Discurso durante a Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Voto de louvor e congratulações ao jogador Ronaldo Nazário de Lima, ¿Ronaldo Fenômeno¿, pela contribuição ao esporte nacional.

Autor
Eduardo Suplicy (PT - Partido dos Trabalhadores/SP)
Nome completo: Eduardo Matarazzo Suplicy
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Voto de louvor e congratulações ao jogador Ronaldo Nazário de Lima, ¿Ronaldo Fenômeno¿, pela contribuição ao esporte nacional.
Publicação
Publicação no DSF de 16/02/2011 - Página 3139
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM, ATLETA PROFISSIONAL, ENCERRAMENTO, CARREIRA.

                          SENADO FEDERAL SF -

            SECRETARIA-GERAL DA MESA

            SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


            O SR. EDUARDO SUPLICY (Bloco/PT - SP. Sem revisão do orador.) - Srª Presidenta Senadora Vanessa Grazziotin, ontem aconteceu algo que cristalizou as atenções do mundo inteiro, do mundo esportivo: o fato de Ronaldo, o Fenômeno, Ronaldo Nazário de Lima ter dado a entrevista em que anunciou que vai deixar o futebol.

            Srª Presidenta, aqui apresento requerimento, nos termos do art. 222 do Regimento Interno do Senado Federal, para inserção em ata de louvor e congratulações ao jogador Ronaldo Nazário de Lima, o Ronaldo Fenômeno, por toda a alegria que ele proporcionou ao povo brasileiro e aos apaixonados pelo futebol em todo o mundo, no momento em que ele, um dos maiores exemplos de superação no esporte, decide afastar-se definitivamente dos gramados.

            Ronaldo nasceu no Rio de Janeiro, em 22 de setembro de 1976. Começou a jogar no Valqueire Tênis Clube, no Social Ramos Clube do Rio de Janeiro, onde depois também jogou no São Cristóvão. Foi se profissionalizar no Cruzeiro, clube no qual ganhou fama a partir do segundo semestre de 1993, para então se tornar um dos maiores jogadores de todos os tempos.

            Ronaldo Fenômeno, como ficou conhecido, foi duas vezes campeão mundial de futebol pela Seleção Brasileira, considerado três vezes o melhor jogador de futebol do mundo pela Fifa, em 1996, 1997 e 2002. Marcou gols maravilhosos, para a alegria e admiração de torcedores de todos os times, inclusive de seus adversários. Ao longo de sua carreira, foram 62 gols pela Seleção Brasileira; 57 pelo Cruzeiro; 66 pelo PSV da Holanda; 69 pelo Inter e nove pelo Milan, ambos da Itália; 48 pelo Barcelona e 108 pelo Real Madri, ambos da Espanha, e 35 pelo Corinthians, onde encerrou sua carreira aos 34 anos, conforme anunciou ontem, em entrevista acompanhada por jornalistas do mundo inteiro, com extraordinária repercussão.

            Expresso aqui o agradecimento de quem, como torcedor brasileiro e do Santos Futebol Clube, sempre tanto admirou o seu extraordinário talento, mesmo quando derrotou o meu time com gols tão bonitos que levaram o Corinthians a ser Campeão Paulista em 2009.

            Como tão bem expressou Tostão, outro extraordinário jogador da Seleção Brasileira, em seu artigo de hoje no jornal Folha de S.Paulo:

Para ser um atacante fenomenal, como foi Ronaldo, é preciso, além de excepcionais qualidades técnicas, mapear, em um piscar de olhos, tudo o que está à sua volta, perceber os movimentos dos companheiros e calcular a velocidade da bola e dos marcadores.

Os especialistas médicos chamam isso de inteligência cinestésica. Os psicanalistas falam que é um saber inconsciente, que antecede o pensamento lógico. Ele sabe, mas não sabe que sabe. Fernando Pessoa escreveu que as coisas não têm explicação, têm existência. Todos estão certos, principalmente o poeta.

