ver a virada do milênio. V. Exª e eu, por sermos da mesma geração, tivemos esta grande ventura de participar das mudanças que ocorrem no mundo, sobretudo em decorrência de um grande desenvolvimento científico e tecnológico, caracterizado por novas tecnologias virtuais. De alguma forma, aumentou o protagonismo do Brasil - e dou apenas um exemplo - graças ao Plano Real. O Brasil realizou o maior ajuste fiscal de toda a sua história. Mesmo se recuarmos no passado, no Século XIX e no Século XX, vamos verificar que nunca tivemos tanta estabilidade fiscal quanto agora, friso, graças ao Plano Real que foi sabiamente arquitetado não somente com a participação do Presidente Itamar Franco, mas, sobretudo, pela perspicácia e pela visão de Fernando Henrique Cardoso. E, graças ao Plano Real e a leis que brotaram, como conseqüência, a Lei de Responsabilidade Fiscal, a criação do Proer, o fim da indexação, a introdução do câmbio flutuante. Tudo isso contribuiu e muito para que o País aumentasse a sua interlocução no exterior. Hoje, já somos vistos de outra forma pela comunidade internacional. É lógico que precisamos - e devemos fazer também um grande esforço nesse sentido -, insistir em reduzir a insegurança jurídica que ainda existe em nosso País. Muitas vezes perdemos a oportunidade de ter bons investidores no Brasil por falta de uma maior segurança jurídica. Creio que isto é questão de pouco tempo e, certamente, o Século XXI vai dar ao Brasil - não diria a condição de líder mas, certamente, um certo protagonismo e uma grande influência nas grandes decisões internacionais. V. Exª chegou, aqui, num mandato curto, posto que, de apenas dois anos. Esteve presente nos grandes debates, quer nas comissões técnicas da Casa, quer no plenário como faz agora. V. Exª é filho de uma família que muito dignifica o Nordeste, de modo especial o nosso Estado, o Estado de Pernambuco. V. Exª é filho de um grande etnólogo, Renè Ribeiro, que trabalhava juntamente com Gilberto Freyre. Ele integrava aquele grupo interdisciplinar, porque Gilberto Freyre sempre fazia questão de chamar para o debate pessoas das mais diferentes formações intelectuais. René Ribeiro deixou bem marcado na história de Pernambuco a contribuição que deu ao desenvolvimento das ciências sociais, objeto de estudos mais acurados de Gilberto Freyre. Depois V. Exª se revelou como empresário, deixou o Estado de Pernambuco e na Paraíba se instalou na área de comunicação social, com rádio e televisão e também com indústrias, contribuindo assim para gerar mais empregos, melhorar a renda do povo paraibano. Pernambuco e Paraíba ligados como siameses, consequentemente, são Estados que têm objetivos comuns: trabalhar cada vez mais para aumentar o crescimento do PIB do Nordeste para superar as assimetrias que ainda observamos em nosso País. O Brasil é ainda um país que convive com muitas desigualdades sociais, que se transportam muitas vezes para o plano econômico, para o plano cultural. Acredito que precisamos superar essas desigualdades até como forma de melhorar nossa interlocução com nossos vizinhos. O Brasil tem fronteiras com dez países, obra, aliás, de Rio Branco, quando ministro das Relações Exteriores, entre 1902 e 1910, se não estou equivocado. O fato é que estamos ampliando essa interlocução com nossos vizinhos, muitos dos quais celebrando agora, sobretudo os hispânicos, os chamados bicentenários, como é o caso do Chile e da Argentina. Por isso acredito que o Brasil, por ser um país que convive numa grande diversidade étnica, talvez única no mundo. Não poderia deixar de salientar o fato de estarmos no Atlântico Sul, uma zona de paz. Poucas regiões do mundo são tão tranquilas como o Atlântico Sul, e mormente se compararmos com o Oriente, que ainda convive, infelizmente, com conflitos, alguns de grande gravidade. Com sua vocação de político, com sua vocação de empresário, certamente V.Exª pode continuar a concorrer para o alevantamento das condições de nosso desenvolvimento. Acredito que podemos ser otimistas com relação a esse assunto. Juscelino, certa feita, disse que com relação ao Brasil o otimista pode errar, mas o pessimista já começa errando. Considero-me um otimista. Acredito que o Brasil está conseguindo superar os seus obstáculos, os seus óbices, as suas carências, e não tenho dúvida em afirmar que dentro de muito pouco tempo, daqui a uma década, ou no máximo em duas décadas, estaremos participando do processo de globalização, de mundialização que pervade o mundo todo. Encerraria meu aparte, cumprimentando-o pelo desempenho que realizou aqui neste plenário, nas comissões técnicas, na participação dos debates. Gostaria, nobre Senador Roberto Cavalcanti, de estender esses meus cumprimentos à sua família, à Celina, sua irmã que mora em Olinda. Sempre penso que o Parlamento é a palavra da Nação e, conseqüentemente, o papel do plenário é muito importante, porque ele, de alguma forma, repercute tudo o que ocorre na sociedade brasileira. O Senado, por ser a Casa da Federação, tem uma responsabilidade muito específica. É aqui no Senado que são dirimidos os conflitos, às vezes interestaduais, às vezes entre a União e o Distrito Federal, muitas vezes entre os Estados e os Municípios. Precisamos continuar investindo no fortalecimento da Federação, porque o Brasil, a exemplo do que aconteceu com os Estados Unidos, é um país que nasceu vocacionado para ser uma grande Federação, não apenas uma página retórica da Constituição. Precisamos realizar um federalismo atento não somente ao desenvolvimento uniforme dos Estados, mas também aos Municípios, como chamou a atenção o professor Miguel Reale, um federalismo realmente associativo, de cooperação, para que o País cresça, desenvolva-se de forma articulada, assegurando, portanto, a todos e a cada um condições de plena realização dos seus projetos pessoais. Enfim, sermos um País atento a tudo o que o homem espera de pão, espírito, justiça e liberdade.

