Discurso durante a 22ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Homenagem de pesar pelo falecimento de 27 pessoas em acidente rodoviário, ocorrido na BR-282, em Santa Catarina; e outros assuntos.

Autor
Paulo Paim (PT - Partido dos Trabalhadores/RS)
Nome completo: Paulo Renato Paim
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Homenagem de pesar pelo falecimento de 27 pessoas em acidente rodoviário, ocorrido na BR-282, em Santa Catarina; e outros assuntos.
Aparteantes
Ana Amélia, Gleisi Hoffmann, Marcelo Crivella, Mozarildo Cavalcanti, Randolfe Rodrigues.
Publicação
Publicação no DSF de 10/03/2011 - Página 6186
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM POSTUMA, VITIMA, ACIDENTE DE TRANSITO, RODOVIA, ESTADO DE SANTA CATARINA (SC), APRESENTAÇÃO, SOLIDARIEDADE, FAMILIA, SOLICITAÇÃO, REQUERIMENTO, VOTO DE PESAR.
  • DEPOIMENTO, HOMENAGEM, ORADOR, REALIZAÇÃO, APOSENTADO, ESTADO DO RIO DE JANEIRO (RJ), CARNAVAL.

                          SENADO FEDERAL SF -

            SECRETARIA-GERAL DA MESA

            SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


            O SR. PAULO PAIM (Bloco/PT - RS. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Senadora Gleisi, Senador Mozarildo Cavalcanti, Senador Crivella, Senador Alvaro Dias, que se encontra também na Casa, Srª Presidenta, como já fizemos aqui uma sessão de homenagem à mulher, ontem, dia 8 de março, no dia de hoje eu quero apenas cumprimentar, na figura de V. Exª, todas as mulheres do Brasil: brancas, negras, índias, ciganas, enfim, todas as mulheres do nosso querido País.

            Mas, Srª Presidenta, eu inicio a minha fala, no dia de hoje, encaminhando à Mesa, nos termos do art. 218, inciso VII, do Regimento Interno do Senado, requerimento de voto de pesar pelo falecimento das 27 vítimas do acidente rodoviário ocorrido na BR-282, em Santa Catarina.

            Sr. Presidente Mozarildo Cavalcanti, o Rio Grande do Sul e Santa Catarina estão de luto. Na madrugada de sábado, por volta das três horas, na BR-282, no Oeste catarinense, em Descanso, entre os Municípios de São Miguel do Oeste e Maravilha, um acidente entre uma carreta e um ônibus causou a morte de 27 pessoas.

            Chocou o Rio Grande e chocou o Brasil. O ônibus levava uma equipe de bolão, do Município de Santo Cristo, lá no meu Rio Grande. Eles iam disputar uma partida amistosa no Paraná, disse-me o Deputado Elvino Bohn Gass. Os passageiros eram todos ou parentes ou amigos, que são quase como parentes. A tragédia chocou a comunidade de Linha Salto, interior do Santo Cristo, formada por pequenos agricultores e comerciantes.

            As Prefeituras de Santo Cristo e Santa Rosa e o Governador do Rio Grande, Tarso Genro, e o Governador de Santa Catarina, Raimundo Colombo, decretaram luto oficial de três dias.

            Sr. Presidente, passo a ler aqui, de forma simbólica, mas de muita solidariedade aos familiares, o nome dos falecidos: José Lauri Schuster, Vanderlei José Kuhn, João Marcelo da Silva, Moacir José Kramer, Paulo Cezar Bocorni, Claudio Schuster, Nolar Odilo Loebens, Ari Weimer, Antoninho Sessi, João Irineu Bamberg., Jilvani dos Santos, Dionísio Frohlich, Keli Regina Kraemer, Silvino Diell, Ildo José Schmidt, Marlene Puhl Bocorni, Marilei Ester Escher, Claudino João Bocorni, Marli Ângela Ickert, Alceu José Kraemmer, Marlise Schimdt, Liane Lúcia Loebens Bocorni, Eloi Bucorni, Charles Eziquel Kraemmer, Luciano André Hoffman, Fernando Zanetti Furtado, Saionara da Silva Rocha.

