O SR. JOÃO PEDRO (Bloco/PT - AM. Para uma comunicação inadiável. Sem revisão do orador.) - Srª Presidenta, Srªs Senadoras, Srs. Senadores, nesta sessão, nestes minutos da comunicação inadiável, quero refletir e, ao mesmo tempo, externar minha opinião, como Senador da República, acerca da visita do Presidente Barack Obama ao nosso País no próximo sábado.

            Evidentemente, Srª Presidente, a vinda de um presidente norte-americano ao Brasil guarda expectativas e tem um grande simbolismo nessa relação norte-sul, nessa relação social, política e econômica dos Estados Unidos com a América Latina.

            Quero lembrar aqui o processo que elegeu Barack Obama nos Estados Unidos. Ele foi um candidato do Partido Democrata, depois de oito anos de um Governo republicano dirigido pelo Sr. Bush, um presidente marcado pela intervenção militar, marcado pelo autoritarismo. Isso fez com que com que os democratas do mundo todo apoiassem a candidatura de Barack Obama, advogado, Senador, negro.

            Quero lembrar aqui este corte na postura da candidatura de Barack Obama: o fato de não receber recursos, para sua campanha, de empresas, de pessoas jurídicas. Barack Obama fez uma campanha diferenciada e mexeu, principalmente, com uma população que vive nos Estados Unidos, a população latino-americana, o que fez com que esse Presidente carregasse uma expectativa. E, nessa viagem ao Brasil, quero encontrar-me com essa expectativa. E já se vão dois anos de mandato de Barack Obama e de promessas de um presidente norte-americano que ganha relevância por conta da hegemonia militar, da política externa americana de tentar controlar o mundo de forma militar, com a presença militar, com seus porta-aviões, com seu exército, com sua marinha. Bandeiras foram esquecidas.

            Espero, Srª Presidenta, Srªs e Srs. Senadores, que essa chegada de Barack Obama ao Brasil e que esse encontro com uma mulher Presidenta do Brasil, que acabou de sair das urnas e que lidera um projeto importante para a América do Sul e para nós, brasileiros, sirvam, fundamentalmente, para lembrar as promessas de Barack Obama na eleição de 2008, principalmente a da mudança na relação dos Estados Unidos com a América Latina. Foi bandeira de campanha de Barack Obama uma relação mais humana e mais respeitosa com os latino-americanos. É preciso retomar essa pauta. Que os Estados Unidos venham aqui, mas que esse encontro seja marcado também pelo respeito soberano dos países!

            O Brasil tem um projeto. O Brasil de hoje, Senador Aloysio, é reconhecido internacionalmente, por conta das proposituras não somente da liderança do Governo, mas também de setores importantes que compõem a sociedade civil. Srª Presidenta, o Brasil, hoje, é reconhecido internacionalmente pelas suas políticas em direitos humanos, pela economia externa, pelo respeito à soberania, pela busca de construir uma relação com os países da America Latina.

            Aqui, destaco, nestes minutos que faltam, que é inconcebível, nessa vinda de Barack Obama ao Brasil, não considerar que é a vinda do Presidente dos Estados Unidos à América Latina. Que ele mude a postura dos Estados Unidos com a América Latina!

            Lembro-me aqui de um país da América Latina: Cuba. É inconcebível que essa política trazida da Guerra Fria continue a penalizar o povo cubano com uma legislação internacional econômica e comercial e com uma postura política retrógrada por parte dos Estados Unidos de continuar com esse bloqueio. O bloqueio contra Cuba fere os direitos humanos, tira a comida do povo cubano, continua a amedrontar todos os países que querem construir, com suas próprias pernas, seu destino, sua autonomia, sua soberania. Ou seja, se há uma lição para Cuba, pode haver uma lição para outros países. É preciso mudar essa postura.

            Pedimos ainda o fim das guerras que Barack Obama, que os Estados Unidos mantêm, por exemplo, no Afeganistão e no Iraque. Srªs e Srs. Senadores, há mais de um milhão de afegãos exilados, vivendo fora do seu País por conta dessa guerra estúpida! Agora mesmo, nesse conflito do povo líbio - espero que o povo árabe encontre o melhor caminho e que este se dê pela democracia -, os Estados Unidos e outros aliados já sinalizam uma intervenção militar. É inconcebível tratar as questões sociais políticas com esse olhar, com essa postura militarizada.

            Então, que o calor brasileiro, que o calor do povo carioca da Cinelândia desperte Barack Obama, para lembrá-lo de suas promessas de campanha.

            Quanto à relação com o Brasil, lamentavelmente, a precursora de Barack Obama, até agora, não quis acertar uma agenda acerca dos interesses do Brasil. Isso é lamentável, Sr. Presidente! Precisamos de uma agenda que reafirme a soberania e a liderança do Brasil.

            Que possa haver um recomeço na relação norte/sul dos Estados Unidos com os países, com os irmãos, com o povo da América Latina. Afinal de contas, todos nós somos americanos! Afinal de contas, o Brasil ganhou uma liderança por conta de respeitar, fundamentalmente, a soberania dos povos!

            Muito obrigado, Sr. Presidente.

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