Discurso durante a 38ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Reverência à memória do ex-Senador Mário Covas no transcurso do décimo aniversário de seu falecimento.

Autor
Wilson Santiago (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/PB)
Nome completo: José Wilson Santiago
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Reverência à memória do ex-Senador Mário Covas no transcurso do décimo aniversário de seu falecimento.
Publicação
Publicação no DSF de 30/03/2011 - Página 8664
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM, DECENIO, ANIVERSARIO DE MORTE, MARIO COVAS, EX GOVERNADOR, ESTADO DE SÃO PAULO (SP), RELEVANCIA, ATUAÇÃO, LUTA, REDEMOCRATIZAÇÃO, BRASIL, ELOGIO, BRAVURA, ETICA, DIGNIDADE.

                          SENADO FEDERAL SF -

            SECRETARIA-GERAL DA MESA

            SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


            O SR. WILSON SANTIAGO (Bloco/PMDB - PB. Sem apanhamento taquigráfico.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, na ocasião em que lembramos os 10 anos do falecimento de Mário Covas, acredito ser importante refletirmos sobre os elementos centrais de sua trajetória política. Nela encontraremos razões de sobra para que a memória de seus atos se torne perene e inspiradora de vocações cívicas.

            Marcou sua caminhada a defesa firme do ideal democrático e da liberdade de expressão. Por essa razão, são memoráveis os períodos de presença de Mário Covas no Parlamento, como Deputado Federal e Senador.

            O jovem Deputado paulista, eleito pelo antigo Partido Social Trabalhista, assistiu de perto ao recrudescimento do regime instaurado sob tutela militar em 1964. Extinto seu partido na instalação forçada do bipartidarismo, cerrou fileiras na oposição, auxiliando na fundação do Movimento Democrático Brasileiro, o MDB.

            Campeão na defesa das prerrogativas do Congresso articulou a negativa de licença para processo contra o Deputado Márcio Moreira Alves, cujo único delito tinha sido expressar de maneira jocosa sua opinião sobre o regime militar, cuja face autoritária desde cedo se revelava.

            Como resultado da liderança que exercia, foi dos primeiros atingidos pelo Ato Institucional nº 5, que buscou calar de vez as vozes descontentes presentes no Parlamento. Os dez anos de mordaça política, entretanto, não alteraram sua disposição pela defesa do que achava correto.

            O comemorado retorno de seus direitos permitiu que ocupasse a presidência do MDB e a retomada da luta pela redemocratização do País, coroada por sua recondução ao Parlamento, primeiro na Câmara dos Deputados e depois no Senado Federal. Destacou-se, sobretudo, na Assembléia Nacional Constituinte, que nos legou a Constituição Cidadã de 1988.

            Sua atuação no poder executivo também é digna de nota, sendo o único prefeito indicado de capitais brasileiras sobre quem não recaiu a pecha de “biônico”. Sua atuação no Senado terminou por conduzi-lo ao governo de seu Estado de São Paulo, já no Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB).

            A Covas nunca lhe faltou coragem e coerência. Ele fazia questão de agir às claras, como as inúmeras vezes em que veio a público prestar contas de sua administração. “A obrigação de quem governa é essa”, dizia, “dar uma satisfação mesmo para não agradar”.

            Na posse de seu segundo mandato de Governador, afirmou: “Não é da índole deste Governo não discutir, não conversar. Mas é da índole deste Governo tomar as atitudes quando alguém comprova que ele está errado e que o certo é outro caminho. Já não me faz muita diferença aquilo que se chama de prestígio eleitoral. Mas me faz diferença cada noite poder deitar, dormir e saber que se procurou fazer da melhor maneira possível.”

            Com a mesma coragem, enfrentava seus adversários, reafirmando seus princípios, como quando asseverou na frustrada campanha presidencial de 1989: “Eu acho que tenho só uma cara, mas se eu tivesse várias, certamente todas elas teriam vergonha.”

            Colocava a ética na política como um comportamento permanente, muito além da simples honestidade. Era necessário colocar a política, dizia, num plano superior a cada um dos políticos, conduzindo-se adequadamente em todo o momento.

            Acreditava, sobretudo, na capacidade do povo brasileiro e em sua criatividade inigualável e bom humor, material essencial para construção de uma nação destinada a projetar-se, de forma original, em nível internacional.

            Encerro esta breve fala, Sr. Presidente, até para evitar o que nosso homenageado considerava falta grave na política: “furar fila, interromper jogo de futebol e atrasar almoço”.

            Minhas homenagens à família de um brasileiro, com “B” maiúsculo: Mario Covas, o homem que, durante toda a sua vida, fez política, também com “P” maiúsculo. Será sempre um exemplo de caráter, de retidão, de coerência, de ética e de respeito às instituições democráticas. Que aprendam com ele as gerações futuras.

            Muito obrigado!


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 30/03/2011 - Página 8664