Discurso durante a 34ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Defesa do sistema de voto majoritário; e outros assuntos.

Autor
Ivo Cassol (PP - Progressistas/RO)
Nome completo: Ivo Narciso Cassol
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
REFORMA POLITICA. CALAMIDADE PUBLICA. POLITICA DE TRANSPORTES.:
  • Defesa do sistema de voto majoritário; e outros assuntos.
Publicação
Publicação no DSF de 24/03/2011 - Página 8033
Assunto
Outros > REFORMA POLITICA. CALAMIDADE PUBLICA. POLITICA DE TRANSPORTES.
Indexação
  • DEFESA, INCLUSÃO, PROJETO, REFORMA POLITICA, SISTEMA MAJORITARIO, VOTO, REALIZAÇÃO, ELEIÇÃO, SUBSTITUIÇÃO, GOVERNADOR, CASSADO.
  • APREENSÃO, GRAVIDADE, SITUAÇÃO, CALAMIDADE PUBLICA, ESTADO DE RONDONIA (RO), CONSTRUÇÃO, USINA HIDROELETRICA, AUSENCIA, PLANEJAMENTO, AUMENTO, MIGRAÇÃO, FALTA, INFRAESTRUTURA, CRESCIMENTO, VIOLENCIA, REGISTRO, NECESSIDADE, INTERVENÇÃO, FORÇA ESPECIAL, SEGURANÇA.
  • COMENTARIO, PRECARIEDADE, RODOVIA, ESTADO DE RONDONIA (RO), PREJUIZO, ESCOAMENTO, PRODUÇÃO AGRICOLA.

                          SENADO FEDERAL SF -

            SECRETARIA-GERAL DA MESA

            SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


            O SR. IVO CASSOL (Bloco/PP - RO. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Obrigado, Sr. Presidente.

            Quero cumprimentar os nobres colegas Senadores, em nome do grande parceiro, defensor de um dos maiores Estados da Federação brasileira, o Pará, Senador Flexa Ribeiro. É uma alegria, uma satisfação vê-lo aqui, já que hoje pela manhã, S. Exª encontrava-se no Pará, em uma missão naquele Estado, e já se encontra de volta a esta Casa.

            Muitas vezes, vemos alguns organismos da imprensa falando que político não trabalha. Eles só fazem as contas quando estamos nesta Casa. Esquecem de verificar as nossas bases, o nosso trabalho no dia a dia, para atender os anseios da nossa população.

            Mas, ao mesmo tempo, quero aqui, Sr. Presidente, cumprimentar o povo do meu Estado, o povo de Rondônia, e também mandar um abraço ao povo que nos assiste no Estado de Santa Catarina. Eu sou oriundo de Santa Catarina. Nasci em Concórdia e me criei na cidade de Maravilha, capital da criança, na região do nosso Senador Casildo Maldaner.

            Sr. Presidente, participei hoje de uma reunião com o nosso Vice-Presidente da República, Michel Temer, com o Presidente do Senado, com o meu Líder do Partido e Presidente da Comissão da Reforma Política, em que se discutiu o futuro nas composições e as mudanças de que precisa o País, especialmente na área política.

            A exemplo disso, acompanhando o trabalho que o Senador Dornelles, como Presidente daquela Comissão, vem fazendo, também fui parceiro e vou continuar afirmando aqui, em nível nacional: parabéns para os Vereadores, para os Deputados Estaduais e para os Deputados Federais que foram eleitos pelo coeficiente eleitoral. Mas, nessa reforma política, é importante e fundamental, Sr. Presidente, que possamos defender a vontade soberana do povo. Estão colocando como projeto o distritão, o distrito misto, e há propostas de colegas até para criar exatamente um sistema em que o eleitor não conhece e não vai conhecer jamais quem são os candidatos - só a lista e os primeiros. Se isso acontecer, vamos dar continuidade ao fato de que, muitas vezes, um representante do povo com milhares de votos não assume o mandato, enquanto outros com meia dúzia acabam ocupando o mandato.