            Em verdade, conclui Tostão: “É impossível quantificar a grandiosidade de seu talento.”

            Por essas e outras tantas alegrias que nos proporcionou, requeiro a aprovação desse voto de louvor e congratulações a esse fenomenal jogador, Ronaldo Nazário de Lima.

            Srª Presidenta, eu fui testemunha quando a Seleção Brasileira de Futebol fez uma partida contra a Seleção Haitiana em agosto de 2004. Em janeiro e fevereiro daquele ano, havia explodido uma guerra civil que causou a morte de dezenas, centenas, milhares de pessoas, sobretudo nos bairros mais carentes ali de Porto Príncipe e do Haiti.

            E foi então que a Organização das Nações Unidas resolveu se preocupar e formou a Missão de Paz no Haiti, atribuindo ao Brasil a tarefa de coordenar aquela missão. E considerou importante o Brasil criar ali um clima de boa vontade para que pudessem os haitianos compreender a disposição do Brasil em pacificar, em democratizar o Haiti.

            O Presidente Lula foi assistir àquela partida. Comigo estavam alguns Senadores - acredito que éramos três ou quatro - numa missão do Senado para testemunhar. E eis que, então, pudemos ver o momento em que, tendo vindo lá de Santo Domingo - como o aeroporto de Santo Domingo é próximo, na mesma ilha onde fica o Haiti, embarcaram em Santo Domingo -, eles chegaram, no início da tarde, ao aeroporto de Porto Príncipe. Havia nada menos que 1 milhão de haitianos - acho que a população de Porto Príncipe é de 2 milhões - nas ruas para aplaudir, comemorar a chegada de Ronaldo, Ronaldinho, Romário e dos grandes craques brasileiros.

            Quando chegaram ao estádio, foi extraordinária a ovação. Estava lotado, mas era um estádio em que cabiam cerca de 20 mil pessoas, torcedores que vibraram com cada jogada da sua Seleção do Haiti, mas, quando o Brasil marcou nada menos do que seis gols a zero, também aplaudiram. Eu pude ver, então, a disposição dos jogadores.

            O Presidente Lula, que ficou emocionado com a reação do povo do Haiti, agradecido pela exibição do extraordinário futebol do Ronaldo e de todos os seus companheiros, o Presidente Lula resolveu ir até o vestiário. Ali, ao cumprimentar os jogadores logo depois de eles terem tomado seu banho de chuveiro e já se trocando, eis que, então, Ronaldo e seus colegas disseram ao Presidente Lula: “Estaremos sempre prontos para colaborar com outros eventos como este, em que a seleção brasileira estiver colaborando para a realização da paz e a aproximação dos povos.”

            Então, Srª Presidenta, quero, aqui, muito agradecer, em nome de todos nós, Senadores, do povo brasileiro, as alegrias extraordinárias que nos proporcionou Ronaldo.

            Quero também dizer uma palavra, hoje, depois dos acontecimentos do Egito, Srª Presidenta: parabéns ao povo do Egito, que saiu às ruas e, depois de dezoito dias, de três semanas de manifestações, conseguiu que seu chefe de governo, o Presidente Mubarak, que insistia, insistia em ficar mais no poder, ainda que não da forma mais democrática, resolveu, finalmente, renunciar ao seu mandato.

(Interrupção do som.)

            O SR. EDUARDO SUPLICY (Bloco/PT - SP) - Que possa o povo egípcio, realmente, construir agora as instituições democráticas.

            E quero que os egípcios saibam da nossa torcida aqui, do Brasil, para que eles consigam construir uma sociedade democrática, por meios pacíficos, e terão muito respeito da comunidade internacional, inclusive de nós, brasileiros.

            Amanhã, Srª Presidenta, relatarei a viagem tão bem sucedida que fiz à Namíbia, na semana passada, para conhecer a experiência pioneira na vila rural de Otjivero de uma renda básica de cidadania.

            Muito obrigado.


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 16/02/2011 - Página 3139