Discurso durante a 16ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Homenagem ao jornal O Dia, do Estado do Piauí, por seu aniversário de 60 anos e considerações acerca da política sobre drogas.

Autor
Wellington Dias (PT - Partido dos Trabalhadores/PI)
Nome completo: José Wellington Barroso de Araujo Dias
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Homenagem ao jornal O Dia, do Estado do Piauí, por seu aniversário de 60 anos e considerações acerca da política sobre drogas.
Publicação
Publicação no DSF de 25/02/2011 - Página 5053
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM, ANIVERSARIO, JORNAL, O DIA, ESTADO DO PIAUI (PI), COMENTARIO, HISTORIA, FUNDAÇÃO, ELOGIO, ATUAÇÃO.
  • APREENSÃO, AUMENTO, CONSUMO, DROGA, DIFICULDADE, TRATAMENTO, VICIO.
  • REGISTRO, PROPOSIÇÃO, ORADOR, GRUPO, CONGRESSISTA, CRIAÇÃO, SUBCOMISSÃO, COMISSÃO DE ASSUNTOS SOCIAIS (CAS), DISCUSSÃO, POLITICAS PUBLICAS, TRATAMENTO, VICIADO EM DROGAS.

                          SENADO FEDERAL SF -

            SECRETARIA-GERAL DA MESA

            SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


            O SR. WELLINGTON DIAS (Bloco/PT - PI. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, que prazer tê-lo aqui, na Presidência desta Casa!

            O SR. PRESIDENTE (Randolfe Rodrigues. PSOL - AP) - A honra é minha de estar a seu lado.

            O SR. WELLINGTON DIAS (Bloco/PT - PI) - Também é com satisfação que quero registrar que nos esteve visitando o Presidente da Assembleia Legislativa do Piauí, Deputado Temístocles Filho, e também nosso suplente de Senador, Dr. Santana.

            Sr. Presidente, quero tratar aqui, rapidamente, de dois temas. O primeiro é o aniversário de 60 anos do jornal O Dia, do Estado do Piauí. Subo a esta tribuna, portanto, para fazer uma homenagem ao pioneiro e um dos mais importantes jornais do Piauí, o jornal O Dia, de Teresina, que completa neste mês, como já disse, 60 anos.

            Fundado em 1º de fevereiro de 1951, por Raimundo Leão Monteiro, O Dia nasceu com edições somente às quintas-feiras e aos domingos pela manhã. Em 1963, esse periódico passou às mãos do saudoso Cel. Octávio Miranda. Em 1º de fevereiro de 1964, virou o primeiro jornal diário do Piauí. Ainda hoje, o jornal pertence à família do Cel. Miranda. Destaco aqui os nomes de Walmir Miranda, de Wolmar Miranda, de Valcira Miranda, seus filhos, e de Fábio Sérvio e de Carivaldo Marques, os mais antigos servidores daquele jornal.

            Do dia de sua fundação até hoje, o jornal passou por diversas transformações e acompanhou fatos inesquecíveis - faço questão de citá-los aqui - que fazem parte da história do Piauí e do Brasil.

            Foram muitos e grandes os profissionais que integraram a redação de O Dia, e a eles dedico também esta homenagem que faço hoje no Senado. Há vários profissionais em todas as áreas do jornal, com certeza há centenas de pessoas que ali trabalharam e trabalham, mas, em nome de sua editora, Elizângela Noronha; da jornalista Elvira Raulino e do jornalista Deusdeth Nunes, o Garrincha, como é conhecido no Estado do Piauí, quero render essa homenagem a todos profissionais.

            Parabenizo também a direção, todos os funcionários da redação e da gráfica, do setor comercial e do setor de distribuição, que, de forma direta ou indireta, levam informação de qualidade ao piauiense de todas as idades.

            Por volta de 1977, de 1978, época em que cheguei a Teresina, militei no movimento intelectual. Eu me incluía nessa turma como contador de histórias. Nessa época, eu escrevia regularmente crônicas e contos para o jornal O Dia, que abria esse espaço.

            Algum tempo depois, já como presidente da associação do pessoal da Caixa, o jornal O Dia tornou-se também importante parceiro, porque era na gráfica do jornal O Dia que editávamos o jornal da associação. O mesmo aconteceu depois, quando fui presidente do Sindicato dos Bancários.

