Discurso durante a 11ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Apoio às lutas populares por democracia e por liberdade nos países árabes. Satisfação com a queda da taxa de desemprego no Brasil, conforme o IBGE e a OIT.

Autor
Vital do Rêgo (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/PB)
Nome completo: Vital do Rêgo Filho
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA INTERNACIONAL. POLITICA DE EMPREGO.:
  • Apoio às lutas populares por democracia e por liberdade nos países árabes. Satisfação com a queda da taxa de desemprego no Brasil, conforme o IBGE e a OIT.
Publicação
Publicação no DSF de 18/02/2011 - Página 3862
Assunto
Outros > POLITICA INTERNACIONAL. POLITICA DE EMPREGO.
Indexação
  • SOLIDARIEDADE, POPULAÇÃO, PAISES ARABES, MANIFESTAÇÃO, COMBATE, AUTORIDADE, LUTA, IMPLANTAÇÃO, DEMOCRACIA, REGISTRO, APOIO, GOVERNO ESTRANGEIRO, ESTADOS UNIDOS DA AMERICA (EUA).
  • COMEMORAÇÃO, DADOS, INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATISTICA (IBGE), ORGANIZAÇÃO INTERNACIONAL DO TRABALHO (OIT), REDUÇÃO, DESEMPREGO, BRASIL, ELOGIO, POLITICA DE EMPREGO, GOVERNO, LUIZ INACIO LULA DA SILVA, EX PRESIDENTE DA REPUBLICA.

                          SENADO FEDERAL SF -

            SECRETARIA-GERAL DA MESA

            SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


            O SR. VITAL DO REGO (Bloco/PMDB - PB. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Boa tarde a todos. Caro Presidente Paulo Davim, quero dizer da satisfação de estar neste momento ocupando esta tribuna, sendo presidida por V. Exª esta sessão não deliberativa da Casa.

            Srªs e Srs. Senadores, os ares da democracia sopram cada vez mais forte pelo mundo árabe. Com que satisfação eu inicio estas palavras, eminente e querido amigo, irmão e conterrâneo Mozarildo, falando dos novos ventos sobre o mundo árabe! Começando pelo Magrebe e passando pelo Egito, os ventos libertários, Gilvam, já começam a tomar o rumo da Península Arábica, causando grande apreensão aos regimes autoritários lá constituídos.

            Na Tunísia, ouviram-se os seus primeiros rufos desse novo alvorecer. Há 24 anos no comando supremo do país mediterrâneo, o ditador Ben Ali não resistiu às grandes manifestações populares que se sucederam nas ruas de Túnis, após a autoimolação de um camelô desempregado. Sob os gritos de liberdade ecoados nas ruas, Ben Ali apeou-se do poder e partiu rumo ao exílio, carregando consigo a opressão e o medo que tanto fizeram parte do seu governo.

            Assustadas, as grandes potências ocidentais receavam que tal movimento - contestador de regimes que, embora autoritários, eram antifundamentalistas e pró-ocidentais - pudessem causar grandes instabilidades à geopolítica do mundo islâmico e fortalecer as correntes mais radicais.

            Hoje, contudo, Sr. Presidente, Srªs e Srs. Parlamentares, percebe-se que tal furor encontra raízes verdadeiras nas aspirações legítimas de uma gente que, ao se cansar em ver cerceado seu direito à opinião, à livre manifestação e ao contraditório, foi à luta por sua liberdade.

            Uma gente, Sr. Presidente, convidados, queridos amigos das galerias, que não arredou os pés da Praça Tahrir (Praça da Libertação, em árabe) até que Hosni Mubarack, depois de trinta anos no poder egípcio, renunciasse à presidência e aceitasse os clamores populares do Cairo. Era uma gente superlotando a praça, era uma gente ávida por liberdade, uma população que não estava preocupada se a ditadura egípcia era pró-americana ou pan-arábica, mas que não aguentava mais viver sob a repressão marcial do regime do General Mubarack.

