Discurso durante a 33ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Homenagem pelo transcurso, hoje, do Dia Mundial da Água, mencionando a importância da preservação, conservação e recuperação desse recurso natural decisivo à sobrevivência humana.

Autor
Ricardo Ferraço (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/ES)
Nome completo: Ricardo de Rezende Ferraço
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM. POLITICA DO MEIO AMBIENTE.:
  • Homenagem pelo transcurso, hoje, do Dia Mundial da Água, mencionando a importância da preservação, conservação e recuperação desse recurso natural decisivo à sobrevivência humana.
Publicação
Publicação no DSF de 23/03/2011 - Página 7687
Assunto
Outros > HOMENAGEM. POLITICA DO MEIO AMBIENTE.
Indexação
  • HOMENAGEM, DIA INTERNACIONAL, AGUA, IMPORTANCIA, PRESERVAÇÃO, RECURSOS NATURAIS, COMBATE, POLUIÇÃO, RIO, LAGO, MAR, NECESSIDADE, RESPONSABILIDADE, GESTÃO, RECURSOS HIDRICOS.
  • REGISTRO, ARTIGO DE IMPRENSA, JORNAL, O ESTADO DE S.PAULO, ESTADO DE SÃO PAULO (SP), ESTUDO, AGENCIA NACIONAL DE AGUAS (ANA), AVALIAÇÃO, DEMANDA, AGUA, MUNICIPIOS, BRASIL.

                          SENADO FEDERAL SF -

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            O SR. RICARDO FERRAÇO (Bloco/PMDB - ES. Para uma comunicação inadiável. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, brasileiras e brasileiros que nos acompanham pela TV Senado em 22 de março, Dia Mundial da Água.

            Comemoramos hoje, Sr. Presidente, o Dia Mundial da Água, uma data que serve de alerta e de reflexão. Mas não apenas alerta e reflexão: alerta, reflexão e tomada de decisão em relação à necessidade de intensa preservação, conservação e recuperação de um recurso natural absolutamente decisivo à sobrevivência humana, um recurso fundamental para a vida do nosso Planeta, mas que vem sendo destruído aos poucos pela ação predatória do homem - aliás, o homem, dos seres vivos, é o único que ameaça a própria sobrevivência em razão da ausência de consciência, sobretudo cidadã, na utilização dos recursos naturais no seu dia a dia -, ação predatória pela poluição e contaminação dos rios, lagos, represas e mares, pelo efetivo desperdício e pela falta de adequado gerenciamento dos recursos hídricos em nosso País.

            Pois é neste dia, Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, no Dia Mundial da Água, que trago à tribuna do Senado da República uma reportagem do jornal O Estado de S. Paulo sobre um estudo feito pela Agência Nacional de Águas, avaliando a oferta, fazendo todo um diagnóstico e prospectando cenários de ameaças e oportunidades, meu caro Senador Mozarildo Cavalcanti, a respeito da demanda por água em nossas 5.565 cidades do Brasil.

            Uma das conclusões do chamado Atlas Brasil é que mais da metade dos Municípios brasileiros - 55% - poderá ter problemas com o abastecimento de água já em 2015, ou seja, nos próximos quatro anos. Uma realidade que parecia muito distante dos nossos olhos já é possível prospectar para os próximos quatro anos. A Região Nordeste do nosso País poderá ser a mais atingida, segundo esse Atlas Brasil. A estimativa é a de que, até lá, apenas 18 em cada 100 irmãos nordestinos deverão ser atendidos por um sistema satisfatório de abastecimento de água.

            De acordo com a mesma reportagem, o Brasil precisará investir pelo menos R$800 bilhões para que possamos garantir a oferta - e oferta de água com qualidade - até 2025. Desse total, 70% terão de ser investidos na coleta e tratamento de esgoto. Isso apenas para evitar ou resolver a poluição nas fontes de abastecimento de água.

            É um desafio do qual não podemos fugir, é um desafio sobre o qual nós, Senadores, precisamos debater, na linha de cobrarmos, com mais intensidade, respostas e políticas públicas para uma questão que é decisiva para a qualidade de vida que estaremos negando para as próximas gerações, um princípio ético e até mesmo um princípio cristão.

            Dados do Ministério das Cidades revelam que menos de 44% da população brasileira está ligada a uma rede de esgotos, e menos de 30% do esgoto é tratado. Ou seja, são bilhões e bilhões de litros de esgoto que são jogados todos os dias nos nossos rios, nos nossos lagos e no nosso mar, com impacto ambiental e com impacto social da maior gravidade.

(O Sr. Presidente faz soar a campainha.)

            O SR. RICARDO FERRAÇO (Bloco/PMDB - ES) - Impacto na saúde humana também: a água contaminada é responsável por inúmeras doenças, que matam milhares e milhares de brasileiros todos os anos, sobrecarregando o nosso sistema de saúde.

            Os dados da Organização das Nações Unidas dão conta do elevado indicador de crianças pobres que, anualmente, perdem as suas vidas em função da contaminação das águas e das doenças que contraem em função dessa mesma contaminação, indicando que, para cada R$1,00 investido em prevenção e saneamento básico, nós poderemos economizar outros R$4,00 no sistema hospitalar brasileiro.

            No dia de hoje, mas não apenas no dia de hoje, temos a responsabilidade e a obrigação de refletirmos sobre o uso irracional da água. Segundo o instituto ambiental Trata Brasil, o nível médio de perda de água no nosso País beira os 40%, ou seja, de cada 100 litros de água coletada e tratada, cerca de 40 litros são perdidos por absoluto desperdício no dia a dia. Há cidades em que essas perdas chegam a 70%.

            Cabe a nós, cidadãos, ponderarmos sobre a nossa responsabilidade pessoal. Até que ponto estamos tendo o mínimo de consciência ambiental na hora de utilizarmos a água para as nossas atividades diárias?

            Cabe às indústrias, que respondem pela maior parte do consumo, reforçar o investimento na redução das perdas hídricas.

            Cabe às autoridades mobilizar a sociedade em permanentes campanhas de conscientização e, aos gestores públicos, uma política mais efetiva de saneamento e de gestão dos nossos recursos hídricos.

            E já encerro, Sr. Presidente. A escassez e a poluição da água comprometem, de forma gradativa e decisiva, a justiça social e o desenvolvimento econômico. Em longo prazo, colocam em xeque a continuidade da civilização humana no Planeta. Ambientalistas alardeiam no Brasil e no mundo afora que, até 2025, 1 bilhão e 800 milhões de pessoas não terão água de qualidade para manter a sua vida.

            Pois é esse, Sr. Presidente, Srs. Senadores, o futuro que nós precisamos reescrever, que depende não apenas de políticas isoladas, de um ou de outro governo, mas de uma ação responsável de cada um de nós.

            Muito obrigado.


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 23/03/2011 - Página 7687