            O jornal O Dia sempre se colocou como veículo de comunicação muito respeitado no Piauí, sempre levou ao leitor uma versão muito séria dos fatos, com uma cobertura feita por profissionais muito qualificados. Os profissionais do jornal O Dia sempre trataram com muita seriedade os políticos, os governantes, criticando-os quando necessário, mas também elogiando-os quando conquistavam alguma vitória positiva para o nosso Estado.

            O Dia é, hoje, um sistema de comunicação com TV, portal, Internet e jornal impresso. Modernizou-se, portanto. O jornalismo feito pelo sistema O Dia é integrado às mais novas tecnologias, com equipamentos de última geração, com redação multimídia, além de ter uma credibilidade inquestionável e uma equipe, repito, de brilhantes profissionais.

            A partir do dia 27 de fevereiro, o jornal inicia um projeto chamado “60 anos em 60 dias”. A cada dia, será resgatada uma página marcante da história do Estado do Piauí nos últimos 60 anos.

            Está prevista ainda a publicação de três livros pela editora O Dia: um deles traz as 60 fotos que marcaram as últimas seis décadas; o segundo, as 60 notícias mais marcantes dos últimos 60 anos; e o terceiro, as 60 maiores personalidades que atuaram na história do Piauí.

            Outra boa notícia para o Estado é a disponibilização desses conteúdos na Internet para livre acesso, por meio de um site-acervo do jornal, que deve ser lançado em março deste ano.

            Por tudo isso, quero fazer essa homenagem especial no Senado Federal em nome do povo do Piauí, do meu Partido - o Partido dos Trabalhadores - e da bancada piauiense no Senado.

            Parabéns ao jornal O Dia pelos 60 anos, pela credibilidade e pelos importantes serviços prestados ao Piauí!

            Em brevíssimas palavras, Sr. Presidente, quero ainda falar sobre a política sobre drogas. Todos já sabem nesta Casa como quero priorizar esse tema, especialmente a área do tratamento de dependente químico. Para tanto, vou falar aqui de matéria veiculada no Bom Dia Brasil, da Rede Globo. Destaco que essa matéria tem foco numa vertente que o Brasil precisa conhecer cada vez mais. Muitas vezes, olhamos essa situação das drogas voltados para a área policial, ou seja, para o traficante, para as ações da Polícia Federal, da Polícia Estadual, da Polícia Civil, dos delegados, enfim. O outro lado tem menos destaque, mas, na minha opinião, merece nossa maior atenção. E é a esse lado que quero me dedicar.

            Em Brasília, em várias regiões da cidade - cito a região da Ceilândia -, vemos uma situação degradante de usuários do crack. Pessoas moram, na Capital Federal, em bueiros. A imagem mostra pessoas caminhando por cima dos bueiros e pessoas morando ali embaixo. Outros fazem seus depoimentos.

            Percorrendo o Brasil, percorrendo o meu Estado, chamo atenção para um dos pontos que tenho encontrado em muitos depoimentos: o álcool como primeiro momento, antes de se chegar ao crack. A pessoas começam com a bebida alcoólica e com o cigarro, que passam a não ser mais suficientes, terminam procurando uma droga mais pesada e acabam nessa situação de viver no esgoto, devido à dependência, como muitos diziam ali.

            Um dos entrevistados, em seu depoimento, dizia da vergonha que tinha de andar como bicho, como o “resto”. Ele usa essas palavras. E disse do desejo que tinha de sair dessa vida. O repórter, inclusive, conseguiu registrar o momento em que o Pastor Luiz Gonzaga tentava aconselhar aqueles jovens, que trocavam pares de tênis e óculos por dinheiro, por pedras de crack. Registrou também pessoas oferecendo pedras de crack para crianças e adolescentes.

            Então, cito essa matéria, destacando o trabalho de Raphael Boechat, um médico do Distrito Federal, que não conheço, mas que terei o imenso prazer de conhecer. Ele dá um depoimento sobre a dificuldade de tratar uma pessoa naquela situação, mas cita que a Nação brasileira tem de cuidar deles com todo o carinho. Por quê? Porque não se perde somente uma pessoa; perde-se uma geração.

