Discurso durante a 25ª Sessão Especial, no Senado Federal

Comemoração do nonagésimo aniversário de fundação do jornal Folha de S. Paulo.

Autor
Alvaro Dias (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/PR)
Nome completo: Alvaro Fernandes Dias
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Comemoração do nonagésimo aniversário de fundação do jornal Folha de S. Paulo.
Publicação
Publicação no DSF de 15/03/2011 - Página 6698
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM, ANIVERSARIO DE FUNDAÇÃO, JORNAL, FOLHA DE S.PAULO, ESTADO DE SÃO PAULO (SP), ELOGIO, MODERNIZAÇÃO, CONSULTA, ACERVO HISTORICO, ACESSO, INTERNET, COMENTARIO, APOIO, REDEMOCRATIZAÇÃO, BRASIL.

                          SENADO FEDERAL SF -

            SECRETARIA-GERAL DA MESA

            SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


            O SR. ALVARO DIAS (Bloco/PSDB - PR. Como Líder. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente José Sarney; Sr. Ministro Garibaldi Alves Filho; Presidente do Tribunal Superior do Trabalho, Sr. Ministro João Oreste Dalazen; signatários desta sessão, Senadores Marcelo Crivella, Aloysio Nunes e o Senador do Espírito Santo, Ricardo Ferraço; saudação especial a Otávio Frias Filho, Maria Cristina Frias, Melchíades Filho, Valdo Cruz, Fernando Rodrigues; Srs. Senadores, senhores convidados, jornalistas presentes, importa mais do que qualquer pronunciamento que se possa fazer nesta hora o simbolismo desta sessão solene, mas de qualquer forma é uma honra ocupar a tribuna do Senado, em nome do PSDB, em nome também do Senador Aloysio Nunes, para celebrar as nove décadas da Folha de S.Paulo, um jornal que selou compromisso atemporal com a pluralidade e o apartidarismo, sem jamais eximir-se de expressar o seu próprio ponto de vista.

            A permanente prontidão democrática exercida pela Folha não poupa os agentes públicos do monitoramento constante dos seus atos. O jornalismo crítico exercido pela Folha reflete na sua essência a multiplicidade da sociedade nacional, recusando qualquer adesão às agremiações partidárias, conglomerados econômicos ou linhas de pensamento. A tentação de alinhamento foi sempre repelida, prevalecendo sua autonomia e o exercício de um jornalismo livre.

            Em sintonia fina com os avanços da sociedade de informação, a Folha comemorou seus 90 anos em grande estilo, disponibilizando na Internet a versão das suas edições desde os idos de 1921. Estamos falando de aproximadamente um milhão e oitocentas mil páginas, incluindo as edições da Folha da Noite, da Folha da Manhã, e da Folha de S.Paulo. Foi o primeiro dos grandes jornais brasileiros a digitalizar seu acervo integral e a colocá-lo à disposição dos leitores.

            As transformações tecnológicas modificaram as relações originais entre o público e os meios de comunicação. E, nesse contexto, a Folha se pautou sempre pelo pioneirismo. Numa época na qual as facilidades da rede mundial de computadores não estavam à disposição, o periódico foi uma das molas propulsoras do movimento “Diretas Já” - aqui referido pelo Senado Pedro Simon -, uma das maiores manifestações de massa registradas na história do País.

            A partir do primeiro grande comício realizado no dia 12 de janeiro de 1984, na Boca Maldita, em Curitiba - o qual tive a satisfação de organizar -, a partir daquele momento, a Folha literalmente alavancou as “Diretas Já”, disseminando a informação e granjeando reputação justificada pelo trabalho jornalístico oferecido à população.

            “Use amarelo pelas Diretas Já”. O chamamento, impresso no primeiro caderno da Folha nas edições da época, personificava o engajamento cívico do jornal a serviço de uma nação que almejava o retorno ao Estado democrático de direito.

            Nos tempos mais recentes, alternados pelas administrações do PSDB e do PT, o jornal apontou equívocos, cobrou compromissos assumidos em praça pública e mostrou irregularidades sem qualquer distinção entre as legendas partidárias citadas. Os eventuais queixumes da hora não inibiram e não inibem o jornal de prosseguir sua trajetória independente de crítica. Mesmo diante das novas formas de censura à imprensa, a Folha nunca se curvou a mandatários nem a mandantes.

            Lembro-me da frase de um estadista norte-americano que define bem a importância da liberdade de imprensa: “Entre um governo sem imprensa e a imprensa sem governo, prefiro a última alternativa”. Radical, mas significativo.

            A Folha - repito - nunca se curvou a mandatários nem a mandantes. A sua vertente de jornalismo investigativo contribui de forma robusta no combate aos desvios de conduta daqueles investidos na função pública.

            E aqueles que, no Congresso Nacional, participam das Comissões Parlamentares de Inquérito, possuem a exata noção da importância da Folha, ao propor transparência às ações de investigação política que esse instrumento, hoje debilitado no Parlamento, tem proporcionado ao País, estabelecendo uma relação com a sociedade que permite à população convocar os responsáveis à responsabilidade.

            O respeito aos seus inarredáveis compromissos editorais levou a Folha a estabelecer sofisticado sistema interno de freios e contrapesos diante de possíveis prejuízos causados por um jornalismo crítico, nem sempre livre da pressa irrefletida ou imperícia perpetrada. A manutenção de um jornalista incumbido de fiscalizar e criticar a própria Folha e o espaço diário reservado a uma sessão de retificações, denominado “Erramos”, demonstra a preocupação e o respeito ao seu diversificado leitorado.

            O compromisso com a democracia é uma marca indelével do periódico, que, hoje, por mérito inquestionável, homenageamos nesta sessão especial do Senado da República.

            Nada melhor sintetiza o 90º aniversário da fundação do jornal Folha de S.Paulo do que o mote “Um jornal a serviço do Brasil”.

            Muito obrigado. (Palmas.)


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 15/03/2011 - Página 6698