            Portanto, sou defensor, senhores eleitores, com a simplicidade que tenho pela maneira como fui criado, de que os nossos representantes, tanto na Câmara Municipal, na Assembleia Legislativa como também na Câmara dos Deputados, aqueles que vão ocupar, daqui a quatro anos, aquelas cadeiras - por exemplo, o meu Estado tem oito vagas de Deputados Federais - sejam os mais votados. O restante é suplente, sucessivamente. Não seria diferente na Assembleia Legislativa do meu Estado, em que há 24 vagas. Só os 24 Deputados mais votados no Estado ocupariam aquelas cadeiras. Os demais, sucessivamente também, seriam os suplentes.

            Mas é importante também que este Senado, esta Casa, urgentemente, insira, Flexa Ribeiro, nesse projeto de reforma política, que, se porventura um Senador ou um Governador for cassado no processo eleitoral, seja imediatamente feita uma nova eleição. Hoje, vemos o que tem acontecido em Rondônia. A Senadora que ocupava este espaço no meu lugar não teve votos para ganhar nas urnas, fez a metade dos votos que fiz para Senador, mas tenta ganhar no tapetão. Se tivesse trabalhado de verdade, com certeza, o povo teria retribuído nas urnas e facilitaria tudo. Mas não é a primeira vez que enfrento situações parecidas.

            Sempre fui um cumpridor da lei e vou continuar cumprindo a lei, sempre buscando justiça como cidadão brasileiro. Por isso, quero aqui dizer ao povo do meu Estado e ao povo do Brasil que, nessa reforma política, meu voto é para que os candidatos não precisem mais se preocupar com coligação, não precisem mais se preocupar em aproveitar carona de algumas estrelas, ficando de fora aqueles que fizerem maior quantidade de votos individualmente. Portanto, sou a favor do eleição daqueles que têm mais votos, para que possam nos representar.

            Além disso tudo, quero aqui desta tribuna, da maneira como fiz ontem, Flexa Ribeiro, Presidente Marcelo, falar da situação que o Estado de Rondônia viveu na semana passada, com a baderna e a esculhambação que fizeram na usina de Jirau. Quem é o culpado por esses fatos? Por que aconteceu isso? E agora tem político no meu Estado dizendo que o culpado é Ivo Cassol. Só falta daqui a pouco ele pisar no sabonete, no banheiro, cair e dizer que eu também sou culpado.

            Quando fui Governador, por dois mandatos, fui contra as duas usinas ao mesmo tempo, porque Porto Velho não estava preparada para absorver uma demanda tão gigante, com pessoas vindas dos quatro cantos do Brasil, com problema de trânsito na nossa capital, com problema na área de saúde, falta de leitos nos hospitais, sem contar que, atrás da riqueza, vêm os criminosos e a super lotação com que vivem os presídios do meu Estado. Eu trabalhei. E dizia aos políticos naquela época que nós tínhamos que pensar Rondônia a longo prazo, que as duas obras, as duas usinas, poderiam se prolongar por oito anos, e não as duas ao mesmo tempo. Mas colocaram goela abaixo, e aceitamos o desafio.

            Lá, no meu Estado, todo mundo sabe, Presidente, que eu preveni que isto iria acontecer - e vai acontecer em pouco tempo -: em Porto Velho, mais de 150 mil pessoas desempregadas. São 30 mil dos dois consórcios, porque as obras não são eternas; são passageiras. Infelizmente, o povo do nosso Estado viveu, na semana passada, momentos drásticos, momentos tristes, baderna. Tentam culpar o empreendedor, tentam culpar os funcionários, tentam culpar alguém.

            Esta Casa, por solicitação minha, aprovou, na Comissão de Meio Ambiente, que formemos uma comissão de Senadores, a fim de evitar os erros cometidos no passado ou as falhas que estão acontecendo no presente, para que não se repitam em outros empreendimentos como Belo Monte e tantos outros lugares.

            Parabenizo esses grandes guerreiros que acreditam e acreditaram, como eu, que essas riquezas naturais podem gerar emprego e renda. Cabe a nós preparar Rondônia, Porto Velho, para que, amanhã, não sofram as consequências.

            Na semana passada, Flexa Ribeiro, o comércio de Porto Velho, na quinta e sexta-feira, fechou por medo de que mais de 10 mil pessoas de outros Estados da Federação fossem fazer uma varredura no comércio, uma esculhambação, deixando tudo de ponta-cabeça. Teve de ir ao nosso Estado a Força Nacional, pela primeira vez.

