A SRª MARTA SUPLICY (Bloco/PT - SP. Pronuncia o seguinte discurso.) - Boa tarde, Senador Mozarildo Cavalcanti, caros colegas Senadores e Senadoras, quero tratar da visita que o Presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, fará ao Brasil. O mandatário da economia, da nação mais forte do mundo, que representa, assim como o ex-presidente Lula e a Presidenta Dilma, a chegada simbólica das minorias ao poder, vem ao nosso País para que reafirmemos nossos compromissos diplomáticos e também para conhecer um pouco parte da nossa realidade.

            Mas, ao que tudo indica, essa visita parece incomodar parte da imprensa brasileira, entidades representativas e também algumas lideranças políticas, inclusive do PT.

            O Brasil tem dado mostras, e nisso Lula foi mestre, da nossa soberania. A chegada de Barack Obama ao nosso País, pela representação desse líder para milhões de pessoas negras no mundo e pelo seu discurso diferenciado por um novo caminho para a América do Norte, torna essa visita muito especial para milhões de brasileiros. Inclusive porque inverte a praxe de que seria a Presidenta Dilma que deveria visitar primeiro o presidente americano. Só esse gesto já mostra um novo momento e simboliza uma nova fase, da qual os povos do mundo e o povo brasileiro muito esperam do governo norte-americano.

            A Presidenta Dilma foi transparente na entrevista de hoje do jornal Valor Econômico, dizendo que o Brasil pretende manter parcerias estratégicas com vários países, inclusive com os Estados Unidos. A Presidenta quer realizar estudos conjuntos em tecnologias de satélites para evitar tragédias climáticas e apostar na formação de profissionais no exterior, já que, segundo palavras dela, “todos os países que deram um salto apostaram na formação de profissionais no exterior e, por esse motivo, o Governo brasileiro quer fazer um intercâmbio de conhecimento”.

            A Presidenta disse textualmente na entrevista de hoje.

Acho que tanto para nós quanto para os Estados Unidos o grande sumo disso tudo, o que fica, é a progressiva consciência de que o Brasil é um país que assumiu o seu papel internacional e que pode, pelos seus vínculos históricos com os Estados Unidos e por estarmos na mesma região, ser um parceiro importantíssimo.

            Está dado o recado! Então eu faço aqui um chamamento para que deixemos nossas divergências maiores com essa nação e tenhamos a grandeza de apoiar a Presidenta neste momento, garantindo a ela tranquilidade para receber o Presidente Barack Obama.

            Agora, mudando de assunto, na manhã de ontem, quarta-feira, foi realizada, no Palácio do Planalto, uma audiência do Governador de São Paulo Geraldo Alckmin, com a Presidenta Dilma Rousseff.

            O encontro fortaleceu o Pacto Federativo ao dispensar tratamento igualitário ao Estado de São Paulo, como já vinha fazendo o Presidente Lula, e ao debater com responsabilidade as suas demandas prioritárias, visando estabelecer parceria entre a União e o Governo estadual, especialmente nas questões de infraestrutura e logística.

            O Trem de Alta Velocidade foi um dos temas da reunião. O projeto prevê a ligação entre as cidades de Campinas, São Paulo e Rio de Janeiro, usando uma tecnologia experimentada e testada em diversos países e que oferece benefícios reais, disputando com os modais de transporte rodoviário e aéreo em distâncias médias, onde os custos de operação e as tarifas são competitivos.

            Reitero aqui o meu apoio à iniciativa do Governo Federal de promover o TAV, o Trem de Alta Velocidade, comumente conhecido como trem-bala, por entender que são inúmeros os benefícios do projeto, desde a solução do problema de transporte de passageiros entre grandes cidades, passando pela melhoria na qualidade de vida e mobilidade das regiões beneficiadas; pelo desenvolvimento da indústria de componentes ferroviários e pela transferência de tecnologia e o aumento da concorrência entre os modais de transporte. Todos esses fatores somados geram, por fim, maior benefício ao consumidor e induzem o desenvolvimento econômico local ao longo da linha.

            Por isso, creio que o apoio do Governador de São Paulo ao Trem de Alta Velocidade contradiz muitas críticas. Na entrevista coletiva à imprensa, após a agenda com a Presidenta Dilma, o Governador Geraldo Alckmin declarou:

Eu sou favorável. Precisamos integrar os modais. O TAV integra o Aeroporto de Viracopos, Guarulhos e São José dos Campos, cidades importantes do Rio de Janeiro até o Galeão. A integração de modais é importante. O Governo de São Paulo será parceiro, vai colaborar, cooperar, agilizar o que puder.

            Da parte do Governo Federal, São Paulo continuará recebendo o apoio, por exemplo, para a conclusão do Rodoanel Metropolitano, particularmente o Trecho Norte, que contará com cerca de R$1,5 bilhão em recursos da União, o que corresponde a um terço do valor total da obra. O Rodoanel é uma obra rodoviária extremamente importante para São Paulo, porque vai fazer a interligação das 10 principais rodovias estaduais e federais que chegam à capital, retirando da região metropolitana a maior parte dos veículos pesados e aliviando os congestionamentos que são terríveis na cidade de São Paulo.

            Outros dois assuntos importantes abordados na reunião, e que estão fortemente relacionados, foram a realização da Copa do Mundo 2014 e os investimentos no setor aeroportuário do Estado.

            Quero lembrar que São Paulo contará com recursos da Infraero para obras nos aeroportos de Guarulhos e Viracopos no montante de aproximadamente R$2 bilhões. Além disso, projetos importantes para a realização do evento esportivo serão apoiados.

            Portanto, ressaltamos o respeito ao princípio federativo, que tem caracterizado a relação da Presidenta Dilma com todos os governadores e a percepção do Governador Alckmin da importância do Trem Bala (TAV) para o Estado de São Paulo.

            Muito obrigada, Sr. Presidente.

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