            Nesse sentido, Sr. Presidente, entendo que os novos ares democráticos que ventilam o mundo árabe e ameaçam suas ditaduras devem ser dimensionados pela essência de sua gênese umbilical. Assim como, para diversos historiadores, o movimento se compara a uma “queda do muro de Berlim para os árabes” - para que esse movimento pudesse ter algo comparativo a fases e eventos importantes da História, nós o comparamos à queda do muro de Berlim -, sua conformação se funde à superação dos últimos estertores da Guerra Fria e da unipolaridade do século passado.

            Ponto nevrálgico da política externa americana, o mundo islâmico e a geopolítica árabe em relação a Israel sempre exigiram dos Estados Unidos a gestão de governos favoráveis às suas diretrizes para a região. Assim, a grande potência militar do mundo apoiou a constituição de regimes que, com mão de ferro e controle absoluto das instituições, mantinham radicais fundamentalistas fora do poder e da linha de fogo contra Israel. Abalizada pelo realismo político internacional, tal estratégia, contudo, sempre se chocou com o idealismo democrático constituinte da nação norte-americana e as aspirações do povo árabe por maior liberdade.

            O que ocorreu e está ocorrendo, dessa forma, é um levante do povo árabe contra ditaduras que se tornaram insustentáveis interna e externamente. Antes receosos, até mesmo considerando-a temerária, os americanos já se deram conta de que a correção de rumos em sua estratégia para aquela região é mais do que premente e necessária.

            O apoio incondicional aos regimes autoritários, nesse sentido, não encontra mais guarida na opinião pública e na comunidade internacional. Não há dúvidas, Srªs e Srs. Senadores, de que os clamores por democracia no mundo árabe vão continuar e haverão de se alastrar. Governos integrantes da Liga Árabe de Países, como a Argélia e a Jordânia, já começaram a observar manifestações públicas de insatisfação contra os seus governantes, ameaçando os seus regimes autocráticos de poder.

            É claro, Sr. Presidente, que tal movimentação - de proporções históricas gigantescas - não se configura em um processo de ocidentalização do Oriente, ou de aculturamento das milenares tradições das civilizações árabes em concessão ao modus operandi do mundo ocidental.

            Não, Sr. Presidente! Não, Srªs e Srs. Senadores! O que está havendo, o que está acontecendo e o que entendo é uma nova expansão da consciência democrática, da consciência democrática e libertária do mundo, notadamente nas regiões onde a liberdade de expressão sempre encontrou grande déficit.

            Na raiz dessa corrente pró-democracia, temos os novos mecanismos de comunicação instantânea, a Internet e suas famosas redes sociais, a fazer a liga, a juntar sonhos, sentimentos e aspirações de uma juventude libertária e oprimida desses regimes. Qualquer tentativa de controlá-la será em vão. O bonde da História segue seu trilho de forma inexorável. E aqueles que tentarem interromper seu fluxo serão, invariavelmente, atropelados pelo furor de seus maquinistas.

            Não sabemos quem será o próximo ditador a cair. Ainda ontem, senhoras e senhores, fomos surpreendidos pela força das manifestações em Teerã, reacendendo rixas antigas, conflitos antigos entre o regime islâmico e os estados do Ocidente.

            Qualquer que seja a razão, de Tunis a Teerã o que se percebe é que essa onda assume proporções avassaladoras, e, mais que reestruturar os próprios países, tende a dar expansão e seguimento para uma região.

            Uma certeza permanece no ar: os ventos da democracia continuarão a soprar pelos desertos, pelas planícies e pelos mares das Arábias, levando consigo a doce e suave brisa da liberdade.

            Sr. Presidente, muito mais do que um discurso, talvez muito mais sentido do que um pronunciamento simples, está a vontade de um jovem que, quando se encontra diante dos meios de comunicação e vê o que está acontecendo nos países da Liga Árabe, sente que nada é maior do que a força de um povo unido em um ideal sacrossanto: o ideal da democracia, o ideal da liberdade.

            Por isso, minhas palavras na tarde de hoje são de intenso, vivo, solidário e sentido apoio a todos que, mundo afora, estão na luta por democracia e por liberdade.

            Quero, por fim, abraçar e agradecer a solidariedade sempre presente do meu companheiro Valdir Raupp, que quase instantaneamente trocou sua inscrição com este orador, em virtude de coincidências próprias de quem voa toda semana para seu Estado de origem. Estou voltando à Paraíba e não poderia deixar de, nesta semana, tecer este pronunciamento, que mostra a minha vontade, o meu desejo de ver a democracia imperando mundo afora.