            E quem é o culpado disso? Não vou culpar o empreendedor, não vou culpar os funcionários, mas não vou aceitar que político que não teve coragem de enfrentar os desafios no passado venha dizer que o culpado é o Ivo Cassol, porque já estou prevenindo hoje, Deputado. E agradeço ao Deputado Neodi, que foi à tribuna me defender, assim como aos outros Deputados que me defenderam. Não vou aceitar a incompetência do passado, como a falta de planejamento.

            Todo mundo sabe que o Brasil precisa de energia. Todo mundo sabe que Rondônia vai fornecer a energia de que o Brasil precisa, pois hoje Rondônia está produzindo essa riqueza para o futuro. Vai ser instalada uma linha de transmissão em Porto Velho, passando por Ariquemes, Itapuã-Ariquemes, Jaru-Ouro Preto, Ji-Paraná-Presidente Médici, Rolim de Moura-Cacoal, Pimenta Bueno-Vilhena, por cima de nossas cabeças. E vai acontecer também no Pará, Senador Flexa. Não vai ficar uma Cibalena para o nosso povo, só vão ficar os desempregados.

            Por isso, minha luta no Senado é no sentido de que possamos construir juntos um projeto de lei em que o Governo Federal nos premie, nos contemple com a matéria-prima oriunda do nosso Estado e da região Amazônica, que tem isenção de impostos, para que, assim, as empresas possam se instalar em Rondônia.

            Muitos já estão falando que vão construir um parque industrial em Porto Velho. Eu já fiz, está funcionando, com muitas empresas instaladas, a exemplo da Imma, a exemplo da Cimento Itaú, que está lá presente, do Grupo Votorantim, a exemplo do curtume que temos lá. Mas é pouco, queremos agregar mais. Queremos que o couro - são abatidos oito mil animais ao dia - não saia de Rondônia para gerar emprego. Não tenho nada contra os gaúchos, que me desculpem, mas que não vá o couro para Novo Hamburgo, no Rio Grande do Sul; que me desculpem os paulistas, porque sai o couro de Rondônia e vai para Franca, em São Paulo, para produzir calçado. E o restante do couro sai de Rondônia sabe para onde? Para dar emprego aos bacanas europeus. E para nós, em Rondônia, sobra apenas a crítica dos ambientalistas e daqueles que só querem que produzamos matéria-prima. Nós queremos mais. Essa é a preocupação que tenho para Rondônia. Precisamos agregar valor, mas para isso precisamos da sensibilidade, precisamos da participação da sociedade, precisamos do povo do meu Estado, porque, depois da usina pronta, esqueçam. Não haverá mais nenhum projeto de incentivos.

           Há exemplos disso. Vão produzir energia para o Brasil, mas, se quiserem colocar uma indústria em Rondônia, aproveitar a energia produzida lá, é perigoso. É perigoso não. Nós vamos pagar mais caro do que a energia que é oferecida em São Paulo, outro caso grave que enfrentamos em Rondônia.

            Parabéns à Assembleia Legislativa, em nome do meu ex-Líder, o Deputado Tiziu, do Neodi e de outros Deputados que, quando fizeram a CPI, verificaram. E eu dizia isso também lá a esse Deputado que me criticou, que no momento em que fizeram as compensações, colocaram 32 milhões, em cada consórcio, para a saúde. E colocaram, Sr. Presidente, 60 milhões para cuidar de anta e de macaco. O povo do meu Estado, o povo da região Amazônica, vale menos do que os animais? Não tenho nada contra os animais que queiram preservar, mas não é justo, quando falta leito de hospital, quando falta estrutura hospitalar, tirarmos 60 milhões de cada consórcio para fazer preservação ambiental. Preservação ambiental para os europeus, para os americanos. Bush, que esteve aqui, manda dinheiro para isso, porque somos o pulmão do mundo. Mas não. Nós temos que pegar, sacrificar as poucas compensações que temos, e ainda deixar para cuidar de macaco e anta. Eles se cuidam sozinhos. Nós precisamos cuidar da nossa família, nós temos que cuidar do povo, nós temos que cuidar da nossa gente. E, infelizmente, eu vi isso com tristeza.

