Discurso durante a 27ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Comemoração do lançamento da Campanha da Fraternidade Ecumênica de 2011, cujo tema será Fraternidade e a Vida no Planeta.

Autor
Wilson Santiago (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/PB)
Nome completo: José Wilson Santiago
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
RELIGIÃO.:
  • Comemoração do lançamento da Campanha da Fraternidade Ecumênica de 2011, cujo tema será Fraternidade e a Vida no Planeta.
Publicação
Publicação no DSF de 16/03/2011 - Página 6806
Assunto
Outros > RELIGIÃO.
Indexação
  • COMEMORAÇÃO, ABERTURA, SESSÃO LEGISLATIVA, SAUDAÇÃO, AUTORIDADE, HOMENAGEM, LANÇAMENTO, CAMPANHA DA FRATERNIDADE, CONFERENCIA NACIONAL DOS BISPOS DO BRASIL (CNBB), ASSUNTO, ATENÇÃO, SOCIEDADE CIVIL, RESPEITO, PRESERVAÇÃO, MEIO AMBIENTE, NATUREZA, PLANETA TERRA.

                          SENADO FEDERAL SF -

            SECRETARIA-GERAL DA MESA

            SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


            O SR. WILSON SANTIAGO (Bloco/PMDB - PB. Pronuncia o seguinte discurso. Com revisão do orador.) - Srª Presidenta, Senadora Marta Suplicy; Srª primeira signatária do requerimento e da propositura, Senadora Ana Rita, parabenizo-a pela importância da iniciativa e também a todos os demais pares que a acompanharam; nossa Embaixadora, Senadora Serys; Bispo de Roraima, Reverendíssimo Sr. Dom Roque Paloschi; Bispo de São Luiz do Maranhão e representante da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, Reverendíssimo Senhor Dom José; Diretor Executivo da Campanha da Fraternidade, Reverendíssimo Senhor Padre Luiz Carlos Dias; Assessor Político da Conferência Nacional dos Bispos, Reverendíssimo Senhor Padre Ernani Pinheiro; Vereador do Município de Fortaleza dos Vales, no Rio Grande do Sul, Orlando Batu; Presidente da Federação Espírita Brasileira, Nestor João; Diretor Executivo da Escola Salesiana, Sr. Antonio de Pádua; Srs. Senadores, Srªs Senadoras, profissionais da imprensa, público presente.

            Srª Presidente, Srªs Senadoras, Srs. Senadores, primeiramente, eu gostaria de cumprimentar a Senadora Ana Rita e os demais Senadores que firmaram o Requerimento para que o Período do Expediente desta Sessão seja destinado a celebrar o lançamento da Campanha da Fraternidade de 2011.

            Nascida no Nordeste, Srª Presidente - lá em Natal, em 1962 -, e tendo adquirido âmbito nacional já no ano seguinte, a Campanha da Fraternidade logo se firmou como uma das mais importantes ações conduzidas em nosso País.

            Afinal, desde seus primórdios, além de se caracterizar como um enorme movimento de evangelização da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, ela também se revelou um instrumento que permite à sociedade brasileira, independentemente das convicções religiosas de cada cidadão, refletir sobre os grandes temas de seu interesse.

            Ao longo do tempo, Srªs e Srs. Senadores, questões cruciais para a nossa população - como a fome, a violência, o desemprego, o consumo de drogas, a situação desfavorecida das mulheres, dos negros, dos indígenas, dos idosos e das pessoas com deficiência - vêm sendo objeto das Campanhas da Fraternidade.

            Ademais, desde o ano 2000, de cinco em cinco anos esse movimento vem assumindo um caráter ecumênico, com o decisivo engajamento das denominações religiosas reunidas no CONIC, o Conselho Nacional de Igrejas Cristãs.

            De modo, Srª Presidente, Srªs e Srs. Senadores, que a homenagem que aqui prestamos à Campanha da Fraternidade - no caso, mais especificamente, à Campanha da Fraternidade de 2011 - é plena de justiça.

            Ainda mais porque o tema da Campanha - Fraternidade e a vida no Planeta -, bem como o seu lema - A criação geme em dores de parto -, são extremamente atuais, e oportunos.

            Com esse tema e com esse lema, Srª Presidenta - e com todas as ações que programou para 2011 -, a CNBB pode estar certa de que atingirá o objetivo geral estabelecido para a Campanha deste ano. Ou seja: contribuirá, e muito, para a conscientização das comunidades cristãs e das pessoas de boa vontade sobre a gravidade do aquecimento global e das mudanças climáticas, motivando-as a participar dos debates e ações que visam enfrentar o problema e preservar as condições de vida na Terra.