            Sr. Presidente, neste momento de muita dor para a Região Sul, para os familiares, peço a V. Exª, respeitosamente, que esta Casa aprove voto de pesar pelo falecimento desses homens e mulheres, independentemente da idade, todos jovens, eu diria, que perderam a vida. Pediria que o voto de pesar fosse encaminhado para a Prefeitura de Santo Cristo, Rio Grande do Sul, Rua 25 de julho, 133, Santo Cristo, e que fosse remetido também ao Deputado Federal que é uma marca naquela região, Elvino Bohn Gass.

            Encaminhado esse voto de solidariedade e de pesar, passo, Sr. Presidente, em outra linha, a falar um pouco do que foi o momento que vivi neste fim de semana, quando recebi, no Rio de Janeiro, na sexta-feira, a homenagem do Bloco dos Aposentados.

            Eu diria, Sr. Presidente, que há momentos em nossas vidas que são inesquecíveis. Há aquele momento que a gente faz questão de guardar com todo carinho e com todo cuidado, eu diria, lá no canto do coração. Quem não teve um desses dias ainda! Deveria ter! Eu sei e nós sabemos como isso é gostoso, como é prazeroso.

            São as aquarelas de sonhos e fantasias pintadas pela luz divina que nos ilumina em forma de poesia. E talvez, agora, eu possa entender um pouco mais García Márquez, quando disse: “É essa a energia secreta da vida cotidiana, que cozinha seus grãos e contagia o amor e repete as imagens nos espelhos”.

            Sr. Presidente, nessa sexta-feira, dia 4 de março, eu, pela primeira vez, tive o privilégio de conhecer o carnaval da cidade maravilhosa. O Bloco dos Aposentados do Rio de Janeiro me recebeu com o tema de seu samba enredo “O Pai dos Aposentados”. Fui homenageado por eles. Abracei, cantei, pulei, sorri e chorei. Senti-me, Sr. Presidente, mais do que nunca, vivo, muito vivo, pelas bandeiras que eles defendem em âmbito nacional, e que nós, não somente eu, defendemos aqui, no Congresso Nacional.

            Sr. Presidente, por volta das 16:00 horas, a concentração se iniciou no Largo da Candelária. Uma chuva fina, fina, muito fina começou a cair. Estavam ali centenas de aposentados e pensionistas prontos para iniciar o desfile pela Avenida Rio Branco até a Cinelândia. Sr. Presidente, a maioria deles era homens e mulheres de cabelos brancos, com idade entre 60 e 80 anos. Confesso que foi uma enorme satisfação, ao perceber a alegria dessa gente. Eles eram contagiantes. Estavam felizes, exemplos de crianças brincando, assoviando, pulando corda, cantando, atirando confete, serpentina, sambando e protestando de forma leve e solta.

            Às 17:00 horas, começou o desfile em direção à Cinelândia. A Avenida Rio Branco estava completamente tomada por mais de mil aposentados, carros e ônibus. O trânsito parou. Já éramos, como eu dizia, mais de mil pessoas. Enquanto desfilávamos ao som da bateria, muitos perguntavam: - E aí Senador, como fica o nosso vencimento em janeiro? Em janeiro, o salário mínimo deve receber em torno de 14%, e nós só receberemos a inflação, será menos que a metade? E ainda perguntavam: - E o fator previdenciário muda ou não?

            Respondi a todos com o respeito que eles merecem. Eu disse a eles, meu Presidente: “Falei com a Presidenta Dilma, e ela abrirá a discussão sobre os dois temas”. Particularmente, vou ter uma reunião, na próxima quinta-feira, às 17h30, com o Ministro Garibaldi Alves. Para alegria nossa, vi nos jornais de hoje que a Presidenta Dilma reunirá as Centrais Sindicais na sexta-feira e, como disse o Ministro Gilberto Carvalho, com uma pauta livre. Como é pauta livre - e vi nos jornais -, com certeza, haverá lá discussão sobre a situação dos aposentados e também sobre a situação do fator.

            Confirmo o que a Presidenta Dilma nos disse: “Depois do carnaval, Paim, vou receber as Centrais e, em seguida, a Cobap. O Ministro Gilberto Carvalho estará junto”.

            Fiquei feliz com essa posição clara e nítida da Presidenta. Mas, quando eu falava para cada um que as negociações iam se iniciar, eu percebia que a esperança se renovava, pela expressão do rosto de cada um que estava na avenida. Havia brilho nos olhos de cada homem e de cada mulher, um brilho que, talvez, muitos jovens não consigam compreender. Mas ali estava a energia da sabedoria que só o tempo nos traz.

