Discurso durante a 11ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Comemoração pela projeção do Estado do Amapá como destino turístico internacional, ressaltando a necessidade de uma estratégia para oferecer comodidade e segurança aos turistas.

Autor
Gilvam Borges (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/AP)
Nome completo: Gilvam Pinheiro Borges
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
TURISMO.:
  • Comemoração pela projeção do Estado do Amapá como destino turístico internacional, ressaltando a necessidade de uma estratégia para oferecer comodidade e segurança aos turistas.
Publicação
Publicação no DSF de 18/02/2011 - Página 3866
Assunto
Outros > TURISMO.
Indexação
  • SAUDAÇÃO, CRESCIMENTO, TURISMO, ESTADO DO AMAPA (AP), ANALISE, VOCAÇÃO, REGIÃO, ATIVIDADE, COMENTARIO, DETALHAMENTO, DIVERSIDADE, POLITICAS PUBLICAS, GARANTIA, SEGURANÇA, QUALIDADE, SERVIÇO, TURISTA.
  • RELEVANCIA, TURISMO, CRIAÇÃO, EMPREGO, RENDA, PRESERVAÇÃO, PATRIMONIO CULTURAL, ESTADO DO AMAPA (AP), IMPORTANCIA, ARQUEOLOGIA, ATRAÇÃO, TURISTA, REGIÃO.

                          SENADO FEDERAL SF -

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            O SR. GILVAM BORGES (Bloco/PMDB - AP. Pela Liderança. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, retornamos à tribuna desta Casa nesta tarde de quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011. Quantas idas e vindas, Sr. Presidente, persistindo e insistindo nas defesas intransigentes do Estado do Amapá, da Amazônia, do Brasil.

            No início desta semana, a presença de um grupo de dez pessoas de vários lugares do mundo em visita recente ao Amapá proporcionou uma espécie de projeção de nossa capital como destino turístico internacional. O grupo desembarcou junto com os turistas de um transatlântico de bandeira alemã que aportou no Porto das Docas de Santana, no início deste mês de fevereiro. Em data próxima, outro transatlântico de bandeira britânica também aportou no Porto de Praticagem, em Fazendinha.

            Em média, os transatlânticos trazem 1,2 mil passageiros, e cerca de 600 descem para o passeio. Já foi observado que muitos preferem conhecer a cidade por conta própria. Então, é preciso pensar em uma estratégia para oferecer comodidade e segurança aos turistas.

            Entre as ações, está o envio da documentação de cerca de 50 taxistas do Município de Santana à Companhia das Docas de Santana. O objetivo é identificar os taxistas que oferecem os serviços aos turistas.

            As ações que vêm sendo adotadas, coordenadas pelos órgãos públicos em parceria com empresas privadas, devem ser mantidas. Recepção e tradução estão entre os serviços considerados fundamentais como produto turístico. Está sendo aguardado um relatório com as observações sobre a visita. E a expectativa é a de que a capital seja efetivamente incluída na rota turística internacional.

            Por isso, mais uma vez, trago o tema para destaque, porque, cada vez mais, vislumbro o turismo como ferramenta de resgate cultural de nossa comunidade e não apenas como atividade econômica, utilizada para gerar renda ou alguma forma de lazer para a população. Ou seja, o conceito e os ganhos são muito maiores e muito mais alvissareiros. Isso acontece naturalmente, a partir do momento em que se destaca uma cidade ou um lugar como polo turístico.

            O fenômeno provoca uma verdadeira revitalização da identidade cultural, a preservação de patrimônios, bens culturais, tradições e costumes. Tudo isso, com a participação direta e efetiva da comunidade, que ganha um estímulo para mostrar o que a cidade e o Estado têm de melhor. É um verdadeiro banho de autoestima e de orgulho.

            Para alicerçar essa conquista, tem-se a importante ajuda da Arqueologia, ciência que estuda a origem das civilizações e que nos permite entender a história local. Estudiosos de todas as forças que se juntam para a fomentação do turismo apontam ainda que tais conhecimentos se completam com outra ciência, a Geografia, aqui solicitada por nos permitir entender as transformações ocorridas no espaço pela ação do homem e da natureza.

            Vejam, senhores, que a materialidade que nos rodeia se une ao sentimento, à poesia, à história contada por meio da sabedoria popular. E esse mosaico de conhecimentos e percepções sentimentais formam a base dessa extraordinária ferramenta de desenvolvimento chamada turismo.

            Voltemos à questão da Arqueologia, com seus sítios arqueológicos, uma das facetas mais interessantes do conhecimento e que importam tanto à curiosidade do turista.

            O próprio Amapá está repleto de sítios arqueológicos, evocando das culturas passadas o entendimento da realidade nos dias atuais. Atribui-se a Ferreira Penna a localização oficial do primeiro sítio arqueológico no Amapá. O fato aconteceu em 1882, na Região do Maracá.

            Por meio dos sítios arqueológicos, é possível o estudo de uma série de itens que servirão para que nossa pré-história seja desvendada. Mas a importância de tudo isso não projeto apenas para o Amapá. Um exemplo de local em que o produto turístico está inteiramente ligado à Arqueologia é o Parque Nacional da Serra da Capivara, no Piauí. O parque é um dos principais atrativos da região, foi considerado Patrimônio Natural da Humanidade pela Unesco, desde de 2002, e possui mais de 912 sítios, número que aumenta, a cada dia, por novas descobertas.

            Cito, aqui, outras localidades, justamente por entender que cada região possui características peculiares, com significados arqueológicos importantes em nível nacional e mundial. Daí a importância da preservação de cada um, pois a destruição de cada sítio significa perda para a própria história do povo.