            O SR. ROBERTO CAVALCANTI (Bloco/PRB - PB) - Agradeço o aparte de V. Exª, V. Exª que é um patrimônio nacional. Muito me orgulha nossa amizade familiar de muitos anos. Acompanhamos a trajetória de V. Exª desde o início, em Pernambuco, em Brasília, na Presidência da República. V. Exª inclusive nos deu honrosos privilégios de inaugurar empresas nossas, empreendimentos nossos, familiares, aos quais V. Exª, como Presidente da Câmara, V. Exª, como Presidente da República, lá comparecia, para espanto de muitos amigos nossos, no sentido de que ficou na Paraíba essa marca registrada de que Roberto Cavalcanti é muito amigo de Marco Maciel. E isso para mim foi muito importante, porque, digamos, para o meu currículo, é uma grande honra. Quem não gostaria de ser amigo de Marco Maciel? Quem não gostaria de ser amigo de um homem com a trajetória limpa, serena, competente, exemplar de Marco Maciel? Então, na verdade, isso muito me orgulha. Temos companheirismo, temos intimidade, temos amizade. Há poucos minutos, antes de aqui subir à tribuna, comentava com V. Exª a respeito de um talentoso colaborador, Bandeirinha. Então V. Exª realmente relatou quão importante foi na trajetória de alguns pronunciamentos de V. Exª a colaboração do Bandeirinha, porque, na verdade, eu o conhecia, eu sabia de algumas nuances da atuação parlamentar de S. Sª e tenho certeza de que o Bandeirinha, ao longo de vários anos, foi um grande colaborador de V. Exª. Eu até faço um parêntese, porque cada um tem o seu Bandeirinha; e eu tenho a Dona Síssi, que está ali, que é a minha Bandeirinha, vamos dizer. Dona Síssi é quem me ajuda com o seu talento e outros a, muitas vezes, elaborar esses pronunciamentos.

            Então, muito honrado com o aparte de V. Exª e espero que nós continuemos por muitos e muitos anos curtindo essa amizade profunda e realmente extremamente sólida em nome meu, em nome de minha irmã, em nome dos nossos ancestrais, mas que, na verdade, muito me honra.

            Eu tenho instruções, até da própria Drª Síssi, de continuar lendo um pouquinho, porque, senão, vou deixar só os apartes. Então vou tentar ler aqui um pouco mais e depois concederei mais uma série de apartes.

            Não houve um Senador ou Senadora sequer, independentemente de coloração partidária, com quem eu não tivesse aprendido muito mais do que eu teria a capacidade de ensinar. Estou em débito eterno com Vossas Excelências.

            Com o apoio de companheiros e companheiras desse calibre - alguns dos quais eu tenho a satisfação de chamar de amigos, como meu conterrâneo e mestre, Senador Cristovam Buarque, que também é Cavalcanti, está lá escondido o Cavalcantizinho dele, que conheço há 40 anos -, empenhei-me nos trabalhos no plenário e nas oito Comissões permanentes e duas Comissões especiais de que fui membro titular.

            Defendi com afinco os interesses do Estado da Paraíba.

            Lutei pelo Estado nas discussões relativas à transposição do rio São Francisco; cobrei mais investimentos do PAC para a Paraíba, projetos estruturantes capazes de reverter o círculo vicioso da pobreza; propus a criação do campus do Instituto Federal da Paraíba em Sapé; trabalhei por mais recursos para o Estado sempre que tive oportunidade.

            Fiz de temas como a necessidade de uma presença mais efetiva da Petrobras na Paraíba, o aeroporto Castro Pinto, a revitalização do Porto de Cabedelo, a construção do Porto de Águas Profundas em Lucena e, posteriormente, em Mataraca, a inclusão de uma alça de inserção no ramal da Transnordestina para contemplar a Paraíba, incansáveis bandeiras de luta.

            Mas não zelei apenas pelos interesses da Paraíba!

            A maioria das 25 proposições legislativas que apresentei em 2006, em 2009 e em 2010, entre projetos de lei, projetos de resolução e propostas de emenda à Constituição, refere-se a iniciativas que beneficiarão o País como um todo. Entre elas, orgulha-me, sobremaneira, a PEC que federaliza os crimes de homicídio praticados contra jornalistas no exercício da profissão e o projeto de lei que prioriza o seu julgamento. Também apresentei proposta de emenda à Constituição criando a ficha limpa para os servidores públicos estáveis e comissionados.

            Concedo, com muita honra, um aparte ao meu professor e amigo, que, indiretamente, também é Cavalcanti, Cristovam Buarque.

