Discurso durante a 26ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Comemoração da Batalha do Jenipapo.

Autor
Mozarildo Cavalcanti (PTB - Partido Trabalhista Brasileiro/RR)
Nome completo: Francisco Mozarildo de Melo Cavalcanti
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Comemoração da Batalha do Jenipapo.
Publicação
Publicação no DSF de 15/03/2011 - Página 6714
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM, ANIVERSARIO, LUTA, CONSOLIDAÇÃO, INDEPENDENCIA, CONFLITO, MUNICIPIO, CAMPO MAIOR (PI), ESTADO DO PIAUI (PI), COMENTARIO, HISTORIA, BRASIL.

                          SENADO FEDERAL SF -

            SECRETARIA-GERAL DA MESA

            SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


            O SR. MOZARILDO CAVALCANTI (PTB - RR. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Senador Wellington Dias, que foi o primeiro signatário deste requerimento de homenagem à Batalha do Jenipapo - homenagem que se faz nesta parte da sessão do Senado - e que preside a sessão neste momento; Sr. Governador Wilson Nunes Martins; Deputado Federal Assis Carvalho; Deputado Paes Landim, com quem eu tive o prazer de conviver quando fui Deputado; Deputado - agora, mas eterno Senador - Hugo Napoleão, com quem tivemos a oportunidade de conviver muito tempo aqui, no Senado; Deputado Estadual Ismar Aguiar Marques; cumprimento também o autor dos livros 1808 e 1822, o historiador Laurentino Gomes.

            Evidentemente, não vou fazer um retrospecto, que já foi brilhantemente feito pelo ex-Governador e Senador Wellington Dias, e também complementado pelas palavras competentes da nossa Senadora Vanessa Grazziotin. Aliás, a primeira parte foi justamente a fala do historiador Laurentino Gomes.

            Eu fiquei muito feliz de ler os seus livros, até porque, em 2005/2006, acompanhando o ex-Governador Ottomar Pinto, nós fomos fazer uma visita ao Presidente Chávez, que falou quase duas horas sobre geopolítica e história da América Latina. E, lá, ele disse ao Governador uma coisa que me marcou muito: “Governador, eu sei que o senhor é de um partido de oposição ao Presidente Lula, mas diga ao Presidente que ele tem que mudar essa imagem que nós, hispânicos, temos do Brasil, que foi o único império das Américas e permanece ainda com essa imagem de império para os países que são vizinhos”. “E, pior”, disse ele, “um império que não brigou para ser império e uma república que não brigou para ser república.” Ou seja, menosprezando, como foi dito aqui pelos que me antecederam, como se a nossa independência tivesse sido realmente um conchavo entre o pai - rei, lá em Portugal - e o filho - imperador aqui, no Brasil -, que fizeram um acordo e, aí, fizeram a independência do Brasil. E, depois, também num conchavo entre a elite militar do Brasil, fez-se a Proclamação da República. Na hora, o Governador estava presente e eu, já Senador, disse: “Presidente Hugo, não é bem assim a nossa história, não”.

            Agora, é verdade que a história que ele leu foi a história que eu li também nos bancos escolares, a de que a nossa Independência foi uma grande jogada feita pela elite, que envolveu Dom Pedro - primeiro, com o Fico e, depois, com o Grito da Independência -, e que houve um grande acordo com os militares, que viram em Dom Pedro II um homem já cansado. Então, essa parte da história, realmente, que inclui a Batalha do Jenipapo, não aprendi, nem no ensino fundamental, nem no ensino médio. Só depois, por curiosidade, fui tendo essas informações.

            Mas não é só a visão do Presidente Chávez. A visão de muitos brasileiros importantes, inclusive, é de que realmente essa batalha e tantas outras havidas pela independência do Brasil não aconteceram. Muita gente importante com quem a gente conversa não só não dá o valor que tem um ato desses, como também até duvida que a história tenha sido exatamente essa, até porque, como disse o Senador Wellington Dias, eram pessoas do povo, pessoas anônimas que tiveram a coragem de arrastar um exército, como foi frisado aqui, comandado por um herói de guerra, um homem experiente.

            Até falei isso para o Governador, antes, quando estávamos sentados lado a lado. No meu Estado, existem muitos piauienses, como existem muitos maranhenses. Permanentemente, quando eles têm algum problema de saúde mais grave, querem ir se tratar em Teresina. Aliás, eu, como médico, fico feliz em saber que é um ponto de referência da medicina brasileira.

            Foi o historiador Laurentino que disse que um povo que não conhece a sua história verdadeira, que não busca realmente se inteirar do que efetivamente aconteceu vai ficar só com as informações dos vencedores, ou daqueles que manipularam de alguma forma os acontecimentos. A história oficial, portanto, que é a aceita nas escolas, é uma história incompleta. 

            Fico feliz de fazer aqui este registro. Iniciativas como esta, de incluir essa data como uma data nacional e não como uma data apenas que interesse ao Estado do Piauí, são muito importantes e terão todo o meu apoio. Ao mesmo tempo, quero dizer que o povo piauiense realmente foi fundamental para que não tivéssemos dois brasis: um Brasil independente, através do nosso movimento; e outro Brasil, colônia de Portugal, e, quem sabe, hoje, um outro país.

            Então, é importante que esse registro seja feito, até para que os jovens que ainda estão nos bancos escolares tenham a informação correta da nossa história.

            Era o que tinha a dizer.

            Agradeço muito a oportunidade. (Palmas.)


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 15/03/2011 - Página 6714