Discurso durante a 33ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Denúncia de corrupção que estaria sendo praticada pelos prefeitos das cidades de Salinas e Salvaterra, no Pará, alertando que poderá recorrer ao Conselho Nacional de Justiça para solicitar providências no caso de um pescador que teria ficado paraplégico após agressões de familiares do prefeito de Salvaterra. (como Líder)

Autor
Mário Couto (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/PA)
Nome completo: Mário Couto Filho
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
ADMINISTRAÇÃO MUNICIPAL.:
  • Denúncia de corrupção que estaria sendo praticada pelos prefeitos das cidades de Salinas e Salvaterra, no Pará, alertando que poderá recorrer ao Conselho Nacional de Justiça para solicitar providências no caso de um pescador que teria ficado paraplégico após agressões de familiares do prefeito de Salvaterra. (como Líder)
Publicação
Publicação no DSF de 23/03/2011 - Página 7691
Assunto
Outros > ADMINISTRAÇÃO MUNICIPAL.
Indexação
  • REPUDIO, CORRUPÇÃO, PREFEITO, MUNICIPIO, SALINAS (MG), SALVATERRA (PA), ESTADO DO PARA (PA), ANUNCIO, INICIATIVA, ORADOR, SOLICITAÇÃO, PROVIDENCIA, CONSELHO NACIONAL, JUSTIÇA.

                          SENADO FEDERAL SF -

            SECRETARIA-GERAL DA MESA

            SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


            O SR. MÁRIO COUTO (Bloco/PSDB - PA. Pela Liderança. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srs. Senadores, inicialmente quero, com muito prazer, registrar a presença de dois nobres Vereadores da querida cidade de Xinguara, no Estado do Pará, Vereador Alessandro Arraes e o Pastor Rogério, que estão aqui nas galerias assistindo a esta sessão, nesta tarde.

            Prezados Vereadores, saibam da satisfação minha de ter V. Exªs aqui, nesta tarde, porque, Vereadores, vou tecer considerações sobre um tema que se refere aos prefeitos do interior. Pode ser que a Nação brasileira ou alguns brasileiros e brasileiras perguntem por que este Senador cita um tema de pouca abordagem, um tema pequeno. Não podia mais, Nação brasileira, esperar para falar deste assunto.

            Falo, desta tribuna, com muita convicção. Falo depois de militância de 20 anos percorrendo os interiores do meu Estado, militando na política do Pará. Falo depois de um amplo conhecimento e amizades que tenho com muitos prefeitos. Mas é preciso se alertar, até mesmo porque este Senado estuda uma proposta que todos nós esperamos, Mozarildo, que é a reforma política.

            Neste Brasil, Presidente, há prefeitos sérios, prefeitos dignos, prefeitos que sabem tratar a população com dignidade! Mas há prefeitos corruptos, safados, desonestos e até prefeitos violentos.

            É preciso que a Nação brasileira tome conhecimento de fatos. É preciso que o político Senador da República não tenha receio, absolutamente, de nada, para que aqui, nesta tribuna, faça o papel do parlamentar escolhido pelo seu povo, a quem está representando.

            É preciso, Presidente, que se tome conhecimento dos fatos, mas que se traga a esta tribuna, que se alerte o Ministério Público, que se alerte a Justiça brasileira, que se alerte a Polícia Federal, que se alerte a Procuradoria-Geral da Nação, para que fatos como estes que trago nesta tarde não se repitam neste País.

            Prefeitos que às vezes, Vereadores, V. Exªs que me assistem nesta tarde, compram vereadores para que possam fazer o que quiserem nas suas cidades. Vereadores submissos a prefeitos. Lógico, tem vereadores, na sua maioria, que são dignos e é uma classe que respeito muito. Mas tem uma minoria que fica pegando dinheiro semanal, mensal, dos Prefeitos para virarem vaca de presépio e dizerem sim a tudo que o prefeito quer. E aí o prefeito fica plenamente com toda a autoridade para fazer o que quer no Município e vira um ditadorzinho, quando, neste mundo a preocupação está em terminar a ditadura.

            Temos que mencionar isso nesta tribuna, temos que falar, nesta tribuna, que tem prefeitinhos no interior servindo de ditadores.