            Eu disse aqui, na semana passada, que, segundo dados do Fórum dos Secretários de Segurança do nosso País, em todos os Municípios brasileiros, já há a presença da droga, especialmente do crack. O próprio Secretário de Segurança dizia das dificuldades de combater uma epidemia como essa. Estamos vendo toda uma ação do Ministro da Saúde, Alexandre Padilha, para o combate à dengue, para a prevenção da dengue, porque há o medo de que essa doença se alastre pelo País. No caso do crack, esta droga já se alastrou, já tem presença em todo o País. E o médico diz que há alternativa. Não se está fazendo o tratamento, porque ele não é priorizado. Essa é uma frase de um profissional que lida com esse tema.

            Então, Sr. Presidente, digo isso para registrar que, como Senador, dei entrada em uma proposta de frente parlamentar, assinada por muitos membros desta Casa - V. Exª é um deles, assim como o Senador Walter Pinheiro, aqui presente -, em que vamos tratar de política sobre drogas e de tratamento de dependentes químicos. Na Comissão de Assuntos Sociais, que vai ser instalada na próxima semana, proporemos criar uma subcomissão, permanente ou temporária, que seja capaz de tratar desse tema e de apresentar alternativa. Pela experiência que vivenciei no Estado do Piauí, onde recebemos a visita do Ministro Alexandre Padilha, em nome da Presidente Dilma, entendo que há alternativa.

            Hoje, seja por meio do setor privado, de clínicas ou de comunidades terapêuticas, o que precisamos mais no Brasil é da presença do poder público. É caro fazer um tratamento. E, normalmente, esses dependentes estão desligados da família, desligados da sociedade. Quando um jovem desses começa a usar crack, uma droga perigosa, como eu dizia aqui - se o jovem faz uso de pedras de crack por três vezes, ele já se torna dependente -, ele não pode mais parar, e os amigos se afastam dele. Tente imaginar como reagem cada pai e cada mãe quando veem seu filho ou sua filha com alguém que é dependente químico. Esta é a primeira coisa que eles dizem: “Não ande com esse viciado, largue-o de mão”. E assim fazem os amigos, a família, as pessoas da sua escola. E, cada vez mais, cresce a depressão, e é normal, muitas vezes, o jovem se aprofundar nas drogas ou em outras alternativas, ligando-se a gangues que lhe dão atenção, ligando-se à prostituição, ligando-se ao crime organizado, pela dependência ou pelo fato de que há ali um setor da sociedade que lhe dá atenção.

            Então, penso que esse é um tema prioritário no Brasil. É uma epidemia da qual temos de cuidar com toda a força. Qual é a notícia boa? A notícia boa é que há solução. A Presidenta Dilma, registro novamente, na última sexta-feira, deu início a uma etapa importante, mas devemos percorrer várias etapas. Eu mesmo listei quinze grandes medidas que o Brasil precisa tomar, se quiser uma solução.

            A primeira etapa foi a parceria com 49 universidades públicas, federais e estaduais, inclusive do Estado do Piauí, para formar quarenta cursos voltados para profissionalizar 14,7 mil profissionais, em 844 Municípios do Brasil. Essa é uma alternativa, porque praticamente não existem muitos profissionais. Há regiões que estão vivendo essa epidemia, e não há profissional ali treinado e qualificado para socorrer profissionalmente os dependentes.

            Também houve o reconhecimento dela do papel das comunidades terapêuticas. Daqui a pouco, terei uma audiência com o Ministro Alexandre Padilha, e faremos os acertos para que ele receba as Federações das Comunidades Terapêuticas do Brasil, para que possamos melhorar a portaria que faz essa relação com as comunidades terapêuticas, repassando cerca de R$800,00 ao mês por cada paciente que recebem. Veja que um preso custa, hoje, mais ou menos, R$3 mil ou R$4 mil por mês, e, com R$800,00, podemos garantir as condições desse atendimento.

            Quero agradecer ao meu colega Senador Walter Pinheiro, pela forma carinhosa com que me cedeu sua vez. Agradeço também ao Presidente e aos presentes. Esse é um tema que realmente me empolga muito e que deve ser prioridade do Brasil, prioridade do Senado Federal.

            Muito obrigado.


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 25/02/2011 - Página 5053