Discurso durante a 15ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Considerações sobre a votação do novo salário mínimo. (como Líder)

Autor
Mário Couto (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/PA)
Nome completo: Mário Couto Filho
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA SALARIAL.:
  • Considerações sobre a votação do novo salário mínimo. (como Líder)
Publicação
Publicação no DSF de 24/02/2011 - Página 4725
Assunto
Outros > POLITICA SALARIAL.
Indexação
  • CRITICA, ATUAÇÃO, SENADO, CORRELAÇÃO, VOTAÇÃO, POLITICA SALARIAL.

                          SENADO FEDERAL SF -

            SECRETARIA-GERAL DA MESA

            SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


            O SR. MÁRIO COUTO (PSDB - PA. Pela Liderança. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srs. Senadores, Srªs Senadoras, tinha a intenção hoje de abordar um tema referente ao meu Estado, ao meu querido Estado do Pará. Eu ia aqui, meu nobre Líder Alvaro Dias, meu nobre Líder Jarbas Vasconcelos, fazer uma denúncia sobre o seguro-defeso. Tenho aqui em mão documentos para fazê-lo e encaminhar à Polícia Federal, mas o debate de hoje me motiva a começar também a entrar no tema de hoje à tarde, que é o salário mínimo.

            Peço desculpas, porque tenho prometido, desde sexta-feira, falar sobre seguro-defeso e mostrar os documentos que tenho em mão, mas, como já encaminhei a denúncia à Polícia Federal, vou fazer o pronunciamento logo após o Carnaval.

            Entro também no tema do salário mínimo. E aqui eu fico perplexo. Ontem, com a dimensão que está tomando o abalo à nossa democracia, cheguei a babar nesta tribuna. Recebi vários e-mails hoje, dizendo para eu limpar a boca com o lenço, pois eu estava babando no microfone. Vou deixar o lenço aqui, em cima da mesa. Cadê o lenço? Acho que nem trouxe. Já estou cometendo pecado. Está aqui o lenço. Vou deixar aqui em cima desta tribuna, porque a emoção é muito grande, a emoção quase vem às lágrimas, porque, quando sinto que alguém quer tirar as atribuições do povo brasileiro, me revolto.

            A cada dia que venho a esta Casa, sinto mais isso de perto. Se não bastassem as medidas provisórias para engessar o Poder Legislativo, meu caro Líder, vem agora, embutida dentro da votação do salário mínimo, uma condenação a esta Casa.

            Brasileiros e brasileiras, lutamos tanto pela nossa democracia. Brasileiros e brasileiras, foram anos e anos de ditadura neste País. O mundo repudia hoje as ditaduras existentes ainda. Como é que se quer implantar neste País a decisão do salário mínimo na mão de uma única pessoa, na mão da Presidenta da República? Ela, através de decreto, é quem vai dizer o valor do salário mínimo? E esta Casa, que é do povo brasileiro? E esta Casa, em que cada um de nós que estamos aqui é a voz daqueles que confiaram na gente?

            Pasmem, senhoras e senhores! Como é difícil explicar determinadas coisas à sociedade! Por mais que haja esforço, Senador, meu caro Senador; por mais que haja esforço, não se consegue explicar, meu nobre Líder Gilvam Borges. Olhe, Brasil, como é difícil explicar! Olhe como o tempo ensina a mostrar quem é quem a esta sociedade! Olhe esta foto aqui, povo brasileiro! Olhem esta foto aqui, vocês que me assistem nessa tarde de hoje. Vejam quem está aqui...

(Interrupção do som.)

            A SRª PRESIDENTE (Marta Suplicy. Bloco/PT - SP) - Senador, mais dois minutos para encerrar, por favor.

            O SR. MÁRIO COUTO (PSDB - PA) - Minha querida Presidenta, com todo respeito e consideração a V. Exª, ainda há pouco, dois Senadores vieram aqui... Vou lhe dar o tempo de cada um. Eu anotei aqui, Senadora. Está aqui: Paulo Paim tinha 10 minutos para falar, falou 22 minutos; a Senadora Marisa, do meu partido, tinha 10 minutos para falar e falou 17 minutos. Não corte o Mário Couto com 5 minutos!

            A SRª PRESIDENTE (Marta Suplicy. Bloco/PT - SP) - Senador, eles estavam no período do Expediente, tinham direito a 10 minutos, e assim foi feito pela Senadora que me antecedeu, Vanessa Grazziotin. O senhor está pela Liderança, tem direito a 5 minutos, e 2 minutos a mais para terminar o seu pronunciamento.

            Obrigada.

            O SR. MÁRIO COUTO (PSDB - PA) - Se o Paim teve o dobro... Eu não quero o dobro, Senadora. Eu quero que a senhora me dê os 5 mais 4.

            A SRª PRESIDENTE (Marta Suplicy. Bloco/PT - SP) - Vamos lá. Fizemos a negociação. O senhor terá mais 4 minutos. Dois, depois dois.

            O SR. MÁRIO COUTO (PSDB - PA) - Muito obrigado. Assim, Senadora, nós nos entendemos. Eu tenho uma admiração profunda por V. Exª.

            Mas é assim, Brasil! É assim! Vejam como é! Como eu ia dizendo, é assim, Brasil, não tem jeito. Olhem, sabem quem está nesta foto? Eu sei que dói. Eu sei que dói, aposentados. Como vamos ficar nós, aposentados, se o trabalhador da ativa já está sendo condenado por este salário mínimo, que é o pior poder de compra da América Latina, perde até para Honduras, Brasil? Perde até para Honduras, Brasil! E como vão ficar os aposentados?

            Olhem quem está aqui nesta foto, dizendo que naquela época o salário mínimo era baixinho para os brasileiros. Sabem quem são? Olhem como o tempo desmascara. Nada melhor que o tempo para ensinar estes amigos aqui. Olhem quem são eles, fazendo assim para o salário mínimo da época. Por que eles não fazem agora? Eles têm ainda mandatos; por que não fazem agora? Lá vem a baba. Quando a democracia está sendo abalada, eu babo demais. Eu babo demais.

            Sabem quem são, só para descer da tribuna? Aloizio Mercadante, Antonio Palocci, todos eles...

(Interrupção do som.)

            O SR. MÁRIO COUTO (PSDB - PA) - ... achavam que o salário mínimo era pequeno (Fora do Microfone.). José Dirceu. Brasil, bem baixinho: José Dirceu. Bem baixinho, José Dirceu, Brasil. Psiu. Aquele, Brasil, José Dirceu, ele também fazia que o salário era pequenininho. E quantos outros. Já estou descendo da tribuna, não posso falar muito. E quantos outros. Vamos ver mais tarde. Vamos anotar mais tarde o nome daqueles que dizem que defendem os trabalhadores. Vamos ver se é verdade. Vamos ver realmente se eles querem defender o brasileiro, se eles querem defender aqueles que estão sofrendo. Vamos ver. Daqui a pouco, nós temos encontro com eles. Marquem, marquem, anotem aqueles que enganam o Brasil.

            Muito obrigado, Senadora.


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 24/02/2011 - Página 4725