Discurso durante a 26ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Comemoração a Batalha do Jenipapo.

Autor
Vanessa Grazziotin (PC DO B - Partido Comunista do Brasil/AM)
Nome completo: Vanessa Grazziotin
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Comemoração a Batalha do Jenipapo.
Publicação
Publicação no DSF de 15/03/2011 - Página 6713
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM, ANIVERSARIO, LUTA, CONSOLIDAÇÃO, INDEPENDENCIA, BRASIL, CONFLITO, MUNICIPIO, CAMPO MAIOR (PI), ESTADO DO PIAUI (PI), CONTRIBUIÇÃO, INTEGRIDADE, TERRITORIO NACIONAL.

                          SENADO FEDERAL SF -

            SECRETARIA-GERAL DA MESA

            SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


            A SRª VANESSA GRAZZIOTIN (Bloco/PCdoB - AM. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão da oradora.) - Sr. Presidente Wellington Dias, quero dizer da minha alegria de falar no momento exato em que V. Exª assume a direção e os trabalhos desta sessão tão importante. E repito suas palavras: é uma comemoração não do Piauí, mas é uma comemoração do Brasil como um todo.

            Quero cumprimentar o Governador do Estado do Piauí, Exmº Sr. Wilson Nunes Martins, Deputados Federais Assis Carvalho e Paes Landim, por meio de quem cumprimento os demais Deputados Federais que se encontram neste plenário; quero cumprimentar o Sr. Ismar Aguiar Marques, Deputado Estadual que aqui representa a Assembleia Legislativa, e quero cumprimentar o Sr. Laurentino Gomes, autor dos livros 1808 e 1822, cumprimentar não por sua presença aqui, mas pela grande colaboração que S. Sª tem dado ao resgate da bela história desta bela Nação, deste belo povo chamado e conhecido como povo brasileiro.

            Quero dizer, Senador Wellington, que fiquei muito feliz em saber da realização da sessão no dia de hoje, por isso corri e fiz questão de me inscrever logo.

            Quando V. Exª, Senador Wellington, toma essa iniciativa da realização desta sessão comemorativa, que não é uma iniciativa exclusiva, por meio da qual V. Exª anuncia a sua luta pelo reconhecimento desta data como uma data efetivamente nacional, como parte integrante, inseparável, indissociável da história do nosso Brasil, do nosso País, quero dizer que falar da história do Brasil é falar, sim, do Nordeste, dos Estados do Nordeste, é falar dos Estados do Norte.

            Se. V. Exª me permite, Senador Wellington, quero aqui abrir um parêntese no meu pronunciamento e dizer que certa vez apresentei, logo que cheguei à Câmara, diversos projetos de lei, Deputado Nazareno, que resgatavam não só parte da história do Brasil, do meu Estado, o Amazonas, da Amazônia, mas resgatavam a importância de trabalhadores que existiram num determinado momento da história e que foram fundamentais não só para o Brasil, mas para o mundo. Refiro-me aqui aos soldados da borracha. Soldados da borracha, figura criada por um decreto presidencial, à época da Segunda Guerra Mundial, que foram não apenas alistados para servirem na guerra, na Europa, no fronte de guerra, mas também para irem à Amazônia trabalhar na extração da borracha.

            Um dos meus projetos de lei, Senador, foi caracterizado por um colunista de uma revista importante semanal do nosso Brasil como um dos projetos folclóricos - folclórica é a opinião deste colunista que desconhece a história brasileira e a importância que tiveram os soldados da borracha na Segunda Guerra Mundial. Brasileiros do Maranhão, brasileiros do Ceará, brasileiros do Piauí foram chamados para trabalhar na Amazônia, e tivemos um número de mortos na região muito maior do que os que foram lutar diretamente no fronte de guerra.

            Digo isso para apenas ilustrar como nós, brasileiras e brasileiros, conhecemos pouco a nossa história. Iniciativas como esta de V. Exª são iniciativas muito importantes não apenas para resgatar o reconhecimento do nosso povo, da nossa história, daqueles que lutaram e tombaram na luta em defesa da nossa liberdade, em defesa da nossa Nação, em defesa de uma sociedade melhor. O que nós queremos não é apenas uma Nação livre, soberana; é uma Nação, principalmente, igualitária, onde as pessoas tenham condições de viver com dignidade.

