Discurso durante a 217ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Homenagem ao ex-governador de Sergipe, Luiz Garcia, pela passagem de seu centenário de nascimento, destacando a contribuição do homenageado e de sua família para a política daquele Estado. (como Líder)

Autor
Antonio Carlos Valadares (PSB - Partido Socialista Brasileiro/SE)
Nome completo: Antonio Carlos Valadares
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Homenagem ao ex-governador de Sergipe, Luiz Garcia, pela passagem de seu centenário de nascimento, destacando a contribuição do homenageado e de sua família para a política daquele Estado. (como Líder)
Publicação
Publicação no DSF de 23/12/2010 - Página 60988
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM POSTUMA, CENTENARIO, NASCIMENTO, EX GOVERNADOR, ESTADO DE SERGIPE (SE), EX-DEPUTADO, ADVOGADO, JORNALISTA, EX-DIRETOR, EMPRESA BRASILEIRA DE CORREIOS E TELEGRAFOS (ECT), FUNDADOR, PROFESSOR, FACULDADE, DIREITO, PROMOTOR, MEMBROS, ACADEMIA DE LETRAS, ELOGIO, VIDA PUBLICA, CONTRIBUIÇÃO, DESENVOLVIMENTO REGIONAL.

                          SENADO FEDERAL SF -

            SECRETARIA-GERAL DA MESA

            SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


            O SR. ANTONIO CARLOS VALADARES (Bloco/PSB - SE. Como Líder. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, gostaria de fazer uma homenagem ao ex-Governador Luiz Garcia, do Estado de Sergipe, que, se vivo fosse, completaria 100 anos de existência, porque política é memória e a memória se conserva e se vivifica na trajetória daqueles que, ocupando-se da política encarnam e viabilizam as mais profundas aspirações de felicidade geral dos seus contemporâneos. Esses se conservam no imaginário coletivo, porque os sonhos que sonharam são atemporais e transcendem em muito sua própria existência corpórea no mundo. No Estado de Sergipe, o ex-Governador Luiz Garcia foi um entre esses homens públicos. A própria imortalidade foi buscada por Luiz Garcia, que, se ainda estivesse entre nós, completaria 100 anos de idade.

            Advogado com escritório em Aracaju e no Rio de Janeiro; jornalista militante e diretor do Correio de Aracaju; fundador e professor da Faculdade de Direito de Sergipe; promotor público; arguto intelectual, ensaísta e tribuno, eleito para a Academia Sergipana de Letras, Luiz Garcia tem na sua trajetória pessoal o claro exemplo do homem engajado nas questões de seu tempo.

            Como político, consta de sua trajetória a eleição pelo Partido Social-Democrático (PSD), em 1934, para o cargo de Deputado Estadual. Alguns anos após participar da elaboração da Constituição de 1935, Luiz Garcia ingressou, em 1945, na União Democrática Nacional (UDN), já no contexto da redemocratização brasileira do pós-Segunda Guerra. Candidato à Câmara Federal, ocupou a primeira suplência naquela legislatura.

            Tempos depois, exerceria quatro mandatos de Deputado Federal, nas legislaturas de 1951-1955, 1955-1959, 1967-1971 e 1971-1975, tendo sido novamente primeiro suplente entre 1979 e 1983.

            Homem de profunda fé e vinculado à Igreja Católica, assumiu posições de princípio contra a legalização do divórcio no Brasil, em alguns discursos memoráveis, proferidos na Casa do Povo.

            Em 1958, Luiz Garcia elegeu-se Governador de Sergipe, Estado que administrou com acurada visão de futuro. Modernizador, criou o Conselho de Desenvolvimento Econômico de Sergipe (Condese), que se assemelhava a uma escola formadora de quadros superiores para o governo.

            Além deste Conselho, também conhecido como Condese, outros órgãos governamentais relevantes foram criados, como o Banco de Fomento (atualmente conhecido como Banese); a Energipe; a Secretaria de Educação, Cultura e Saúde; além de obras de infraestrutura e outras, de caráter desenvolvimentista, como a Estação Rodoviária, o Hotel Palace de Aracaju, o Centro de Reabilitação Ninota Garcia, o Salão de Passageiros do Aeroporto de Santa Maria, o Museu Histórico de Sergipe e a Faculdade de Medicina, ele também teve grande participação. E assim a criação do IPE, Instituto de Previdência do Estado de Sergipe

            Além desses feitos na política local, Luiz Garcia propiciou a construção de grupos escolares e jardins de infância, estradas e serviços de água e de luz. Seu governo também se destacou em atividades culturais, tendo criado o núcleo de artes plásticas, e na publicação de livros que valorizavam a literatura sergipana. Na chefia do Executivo, tornou obrigatório o concurso de provas e títulos para o ingresso de novos promotores na carreira do Ministério Público, extinguindo, com a democrática medida, o cargo de Promotor Público Adjunto.

            O ex-Governador Luiz Garcia teve na família grandes exemplos de atuação política. Seu pai, Antonio Garcia Sobrinho, foi comerciante e servidor público, e juntamente com Antonia Garcia, sacrificou-se para garantir educação de alto nível aos filhos. Na política, seu irmão Robério foi dirigente desportivo, presidente da Associação Sergipana de Futebol, e destacado membro do Partido Comunista Brasileiro (PCB). Carlos Garcia, jornalista e advogado, exerceu, pelo PCB, mandato de vereador em Aracaju, e o médico baiano Armando Domingues, cunhado de Luiz Garcia, atuou, em 1947, como Deputado eleito na Assembléia Estadual Constituinte. Antonio Garcia Filho, outro dos irmãos do ex-Governador, foi também vereador em Aracaju, pelo Partido Socialista Brasileiro (PSB), e Presidente da Academia Sergipana de Letras. José Garcia Neto atuou como vice-Governador e depois Governador do Estado de Mato Grosso.

            No círculo mais próximo de sua família, os quatro filhos de Luiz Garcia também atuaram na política: Antônio Amândio tentou o cargo de deputado estadual na eleição de 1974. Seu filho Fernando é conselheiro do Tribunal de Contas do Estado do Amapá, e o meu querido amigo Gilton Garcia elegeu-se Deputado Estadual em 1968 e Deputado Federal em 1982, tendo governado o Estado do Amapá, também lá pontificando como grande administrador público o nosso Dr. Gilton Garcia, que também foi Procurador-Geral do Estado, Secretário da Segurança Pública com atuação destacada no Governo de Dr. Augusto Franco.

            No dia 11 de agosto de 2001, o ex-Governador Luiz Garcia faleceu, porém sua memória permanece no Estado de Sergipe, em logradouros como a sede do Ministério Público sergipano, denominado Edifício Governador Luiz Garcia, em justa homenagem a essa inesquecível liderança política.

            Parece-nos evidente reconhecer, Sr. Presidente, Srs. Senadores, que homens públicos como Luiz Garcia, de tão rica trajetória na vida, enobrecem a arte da política, porque se consagram às melhores causas do Estado e garantem, com sua atuação, o desenvolvimento econômico e as liberdades políticas.

            Sr. Presidente, essa a homenagem que eu queria fazer, como Senador de Sergipe, por um dever de justiça por tudo quanto fez o ex-Governador Luiz Garcia na sua brilhante política, representando sempre condignamente o Estado de Sergipe.

            Era o que tinha a dizer, Sr. Presidente.


Modelo1 4/26/244:02



Este texto não substitui o publicado no DSF de 23/12/2010 - Página 60988