            Aí, Sr. Presidente, lá fomos nós pelo asfalto da avenida rumo à Cinelândia. As nuvens se emocionaram mais uma vez lá em cima e começaram a chorar, vendo aquele povo sofrido, mas alegre, corajoso, tenaz. Assim, a chuva caía sobre nós, refrescando os nossos corpos e a nossa mente. O clima era de alegria. Olhando o passado, era como se fôssemos crianças, cantando, sambando e sendo abençoados pelas lágrimas que vinham lá do céu, sendo abençoados por Deus.

            O samba “O Pai dos Aposentados” é de autoria dos compositores Ney do Pagode, Jesus, Paulinho Tamborim e Geraldo Santa Rita, que estavam lá. É uma homenagem ao nosso trabalho e aos aposentados e pensionistas, também demonstrando que eles acreditam na Presidenta Dilma.

            O que diz o samba? Vou apenas ler a letra, não vou cantar. Se fosse a Ideli Salvatti, nossa Ministra, sei que ela cantaria, pois ela canta muito bem - parece-me até que ela desfilou em duas ou três escolas lá no seu Estado. Mas, diz a letra:

Estamos juntos

Agarrados, misturados e embolados

Federação, Cobap e Associações,

Com Paulo Paim abençoado

Um laço forte de união

Com o pai dos aposentados

No entra e sai do governo

Meu benefício ele corrói

I.N.S.O.S.

Aposentado não quer ser super-herói

Senador Paulo Paim

O porta-voz dos aposentados

Este ser iluminado

Vem mostrando o seu valor

Lado a lado com os aposentados

O idealista, guerreiro e lutador

            Aqui o samba pegava mais força.

Alô, Dilma, faça por nós

O que os outros não fizeram

Políticos levaram sessenta

            Aí é que pegava mais. Vou repetir:

Alô, Dilma, faça por nós

O que os outros não fizeram

Políticos levaram sessenta

Neste país, o aposentado senta.

            Acho que foi um humor muito bem colocado, lembrando o aumento que os políticos ganharam no País. E os aposentados estão na esperança de que a Presidenta Dilma atenda as suas reivindicações.

            Sr. Presidente, o bloco já era um coral único de vozes ecoando pela Rio Branco, quando fizemos a primeira parada. Ali os organizadores pediram que eu falasse para todo aquele povo que se engarrafava entre a avenida e suas travessas. Subi no carro de som. O jovem mestre da bateria orientou a parada dos tambores e pediu o silêncio dos instrumentos. Um jovem, em seu tamborim, deu a última batida e também parou. Aí um veterano, na avenida, gritou: “Fala, fala, Senador!”

            Agradeci a todos por aquele momento tão bonito. Estavam ali, na minha frente, representantes de vários sindicatos, categorias, federações, confederações, centrais, Cobap e o povo, no asfalto e nas calçadas, olhando curiosamente aquela cena. E eu disse:

Meus amigos, este é um momento histórico. Estamos aqui na avenida Rio Branco, no centro da cidade maravilhosa, a eterna capital do Brasil. Estamos dançando, cantando, mas também protestando.

Queremos que todos saibam, principalmente a cúpula dos três Poderes - Executivo, Legislativo e Judiciário -, que nós só queremos uma política de valorização dos aposentados e pensionistas e construir uma alternativa ao fator previdenciário. Se isso não acontecer, todos os aposentados, ao longo do tempo, terão seus benefícios reduzidos a um salário mínimo, e o fator previdenciário continuará confiscando a metade dos benefícios já na concessão.

Queremos igualdade de direitos e deveres, pois os três Poderes que aqui citei se aposentam integralmente, sem o fator e ainda possuem a paridade plena.

Meus amigos, esta é a primeira das tantas jornadas que faremos por este País. Esta é uma pressão legítima e democrática para que todos olhem para aqueles que construíram esta Nação.

Nós queremos que os brasileiros do Norte, do Nordeste, do Centro-Oeste, do Sudeste e do Sul saibam que nós vamos pelear até o fim na busca da justiça social. Queremos que lá, na floresta amazônica, na caatinga, no cerrado, no pampa e no litoral, a voz dos idosos e dos aposentados seja ouvida. Todos terão que saber que homens e mulheres de cabelos brancos se levantam em um jornada cívica por seus direitos.

