Discurso durante a Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Esclarecimento de que a falta de energia ocorrida na Região Nordeste não atingiu o Estado do Piauí. Considerações sobre a educação, especialmente a pública, defendendo a expansão do ensino técnico como forma de erradicação da miséria.

Autor
Wellington Dias (PT - Partido dos Trabalhadores/PI)
Nome completo: José Wellington Barroso de Araujo Dias
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA ENERGETICA. EDUCAÇÃO.:
  • Esclarecimento de que a falta de energia ocorrida na Região Nordeste não atingiu o Estado do Piauí. Considerações sobre a educação, especialmente a pública, defendendo a expansão do ensino técnico como forma de erradicação da miséria.
Aparteantes
Lindbergh Farias.
Publicação
Publicação no DSF de 09/02/2011 - Página 1716
Assunto
Outros > POLITICA ENERGETICA. EDUCAÇÃO.
Indexação
  • ESCLARECIMENTOS, INTERRUPÇÃO, FORNECIMENTO, ENERGIA ELETRICA, REGIÃO NORDESTE, MOTIVO, PROBLEMA, NATUREZA TECNICA, SUB ESTAÇÃO, NEGAÇÃO, HIPOTESE, INSUFICIENCIA, PRODUÇÃO.
  • BALANÇO, SITUAÇÃO, EDUCAÇÃO, IMPORTANCIA, ENSINO, LINGUA ESTRANGEIRA, NECESSIDADE, CONTINUAÇÃO, AMPLIAÇÃO, CURSO TECNICO, DEFESA, IMPLEMENTAÇÃO, CURSO DE CURTA DURAÇÃO.

                          SENADO FEDERAL SF -

            SECRETARIA-GERAL DA MESA

            SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


            O SR. WELLINGTON DIAS (PT - PI. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Srª. Presidente, aliás, Sr. Presidente, também, Srªs e Srs. Parlamentares, com relação a esse tema, quero aqui concordar com o Senador Delcídio, que falava pela Liderança.

            Primeiro, quero fazer um esclarecimento importante: graças a um sistema, eu diria, eficiente no meu Estado, que vem sendo colocado na imprensa como tendo sido atingido pela apagão, na verdade, no Nordeste, o Estado do Piauí não foi atingido por essa situação da falta de energia ocorrida, como foi dito pelo Ministério de Minas e Energia, a partir de uma situação na subestação Luiz Gonzaga

            Devo clarear apenas, sobre isso, e já afirmava ontem aqui, que o fato é que tivemos um problema de ordem técnica em uma subestação, não uma situação

de escassez de energia, de escassez de energia permanente, ou seja, de insuficiência de energia, a energia gerada não atendendo mais à demanda, como foi colocado. Tanto que foi restabelecido e temos todas as condições de atuação.

            Srs. Parlamentares, senhoras e senhores, quero tratar aqui, como disse no meu primeiro pronunciamento, sobre o tema educação, concordando com o Senador Cristovam, que trazia, há pouco, lembranças, trazendo a este plenário recentes estudos mostrando a importância da educação na economia e fazendo ver a necessidade de se ter investimentos, de o Governo, a classe trabalhadora, enfim, de toda a sociedade se voltar para esse tema.

            Quero fazer uma homenagem a esse nosso grande líder da educação, meu querido ex-Governador, ex-Ministro e Senador Cristovam Buarque, dizendo que lhe sou grato.

            No período em que V. Exª foi Ministro da Educação, apoiando-nos no nosso Estado, tivemos lá uma bela experiência. Sou-lhe grato pela confiança no modelo da escola ideal, que dá importantes resultados ao nosso Estado, e quero lhe dizer ainda também da atenção que tivemos, seguida ao vosso mandato, do Ministro Tarso Genro e do Ministro Fernando Haddad nesse importante trabalho.

            O que quero aqui destacar são algumas medidas que considero importantes experimentadas em alguns lugares do Brasil e com grande eficiência. Qual é o grande desafio da educação?

            Acho que estamos trabalhando bem, ao longo dos últimos anos, na ampliação da rede, o que fez com que o Brasil saísse de uma situação que garantia, até há pouco tempo, apenas o ensino fundamental, o ensino primário, como dizíamos.

            Quero dizer aqui, meu querido Cristovam, que sou de uma região do Brasil, lá no Estado do Piauí, onde havia escassez de educação, do que fui vítima. Ali, no vale do Fidalgo, onde moravam meus pais, havia uma cidade cujo nome faz uma homenagem a um Parlamentar da Câmara Federal, pai do Deputado Paes Landim, o Município de Paes Landim, que só tinha uma escola com uma sala de aula. Quando completei meus seis, sete anos e precisei estudar, tive que disputar vaga. A minha mãe foi quem, na garra, conseguiu uma vaga para mim. Minha professora só tinha o quarto ano primário e, como não podia ir muito além, ensinava o 1º ano A, o 1º ano B, o 1º ano C, porque não tinha a capacidade de ir além do 1º ano.

            Reconheço que, de lá para cá, ou seja, nestes últimos anos, nós tivemos, a partir da aprovação pelo Congresso Nacional, ainda no Governo do Presidente Fernando Henrique Cardoso, do Fundef, uma expansão do ensino fundamental. E agora, no Governo do Presidente Lula, quero destacar o importante trabalho de ampliação do ensino fundamental, do pré-escolar, do ensino médio, do ensino superior e da pós-graduação, restabelecendo o ensino técnico.

