Discurso durante a 35ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Comemoração dos 20 anos do Mercado Comum do Sul - Mercosul.

Autor
Marcelo Crivella (PRB - REPUBLICANOS/RJ)
Nome completo: Marcelo Bezerra Crivella
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
MERCADO COMUM DO SUL (MERCOSUL). HOMENAGEM.:
  • Comemoração dos 20 anos do Mercado Comum do Sul - Mercosul.
Publicação
Publicação no DSF de 25/03/2011 - Página 8098
Assunto
Outros > MERCADO COMUM DO SUL (MERCOSUL). HOMENAGEM.
Indexação
  • COMEMORAÇÃO, HOMENAGEM, ANIVERSARIO DE FUNDAÇÃO, MERCADO COMUM DO SUL (MERCOSUL), ANALISE, HISTORIA, FUNDAÇÃO, ATO INTERNACIONAL, RELAÇÕES DIPLOMATICAS, PAIS ESTRANGEIRO.

                          SENADO FEDERAL SF -

            SECRETARIA-GERAL DA MESA

            SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


            O SR. MARCELO CRIVELLA (Bloco/PRB - RJ. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, senhores telespectadores da TV Senado, senhores ouvintes da Rádio Senado, eu também, Sr. Presidente, vou pedir que dê o meu discurso como lido, porque temos uma reunião agora com a Presidenta Dilma.

            Mas, antes de ir, eu queria deixar aqui uma consideração. Os oradores que me antecederam colocaram de maneira extraordinária esse grande passo que foi o Brasil caminhar para o Mercosul, e do Mercosul se expandir para a comunidade latino-americana de países, que é um preceito constitucional.

            Não existe América Latina, existe o continente americano, com dois polos nitidamente consolidados, Estados Unidos e Brasil, e os países que orbitam ao redor dessas duas nações polos, Senador Mozarildo, de tal maneira que a América Latina realmente não existe. Mas pode existir a América do Sul. E, para isso, o trabalho do Brasil é extraordinário.

            Agora, nós não podemos, com a disparidade que existe entre as nossas nações, tentar uma integração em busca de saldo. Seria muito mesquinho. 

            E eu vou concluir este meu curtíssimo, brevíssimo pronunciamento. Quero saudar também o Embaixador Samuel Pinheiro Guimarães, uma referência do nosso Itamaraty, que, ao lado de Celso Amorim, conduziu a política externa do Governo do Presidente Lula.

            Quero dizer também, já citei isto numa reunião recente na Comissão de Relações Exteriores, que o The Economist considerou o nosso Chanceler Celso Amorim a terceira pessoa mais influente do mundo, à frente de Angela Merkel, à frente de muita gente importante nesse mundo político. E sem sombra de dúvida Samuel, ao lado dele, foi, parodiando o vate andaluz, tardará muito a surgir uma dupla como essa na diplomacia brasileira.

            Mas eu quero concluir, Sr. Presidente, dizendo o seguinte: o que nós precisamos, realmente, não é apenas buscar saldos. Srs. Embaixadores, Srs. membros do Itamaraty, não é em busca de saldos que nós vamos fazer a integração latino-americana. E eu quero citar um artigo que li hoje, do Frei Leonardo Boff, e que é muito interessante. Ele diz o seguinte:

A compaixão tem algo de singular: ela não exige nenhuma reflexão prévia, nem argumento que a fundamente. Ela simplesmente se nos impõe porque somos essencialmente seres compassivos. [Senador Pedro Simon, a solidariedade que V. Exª pregava agora] A compaixão refuta por si mesma noção do biólogo Richard Dawkins do “gene egoísta”.

Ou o pressuposto de Charles Darwin [e de todos que defendem a origem zoológica do homem e que são contra a Bíblia] de que a competição e o triunfo do mais forte regeriam a dinâmica da evolução. Ao contrário, não existem genes solitários [no código genético, os genes são harmônicos e ligados, assim é a essência do ser humano, não existem genes isolados, solitários], mas todos são inter-retroconectados e nós humanos somos enredados em teias incontáveis de relações que nos fazem seres de cooperação e de solidariedade.

Mais e mais cientistas vindos da mecânica quântica, da astrofísica e da bioantropologia sustentam a tese de que a lei suprema do processo cosmogênico é o entrelaçamento de todos com todos e não a competição que exclui. O sutil equilíbrio da Terra, tido como um superorganismo que se autorregula, requer a cooperação de um sem-número de fatores que interagem entre si, com as energias do universo, com a atmosfera, com a biosfera e com o próprio sistema-Terra. Essa cooperação é responsável por seu equilíbrio, agora perturbado pela excessiva pressão que a nossa sociedade consumista esbanjadora faz sobre todos os ecossistemas e que se manifesta pela crise ecológica generalizada.

            Eu cito isso aqui, Sr. Presidente, porque acho que é o princípio que fez nascer o Mercosul e que o fará prosperar mesmo nesse caminho difícil, de armadilhas traiçoeiras, Senador Demóstenes, e de emboscadas de venenos sutis, é a compaixão. Diferente da Alca, diferente do processo de integração que vem do Norte, E isso nos diferencia na gênese da nossa formação e por isso acredito no Mercosul, por isso acredito na solidariedade que existe entre argentinos, uruguaios, paraguaios, brasileiros; entre os países que são associados. Votei a favor da Venezuela exatamente porque acredito que poderemos, sim, dar exemplo ao mundo, não apenas de acordo aduaneiro, não apenas de irmão explorando irmão, não apenas de uma ganância insaciável de um capitalismo desalmado, mas de uma interação humana, como disse Boff, e que estará então eternizando as palavras inesquecíveis e imortais do Nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo, quando disse: “Somos todos irmãos.”

            Muito obrigado.

 

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SEGUE, NA ÍNTEGRA, PRONUNCIAMENTO DO SR. SENADOR MARCELO CRIVELLA.

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            O SR. MARCELO CRIVELLA (Bloco/PRB - RJ. Sem apanhamento taquigráfico.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores,


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 25/03/2011 - Página 8098