            Como é bom ver essa manifestação. Como é bom ver aqui trabalhadores de todas as categorias, aposentados e pensionistas. Como é bom ver que alguns que não entendiam, no início, hoje já aceitam, já entendem que essa luta é uma luta de todos, de quem está na ativa e de quem está aposentado. Quem está na ativa hoje é o aposentado de amanhã, que vai perder a metade do seu salário com o famigerado fator.

            O trabalhador de hoje, Sr. Presidente, sonha ter apenas uma aposentadoria decente. Na verdade, eu disse na avenida que nós não somos só mil, 1,2 mil; nós somos milhões que, de uma forma ou de outra, estão a aplaudir essa bela caminhada.

            Vocês sabem como ninguém que a vida nos ensinou que o caminho nós fazemos caminhando.

            Viva o Rio de Janeiro! Viva o povo do Rio de Janeiro! Esses brasileiros de todas as etnias, negros, brancos, orientais, índios, ciganos, neste momento, essa avenida representa a história de toda a nossa gente.

            O Sr. Marcelo Crivella (Bloco/PRB - RJ) - Senador Paim.

            O SR. PAULO PAIM (Bloco/PT - RS) - Terminei ali o meu pronunciamento. Vou passar em seguida a V. Exª, Senador Crivella, só vou concluir este raciocínio.

            Eu diria aqui, descrevendo: naquele momento, a batucada volta. O mestre chama a bateria. E lá fomos nós de novo, como crianças, pela avenida, eu em cima do carro do som, a chuva fina, muito fina, continuava caindo, acariciando todos, substituindo o suor pela água límpida que caía do céu. A letra do samba parecia que explodia com mais força na voz de cada homem, de cada mulher, ali, no Rio de Janeiro. O tráfego para totalmente, como se os ônibus e os carros dissessem: “Abram alas para que os homens e mulheres de cabelos brancos possam passar”. Chegamos à Cinelândia, lá encontramos aí, sim, milhares de pessoas que participavam de outros blocos. Mais uma vez, os puxadores do samba calaram-se, o jovem mestre da bateria fez a homenagem final. Uns diziam; “Foi lindo”; outros diziam: “Valeu a pena, foi demais!” E alguém falou: “Agradece, agradece a esse povo, Senador”. Peguei o microfone e, mais uma vez, sabia eu que eu não poderia transformar, Senador Crivella, aquela manifestação quase que espontânea e legítima num comício. Tinha eu esta clareza: aquilo não era um comício; era uma caminhada espontânea do povo do Rio de Janeiro. Sei eu que mais vale o gesto que mil palavras que eu dissesse. O fato estava criado.

(Interrupção do som.)

            O SR. PAULO PAIM (Bloco/PT - RS. Fora do microfone.) - Eles, somente eles, eram os heróis, sim, eram os sujeitos, os atores principais daquele palco. Só disse: “Obrigado, muito obrigado pelo carinho. Obrigado em nome do povo brasileiro. As bandeiras que vocês defendem são as bandeiras que o nosso povo carrega ao longo de sua vida. Volto hoje para Brasília, para o meu Rio Grande, para o Brasil, mas com muito mais energia para combater o fator previdenciário e lutar por aumentos reais para os aposentados”.

            Disse ali, Sr. Presidente: “Estou muito orgulhoso de todos vocês que desfilaram, como se jovens fossem, por esta avenida nesta jornada de protesto. Sou apenas um sindicalista, estou no Senado, sou um Senador negro que está no Congresso. Vim lá do Sul e, aqui, por vocês fui homenageado. Divido esta homenagem com todo o nosso povo. Essa causa não tem partido, não tem cor, é de todos. Sei que, ao longo dessa caminhada que não termina hoje,..

(Interrupção do som.)

            O SR. PAULO PAIM (Bloco/PT - RS. Fora do microfone.) -...nossos corpos poderão estar cansados, mas nossa alma estará, como neste momento, iluminada, e nossos corações baterão cada vez mais forte, mais forte, mais forte.

            Viva o povo do Rio de Janeiro! Viva o povo brasileiro! Nós voltaremos, nós nos encontraremos na avenida da vida!”

            Foi assim que terminou, Sr. Presidente, uma das maiores emoções de minha vida. Eram 20 horas.