            O Sr. Cristovam Buarque (PDT - DF) - Permita-me chamá-lo de “meu caro Roberto”, como nos velhos tempos de Recife. Quero dizer que sinto certa emoção neste momento em que tenho de chamá-lo de senhor, por força do protocolo. O senhor se despende desta tribuna, mas não de nós nem da política. Quando o senhor chegou aqui, causou-me uma alegria muito grande, obviamente, de quem reencontra um amigo, mas também um sentimento de quem se pergunta: o que é que esse menino está fazendo aqui? Embora, talvez, não seja tão grande nossa diferença de idade, eu, como seu professor naqueles tempos, disse: “É surpreendente que aqui esteja Roberto Cavalcanti”. Quero lhe dizer que, nesses anos de sua presença aqui, fiquei muito orgulhoso de ser seu amigo, de conhecê-lo há muitos anos e de ter tido a oportunidade de debater junto com o senhor em uma sala de aula. Fico orgulhoso, em primeiro lugar, pela maneira como, ao longo desse tempo, eu o vi fazer o dever de casa. Poucos de nós aqui tomam tanto cuidado, são tão rigorosos e atenciosos em cada participação na Comissão, a começar aí, como o Senador Roberto Cavalcanti! Poucos chegam à tribuna com o discurso elaborado com a responsabilidade, com a consciência, com a acuidade que vi nos seus discursos. Poucos passam tal gentileza na relação entre os Pares, como aqui acompanhamos nesses quatro anos. E poucos - eu poderia dizer outras qualidades, mas fico nesta - têm a coragem de tomar a decisão que o senhor tomou, de não se candidatar outra vez. Isso é difícil. Quando a gente entra aqui, a gente pensa que é livre para ser ou não candidato e termina descobrindo que essa liberdade é muito restrita. É muito difícil tomar essa decisão. E o senhor me comunicou que não ia ser candidato, com toda a chance que tinha, sim, de ser reeleito, e não foi candidato. Quero dizer que essa é uma admiração a mais que tenho. Seus argumentos são perfeitamente válidos, tanto os de ordem pessoal e existencial, como os que enfocam o prazer de viver, sendo ou não sendo Senador, as atividades familiares, as atividades de homem de negócio. O senhor é apaixonado pela Paraíba. É o pernambucano mais apaixonado pela Paraíba que conheço, embora todos nós, pernambucanos, gostemos muito da Paraíba. Sua decisão foi de uma lucidez muito grande, mas isso aí outros têm. O que me impressiona é que foi de uma coragem muito forte, que poucos têm. Por isso, o senhor está se despedindo como um vitorioso. É um vitorioso pelos anos que passou aqui, pelo desempenho da função de representante da Paraíba no Senado. É um vitorioso pela maneira como fez o seu trabalho e é um vitorioso pela firmeza como tomou sua decisão na hora certa. O senhor deu sua contribuição como Senador e vai continuar dando a contribuição de empresário, de homem das comunicações, de homem de família, em todas essas outras atividades que temos. Por tudo isso, ao mesmo tempo que parabenizo a Paraíba, parabenizo o Senado, por tê-lo tido aqui, e o parabenizo. Parabenizo-o, porque o dia de dar parabéns a uma pessoa é o dia em que ela termina sua função. A gente costuma dar parabéns quando ela toma posse. Não vejo a menor razão em dar parabéns no dia em que uma pessoa toma posse. A gente dá parabéns no dia em que ela sai, com a cabeça erguida por ter cumprido seu dever. Por isso, como colega, eu lhe dou parabéns e, como ex-professor, eu lhe dou nota dez!

            O SR. ROBERTO CAVALCANTI (Bloco/PRB - PB) - Eu lhe agradeço e recebo, na verdade, emocionado, as referências de meu amigo, meu colega, meu mestre, meu professor Cristovam. Atribuo várias citações feitas por ele ao carinho que nós dois, reciprocamente, temos um para com o outro.

            Cristovam e toda a sua família sempre foram extremamente idealistas. Seu irmão Sérgio também, da mesma forma, é extremamente idealista. Todos pagaram um preço alto por isso, pois, no Brasil, o idealismo tem seu preço, o sucesso tem seu preço. Mas sempre fomos muito próximos. Devo a Cristovam, a quatro mãos, o primeiro projeto empresarial da minha vida. Devo isso ao talento, ao idealismo e à competência de Cristovam. A primeira empresa, na verdade, nasceu pelas mãos de Cristovam, pelo seu talento, pela criatividade do escritório que ele comandava, à época, em Pernambuco.

            Então, eu diria que, se aprendi com muitos - minha vida é um permanente aprendizado -, V. Exª foi o mestre dos mestres. Eu era jovem, idealista também, visionário, e V. Exª, com equilíbrio, com seriedade, com honestidade, ensinou-me muitos caminhos. Então, eu lhe sou grato. Tenho V. Exª não como o eterno o professor, mas como o eterno mestre. Muito obrigado, Cristovam.

            Cedo a palavra, para um aparte, com muita honra, ao Senador Alfredo Cotait. Lamento tomar um pouco do tempo, porque sei que V. Exª também está na lista dos inscritos, tem voo para São Paulo predeterminado. Mas é com muita honra que concedo o aparte a V. Exª.