            Mas está na CPI que está sendo enviada esta semana para esta Casa, para o Senado Federal, em que nossos Deputados pedem, junto com os dois consórcios - os dois consórcios estão a favor - que, em vez de passar para a questão de preservação ambiental, na área de animais, que repasse para o Estado, que repasse para os municípios, para que eles possam cuidar da nossa gente, cuidar do nosso povo.

            Ao mesmo tempo, quando aqui... Estou conclamando. Em breve, estaremos trabalhando juntos, nossa Bancada, independente de cor partidária, mas com um só propósito: não ser só um Estado produtor de energia, mas um Estado que terá o ICMS Verde, em cima, Flexa Ribeiro, da tarifa que foi leiloada. São 86 ou 73 ou cento e pouco. Assim, Belo Monte, no Pará, também será contemplada.

            Alguns dizem: “Não, Senador, mas tem os royalties” - na época eu era Governador, Presidente -, como se os royalties da usina de Santo Antônio e Jirau fossem milhões e milhões. São cinquenta milhões por ano, e 12% de ICMS verde em cima da tarifa que nós vamos produzir e que é a comercializada. É em cima de 86? Dá mais de R$500 milhões.

            E vocês, Prefeitos dos 52 municípios, 25% dessa receita são para ajudar na saúde do seu município, são para ajudar na infraestrutura do seu município. É disso que precisamos. Caso contrário, Senador Flexa, hoje seremos geradores de emprego, incluídos nos índices nacionais; amanhã, em nossa capital, Porto Velho, vai acontecer exatamente o que aconteceu na semana passada: sem condições financeiras para bancar os problemas do futuro.

            Vemos o Linhão passando por cima de nossas cabeças. O que vai ficar em nossos Estados, Rondônia e Pará? Para nós que vamos produzir a energia necessária, simplesmente uma banana, ou bananal, ou fumo. É com isso que não posso concordar. Foi dessa maneira que trabalhei como Governador e hoje trabalho como Senador, a fim de mudar esse quadro.

            Agradeço à Presidente Dilma, mulher de rocha, de fibra, determinada, arrojada, que quer o melhor para este País. Todo mundo sabe que nunca fui, em meu Estado, aliado do Partido dos Trabalhadores, mas sempre digo que em todos os partidos há pessoas sérias e dignas, e a Presidente Dilma teve o meu apoio porque ela tem tudo isso. Fico feliz porque ela está conduzindo o País no rumo do desenvolvimento, no rumo do progresso.

            É diferente, Sr. Presidente e Srs. Senadores, do que está acontecendo no meu Estado. Quando aconteceu o problema na usina, na semana passada, até sair a ordem do Palácio do Governo do Estado para poder socorrer a empresa Jirau, já era tarde. Mexeram-se dois ou três dias depois, quando já havia acontecido o pior.

            Mas não é só isso. Tenho uma grande preocupação. Hoje, recebi aqui em Brasília um grande parceiro, grande amigo, companheiro nosso do dia a dia, ele que é Vereador da cidade de Alto Alegre. No caminho para Alto Alegre existe um paraíso, que é o porto de Rolim de Moura, que é distrito de Flor da Serra. Oito anos do meu Governo, Flexa Ribeiro. Antes disso, antes do Ivo Cassol, era o abandono. Nem trator, nem tatu acorrentado passava. Oito anos foram de desenvolvimento e progresso. Hoje, a estrada é atoleiro puro e eles não conseguem passar.

            Eu recebi no meu gabinete o Vereador Nerizão. Não foi diferente também, no voo em que vim, na segunda-feira, com o Sr. João Rocha de Almeida, um morador - falei de um extremo de Rondônia, vou falar de outro - lá de Nova Mamoré. Vocês aí da pérola do Mamoré. A linha D. João Rocha de Almeida, morador da linha 12, que passa na linha D. Tiramos todas as pontes de madeira e construímos pontes de concreto e galerias. Hoje, a estrada está intransitável e não conseguem andar. E a estrada de Cujubim para Machadinho? Não é diferente. E a estrada de Ariquemes indo para Machadinho por dentro? Também, problema para tudo quanto é lado. Mas não é só isso não. E a estrada de Chupinguaia, maior celeiro agrícola do Estado de Rondônia, produtor de soja e arroz. Um grande empreendedor lá dentro, o Nadir, da Fitpar, o Alceu... Nós abrimos a estrada do progresso, a antiga Estrada do Boi, e lá virou, na verdade, um celeiro agrícola. E lá está o povo abandonado, sem poder tirar os cereais. Quando chegam os equipamentos, quando chega o DER, infelizmente, boa parte do pessoal que está trabalhando, ou não conhece os equipamentos... Nós tínhamos um time bom, forte, com pessoas sérias e competentes. Não souberam aproveitar isso simplesmente por politicagem. O Governo muda, mas a estrutura, não muda, continua.