            Espero, Senador Crivella, poder voltar um dia e poder andar na mesma avenida, lá na Avenida Rio Branco, quem sabe, com outros milhares de aposentados e pensionistas, para dizer: “Enfim, conseguimos. Mudamos o fator e vocês têm uma política”.

            Esse é um sonho que espero que se torne realidade.

            Senador Crivella, por favor.

            O Sr. Marcelo Crivella (Bloco/PRB - RJ) - Senador Paim, quero me solidarizar com a sua dor pela perda de seus conterrâneos que estavam indo para Santa Catarina, mas também com essa alegria, com esse momento que V. Exª viveu no Rio de Janeiro. V. Exª é muito querido no meu Estado, muito. E todos são gratos pela luta que V. Exª tem travado em favor dos aposentados e para que encontremos uma maneira de calcular, uma maneira que não tome daquele que está se aposentando tanto quanto esse fator previdenciário. O Rio de Janeiro se manifesta assim. A causa do povo não requer radicalismos; requer bravura, requer coragem. E, muitas vezes, essa coragem se dá realmente desfilando em uma avenida, como vocês fizeram de maneira espontânea, aproveitando o carnaval e mostrando ao Brasil uma situação importantíssima. V. Exª tem todas as nossas homenagens. Tenho certeza de que a Bancada do Rio, Senador Lindbergh, Senador Crivella e Senador Dornelles, esteve lá marchando com V. Exª naquela avenida, porque também empunhamos essa mesma bandeira e lutamos essa mesma luta em favor dessa nossa gente sofrida, valente e, como sempre, muito alegre. Parabéns a V. Exª.

            O SR. PAULO PAIM (Bloco/PT - RS) - Muito obrigado por seu aparte, Senador.

            A Srª Gleisi Hoffmann (Bloco/PT - PR) - Um aparte, Senador Paim.

            O SR. PAULO PAIM (Bloco/PT - RS) - Eu tenho certeza de que as suas palavras repercutirão lá no Rio de Janeiro. Foi assim que eu me senti lá: representando todos os Senadores, já que era uma homenagem que eles também me faziam. Eu achei que, estando lá, eu falaria em nome de todos os Senadores. Foi realmente assim que eu me senti lá, naquele belo momento. Acho que foi um dos momentos mais bonitos da minha vida - eu diria -, essa homenagem que recebi no Rio de Janeiro.

            Senadora Ana Amelia, em razão do dia das mulheres, peço um pouco de tolerância ao Presidente, para que eu possa ouvir as duas mulheres que estão esperando, como também o Senador Mozarildo.

            Senadora Ana Amelia, com enorme satisfação, quero mais uma vez dizer - e eu não precisaria repetir aqui - o meu carinho a V. Exª e o voto de pesar pela perda do seu esposo.

            A Srª Ana Amelia (Bloco/PP - RS) - Muito obrigada, Senador Paulo Paim. Em primeiro lugar, quero solidarizar-me com as famílias das vítimas desse gravíssimo acidente, mais um, aliás, que enluta nossas estradas e requer da sociedade brasileira uma reação à altura. Neste carnaval, o número de vítimas superou em muito o das vítimas fatais do feriado de carnaval de 2010. Conheci em Santo Cristo, no interior do nosso Estado, nossos conterrâneos, famílias que foram dilaceradas, mulheres que perderam marido, maridos que perderam esposa, filhos, parentes, primos e amigos. Foi uma dor muito grande naquela pequena e empreendedora comunidade de grande influência, de colonização alemã e italiana. É uma cidade de empreendedores e foi lá, inclusive, Senador Paim, que ouvi a proposta de um jovem empreendedor de que o Governo poderia aplicar um Pronaf urbano para estimular os jovens empreendedores.

(O Sr. Presidente faz soar a campainha.)

