Fala da Presidência durante a 26ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Comemoração da Batalha do Jenipapo.

Autor
José Sarney (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/AP)
Nome completo: José Sarney
Casa
Senado Federal
Tipo
Fala da Presidência
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Comemoração da Batalha do Jenipapo.
Publicação
Publicação no DSF de 15/03/2011 - Página 6706
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • ABERTURA, SESSÃO, COMEMORAÇÃO, ANIVERSARIO, LUTA, CONSOLIDAÇÃO, INDEPENDENCIA, BRASIL, CONFLITO, MUNICIPIO, CAMPO MAIOR (PI), ESTADO DO PIAUI (PI).

            O SR. PRESIDENTE (José Sarney. Bloco/PMDB - AP) - Sob a proteção de Deus, iniciamos nossos trabalhos.

            Está aberta a sessão.

            O tempo dos oradores da primeira hora da presente sessão será destinado a comemorar a Batalha do Jenipapo, nos termos do Requerimento nº 75, de 2011, do Senador Wellington Dias e outros Senadores.

            Quero convidar para compor a Mesa o primeiro signatário desse requerimento, Senador Wellington Dias.

            Também o Governador do Piauí, que nos honra com a sua presença nesta sessão, Wilson Nunes Martins.

            O Deputado Federal do Piauí, Exmº Sr. Assis Carvalho.

            Quero convidar para participar da Mesa também o escritor Laurentino Gomes, que honra com sua presença esta sessão. Lembro que é um historiador consagrado no Brasil, autor de dois livros que têm feito um excelente sucesso: 1808 e 1822.

            Quero convidar também o Deputado Paes Landim para participar da Mesa dos nossos trabalhos.

(Interrupção do som.)

            O SR. PRESIDENTE (José Sarney. Bloco/PMDB - AP. Fala fora do microfone. Com revisão do Presidente.) - Quero lembrar a Batalha do Jenipapo e dizer que ela tem um significado muito importante, porque, sem dúvida alguma, foi um marco nas guerras da Independência do Brasil.

            Quando o Brasil se fez independente, nem todo o País aderiu imediatamente. O Maranhão, o Piauí, o Ceará mantiveram-se ainda sob o controle das armas portuguesas. Em Oeiras, capital do Piauí, comandava João José da Cunha Fidié -- há um livro com várias edições, e nós temos aqui na nossa biblioteca do Senado Federal a primeira edição. Para responder à adesão da cidade de Parnaíba à Independência, Fidié atravessa os setecentos quilômetros que afastam Oeiras do mar e, com reforço vindo de São Luís, ocupa a cidade. Os que lutavam pela causa brasileira refugiam-se no Ceará.

            Logo depois, em Oeiras, a 24 de janeiro de 1823, Manuel de Sousa Martins, futuro Visconde da Parnaíba, proclama a Independência e assume a presidência da Junta do Governo do Piauí. Fidié resolve voltar, com 1.100 homens. Tinha uma tropa bem armada, inclusive com 11 peças de artilharia, e contava com o reforço dos soldados vindos do Maranhão.

            Campo Maior, a meio caminho, aderira à Independência a 2 de fevereiro de 1823. O capitão Luís Rodrigues Chaves formou sua tropa com 1.500 homens -- piauienses, cearenses, maranhenses. Eram homens simples, armados de instrumentos de trabalho, foices, chuços, facões, uma ou outra espada ou espingarda de caça.

            Às margens do Jenipapo, naquela região belíssima formada de carnaubáis e caatinga de vegetação baixa, os brasileiros se dividiram em dois grupos, um comandado por Chaves e outro por João da Costa Alecrim. A 13 de março de 1823, pela manhã, começaram os combates que se prolongaram até a tarde. O combate era desigual, com a artilharia causando grandes perdas: mais de 500 prisioneiros e cerca de 200 mortos e feridos.

            Em Campo Maior, no Jenipapo, Fidié ganhou a batalha e perdeu a guerra. Explico: perdeu parte dos suprimentos, se enfraqueceu, desistiu da conquista de Oeiras e se refugiou em Caxias, no Maranhão, onde foi cercado e se rendeu a 31 de julho de 1823.

            Assim se fez a conquista do último foco de resistência das tropas portuguesas à Independência. A Bahia caíra a 2 de julho.

            Foi o heroísmo de gente simples que deu o passo fundador à união nacional tão sonhada por José Bonifácio.

            Eu quero aqui relatar uma história familiar. Meu avô Assuero Leopoldino Ferreira, era de Valença, no Piauí. Aqui, o Governador que está ao lado também é descendente de Valério Coelho Rodrigues. No livro feito sobre o ramo da família, lá nos encontramos na sétima geração.

            E meu avô contava que seu tetravô tinha dito que era herói da Batalha de Jenipapo, que tinha lutado contra o Fidié, na grande Batalha do Jenipapo. Ficaram na história de nossa família esses momentos de coragem simples, desse desafio de peito aberto às armas portuguesas, a ansiedade da preparação da batalha.

            O cemitério do Jenipapo celebra hoje os mortos nas sepulturas cobertas das lajes de Campo Maior. E nós celebramos todos os combatentes, que transformaram a história de nosso País.

            Portanto, é com grande satisfação que estou presidindo esta sessão de hoje, em que rememoramos a Batalha do Jenipapo, que foi realmente o ponto final que possibilitou a independência total do nosso País.

            Estando presente aqui na Casa o historiador Laurentino Gomes, que tem no seu livro uma página dedicada à Batalha do Jenipapo, eu peço que ele use da palavra aqui no Senado por uns momentos, dizendo o que foi a Batalha do Jenipapo e sua importância para a história do Brasil. (Palmas)


Este texto não substitui o publicado no DSF de 15/03/2011 - Página 6706