            E hoje estamos perdendo, Sr. Presidente, milhares de sacas de arroz, de soja e de tantos outros produtos. Eu sempre disse e vou continuar dizendo: se se quer o desenvolvimento do Município, se se quer o progresso do Estado, se se quer o crescimento do Brasil, do País, é preciso dar condições de infraestrutura, especialmente nas rodovias.

            Alguém diz: mas rodovia é fundamental? É fundamental, sim, porque sem estrada não se faz saúde; sem estrada não se faz educação, porque não se consegue tirar os alunos da zona rural para estudar na cidade. E nós distribuímos no ano passado... Eu comecei, comprei, na época, depois o Cahula não pôde distribuir, mas distribuiu no final do ano 200 ônibus para as prefeituras do Estado de Rondônia.

            É com as estradas, com as rodovias que se faz a segurança pública. É pelas rodovias que se leva o desenvolvimento para a zona rural e que se traz o progresso para a cidade. As nossas cidades no Estado de Rondônia só são fortes, porque nós temos uma agricultura forte, nós temos uma pecuária forte, nós temos um povo que trabalha.

            O modelo do Estado de Rondônia é diferente dos demais modelos de colonização da Região Amazônica, porque foi um berço da ditadura, que implantou lá a reforma agrária. São mais de 120 mil pequenos proprietários rurais.

            Nós doávamos, o Estado fazia cinco horas de graça, para cada agricultor fazer seu tanque de água para o gado, seu terreirão de café, sua estrada, estimulando-o a produzir.

            É essa a diferença que aconteceu com a arrecadação do Estado de Rondônia. O ICMS, a arrecadação no Estado, cresceu, no mês de Janeiro, Senador Flexa Ribeiro, mais de 45%; no mês de fevereiro, 29%. A receita do mês de janeiro de 2010, cidadãos, nosso povo de Rondônia, foi exatamente de R$265 milhões. Duzentos e sessenta e cinco milhões em 2010! Em janeiro de 2011, foi de R$386 milhões a arrecadação, R$121 milhões a mais. No mês de fevereiro, arrecadaram-se R$121 milhões a mais.

            E há alguns que dizem que não há dinheiro para pagar aos fornecedores, que não há dinheiro para pagar aos prestadores de serviço. Mas, ao mesmo tempo, Senador Flexa Ribeiro, sabe o que estão fazendo no Estado? Estão colocando pânico nos fornecedores, nos prestadores de serviço; estão colocando pânico naqueles que, o tempo inteiro, vendiam e prestavam serviço para o Estado de Rondônia, para depois venderem facilidade ou fazerem como alguns picaretas de mala, como já disse na semana passada, que estão indo lá, querendo comprar essas empresas pela metade do preço. São os mesmos que botei para correr, há pouco tempo, quando denunciei a situação, em cadeia nacional, pelo Fantástico e pelas outras emissoras. E vejo isso com tristeza, Sr. Governador.

            Já falei, Governador, que quero ajudá-lo. Mas quero deixar bem claro aqui que, numa administração municipal, numa administração estadual, não há secretário ruim, não há assessor ruim; há governante fraco, há governante ruim. Flexa Ribeiro, conheci seu Estado. Olhe, ele ficou, por quatro anos, abandonado. O Sr. Governador Jatene tem uma missão grande, para poder recuperar... Mas torço por ele - leve meu abraço a ele -, para que aquele povo do Pará possa continuar acreditando que é possível. E, da mesma maneira, quando estou falando do meu Estado, estou aqui para defender aquilo que fizemos, para pelo menos manter aquilo que conquistamos, para pelo menos dar continuidade àquilo que o povo desfrutou.