            A Srª Ana Amelia (Bloco/PP - RS) - Peço vênia ao nosso Presidente. Achei uma ideia muito criativa. Ao solidarizar-me com as vítimas desse gravíssimo acidente referido por V. Exª, queria também registrar esse fato que marca essa cidade tão empreendedora que é Santo Cristo. De outro modo, Senador Paulo Paim, a questão dos aposentados é uma luta por que V. Exª, ao longo do mandato, empenhou-se. Estou aqui para ajudar neste trabalho. Como jornalista, cuidei muito dos projetos que V. Exª encaminhou - entre eles, o do fator previdenciário. Discutimos muito esse tema. E agora eu venho aqui, como Senadora, assumir os mesmos compromissos. Apresentei, recentemente, o Projeto de Lei do Senado nº 76, deste ano, portanto, que prevê a isenção de imposto de renda para aposentados acima de 60 anos no Regime Geral de Previdência Social, porque são esses os maiores sacrificados. Alguns - ouvi também na campanha eleitoral - tiveram que voltar ao mercado de trabalho para recompor a renda familiar. Isso porque, na adoção de uma política de reajustes diferenciados para salário mínimo e para a Previdência, sempre menor para quem ganha mais que um salário mínimo, acabou provocando uma distorção e um impacto negativo do ponto de vista social para essas pessoas que precisam tanto de um socorro, exatamente, ao final da vida. Estou empenhada também, na nossa Comissão de Assuntos Sociais, Senador Paim, em fazermos um amplo debate a respeito desse assunto. É um tema candente. Também aqui, no Senado, pedi urgência para a votação do PLC nº 40, que foi aprovado, por unanimidade, na Câmara Federal, no ano passado, e que trata de garantir um direito assegurado pela Constituição para as pessoas portadoras de deficiência. Essa aposentadoria, é claro, vai representar ônus para a Previdência, mas o Governo precisa dizer como fazer; era um direito assegurado e, até agora, não havia sido regulamentado. O projeto é de um Deputado do Partido Verde de Minas Gerais. O Ministro Garibaldi Alves me ligou para informar que o Governo estava fazendo os cálculos a respeito do impacto que isso representaria para a Previdência. Eu condicionei a retirada da urgência diante de o Governo trazer para o Senado da República uma proposta alternativa a isso, para que nós discutíssemos aqui a garantia desse direito e também as condições financeiras da Previdência Social em relação a isso. Para terminar, Senador Paim, tenho observado no Senado alguns ex-Governadores preocupados com essa questão. E não é sem tempo; afinal, o propalado déficit da Previdência Social precisa ser examinado com uma lupa muito apurada, Senador Paim, porque isso só poderá ser feito com uma ampla auditoria nas contas da Previdência. A gente vê, todo dia, problemas relacionados a fraudes na Previdência Social; mas não vemos, como uma iniciativa do Governo, em contrapartida, o retorno do dinheiro que foi sugado dos aposentados. O caso mais evidente foi o da Georgina Freitas, que tirou da Previdência mais de R$350 milhões. E as informações que tenho é que voltaram para a Previdência apenas R$80 milhões. Onde está esse dinheiro que é dos aposentados, que é da sociedade brasileira? Muito obrigada, Senador Paulo Paim.

            O SR. PAULO PAIM (Bloco/PT - RS) - Eu agradeço, Senadora Ana Amélia. Permita-me que eu dê só este testemunho. A sua postura aqui, como Senadora, é exatamente a mesma que V. Exª tinha como jornalista. V. Exª, como jornalista, sempre apoiou projetos que eu defendi ao longo da minha vida. Enquanto alguns me chamavam de demagogo, V. Exª era das poucas vozes que dizia: “tem lógica o que o Senador Paim está falando”. E aqui V. Exª está mostrando a mesma coerência. Meus cumprimentos a V. Exª.

            Senadora Gleisi, por favor.

            A Srª Gleisi Hoffmann (Bloco/PT - PR) - Obrigada, Senador Paim. Eu quero saudá-lo pelo pronunciamento. Mas, antes de mais nada, quero também externar minha solidariedade às vítimas do acidente que o senhor mencionou. Essas pessoas dirigiam-se ao meu Estado, o Paraná. E foi com grande tristeza que nós acompanhamos o acidente e as mortes. Então, quero me solidarizar com as famílias das vítimas e também com o Estado do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina, que perderam suas pessoas. Quero também me somar ao bloco carnavalesco do Rio de Janeiro que o homenageou. O senhor está tão feliz, tão alegre, lendo aí o samba que fizeram para V. Exª, muito merecido pela sua luta, pelo que o senhor significa nessa caminhada.

(O Sr. Presidente faz soar a campainha.)

            A Srª Gleisi Hoffmann (Bloco/PT - PR) - E tenho certeza de que essa luta, essa caminhada está muito perto de um desfecho. O fato de a Presidente já ter chamado as centrais sindicais, já ter feito referência a essas mudanças que são necessárias, já ter aberto um diálogo de forma ampla, com certeza, isso dá boas perspectivas. Então, quero fazer esta saudação, somar-me a essa sua caminhada. Tenho certeza de que nós vamos avançar muito. Meus parabéns, Senador Paim.

