O SR. VALDIR RAUPP (Bloco/PMDB - RO. Pela Liderança. Sem revisão do orador.) - Srª Presidenta, Senadora Marta Suplicy, Srªs e Srs Senadores, antes de iniciar o meu pronunciamento, eu gostaria de fazer uma breve homenagem ao jornal Folha de S.Paulo, em função de não ter estado presente na sessão de homenagem.

            Registro, portanto, neste momento, os meus parabéns aos 90 anos de aniversário do jornal Folha de S.Paulo. Não pude prestigiar a sessão especial de homenagem ao jornal, realizada pelo Senado nesta segunda-feira, dia 14, por estar cumprindo agenda política no meu Estado, o Estado de Rondônia.

            Quero destacar que a longevidade do jornal é resultado de suas vinculações históricas com a democracia brasileira. Ética e credibilidade marcam o jornalismo da Folha, que engrandece a imprensa de nosso País.

            Os meus parabéns a toda a equipe da Folha, diretores e jornalistas, pelo aniversário, e que a pluralidade jornalística continue sendo a marca desse grande jornal.

            Srª Presidente, Srªs e Srs. Senadores, falo agora das nossas rodovias brasileiras, dos acidentes ocorridos durante o feriado de carnaval.

            Ao final de todo feriado prolongado, as polícias e os demais órgãos de segurança costumam divulgar as estatísticas com as ocorrências registradas naquele período.

            Os dados referentes ao carnaval de 2011 começam a aparecer, e me chamou especialmente a atenção o boletim divulgado pela Polícia Rodoviária Federal com os dados da Operação Carnaval 2011, que cobriu os 66 mil quilômetros de rodovias federais brasileiras.

            É doloroso constatar, Srª Presidente, que, mais uma vez, apesar de todas as campanhas de conscientização que são veiculadas constantemente, apesar de todas as inovações na legislação de trânsito, os feriados prolongados no Brasil continuam sendo uma combinação sinistra de diversão e de morte.

            O carnaval de 2011 caracterizou-se por um altíssimo número de acidentes e de mortes nas estradas. Os 9.100 policiais rodoviários federais destacados para os quase 200 mil procedimentos de fiscalização que se realizaram entre 4 e 9 de março deste ano não foram suficientes para evitar que o carnaval de 2011 figurasse como um dos mais violentos da história, segundo o relatório da Polícia Rodoviária Federal.

            Em todo o Brasil, registrou-se um total de 4.165 acidentes, uma variação positiva de quase 30% em ralão ao carnaval de 2010, no qual se registram 3.233 acidentes.

            A variação no número de mortos é simplesmente apavorante: em 2011, 213 pessoas perderam a vida, um aumento impressionante de 48% em relação ao número de mortos em 2010, ano em que se registraram 143 vítimas fatais. Esse aumento proporcionou uma mudança significativa na estatística do número de mortos por acidente: se em 2010 havia um morto para cada 22 acidentes, em 2011 essa taxa foi de um morto para cada 19 acidentes.

            A quantidade de feridos também subiu, como não poderia deixar de ser. Em 2011 foram 2.441, um aumento de 27,4% em relação a 2010.

            O segundo dia da operação, dia 5 de março, foi um dos mais sangrentos da história recente. Foram 58 mortos, com destaque para a tragédia em Santa Catarina, onde 26 pessoas foram mortas em decorrência do choque de um ônibus de excursão e uma carreta.

            Mas, Srª Presidente, Srªs e Srs. Senadores, não podemos nos conformar com quadro tão dantesco. Não é possível que os sucessivos aumentos do número de mortos e de feridos nas estradas brasileiras se devam a uma fatalidade incontornável.

            No Estado de Rondônia, meu Estado, por exemplo, o número de acidentes com vítimas fatais tem aumentado de forma expressiva. Nos últimos meses, o número de mortes nas rodovias chegou a 37 apenas este ano, Srª Presidente. Trinta e sete mortes na rodovia federal em Rondônia!