            O Sr. Alfredo Cotait (DEM - SP) - Senador Roberto Cavalcanti, agradeço-lhe a sua gentileza de me conceder o aparte, mesmo porque eu gostaria de, além de parabenizá-lo pelo seu trabalho, também dizer que o senhor foi uma referência para mim. Estou aqui há um curto espaço de tempo e acompanhei sua atuação, principalmente neste plenário. O senhor, todos os dias aqui, apontou os problemas da Paraíba e questões importantes do País. Quero parabenizá-lo pelo seu trabalho e pela sua participação no Senado, durante o período em que pude presenciar sua atuação aqui. Como o senhor falou, eu realmente tinha preparado minha prestação de contas desses cinquenta dias em que tive o privilégio de participar, junto com todos os senhores, dos trabalhos no Senado Federal, mas terei de me retirar, mesmo porque o meu tempo está quase estourando para eu sair e pegar meu voo. Então, eu lhes agradeço muito a oportunidade de estar com todos os senhores aqui. Fiz vários amigos aqui. Tenho certeza de que da amizade do Senador Roberto Cavalcanti poderei desfrutar com bastante carinho. Pude conhecer outros Senadores aqui, além daqueles que eu já conhecia. Nesses cinquenta dias, meu caro Roberto Cavalcanti, procurei também me desempenhar ao máximo. Consegui apresentar dez projetos de lei e gostaria que, depois, alguns dos Senadores pudessem acompanhar a sua tramitação e me ajudar, para vermos se temos alguma chance de aprová-los. Também apresentei uma proposta de emenda constitucional e gostaria muito que algum Senador pudesse dar continuidade a essa matéria. De qualquer forma, agradeço muito a oportunidade. Roberto, parabéns! Espero encontrá-lo em dias futuros. Realmente, eu gostaria muito de manter essas amizades todas, inclusive a sua. Parabéns, Roberto!

            O SR. ROBERTO CAVALCANTI (Bloco/PRB - PB) - Agradeço o aparte a V. Exª. Eu gostaria de fazer duas observações. Em primeiro lugar, V. Exª chegou aqui com uma responsabilidade muito grande, que era a de responder pela complementação do mandato de um Senador que nos encantou e que nos deixou por consequência das fatalidades da vida, o Senador Romeu Tuma, que foi uma referência, que foi um amigo de todos nós.

            Então, este fato de V. Exª vir substituir Romeu Tuma, para mim, já foi merecedor de atenção. Mas, muito mais, prestei atenção em V. Exª pela elegância. V. Exª tem uma postura, uma conduta, um comportamento do qual... Desde o primeiro dia, V. Exª é testemunha, nós procuramos nos aproximar sempre com gestos recíprocos de extrema atenção. V. Exª, inclusive, no dia de ontem ou de hoje, presenteou-me com uma lembrança de Natal, e eu procurei retribuir a V. Exª. Mas são gestos. V. Exª tem educação, fineza, berço, sem dúvida. Não tive oportunidade de me aprofundar mais no tocante ao currículo de V. Exª, mas, na verdade, não precisa: o silêncio e a postura bastam para identificar a elegante origem de V. Exª.

            Concedo um aparte ao Senador Heráclito Fortes.

            O Sr. Heráclito Fortes (DEM - PI) - Meu caro Senador Roberto Cavalcanti, V. Exª faz um discurso de despedida nesta tarde e já se vê, pela maneira carinhosa com que os seus companheiros se manifestam, o círculo de amizade e o grau de afetividade que V. Exª adquiriu nesses quase quatro anos de convivência com todos nós. V. Exª foi um Senador que, logo ao assumir, demonstrou intimidade com a atividade legislativa, atuando de maneira firme, não só nas comissões, mas também no plenário desta Casa. Eu me congratulo com V. Exª, esse paraibano-pernambucano, que vai deixar sua marca nesta Casa. E espero em Deus que lhe dê oportunidade de V. Exª voltar ao Legislativo brasileiro, porque tenho certeza de que, em assim fazendo, estará servindo, e muito, a sua Paraíba. Parabéns e um abraço deste seu admirador crescente.

            O SR. ROBERTO CAVALCANTI (Bloco/PRB - PB) - Agradeço, Senador Heráclito.

            Ontem, referia-me ao registro que o acompanha há muitos anos, como pernambucano e pelas incursões pernambucanas de V. Exª. V. Exª deu uma demonstração de destemor em vários campos, no Senado Federal: no tocante a abraçar bandeiras de oposição, com muita firmeza; no tocante a corrigir determinadas distorções que havia aqui dentro do Senado Federal. V. Exª também me ensinou muito. V. Exª tem a extrema lucidez de dar referências do comportamento de um Parlamentar aqui.

            Se alguma coisa fiz, tenho certeza de que muito disso V. Exª me ensinou. Inclusive, ontem, eu me referia à gratidão que lhe tenho: todos os assuntos que levei a V. Exª, V. Exª teve uma presteza formidável de amigo, de companheiro. Tudo dentro da legalidade, sempre um cumpridor da palavra. V. Exª é um homem que cumpre compromissos.

            Eu cedo a palavra ao Senador, companheiro e empresário, Adelmir Santana.