            A exemplo disso, há oito anos, Senador Flexa Ribeiro e Presidente, o meu Estado não tinha uma carriola para tapar um buraco, não tinha uma retroescavadeira para fazer um bueiro. E quantas máquinas novas foram entregues! Quantos equipamentos o Estado tem! Hoje o Estado pode arrumar, Sr. Secretário, Diretor do DER, qualquer estrada do Estado de Rondônia. Mas infelizmente ouvi, há poucos dias, que economizaram um milhão e meio, mas que as máquinas estavam paradas, e os buracos que eram pequenos acabaram ficando grandes. Aí até houve alguém que disse o seguinte: “Não, Senador, fique tranqüilo, que os buracos agora diminuíram em 70%”. Eu falei: “Mas por que diminuíram 70%, se não vi tapar nenhum?” Falou: “Não, onde havia três, esses viraram um só, por isso os buracos diminuíram em 70%; os buracos ficaram maiores”. E conheço a equipe do atual Governo que está comandando o Estado de Rondônia. Eu conheço, de cor e salteado, toda a administração; não vou admitir, quando dizem que não há dinheiro para dar continuidade às ações de Governo. Pepino e conta foi quando vocês administraram o Estado, e nem sequer pagavam a folha de pagamento. Não vou admitir, quando disserem que precatório é resto a pagar. Os precatórios do meu Estado foram gestão do Governo de vocês; as minhas contas, quando estive à frente do Governo, paguei em dia; quando o Cahula esteve à frente do Governo, pagamos as contas em dia. E pagamos milhões de reais, mais de um bilhão de contas dos Governos passados de vocês. E agora você vem dizer que as contas de precatório nós deixamos para trás! Não. As contas de precatório são contas de Governos passados, que não pagaram as contas. E o credor, para poder receber, só tinha um caminho: entrar na Justiça. E a Justiça vem dizer que virou precatório e que, numa nova lei, vai-se botar na ordem cronológica, para que se pague metade no leilão, e a outra metade, dentro da programação que está aí.

            Portanto, Sr. Presidente, Srs. Senadores, quero dizer que é uma alegria estar aqui, nesta Casa, hoje, representando meu Estado, mas que não vou concordar, quando agricultores começarem a perder o estímulo de plantar. Para cada bezerro no pasto dar lucro, demora três anos; são três anos para se ter o retorno, enquanto o agricultor que mexe com soja, arroz, feijão, Flexa Ribeiro e Sr. Presidente, tem retorno todo ano. Esse ciclo não podemos perder, porque isso vai fazer falta.

            Estou preocupado, hoje, com a Usina de Jirau parada, com a Usina de Santo Antonio, que ficou paralisada esses dias. O dinheiro deixa de circular. O pessimismo que venderam dentro do Estado, por falta de competência e de capacidade, vai dar, daqui a pouquinho, nos cofres públicos do Município e do nosso Estado, porque vai haver menos arrecadação. Toda arrecadação é fruto de comercialização, de dinheiro circulando, de credores recebendo e de todo mundo pagando.

            Por isso, fui eleito Senador do povo do meu Estado; por isso, primeiramente, agradeço a Deus por tudo que proporcionou na minha vida. E o povo do meu Estado sabe a luta que tenho, que tive e que enfrento até hoje. Só hoje, mais três notificações, para tentarem tomar meu mandato. Quero dizer que sou igual à massa de pão: quanto mais batem, mais trabalho. Quero dizer que essas pedras que colocam no meio do meu caminho, pela oração do povo...

            E quero pedir, mais uma vez, às senhoras e aos senhores do meu Estado e do Brasil, que me assistem, a todos que já conhecem um pouco da minha vida que, quando forem à igreja ou mesmo em casa, nas suas orações, continuem colocando meu nome, para que Deus continue iluminando-me, abençoando-me, mas, acima de tudo, primeiramente, dando-me muita saúde, porque, se hoje o Estado de Rondônia tem credibilidade, houve alguém de coragem, determinado, arrojado, para enfrentar as demandas que tinha, para botar os desonestos e corruptos para correrem.