            Mas, Sr. Presidente, rapidamente, ocupando também este espaço, não poderia deixar de, no plano nacional, ressaltar a luta do Governo atual, que vem de há muito, desde o presidente Lula, buscando aumentar a cada mês a taxa de empregados no País.

            Meu amigo, Senador Moka, a taxa de desemprego anual em 2010 ficou em 6,7%, contra 8,1% no ano de 2009. É a menor da nova série da Pesquisa Mensal de Emprego - PME, iniciada em 2002, cujos dados começaram a ser divulgados em 2003. A nossa taxa de desemprego em 2010, repito, alcançou níveis que não são os ideais, mas são aqueles que sempre sonhamos como possíveis num país em franco desenvolvimento.

            A população ocupada, nas seis principais regiões metropolitanas do País, alcançou na média o patamar de 22,5 milhões de trabalhadores, 3,5% acima da média de 2009. Nós tivemos uma queda na taxa de desemprego e um aumento na população ocupada em 3,5% na média de 2009. A média de desempregados nessas regiões foi de 1,6 milhão, 15% a menos que o contingente de desocupados no mesmo período em 2009.

            São números obtidos pela Pesquisa Mensal de Empregos, cuja fonte primária é o IBGE. O desemprego no Brasil é menor que nos países ricos, aponta a OIT. Um jovem em busca de emprego encontrará mais facilmente uma colocação no Brasil do que nas grandes cidades da Europa ou dos Estados Unidos, aponta a Organização Internacional do Trabalho.

            Que prêmio, que orgulho poder falar isso ao Brasil que nos vê, que nos assiste agora pela TV Senado!

            Não são palavras minhas, Presidente Paulo, que quero repetir com a ênfase e a necessidade de mostrar um novo Brasil. A OIT declarou: “Um jovem em busca de emprego encontrará mais facilmente uma colocação no Brasil do que nas grandes cidades da Europa ou dos Estados Unidos”. São palavras que mostram a eficiência deste Governo, a consolidação da nossa estabilidade econômica, a formação de grandes levas de empregados por aí afora, a queda no desemprego e a formação desse novo Brasil.

            De acordo com a Organização, pela primeira vez na história, o desemprego por aqui apresenta taxas inferiores àquelas dos países ricos. O resultado ainda é melhor quando analisadas as regiões metropolitanas. Nessas áreas, a taxa de desemprego brasileira fica abaixo da média mundial.

            Repito: nas áreas metropolitanas, a taxa de desemprego no País fica abaixo da média mundial.

            Enquanto em muitas nações a desocupação só aumenta, especialmente entre os jovens, nos países em desenvolvimento, como o Brasil, o desemprego já retrocedeu abaixo dos níveis registrados antes da crise econômica que atingiu o mundo em 2008. Outra informação da OIT.

            Depois do tsunami econômico e social de 2008/2009, nossas taxas de desemprego já retrocederam aos níveis anteriores à crise de 2008. Muito se deve, Senador Acir, ao trabalho do nosso PDT, do PDT de Leonel Brizola, do PDT de Carlos Lupi, que enfrentou o desafio do desemprego e nos dá números cada vez melhores a cada avaliação.

            Isso nos enche de orgulho. Que se leve, do PMDB ao PDT, a nossa palavra de estímulo: estamos no caminho certo, estamos seguindo a trilha que o Presidente Lula, de forma capaz, eficaz, consequente e serena construiu neste novo Brasil. A taxa de desemprego, repito, ficou em apenas 6,7%, contra 8,1% de 2009.

            A população ocupada nas regiões metropolitanas aumentou em níveis superiores àqueles de 2008, quando enfrentamos a crise mundial. Podemos dizer que olhamos a crise pelo retrovisor.

            Sr. Presidente, ainda estamos fazendo os ajustes necessários. O contingenciamento se explica exatamente por esses conceitos, por esses princípios, por garantir o emprego, por garantir a estabilidade econômica, por garantir a manutenção da inflação. São postulados que não mais nos pertencem. Pertencem à cultura, à nova cultura do povo brasileiro.

            Muito obrigado a todos.


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 18/02/2011 - Página 3862