            O Sr. Adelmir Santana (DEM - DF) - Senador Roberto Cavalcanti, ao contrário do meu colega aqui de Brasília, Cristovam, que foi - como bem explanou aqui tanto V. Exª como ele - aluno e professor, eu fui só seu aluno. Nesse período em que convivemos juntos, naturalmente que as lições recebidas foram para mim de grande valia. Quero, portanto, externar meu agradecimento por essa relação de proximidade que mantivemos. Quando tive a oportunidade de receber o título de Cidadão Honorário da Paraíba, V. Exª foi muito gentil comigo, inclusive colocando alguns veículos de comunicação, dirigidos por sua família, à minha disposição, dando destaque àquele evento. Fiquei muito agradecido por isso. Quero externar esse agradecimento de forma pública e dizer que, para mim, esses anos de convivência - repito - foram de aprendizado e só serviram para consolidar uma relação de amizade, uma relação de pontos de vista que, muitas vezes, são confluentes. Aqui mesmo, quando travamos uma luta por uma série de projetos tentando regular o mercado do setor de cartões de crédito, V. Exª ombreou comigo nessa luta e fez inúmeros pronunciamentos também nessa mesma direção - e quase sempre seus pronunciamentos foram muito voltados para os consumidores, pelas taxas de juros, pelos custos, pela infinidade de taxas cobradas por esse setor dos nossos consumidores. Isso também mostrou a nossa confluência de pensamento. Quero dizer, Senador Roberto Cavalcanti, que foi para mim - volto a repetir - um período de aprendizado e espero que essa relação perdure - eu aqui em Brasília, V. Exª na Paraíba, e certamente haveremos de nos encontrar em alguns pontos deste País. Que essa relação perdure por longos e longos anos. Que nós vivamos muito, para continuarmos essa relação de amizade e de apreço que eu externo a V. Exª. Portanto, meus parabéns pela sua atuação aqui no Congresso - o que já foi aqui acentuado por outros companheiros que me antecederam. Louvo que tenhamos tido a oportunidade da sua experiência como homem de empresas, mas, acima de tudo, como um Parlamentar atuante, presente e com muita seriedade nos seus pontos de vista. Meus parabéns a V. Exª.

            O SR. ROBERTO CAVALCANTI (Bloco/PRB - PB) - Agradeço, Senador Adelmir Santana. V. Exª é que foi meu mestre. V. Exª me ensinou a capacidade de ter o poder e de saber usá-lo. E quem agradece não sou eu apenas, Parlamentar pela Paraíba; o artesanato da Paraíba agradece a V. Exª. V. Exª interveio várias e várias vezes em prol do artesanato da Paraíba, na qualidade de Superintendente e Presidente do Conselho do Sebrae. Nas horas oportunas, com elegância, porém com decisão, V. Exª soube fazer com que os artesãos da Paraíba tivessem as oportunidades de que precisavam naquele momento. Então, a Paraíba é grata a V. Exª. O Brasil é grato a V. Exª. Da mesma forma, em outros temas, de forma comum e sem ciúme. O importante é isto, que nós partilhávamos esses temas, partilhávamos os temas dos cartões de crédito de forma muito companheira, diferentemente de comportamentos políticos no sentido de ser dono da bandeira: sou eu, é você. Não, nós dois, na verdade, em conjunto, na medida do possível, defendíamos esses interesses que eram interesses do Brasil, interesses do consumidor brasileiro.

            Eu que parabenizo V. Exª, e já tive oportunidade de fazê-lo quando da despedida de V. Exª dias atrás.

            Concedo um aparte ao Senador Magno Malta.

            O Sr. Magno Malta (Bloco/PR - ES) - Senador Roberto Cavalcanti, a mim, satisfaz muito a oportunidade de cumprimentá-lo nesse dia em que V. Exª faz o seu pronunciamento, abraçando os seus companheiros, dando um relatório das suas atividades. Até porque nós, e eu de uma forma muito especial, somos testemunhas oculares do seu empenho. V. Exª se notabilizou aqui como homem de comissões, presente nas comissões, nos debates mais importantes, nas comissões mais importantes, que tratam da vida da Nação como um todo, onde as decisões são tomadas. V. Exª não se furtou ao seu papel nem ao seu dever. Portanto, imagino que, a exemplo da sua família, toda a Paraíba se orgulha dos anos em que V. Exª aqui esteve representando o seu povo e o País. Orgulha a nós, seus companheiros - e aqui, um a um, esperam com o microfone em punho para aparteá-lo, agradecidos pelo seu período, pela convivência, pela irmandade, pela maneira solícita e solidária com que V. Exª tratou todos nós. Obrigado por tudo isso. Leve o meu abraço à sua família e à Paraíba, essa gratidão. Desejo um 2011 de muita felicidade para V. Exª, como pai de família, como homem público e como gerador de honra no seu Estado. V. Exª é um empresário. Quem gera emprego, gera honra. A honra de um homem é o seu trabalho, e V. Exª gera centenas de empregos, centenas de honras no seu Estado e neste País. Isso, de uma maneira muito pessoal, me fascina muito, e eu respeito de maneira dobrada aqueles que geram empregos neste País. Então, receba minha gratidão, receba minha admiração, meu respeito e, acima de tudo, meu muito obrigado pela fraterna convivência, pelo apoio ao meu trabalho, a esta luta de enfrentamento a desmandos e abusos de crianças em nosso País, porque, em todo o tempo, contei com o apoio de V. Exª. Muito obrigado a V. Exª, muito obrigado à Paraíba e muito obrigado à sua família.