            Então, a Batalha de Jenipapo, ocorrida - foi dito aqui, mas faço questão de repetir - no ano de 1823, às margens do Riacho Jenipapo, onde atualmente fica o Município, como foi muito bem falado, de Campo Maior, é considerada pelos historiadores a única e verdadeira batalha durante o processo de independência.

            E aí eu resgato o fato de que havia um interesse, sim, de Portugal, sendo o Príncipe Regente obrigado a proclamar a independência do Brasil, a intenção de manter sob o seu domínios diversas províncias, como a do Piauí, e estabelecer com o Maranhão e Grão-Pará - que pertencia ao meu Estado do Amazonas, como foi dito aqui, as tantas Guianas que ainda existem, a Inglesa, a Francesa - uma área de domínio lusitano. Era esse o desejo efetivamente. Mas o povo brasileiro, aquele povo humilde, simples, vaqueiros e roceiros armados com espingardas de caça, facões, machados, muitas vezes pedras, pedaços de paus, e não apenas homens, mas também mulheres, lutaram, abriram mão de tudo, do pouco que tinham individualmente para ajudar nessa grande batalha; como foi dito aqui, entraram na luta definitiva.

            Não se sagraram vitoriosos naquele momento, mas vitoriosos logo em seguida, quando veio a vitória, no Município de Caxias, no Maranhão, com a participação também de um grupo importante de brasileiros. Agora, devemos nos perguntar: a vitória viria, no Município de Caxias, não tivesse havido a Batalha de Jenipapo? Talvez, muito mais difícil. E a vitória foi consolidada.

            Portanto, essa batalha é um capítulo fundamental no processo da consolidação do território nacional. E essa é uma luta quotidiana. Não é uma luta de dois séculos atrás, é uma luta cotidiana; a luta pela integridade do território nacional é uma luta cotidiana. É óbvio que as feições dessa luta são diferentes, mas querer dizer que não há cobiça sobre parte do território brasileiro em relação a grandes potências estrangeiras é desconhecer a realidade efetiva, porque nós somos um País que vai muito além dos 8,5 milhões de quilômetros quadrados - e aqui está o Senador Mozarildo -, nós somos a Nação que detém a maior reserva natural do Planeta, de água potável, que detém a maior capacidade de produção de alimentos do Planeta. Não temos problemas. Vivemos, sim, um ou outro desastre, mas longe de acontecer o que aconteceu na Indonésia, o que aconteceu recentemente com o povo japonês - e fica aqui a nossa mais irrestrita solidariedade e sentimento por aquilo tudo que vem acontecendo naquele País. Somos um País de grandes possibilidades, e, obviamente, essas grandes possibilidades são visadas principalmente pelas grandes potências, pelas grandes forças deste sistema capitalista em que todos nós vivemos.

            Quero cumprimentar o Piauí, não apenas V. Exª, Senador Wellington, que foi Governador - e aqui temos o Deputado Hugo Napoleão, também ex-Governador do Estado do Piauí; Governador Wilson, o Líder da nossa Bancada, do meu Partido, na Câmara dos Deputados; Deputado do Piauí, Deputado Osmar, que tem conduzido da melhor forma a nossa Bancada parlamentar na Câmara Federal -, mas cumprimentar o Estado do Piauí por essa demonstração de brasilidade.

            Sei que muitos eventos aconteceram no Estado do Maranhão, no Estado do Piauí. Certamente o Maranhão deve ter comemorado. Se não comemorou, vamos chamar a atenção dos maranhenses para que, da mesma forma, comemorem também.

            Então, quero cumprimentar todas as senhoras e os senhores que participam desta sessão e dizer a V. Exª, Senador Wellington: conte comigo! Lutar pelo tombamento, como um patrimônio, desse episódio nacional é algo fundamental. Conte comigo! Fazer com que seja uma data de comemoração nacional, conte comigo! Tenho certeza de que não apenas comigo, V. Exª contará, unanimemente, com o apoio de todos os seus Pares, de todos os Senadores e Senadoras que têm assento nesta Casa.

            Logo, cumprimento todos; cumprimento o povo brasileiro, neste momento, cumprimentando os piauienses; cumprimento vocês pela oportunidade que nos dão em comemorar data tão importante.

            Muito obrigada. (Palmas.)


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 15/03/2011 - Página 6713