            E todo mundo sabe a luta que nós tivemos, eu e minha família. E agradeço à minha família, à minha esposa, aos meus filhos, aos meus pais, ao meu sogro, enfim, a todo mundo que sempre tem me apoiado, porque sem a família nós não somos ninguém. É o suporte de tudo, para que a gente possa vir nesta Casa, toda semana, defender os interesses do povo brasileiro. Mas não abro mão de que estejam sempre juntos os interesses do povo do Estado de Rondônia.

            Por isso sou grato e vou continuar pedindo que as pessoas continuem orando, que as pessoas continuem acreditando. E o nosso propósito continua o mesmo: fazer do nosso dia a dia o melhor para que a gente possa cada vez mais integrar,..

(O Sr. Presidente faz soar a campainha.)

            O SR. IVO CASSOL (Bloco/PP - RO) - ... de Cabixi a Pimenteiras, - só mais um minuto, Presidente, estou encerrando - de Cabixi a Pimenteiras, de Pimenteiras a Machadinho, de Machadinho a Buritis, de Nova Mamoré a Guajará-Mirim, ao povo de Extrema.

            E aqui nesta Casa precisamos, Presidente, urgentemente, Srs. Senadores, mudar para município distritos como o de Extrema, cerca de trezentos e sessenta quilômetros longe de Porto Velho. É melhor um município pobre do que um distrito miserável, que vive com um pires na mão, pedindo esmola. Precisamos urgentemente. É o caso de Tarilândia, que tem mais de oito mil eleitores, e é distrito. É o caso da Ponta do Abunã; é o caso de Jaci-Paraná; é o caso de União Bandeirantes; é o caso de Nova Dimensão; é o caso de São Domingos, e tantos outros distritos do meu Estado.

            E já estamos trabalhando para que a gente possa, em breve, ...

(O Sr. Presidente faz soar a campainha.)

            O SR. IVO CASSOL (Bloco/PP - RO) - ...colocar esse projeto nesta Casa, para poder devolver ao povo do Estado de Rondônia, à Assembleia Legislativa, o direito de emancipação política, para que eles possam escolher seus representantes e não viver pedindo, pedindo, pedindo e nunca serem atendidos.

            Agradeço a compreensão do Presidente, dos colegas Senadores. Ao povo do meu Estado, obrigado por tudo que me deram até hoje. Continuaremos juntos, fazendo de Rondônia essa bandeira nacional, tanto na produção de riquezas dentro da energia, quanto no setor produtivo, porque o mundo precisa de alimentos, o Brasil precisa de alimentos, e muitas vezes temos inviabilizada a produção de alimentos. Mas vamos continuar firmes e fortes, porque nós somos um Brasil que acredita naquilo que faz.

(O Sr. Presidente faz soar a campainha.)

            O SR IVO CASSOL (Bloco/PP - RO) - Outros países têm terremotos, como no Japão. Estão lá as usinas nucleares, e olhem o que vai acontecer futuramente!

            Quero parabenizar o povo do Rio de Janeiro. Falei isto hoje na Comissão: é um povo corajoso! Deixar construir usinas nucleares dentro da cidade! Uma simples tempestade, como aconteceu no mês de janeiro, ilhou, isolou, matou centenas ou mais de mil pessoas. As pessoas sequer conseguiam sair de casa, Sr. Presidente! Imagine se der algum problema em Angra I, Angra II ou Angra III!

            Dei como sugestão, Senador Flexa Ribeiro, hoje, na Comissão, que a equipe da Eletronuclear trabalhe para aproveitar esses parques que o Governo Federal tem, essas reservas florestais que o Governo Federal tem e implantar no meio de uma reserva dessa, com a linha de transmissão, as usinas nucleares, porque nunca serão habitados. São 300 quilômetros para um lado, 400 quilômetros para o outro, e aí pode-se produzir energia à vontade. Mas, no Rio de Janeiro, não. É perigoso. “Ah, mas não vai acontecer, porque lá foi construído...” No Japão também fizeram isso. Lá se preparam para o terremoto, mas se esqueceram do tsunami. E aí levou tudo, derrubou tudo. Foi o que acabou acontecendo.

            Então, ficam aqui as minhas palavras. Agradeço a compreensão.

            Obrigado. Que Deus abençoe todo mundo! Até na próxima oportunidade!


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