            Na última sexta-feira, dia 11, o ex-Deputado Federal Eduardo Valverde, Presidente do PT do Estado de Rondônia, uma grande liderança, tendo sido coordenador da nossa bancada federal por quatro anos aqui no Congresso Nacional, e o jornalista Ely Bezerra, Secretário Municipal de Porto Velho, nossa capital, faleceram em um grave acidente...

(Interrupção do som.)

            A SRª PRESIDENTE (Marta Suplicy. Bloco/PT - SP) - Senador, um momento.

            Vamos prorrogar a sessão até às 20h15. Temos inscrito o Senador Paulo Davim, que vai falar em seguida, e, depois, o Senador Ricardo Ferraço.

            Chamo o Senador João Pedro para presidir a sessão.

            O SR. VALDIR RAUPP (Bloco/PMDB - RO) - Peço apenas mais dois minutos para concluir.

            A SRª PRESIDENTE (Marta Suplicy. Bloco/PT - SP) - Pois não.

            O SR. VALDIR RAUPP (Bloco/PMDB - RO) - Obrigado.

            Essas duas lideranças do meu Estado, o ex-Deputado Eduardo Valverde e Ely Bezerra, faleceram em um grave acidente na BR-364, nas proximidades de Ji-Paraná. As condições de trafegabilidade contribuíram para essa tragédia que abalou a todos nós rondonienses.

            Eu quero aqui, mais uma vez, externar publicamente os nossos sentimentos, as nossas condolências às famílias enlutadas, à Marinez, esposa do Ely, à Mara, esposa do Valverde, a seus filhos, a seus familiares, a seus amigos. Estive no velório e no enterro. Foi realmente uma comoção na capital do meu Estado e em todo o Estado de Rondônia.

            A cada ano, são mais campanhas, são mais profissionais destacados para as operações de fiscalização, e o número de fatalidades não arrefece. É claro que o fator humano conta e muito para o estado atual deste quadro. Nos seis dias da operação, a Polícia Rodoviária Federal computou 1.049 testes positivos para alcoolemia e efetuou a prisão de 479 pessoas embriagadas.

            Essas medidas certamente evitaram diversos acidentes e mortes. Contudo, é preciso também responsabilizar o estado deplorável, com todo respeito ao nosso querido Ministro Alfredo Nascimento, ao nosso Diretor-Presidente do DNIT, Dr. Pagot, e a toda diretoria, das estradas brasileiras por pelo menos uma parcela dessas mortes. Eu sei que, nos últimos anos, melhoraram bastante, mas é preciso melhorar muito mais. Não estou falando apenas dos buracos, da falta de acostamento, dos riscos de deslizamentos de encostas. Estou falando, Sr. Presidente, principalmente, da precariedade de nosso parque viário, dos milhares de quilômetros de estradas federais que ainda não são duplicadas, sem mencionar as estradas estaduais.

            É nesse sentido, Sr. Presidente, que faço um apelo à Presidente da República, nossa companheira. Temos lá o nosso Vice-Presidente Michel Temer. O PMDB já foi parceiro nos oito anos do Presidente Lula.

            Eu pediria mais um minuto para concluir, Sr. Presidente.

            Estamos sendo parceiros também, verdadeiros,...

(Interrupção do som.)

            O SR. VALDIR RAUPP (Bloco/PMDB - RO) - ...neste novo Governo que se inicia, da Presidente da República Dilma Rousseff. Apelo para que Sua Excelência dê uma atenção especial a esta questão: duplicar...

            Eu lanço aqui um desafio e vou falar sobre isto na primeira oportunidade que tiver para conversar pessoalmente com a Presidente. Eu vou propor um desafio para que a nossa Presidente lance um programa amplo de duplicação de todas as estradas federais brasileiras. É um imperativo, uma necessidade, uma obrigação do nosso Poder Público.

            O Brasil é a sétima economia do mundo. Não podemos mais permitir que nossas rodovias continuem matando nossos irmãos. Precisamos fazer o possível e o impossível para interromper essa escalada de violência e morte, que ensanguenta as estradas brasileiras.

            Era este o apelo, Sr. Presidente, que eu queria fazer aqui nesta tarde.

            Muito obrigado.

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