O SR. RANDOLFE RODRIGUES (PSOL - AP. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Meu querido Presidente, eu queria, inicialmente, apresentar minha solidariedade e a solidariedade também da Bancada do Partido Socialismo e Liberdade ao Partido dos Trabalhadores pela trágica perda dos companheiros militantes do Partido dos Trabalhadores de Rondônia, neste último final de semana, em especial do companheiro Eduardo Valverde, que foi candidato a Governador daquele Estado. Cheguei a comungar com ele de momentos de militância comum no Partido dos Trabalhadores.

            Então, queria aqui apresentar a solidariedade do Partido Socialismo e Liberdade à Bancada do Partido dos Trabalhadores, ao Senador Eduardo Suplicy, ao Senador Paulo Paim, ao Líder Humberto Costa, e lamentar a triste perda.

            Outro registro, Sr. Presidente, que eu não poderia deixar de fazê-lo antes de V. Exª concluir a sessão não deliberativa desta tarde/noite de segunda-feira, é em relação ao dia de hoje, o Dia Nacional da Poesia.

            Lá do meu Estado vem um dos mais belos poetas amazônidas, que é o poeta Alcy Araújo Cavalcante, que vai ser futuramente objeto de uma publicação nossa, aqui do Senado Federal.

            Eu queria só fazer o registro da data de hoje, do Dia Nacional da Poesia, de uma data que referencia, Senador Suplicy, tantos belos poetas brasileiros - Drummond, Cecília Meirelles, o nosso querido Moacyr Scliar, que perdemos recentemente, e tantos outros. Mas não poderia deixar de fazer esse registro, citando um poema de um poeta amapaense, amazônida, Alcy Araújo, do livro Poemas do Homem do Cais, em que diz:

Estou convosco.

Participo dos vossos anseios coletivos.

Vim unir meu grito de protesto

Ao suor dos que suaram nos campos e nas fábricas.

Aqui estou

para juntar minha boca

às vossas bocas no clamor pelo pão

sancionar com este rumor que vai crescendo

a petição de liberdade.

Estou convosco.

Para unir meu sangue ao sangue

dos que tombaram

na luta contra a fome e a injustiça

foram vilipendiados em sua glória

de mártires

de heróis.

Vim de longe

percorrendo desesperos.

Das docas agitadas de Hamburgo

das plantações de banana da Guatemala

dos seringais quentes do Haiti. 

Vim do cais angustiado de Belém

dos poços de petróleo do Kuwait

das minas de salitre do Chile.

Passei fome nos arrozais da China

nos canaviais de Cuba

entre as vacas sagradas da Índia

ouvindo música de jazz no Harlem.

Afundei nas geladas estepes russas.

Morri ontem no Canal da Mancha

e hoje no de Suez.

Tombei nas margens do Reno

E nas areias do Saara

lutando pela vossa liberdade

pelo vosso direito de dizer

e de amar.

            Por fim, termina este belo poema Alcyr Araújo:

[...]

Meu filho

e o filho do meu filho

saberão que o meu poema não se omitiu

quando vossas vozes fenderem o silêncio

e ecoarem inutilmente nos ouvidos de Deus.

            É um poema que fala muito do dever nosso de Senadores, Senador Suplicy, e é um poema que aqui, fazendo registro do Dia da Poesia, eu dedico ao nosso companheiro comum Eduardo Valverde, de Rondônia. 

            Obrigado.