            O SR. ROBERTO CAVALCANTI (Bloco/PRB - PB ) - Eu agradeço o aparte, Senador. Diria que, da mesma forma que eventualmente eu possa ter dado uma marca política histórica à Paraíba, V. Exª transmitiu ao País como um todo a marca do seu talento político, pela coragem e por abrigar temas dentro de seu trabalho que são realmente inesquecíveis. Eu agradeço em nome da Paraíba, mas fundamentalmente, agradeço em nome dos meus netos - eu tenho seis netos. Então agradeço em nome das crianças do Brasil a V. Exª pela coragem de abraçar a CPI da Pedofilia e outros temas que, na verdade, marcaram e marcam a trajetória e que dão a V. Exª o reconhecimento popular e as eleições passadas, presentes e futuras que V. Exª abraçar. Tem V. Exª o reconhecimento por mérito, V. Exª tem reconhecimento por talento e por coragem. Parabenizo-o e agradeço-lhe a oportunidade de ser o seu amigo.

            Concedo um aparte ao meu companheiro, quase vizinho de cadeira de plenário do Senado, uma pessoa que exala extrema humildade e sensibilidade: Augusto Botelho.

            O Sr. Augusto Botelho (Sem partido - RR) - Senador Roberto Cavalcanti, muito obrigado pelas palavras carinhosas de V. Exª. Quando V. Exª chegou aqui, eu sabia que ia ter um mandato brilhante, porque o nosso amigo Zé Maranhão saberia escolher um suplente. Eu tinha certeza de que ia ser brilhante. Mas eu pedi um aparte a V. Exª para parabenizá-lo pelo seu mandato e também para citar uma característica sua. V. Exª estava sempre presente nas comissões, no plenário; quando pedíamos para ajudar numa votação, V. Exª estava sempre disposto e nunca se recusou a cooperar. Quando V. Exª, como empresário bem-sucedido, ia defender uma questão de interesse da economia, do desenvolvimento do País, V. Exª sempre abordava dois pontos de vista: um, do lado do empregador, e outro, do lado do trabalhador. Esta é a característica principal que ressalto em V. Exª: olhar sempre os dois lados da moeda, sempre lutar para defender o emprego, o trabalho e sempre lutar também para que as coisas fossem feitas com eficiência e eficácia. V. Exª sempre teve esse ponto de vista bem claro e sempre defendeu essas ideias nos nossos debates nas comissões. Eu gostaria de parabenizar o povo da Paraíba pelas pessoas que tem mandado para cá. V. Exª, com certeza, exerceu o mandato com brilhantismo e dignificou esta Casa. Foi uma honra para nós trabalhar com V. Exª nesta Casa. Parabéns pelo seu mandato.

            O SR. ROBERTO CAVALCANTI (Bloco/PRB - PB) - Eu agradeço. Eu diria que V. Exª foi quem me ensinou a ter essa sensibilidade e a ter esse companheirismo. É voz unânime - nós somos 80 e, com V. Exª, 81 -, pois os 80 Senadores comungam desta minha referência do homem extremamente cálido, do homem extremamente amigo, do homem extremamente discreto, do homem extremamente sensível que é V. Exª.

            V. Exª é um exemplo de conduta. V. Exª é uma pessoa de que nós todos gostaríamos de fazer parte da família. V. Exª exala seriedade, exala talento. V. Exª foi uma referência para mim e será sempre no decorrer da minha atividade profissional e da minha vida cotidiana. Espero visitá-lo e espero ser visitado na Paraíba por V. Exª.

            Continuo, Sr. Presidente:

            Igualmente preocupado com o sentimento de indignação da sociedade brasileira, apresentei projeto de lei para instituir rito especial nas ações por ato de improbidade administrativa.

            Sou também autor de projeto de lei para isentar do Imposto de Renda os proventos de aposentadoria ou reforma recebidos por portadores de diabetes melittus.

            Visando aprimorar o Código de Trânsito Brasileiro, sugeri alterações na legislação penal.

            Com os olhos postos no futuro e comprometido com estratégias para reposicionar o Brasil no ranking das nações desenvolvidas e sintonizado com as aspirações coletivas no tocante ao meio ambiente e ao desenvolvimento sustentável, propus benefícios fiscais para operações com veículos híbridos ou movidos à tração elétrica.

            Propus, ainda, alteração do Código de Processo Civil para assegurar a ampliação dos direitos civis dos companheiros, na união estável, entre outros.

            Nesses tempos de semeaduras e colheitas, tive a feliz oportunidade de representar o Senado Federal no exterior em mais de uma ocasião, por exemplo, na Organização das Nações Unidas, em Nova Iorque, por duas vezes.

            Estive, também, no II Fórum Parlamentar Interamericano em Montevidéu, Uruguai; participei da reunião de constituição da Assembleia Parlamentar Euro-Latino-Americana, em Bruxelas, Bélgica e representei o Senado na Assembléia da União Interparlamentar, realizada na cidade de Genebra, na Suíça.

            Pronunciei-me, nesta mesma tribuna, por quase duzentas vezes nos últimos dois anos, cobrando a solução de problemas, apresentando propostas, alertando para os gargalos da nossa infraestrutura, celebrando datas marcantes, como o centenário de nascimento de Rachel de Queiroz e o centenário da morte do extraordinário diplomata pernambucano Joaquim Nabuco.

            Emocionei-me e emocionei os outros em homenagens justíssimas como a que prestamos a Octávio Frias de Oliveira, o publisher que administrava com maestria a magia da comunicação; ou à figura controversa e genial do paraibano Assis Chateaubriand; ao tributo, tantos anos atrasado, a um dos maiores mitos do nosso cancioneiro popular, o paraibaníssimo Geraldo Vandré!