            Conheço um caso, e não tenho absolutamente nenhum receio de falar, de citar nomes. Absolutamente nenhum receio. Tem um caso em Salinas, cidade propícia para o turismo, cidade maravilhosa, cidade que tem a única praia do Brasil, oxalá do mundo, em que você, Presidente, pode entrar no seu carro e ser servido próximo à maré. Esta cidade linda e maravilhosa tem um Prefeito que tomou conta da metade dos Vereadores e lá tenta fazer o que quer. Conheço outro Prefeito, o da cidade de Salvaterra, onde nasci, que também pratica o ato de ditadorzinho.

            Sei que o meu tempo é curto. Eu teria tantas coisas para falar dessas duas autoridades, mas quero aqui mostrar o absurdo do absurdo, a estupidez, a ignorância, a violência, tudo coberto pela corrupção daquele Prefeito chamado Juca, Prefeito da minha terra querida. Vendi até minha casa, mudei-me de lá. Eu não quis mais ficar lá naquela cidade maravilhosa, por quem sou apaixonado, em função do que pratica o Prefeito naquela terra. Triste Salvaterra hoje! Aqui está a foto, TV Senado. Aproxime bem esta foto. É preciso que se tome providências.

(Interrupção do som.)

            O SR. MÁRIO COUTO (Bloco/PSDB - PA) - É preciso que se busque providências. Este rapaz, que está paraplégico, sentado nesta cadeira, Senhores e Senhoras que me assistem nesta tarde, este rapaz de mais ou menos 24 anos de idade percebeu que, em véspera de eleição, o Prefeito Juca, da cidade de Salvaterra, na Ilha de Marajó, distribuía materiais. E ele foi lá ver se era verdade a distribuição de materiais para se transformar em votos. Entrou na fila. Ao perceber que muitos tomavam a sua frente, ele foi reclamar ao Prefeito. O que aconteceu, Nação? Foi isso aqui.

(Interrupção do som.)

            O SR. MÁRIO COUTO (Bloco/PSDB - PA) - Ele foi barbaramente espancado, pisoteado pelos parentes do Prefeito, por aqueles que recebem mensalmente, por aqueles para quem o Prefeito fez casa, por aqueles a quem o Prefeito beneficiou, por aqueles que são chamados vaquinhas de presépio, pois o que o Prefeito manda eles fazem. Acabaram com a vida deste rapaz de 24 anos. Pasmem, Senhoras e Senhores! Igual a esse Prefeito há muitos por aí, Prefeitos que tomam o poder para roubar o dinheiro público.

            Esse rapaz, há poucos dias, faleceu por depressão. Falei com a família desse rapaz. Era um rapaz trabalhador, de uma família digna, que trabalhava para manter a sua família. E o que aconteceu com os parentes do Prefeito que fizeram isso a esse rapaz? Nada, Nação! Absolutamente nada!

            O Ministério Público denunciou ao juiz da cidade de Salvaterra, juiz que se criou, que foi criança junto comigo, o Juiz Paulo Ernesto. Ô Paulo Ernesto, meu companheiro e meu amigo, faça uma idéia, Paulo: se essa situação aqui, meu querido juiz, fosse com um irmão seu, fosse com um parente seu, o que V. Exª faria? Tenho certeza de que, com a oficialização do Ministério Público, Sr. Juiz, amigo de infância deste Senador, já teria mandado colocar na cadeia. Mas como é um pobre coitado, como V. Exª está atendendo a algum pedido desse Prefeito sem-vergonha, V. Exª ainda não colocou na cadeia aqueles que torturaram este rapaz.

            Faça-o, Dr. Paulo Ernesto, tome providências, senão, sem ameaças, mas com coragem, sem covardia, eu vou denunciar ao Conselho Nacional de Justiça. Eu vou pessoalmente ao...

(Interrupção do som.)

            O SR. MÁRIO COUTO (Bloco/PSDB - PA) - ...Conselho Nacional de Justiça pedir providências para que V. Exª tome as providências que são necessárias para este caso - vou descer, Presidente - visível a olho nu, sem nenhuma invenção. Ah se fosse filho de um juiz! Ah se fosse filho de um político! O Prefeito estaria mal e seus familiares estariam presos.

            Brasil, um dia tu terás uma justiça capaz de punir aqueles que merecem.

            Obrigado, Presidente.


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 23/03/2011 - Página 7691