            O SR. PAULO PAIM (Bloco/PT - RS) - Muito obrigado, Senadora Gleisi.

            Para mim, são dois momentos de alegria. Primeiro, sem sombra de dúvida, desfilar com aquele bloco; e, número dois, ter lido e ouvido na mídia que a Presidenta, como havia anunciado, e eu falei da bancada, vai chamar as centrais para abrir a discussão sobre os dois temas. Ela está cumprindo exatamente o que ela prometeu. Meus cumprimentos por lembrar esse episódio.

            Senador Mozarildo.

            O Sr. Mozarildo Cavalcanti (PTB - RR) - Senador Paim, às vezes, na vida, a gente tem que, ao mesmo tempo, comemorar um fato e lamentar outro. V. Exª começou exatamente por lamentar o triste acidente acontecido com pessoas do seu Estado, aliás, um time de bolão. Quero, portanto, solidarizar-me com esse voto de pesar que V. Exª requereu; até mesmo digo que gostaria de assinar também esse requerimento. Ao mesmo tempo, não poderia deixar de registrar, evidentemente, uma homenagem que considero justíssima a V. Exª. Todos, Deputados, Senadores, lutamos por esses direitos, mas V. Exª realmente encarna, personifica a luta em defesa dos aposentados, notadamente, aqueles que, como V. Exª diz, deram toda a sua vida, contribuíram a vida toda em um patamar “x” para depois verem sua aposentadoria, a cada dia que passa, diminuindo ao ponto de não poderem comprar sequer os medicamentos.

(O Sr. Presidente faz soar a campainha.)

            O Sr. Mozarildo Cavalcanti (PTB - RR) - Sei disso porque conheço pessoas, até mesmo da minha família, para não ir mais longe, que passam muitas dificuldades. Se não fosse a ajuda dos parentes, não poderiam cuidar dos seus medicamentos, apesar de haver farmácia popular, etc. Quero dizer que essa luta tem que ser realmente resolvida. Associo-me à alegria de V. Exª quando vejo a Presidente Dilma abrir um diálogo, um debate para se encontrar uma saída, porque, se por um lado alguém reclama do salário mínimo, que realmente é mínimo, mínimo, por outro lado temos que ver também que não é possível que o aposentado ganhe cada vez menos e tenha um salário, aí, sim, mínimo, que não dá para viver sequer. Parabéns, portanto, pela justa homenagem que lhe prestaram no Rio de Janeiro.

            O SR. PAULO PAIM (Bloco/PT - RS) - Senador Mozarildo, só dizer que V. Exª votou inclusive pelos dois projetos, tanto aquele que muda o fator como também aquele que garante a política plena para os aposentados. A Casa já aprovou os dois. Estão lá na Câmara dos Deputados.

            Senador Randolfe Rodrigues, permita-me que eu diga aqui o que coloquei no meu Twitter hoje. Eu empenhei, no meu Twitter hoje, toda a minha solidariedade à sempre Deputada Federal do seu Partido Luciana Genro. Conheço a vida e a história dessa Deputada Federal Luciana Genro e, por isso, disse a ela que tenho orgulho de ser amigo dela. A minha solidariedade é pelos ataques que ela tem recebido simplesmente porque ajudou a organizar, lá na capital, no Rio Grande do Sul, cursinhos grátis para as pessoas pobres terem acesso à universidade. Parabéns ao PSOL pela grande e sempre Deputada Federal que está nos quadros do seu Partido, Senador Randolfe.

            O Sr. Randolfe Rodrigues (PSOL - AP) - Senador Paulo Paim, inicialmente, queria dizer que ainda hoje, também pelo Twitter, manifestei a solidariedade nossa - e eu diria da Bancada do PSOL não somente aqui no Senado, como também na Câmara - à Luciana, uma Deputada Federal que orgulha não somente a nós, do Partido Socialismo e Liberdade, mas - o senhor concorda comigo e já afirmou - também ao povo gaúcho. Os ataques à Luciana são do mais baixo nível, vis e mentirosos. São mentirosos; são caluniosos. Sobre a Luciana, daqui a pouco, utilizarei a tribuna para também me referir ao fato. Mas queria aproveitar para, em primeiro lugar, cumprimentá-lo pelas lembranças que traz. Uma lembrança de pesar, mas, como diz o trecho daquela bela música: “Uma dor assim pungente nunca há de ser inutilmente”.