            Transformei em bandeira pessoal a luta contra os abusos praticados pelas empresas de cartões de crédito.

            É inaceitável que um instrumento econômico e financeiro tão útil seja objeto de práticas extorsivas, como os juros exorbitantes que as administradoras cobram dos clientes.

            O Sr. Mão Santa (PSC - PI) - Senador Roberto Cavalcanti.

            O SR. ROBERTO CAVALCANTI (Bloco/PRB - PB) - Com muita honra, Senador Mão Santa.

            O Sr. Mão Santa (PSC - PI) - Senador Roberto Cavalcanti, V. Exª está aí por muito, muito mérito. V. Exª foi suplente de um homem muito experimentado, que tinha governado, que tinha sido Deputado. É porque V. Exª soma. Lá, no Nordeste, nós já sabíamos da sua competência de empresário. E, na Paraíba, o que há de melhor em comunicação deve a V. Exª. Agora, eu testemunhei. Quase sempre eu estava presidindo as sessões e vi o esforço. Mas bastaria... E eu vi elogios no País sobre o seu pronunciamento, a sua dedicação, a sua denúncia sobre os altos juros no cartão de crédito. É educativo. Abraham Lincoln já dizia: “Não baseie sua prosperidade com dinheiro emprestado”. E você dizia que esse dinheiro emprestado era de má-fé, estava enganando. Era mau mesmo! Foi um trabalho... Se fosse só isso, já teria justificado. E aí os aspectos... Nós somos testemunhas, nas Comissões, da dedicação na calada da madrugada, em que ficávamos aqui. Mas eu queria salientar... É um extra isso, mas é importante. V. Exª é um homem gentil. Eu estive na Paraíba, Heráclito Fortes, numa expansão do Partido Social Cristão, e V. Exª estava numa dessas missões no exterior e mandou que todo o sistema de comunicação me apoiasse, desse a oportunidade de poder manifestar-me e de ajudar na implantação do Partido Social Cristão lá.

            V. Exª, no exterior, teve essa distinção. Então, estamos eternamente gratificados.

            A Paraíba, esta Paraíba de grandes nomes, que tem na bandeira o “Nego”, deve dizer agora “Sim” ao grande cidadão que é Roberto Cavalcanti.

            Agradeço a Deus conviver e aprender com V. Exª.

            O SR. ROBERTO CAVALCANTI (Bloco/PRB - PB) - Agradeço, Senador Mão Santa. A TV Senado, que nos transmite, é testemunha. V. Exª comandou este plenário. Agradeço a V. Exª, porque, durante centenas de dias - e não só um, dois ou três -, este plenário viveu pelas mãos de V. Exª. As sessões aqui se realizavam porque V. Exª estava presidindo o Senado Federal, nosso Parlamento Nacional. V. Exª, de todos nós, talvez tenha sido um dos que mais transpirou, porque não é fácil. Tive a honra de, muitas vezes, presidir as sessões. Todos temos, na verdade, um ônus - e não um bônus. Mas V. Exª soube, com talento, fazer até desta tribuna uma animação. V. Exª dialogava com o público brasileiro. O País todo tem V. Exª na maior conta, porque V. Exª fazia daquela missão uma diversão e, com talento e competência, os apartes informais, as sessões de espaço e a irreverência inerente a V. Exª, mas com extremo rigor e cumprimento do Regimento Interno, soube levar adiante este Senado.

            Muitas vezes, só tive oportunidade de desempenhar minha função de Senador graças ao talento e à oportunidade de V. Exª presidindo a sessão. Se não tivéssemos o Senador Mão Santa, muitas destas sessões não teriam nem sido abertas. Muitas vezes, chegavam aqui dois ou três Senadores em busca de um quarto, de um terceiro para regimentalmente abrirmos a sessão. Poderíamos esperar todos falharem, menos o Senador Mão Santa. V. Exª, às 14 horas em ponto ou às 13h59, adentrava o plenário para abrir as sessões.

            O Brasil é testemunha do que estou falando. A TV Senado está nos transmitindo neste momento e é testemunha desse Senador que aqui talvez tenha tido a maior soma em número de horas presidindo o Senado Federal.

            Sou eu que agradeço o aparte e as referências elogiosas de V. Exª.

            Apresentei pessoalmente ao Presidente Lula uma minuta de decreto que transforma essas empresas de cartão de crédito em instituições financeiras - o que elas de fato já são sem serem formalmente reconhecidas como tal. Essa simples ação seria um passo decisivo no sentido de tutelar as administradoras e controlar esse tipo de abuso.

            Busquei, ao longo de minha breve atuação parlamentar, trazer para o conhecimento dos brasileiros, as questões que afligem os paraibanos.

            A Ferrovia Transnordestina e a transposição do Rio São Francisco, por exemplo, são duas obras com enorme potencial para beneficiar o Estado da Paraíba, mas exigem nossa atenção permanente, nossa cobrança diária, para que os paraibanos não sejam preteridos.

            Alertei para a baixa quantidade de obras do PAC a serem realizadas na Paraíba, qualidade e quantidade, e cobrei do Governo Federal mais iniciativas para o nosso Estado, sempre tão carente de obras importantes de infraestrutura, como saneamento básico, transporte, portos, transmissão de energia e sistemas de irrigação.