            O turismo é, na verdade, um projeto que precisa ser estimulado em todo o Brasil, esta terra encantada que Deus nos deu, com tanta diversidade natural, com tanta beleza, com tantas riquezas!

            Sr. Presidente, peço mais cinco minutos, para encerrar meu pronunciamento.

            E, uma vez que se entenda que os atrativos turísticos criam possibilidades para a revitalização da identidade cultural e da preservação dos bens culturais, posso dizer que o passo seguinte é justamente fazer com que os mecanismos trabalhem em favor da sustentabilidade dessa cadeia produtiva.

            É preciso despertar em toda a nossa gente a importância de proteger esses espaços. O Ministério do Turismo precisa mostrar um choque de gestão, para financiar ações, no sentido de qualificar a população para atender e entender as necessidades que o turismo demanda. É uma ação conjunta, são diferentes frentes de trabalho que precisam se colocar em marcha. São quesitos ligados à segurança do turista, à facilidade de locomoção, à melhoria do sistema de transporte, à ampliação das redes hoteleiras e ao domínio de línguas estrangeiras, à força criativa do artesão, ao preparo técnico e cientifico dos profissionais da área, ao conhecimento profundo da história de cada lugar. É a educação para o turismo. Esse é o projeto!

            Este Senador pretende insistir no tema. E a ideia de ver o Amapá incluído definitivamente na rota internacional do turismo me anima a trabalhar como nunca.

            O desafio está em fazer com que investimentos possam, de alguma forma, beneficiar a maior parte da população, não apenas em deixá-la à mercê dos grandes empreendimentos. Afinal, quando só um ganha, todos os efeitos sociais nocivos se agigantam, como a violência, a prostituição, o tráfico de drogas, a miséria, entre outros fatores negativos. Daí a importância de empreendimentos que buscam inserir a comunidade regional de maneira positiva. É urgente que todos se familiarizem com uma nova forma de geração de renda e de desenvolvimento, que todos se sintam partes integrantes dessa atividade, que é o turismo.

            O lado humano é nosso maior potencial. Nunca se ouviu falar que, no Brasil, acontecem coisas como na França, por exemplo, que é um país contraditório, sem qualquer ofensa pessoal. Mas, ao mesmo tempo em que aquele país se alimenta vivamente do turismo, o seu povo é citado por comportamentos de antipatia, a ponto de o próprio governo francês, em passado recente, promover campanha interna, para que os turistas sejam tratados com mais carinho na França.

            Por aqui, nada temos a perder. Pelo contrário, nossa gente amorosa e dócil como é, alegre e prestativa, é o elo mais poderoso dessa corrente.

            E o Amapá está junto! E com que orgulho falo isso! Como desejo ver nosso Estado mais popularizado, mais próximo do imaginário de todos os brasileiros!

            Nosso Amapá, com seus igarapés e rios, abriga a maior e mais rica floresta tropical do mundo, ainda praticamente intocada. No nosso Amapá, há belezas naturais espalhadas pelos 16 Municípios, que compõem o cenário de um lugar onde os avanços da modernidade dividem espaço com a tranquilidade da natureza.

            Falo do Amapá e de suas planícies, de seus campos inundáveis, de seus mangues e cerrados, numa mistura curiosa de biomas.

            Falo do Amapá e de sua curiosa localização: está situado no extremo norte do Brasil e da Amazônia e faz limites com a Guiana Francesa e com o Suriname, ao noroeste; com o Oceano Atlântico, ao nordeste; com as Ilhas Estuarinas e com o rio Amazonas, a sudeste; e com o Estado do Pará, a sudoeste.

            E a capital prossegue com as singularidades. Macapá é a única capital brasileira cortada pela Linha do Equador, onde se pode observar o Equinócio, fenômeno natural que acontece no momento em que o sol tem sua trajetória alinhada com a Linha do Equador, e é, ao mesmo tempo, portão de entrada do Polo Amapá.

            Nosso Amapá é o maior habitat de centenas de espécies de plantas e de animais, com sua extensa quantidade de rios e de bosques que cruzam a região. É perfeito para quem aprecia o ecoturismo. É uma região cheia de lagos navegáveis, propícia à pesca esportiva e até mesmo à observação de diversas espécies de aves e de répteis.

            Sr. Presidente, faltando-me apenas um minuto, quero falar dos transatlânticos que vêm da Europa, adentrando o grande rio Amazonas, passando pela frente da cidade de Macapá, do lado esquerdo do rio Amazonas. Também do outro lado, já se sinaliza a interligação com a Europa, que também é um grande continente com potencial turístico fabuloso. A ponte binacional de Oiapoque possibilita que muitos turistas, aos milhares, também venham de avião. Se os transatlânticos já vêm da Inglaterra e da Alemanha, descendo o rio Amazonas, isso nos dá sinais de que, na próxima década, o Amapá estará pronto para representar o Brasil, mostrando essa gigantesca Amazônia, que tudo tem.

            Meu caro Senador Cícero Lucena, que preside esta sessão, quero agradecer a paciência a V. Exª, pois é o grão-mestre, o chefe maior dos peregrinos, que, por muitas vezes, andou pelos caminhos de Santiago de Compostela, três vezes indo e vindo com a canela fina, mas com o juízo afinado no pensamento e na terapia do leito da estrada, que molda os grandes homens que caminham na busca não somente de se exercitar, mas principalmente de se aperfeiçoar, de filosofar, de se encontrar com Deus e consigo próprio.

            Peregrino grão-mestre que preside esta sessão, eu, seu discípulo, também caminhador, agradeço a V. Exª, que nos brinda, para que possamos expor aqui os interesses maiores do Estado do Amapá, da Amazônia e do Brasil.

            Obrigado, Sr. Presidente.


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 18/02/2011 - Página 3866