(O Sr. Presidente faz soar a campainha.)

            O Sr. Randolfe Rodrigues (PSOL - AP) - Então, minha solidariedade às vítimas do dramático e triste acidente automobilístico ocorrido nesses dias. Eu queria, ao mesmo tempo, destacar algo que inspira todos nós aqui, Senador Paulo Paim, que é a sua luta histórica. Eu passei parte do carnaval ouvindo um documento formidável produzido aqui pelo Senado Federal, intitulado Grandes Momentos do Parlamento Brasileiro. São vários pronunciamentos, de vários Srs. Senadores, de vários Parlamentares, desde a década de 50, quando começaram a ser registrados por via sonora...

            O SR. PAULO PAIM (Bloco/PT - RS) - Cinquenta foi a década em que eu nasci.

            O Sr. Randolfe Rodrigues (PSOL - AP) - ...até os dias de hoje. Com certeza, na próxima edição dos Grandes Momentos do Parlamento Brasileiro deverão constar vários dos seus pronunciamentos em defesa dos direitos dos aposentados. Eu não tenho dúvida de que não demorará a hora - nós tivemos até agora somente reformas da Previdência, muitas, e aliás todas retiraram o direito dos aposentados -, mas não demorará a hora em que teremos uma contrarreforma, e a queda do fator previdenciário será o grande passo dessa contrarreforma. E, assim, o cavaleiro andante dessa causa, e já reconhecidamente consagrado pelos aposentados brasileiros, sem dúvida nenhuma, é V. Exª. Então, parabéns por essa luta que nos inspira e que traz o sentimento de justiça, porque nenhum país e nenhuma nação é justa o bastante se não reconhecer o trabalho daqueles que dedicaram o suor e a vida nessa terra.

(O Sr. Presidente faz soar a campainha.)

            O SR. PAULO PAIM (Bloco/PT - RS) - Muito obrigado, Senador Randolfe. V. Exª é um jovem Senador que já escreve sua história nos Anais do Congresso Nacional em cada pronunciamento que faz. Tenho muito orgulho de ter um carinho especial não só por V. Exª, mas por todo o PSOL, e V. Exª sabe disso.

            Mas, Sr. Presidente, permita que eu termine. Serei muito rápido.

            Só quero dizer que espero, um dia, voltar para a avenida da vida e dizer a todos os brasileiros que o sonho se tornou realidade. Eu queria muito que eles vencessem. Espero que o exemplo do Rio de Janeiro se repita em outros Estados de forma fraternal e carinhosa, como foi aquela atividade.

            Digo aqui que a história da humanidade nos mostra que povo que não se movimenta, que não se faz ouvir, como estamos fazendo, pregando a paz, a justiça e a solidariedade, não chegará a lugar algum.

            Terminamos, há poucos dias aqui, a batalha do salário mínimo. Agora é hora de não permitirmos uma divisão entre vencidos e vencedores, entre Situação e Oposição. É hora de caminharmos juntos, respondendo à expectativa dos idosos e dos aposentados.

            Esta é a mensagem que trago lá do povo do Rio de Janeiro.

            Quero dizer, Sr. Presidente, que amanhã estarei com o Ministro Garibaldi, como as Centrais estarão com a Presidenta na sexta. Isso é muito bom. Que Deus continue a iluminar os nossos caminhos. Os anos passam rápido, os aposentados e pensionistas não têm tempo. O tempo passa, eles não podem mais esperar. Queremos que o calor humano das reivindicações nos aqueça durante o outono, durante o inverno, durante a primavera, para que, quem sabe no calor do verão do próximo ano, a gente possa desfilar nas avenidas do País, festejando as mudanças no fator e festejando, quem sabe no verão próximo, termos conseguido uma política para o aposentado e o pensionista.

            Termino dizendo que, daí, sim, Sr. Presidente, poderemos nós, nos campos, nas praias, nas cidades, nas avenidas, festejar ao som da bateria e da mágica que ilumina a todos nós no nosso carnaval.

            Sr. Presidente, muito obrigado. V. Exª foi tolerante. Fiz na íntegra os dois pronunciamentos. Só posso agradecer a V. Exª.


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 10/03/2011 - Página 6186