            Nesses dois anos de Senado, portanto, utilizei-me desta tribuna para reclamar, brigar, repudiar, elogiar, comentar, cobrar, esclarecer, alertar, comunicar.

            Foi um período ímpar da minha vida. Eu, que achava que já tinha visto quase tudo o que havia para se ver, não tinha ideia de que a experiência no Senado seria tão enriquecedora e, em alguns momentos, tão emocionante.

            Uso como síntese desses momentos marcantes, pela catarse e pelo acerto de contas que representou para o imaginário coletivo, o dia 2 de junho deste ano, quando o Plenário desta Casa promoveu Vinícius de Moraes a Ministro de Primeira Classe da carreira diplomática. O projeto, que surgiu de uma iniciativa do Presidente Lula, foi aprovado pela Câmara e pelo Senado e gerou a Lei nº 12.265, de 21 de junho de 2010.

            Por uma feliz coincidência, eu exercia o mandato de Senador quando, em setembro de 2006, Vinícius de Moraes foi reintegrado aos quadros do Itamaraty. Quis o destino, quatro anos depois, que eu também estivesse no Senado quando aqui tramitou o processo de sua promoção ao cargo mais alto da carreira diplomática. Ambos os atos, o de reintegração e o de promoção, têm várias dimensões de significado. Eles simbolizam, antes de tudo, o resgate de nossa história e a reparação de erros do passado.

            O próprio Vinícius se definiu, no “Samba da Bênção”, como “poeta e diplomata/O branco mais preto do Brasil”. Para ele, as duas atividades, a poesia e a diplomacia, estavam inseparavelmente unidas.

            Ao exonerá-lo do Itamaraty, portanto, a ditadura fez muito mais do que deixá-lo desempregado: ela retirou de Vinícius uma parte importante de sua identidade. Sua reincorporação e sua promoção representam, assim, a afirmação da importância da arte para a cultura do País.

            “A hora do sim é um descuido do não”, como disse o poetinha na canção “Sei lá”.

            Apesar dos momentos difíceis, no fim das contas “a vida tem sempre razão”, e somos felizes de viver o suficiente para testemunhar esse tipo de reparação.

            Por tudo isso, por essa carga histórica e simbólica e por tudo o que ela representou para a cultura brasileira, a sessão em que aprovamos a promoção de Vinícius de Moraes foi, sem dúvida, um dos momentos mais emocionantes que presenciei como testemunha privilegiada da história.

            Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, como disse Vinícius em outra canção, “é preciso dizer adeus”. Despeço-me desta Casa com a certeza de que, a ela, dediquei o máximo da minha capacidade de trabalho.

            Aqui, mais do que em qualquer outro lugar, comprovei a importância do trabalho em equipe para a realização de nossas metas e pude sentir a força e vigor da nossa democracia. Impressionou-me a competência, o conhecimento, o profissionalismo e a prontidão dos servidores da Casa.

            Meus agradecimentos sinceros a todos vocês - aos funcionários do meu gabinete - não posso nominá-los, todos foram sensacionais -, pelo apoio permanente e incondicional. Aos servidores da Secretaria-Geral da Mesa, das Comissões, das Consultorias Legislativa e de Orçamentos, cujo conhecimento técnico sobre o processo legislativo constitui o principal acervo desta Casa.

            Aqui, um parêntese: Sr. Presidente, Srªs Senadoras e Srs. Senadores, venho da imprensa, tenho alma e DNA de homem de comunicação. Sei reconhecer o trabalho de qualidade dos meus iguais. Assim, o meu faro jornalístico não poderia deixar de reconhecer um tributo especial de reconhecimento aos homens e mulheres que fazem da TV, da Rádio e do Jornal do Senado, veículos de comunicação de primeira linha.

            A eles e a elas, os meus cumprimentos e o meu melhor obrigado pela parceria que soubemos construir.

            Obrigado também à turma do cafezinho, garçons, fotógrafos, copeiras, que nos transmitem tanta simpatia e amor pelo Senado; aos policiais legislativos, que garantem um ambiente seguro para o desenvolvimento dos nossos trabalhos. Enfim, a todos os servidores do Senado Federal, que contribuem diariamente para a grandeza desta Casa, muito obrigado!

            Volto, agora, para a iniciativa privada, mas com um senso de missão renovado, profundamente influenciado pelos anos que passei aqui nesta Casa, onde convivi com mestres e fiz muitos amigos que guardarei na minha memória afetiva, como tesouros preciosos que serão, eternamente, parte de mim mesmo.

            Sr. Presidente, peço mais um instante, até pela equidade de tempo. Não tomarei mais do que cinco minutos.

            Volto para o lugar de onde nunca saí. Volto para minha família, minha mulher, Sandra Moura, por quem tenho extrema gratidão pela tolerância, pelo companheirismo, pela amizade, por entender a minha ausência.

            Volto para meus filhos - Alice,.Beatriz, Roberto Filho, Lucas e Bruna; volto para o braço das minhas noras e meus genros; volto para meus netos - Maria Beatriz, Bruna, Paulino, Roberto Neto, Bárbara e Maria Clara; volto para meus amigos; volto para meus companheiros de trabalho; volto para meu mar, minhas praias; volto para minha Paraíba.

            Muito obrigado.


Modelo1 11/29/2411:25



Este texto não substitui o publicado no DSF de 23/12/2010 - Página 60661