O SR. FLEXA RIBEIRO (Bloco/PSDB - PA. Sem apanhamento taquigráfico.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, há dez anos, no alvorecer do dia 6 de março de 2001, nos despedimos de Mário Covas Júnior. O Brasil perdia, com sua morte, um dos maiores políticos de sua história - um daqueles homens públicos cuja trajetória e cuja visão de Estado nunca se desviaram dos melhores princípios éticos, morais e democráticos.

            Como todo grande vulto histórico, Mário Covas foi, ao longo de toda a vida, o homem certo no momento certo. A marca que deixou na retomada da democracia no Brasil é indelével, e seu legado na administração do governo do Estado de São Paulo até hoje gera frutos para seus sucessores.

            Homem de princípios firmes e de uma moral inatacável, Covas teve sua trajetória política guiada pela mais límpida coerência. Abraçou, desde cedo, a defesa da liberdade e da democracia como seus princípios cardeais, e não mais os abandonou. Desde a primeira eleição que venceu, para deputado federal em 1962, até a última, quando foi reeleito para o Governo de São Paulo em 1998, Mário Covas imprimiu a seus mandatos um misto de profissionalismo, responsabilidade, representatividade e trabalho duro, como poucas vezes se viu na política brasileira.

            Da mesma forma, poucos são os homens públicos que conseguiram unificar, em si, uma profunda identidade partidária com o respeito genuíno de seus oponentes políticos.

            Covas era outro exemplo dessa linhagem de homens públicos. Foi Covas, juntamente com Fernando Henrique Cardoso e outros nomes históricos da nossa política, um dos co-fundadores do Partido da Social Democracia Brasileira. Covas, naquela ocasião, era a quintessência de todos os princípios que defendíamos - tanto que, logo após a fundação do partido, foi escolhido nosso primeiro presidente nacional.

            Ao mesmo tempo, porém, em que era um verdadeiro ícone da nossa legenda, Covas exercitava um diálogo com os líderes das demais legendas que superava quaisquer antagonismos partidários que pudessem existir no papel e na prática diária da atividade política. É claro que tal fato não se devia, exclusivamente, ao cavalheirismo, ao carisma e à simpatia de Covas. Esse respeito que ele inspirava nos amigos, mas também, e principalmente, nos adversários, decorria, a meu ver, do amálgama de ideias e fundamentos morais que Covas defendia e simbolizava. Colocar-se em posição radicalmente contrária a Mário Covas era posicionar-se contra a liberdade e a democracia. Foi essa uma de suas lutas. Uma luta que gerou frutos e que nos possibilita viver na democracia que estamos hoje.

            Em 1988, foi candidato a Presidente da República, tendo como Vice o Ex-Governador do Pará Almir Gabriel, e para o governo do Estado de São Paulo. As duas últimas eleições que disputou foram exitosas: em 1994 e 1998, foi eleito e reeleito governador de seu Estado, cargo que exerceu até seu falecimento.

            Dia desses, pela internet, um dos nossos seguidores do Twitter perguntou-me: ‘Em quem você se inspira politicamente? Qual é seu exemplo de homem público?’. Até este momento não havia parado para me perguntar. Pensei um pouco e respondi exatamente isso: ‘Mário Covas’.

            Sim, é um exemplo que busco seguir. Covas ficou conhecido por suas posições firmes e coerentes. Pela sua garra, honradez e o exemplo de homem de fibra, determinado e ao mesmo tempo correto em suas ações.

            Em Belém temos a Rodovia Mário Covas, que liga nossa capital ao município de Ananindeua, dentro da região Metropolitana. É uma pequena homenagem que os paraenses tem por um brasileiro que ajudou a construir nosso país, nossa democracia, nossa história.

            Sei que existem tantas outras rodovias, avenidas e ruas por este país que levam o nome de Covas. Simbolicamente, elas ajudam a preservar na nossa memória um homem público sério, correto e íntegro.

            Que seu legado de honestidade, fidelidade, honradez, coerência e amor pelo trabalho guie nossa classe política, tanto nos tempos de tranqüilidade quanto nos períodos de adversidade.

            Obrigado, Mário Covas.

Modelo1 5/15/246:12