            Apoiados pelas equipes de Governo, tivemos a oportunidade de fazer uma grande expansão no nosso Estado. Por exemplo, no ano de 2002, eu encontrei o Estado do Piauí com apenas 145 escolas de ensino médio. E terminamos o ano de 2010 com 526 escolas em todos os Municípios, inclusive com a expansão do ensino técnico, ensino técnico que funcionava ali em cinco escolas. Agora temos 54 em funcionamento. E é isso que me traz aqui.

            Quero tratar aqui de um tema nesta área do ensino técnico. Creio que, para a erradicação da miséria, para resolvermos o problema da pobreza, para termos desenvolvimento, o grande investimento é na educação, de um lado, na busca da qualidade, mas, de outro, pensar um mundo globalizado, uma educação que não só permita às novas gerações ter os conhecimentos que a humanidade domina, ou seja, ter o ensino básico, como a gente defende, mas ter também o ensino de línguas. Nós vivemos num mundo globalizado, e é preciso que, hoje, desde o ensino fundamental, a gente tenha, além do português, a opção de uma, duas línguas ou mais oferecidas. Isso é perfeitamente possível hoje, especialmente com a expansão de banda larga, com a expansão de tecnologia e com o crescimento do número de profissionais nessa área.

            Precisamos garantir as condições da profissionalização, e, nesse ponto, trabalhar cursos de curta duração pensando, por exemplo, meu querido Senador Lindbergh, nesse público. Estamos hoje precisando de mão de obra, por exemplo, na área da construção civil, para o Minha Casa, Minha Vida, para o Luz para Todos, para um conjunto de programas que estão em andamento, porque estamos precisando de pedreiro, de assentador de piso. Estamos precisando de eletricistas e de um conjunto de outros profissionais, meu querido Deputado Cícero Lucena.

            É preciso que a rede pública também possa se voltar para isso. São pessoas que ou têm uma escolaridade baixa e estão desempregadas ou concluíram o seu ensino fundamental, o seu ensino médio e não têm nenhuma profissão, e precisamos abrir cada vez mais oportunidades para fazerem um curso.

            Se for no campo, cursos voltados para cajucultura, como é bem comum na Região Nordeste, para a apicultura ou para a fruticultura irrigada; enfim, para outras áreas de atuação, de curta duração, como uma porta para que ele seja motivado a fazer aquele curso ali, muitas vezes, de uma semana, de um mês, de seis meses, de um ano, mas que ele possa em seguida fazer o ensino técnico, fazer o ensino superior, e por aí vai.

            O outro ponto...

            O Sr. Lindbergh Farias (PT - RJ) - Senador.

            O SR. WELLINGTON DIAS (PT - PI) - Com o maior prazer, Senador Lindbergh.

            O Sr. Lindbergh Farias (PT - RJ) - Senador Wellington Dias, Governador do Piauí, com certeza, V. Exª vai trazer uma grande contribuição a esta Casa. Temos conversado muito, Senador Cristovam, e a preocupação de V. Exª em aproximar os debates do Senado Federal, a realidade vivida pelo povo brasileiro é fundamental. Hoje mesmo, V. Exª conversava comigo sobre o sucesso dos cursos pré-vestibulares no Estado do Piauí; o Presidente Lula também. Esta foi uma grande vitória da política educacional do Presidente Lula: filhos de trabalhadores que não tinham acesso às universidades públicas estão entrando na universidade pública. A Presidenta Dilma, quando veio entregar a Mensagem a este Congresso Nacional, Senador Wellington Dias, fez um perfeito diagnóstico dos problemas da educação, da educação infantil, dos gargalos do ensino médio. De forma que eu quero cumprimentar V. Exª. Acho que V. Exª pode fazer um grande trabalho, pode ajudar muito esta Casa nesses debates da educação e de todo o tema da assistência social. Muito obrigado, e cumprimento V. Exª pelo pronunciamento.

            O SR. WELLINGTON DIAS (PT - PI) - Quero aqui agradecer e dizer que aprendi muito hoje com V. Exª, tratando exatamente deste tema, Presidente José Sarney. Devemos colocar a necessidade de a gente ter, portanto, esses cursos de curta duração, casados com aquilo que cada região - o mercado, o governo, enfim, nos seus contratos, nas suas obras, nos seus serviços - esteja precisando neste instante.

            Do outro lado, a expansão do ensino técnico, essa medida corajosa também do nosso Presidente Lula, da expansão do nosso Instituto Federal...

            O SR. PRESIDENTE (José Sarney. PMDB - AP) - Concedo a V. Exª alguns minutos a mais para terminar.

            O SR. WELLINGTON DIAS (PT - PI) - Eu agradeço.

            E, junto com isso, fazer um modelo que eu considero da maior importância, Senadora Marta, que é o modelo da alternância. E quero tratar com detalhes deste tema. É uma experiência que chegou ao Piauí a partir do Padre Humberto Pietrogrande, que veio do Espírito Santo. Trata-se de experiência que ele trouxe da Itália, em que o aluno, uma parte, fica em sala de aula, aprendendo a parte teórica; em seguida, ele pratica no laboratório real. E, quando ele sai, com a sua formação, já está pronto para trabalhar.

            Acho que é este o caminho - da formação de curto prazo de nível médio, superior e pós-graduação - que acho que vai fazer a diferença para estas e para as próximas gerações.

            Muito obrigado.


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 09/02/2011 - Página 1716