            Vai ficando cada vez mais evidente, Srªs e Srs. Senadores, que a situação do Planeta é delicada. Alertas nesse sentido temos tido muitos, especialmente na última década.

            A Europa sofreu, em 2003, uma onda de calor de dimensão inédita, que provocou a morte de 70 mil pessoas. Nova Orleans, em 2005, foi arrasada pelo furacão Katrina, com a perda de milhares de vidas humanas. Na Rússia, no ano passado, temperaturas elevadíssimas também ocasionaram a morte de milhares de nossos semelhantes.

            Ora, todos sabemos que existe um elo de ligação - uma causa comum - entre essas e muitas outras tragédias que vêm ocorrendo nos mais diversos países: as mudanças climáticas provocadas pela ação do homem; o aquecimento global decorrente de nossas constantes agressões à natureza.

            Não podemos deixar de destacar os recentes acontecimentos ocorridos com o povo irmão do Japão, onde os efeitos provocados pelos terremotos e tsunamis, lamentavelmente podem provocar uma contaminação radioativa em virtude da explosão dos reatores da usina de Fukujima.

            No Brasil, infelizmente, também temos sentido os efeitos de tanta insensatez. Ano após ano, os deslizamentos de terra se sucedem, com resultados cada vez mais trágicos. Enxurradas e enchentes se revezam, irônica e dramaticamente, com angustiantes períodos de estiagem.

            Diz o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais que nos últimos cem anos - um período irrisório em termos geológicos - a temperatura média de nosso País se elevou em 0,75 graus centígrados. Embora pareça desprezível, esse pequeno aumento da temperatura média é suficiente para causar grandes catástrofes.

            Menos mal, Srª Presidente, que de uns tempos para cá o Brasil tem adotado medidas mais efetivas no enfrentamento da questão.

            Há de se destacar, por exemplo, a Lei nº 12.187, de 29 de dezembro de 2009, que instituiu a Política Nacional sobre Mudança do Clima. Entre outras disposições, ela determina em seu artigo 12 que o País adotará como compromisso nacional voluntário, ações de mitigação das emissões de gases do efeito estufa, para reduzir entre 36,1% e 38,9% os níveis projetados até 2020.

            Também merece elogios, Srªs e Srs. Senadores, a posição assumida pelo governo brasileiro na Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, a COP-15, realizada em Copenhague naquele mesmo mês de dezembro de 2009.

            Naquela oportunidade, vale lembrar, não só reafirmamos o compromisso com a meta de redução de poluentes estabelecida na Lei nº 12.187, como colocamos, para nós mesmos, a obrigação de reduzir em 80% o desmatamento da Amazônia e em 40% o do Cerrado, até 2020.

            De qualquer forma, Srª Presidente, todos sabemos que o sucesso de uma missão dessa magnitude não depende exclusivamente do Governo Federal. É preciso que a sociedade como um todo se comprometa entusiasticamente com a causa. É preciso que cada cidadã e cada cidadão trate de fazer a sua parte.

            É nesse esforço conjunto - nessa cruzada que, repito, diz respeito a toda a sociedade - que se insere a iniciativa da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, de trazer para a Campanha da Fraternidade de 2011 um tema e um lema tão atuais, tão urgentes, tão decisivos para a vida em nosso Planeta.

            De minha parte, fico bastante gratificado ao constatar que a Campanha dá grande ênfase às propostas de redução do consumo pessoal. Ao conclamar o brasileiro comum a (abro aspas) “fazer de conta que as sacolas plásticas não existem”, “consumir produtos locais”, “utilizar melhor os eletrodomésticos” e “usar lâmpadas econômicas”, entre muitas outras recomendações, a Campanha da Fraternidade de 2011 investe maciçamente em educação, seguramente a maior prioridade de nosso País.

            Não por coincidência, Srªs e Srs. Senadores, a educação é o tema mais recorrente nos pronunciamentos que fiz até agora nesta Casa. Ela está presente em todos os aspectos, em todas as instâncias de nossas vidas, e estou absolutamente convencido de que qualquer esforço que se faça nessa área - qualquer ação, qualquer investimento - sempre trará os melhores dividendos.

            Nesse sentido, ao conscientizar a população brasileira sobre “a fraternidade e a vida no Planeta”, ao alertar-nos de que “a criação geme em dores de parto”, a Campanha da Fraternidade de 2011 presta um relevante serviço ao País.

            Muito obrigado.


Modelo1 5/17/241:18



Este texto não substitui o publicado no DSF de 16/03/2011 - Página 6806