Discurso durante a 38ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Homenagem à memória do ex-Vice-Presidente da República José Alencar, falecido hoje.

Autor
Vanessa Grazziotin (PC DO B - Partido Comunista do Brasil/AM)
Nome completo: Vanessa Grazziotin
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Homenagem à memória do ex-Vice-Presidente da República José Alencar, falecido hoje.
Aparteantes
Blairo Maggi.
Publicação
Publicação no DSF de 30/03/2011 - Página 8679
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM POSTUMA, JOSE DE ALENCAR, EX VICE PRESIDENTE DA REPUBLICA, ELOGIO, VIDA PUBLICA, ATUAÇÃO, EMPRESARIO, ESFORÇO, PROMOÇÃO, DESENVOLVIMENTO ECONOMICO, LUTA, COMBATE, CANCER.

                          SENADO FEDERAL SF -

            SECRETARIA-GERAL DA MESA

            SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


            A SRª VANESSA GRAZZIOTIN (Bloco/PCdoB - AM. Para uma comunicação inadiável. Sem revisão da oradora.) - Sr. Presidente, Srs. Senadores, Srªs Senadoras, companheiros e companheiras, Senador Mário Couto, quero dizer a V. Exª que compartilho com a propositura que V. Exª acaba de fazer.

            O Regimento desta Casa prevê que a sessão deliberativa seja suspensa quando ocorre a morte de um Senador em exercício ou uma Senadora em exercício. Entretanto, pela importância, em memória do nosso ex-Vice-Presidente da República, ex-Senador da República José Alencar, eterno Vice-Presidente, acho que pelo menos a Ordem do Dia deveríamos suspender para homenageá-lo.

            A própria Presidenta Dilma, que se encontra em Portugal, em Coimbra, para participar de uma homenagem ao Presidente Lula na Universidade de Coimbra, pelo que noticia os blogs da Internet, teria entrado em contato com o filho do Vice-Presidente José Alencar, Sr. Josué Alencar, e oferecido a ele o Palácio do Planalto para realizar o velório ali. Pelo noticiário, o filho aceitou prontamente. Então, possivelmente, teremos todos a oportunidade de fazer e prestar esta última homenagem a José Alencar, que deverá ter o seu corpo velado no Palácio do Planalto.

            Portanto, considero que a propositura do Senador Mário Couto deve receber o apoio de todos os Senadores e Senadoras desta Casa. É o mínimo que podemos fazer a um homem a quem tanto devemos.

            Neste momento, eu viria à tribuna para falar de vários assuntos que entendo importantes para o Brasil, para o meu Estado do Amazonas.

            Acabei de participar de um grande evento sobre o desenvolvimento sustentável, sobretudo na Amazônia, que foi organizado pela Lide, que é o Segundo Fórum Internacional de Sustentabilidade, que ocorreu nesse último final de semana na cidade de Manaus.

            Eu falaria também da situação dos investimentos para preparar o nosso Brasil...

            Deputado Silvio Costa, é um prazer. Seja bem-vindo a esta Casa, V. Exª que preside hoje na Câmara a Comissão de Trabalho e Serviço Público e Administração. Um grande abraço, Deputado Silvio Costa.

            Eu falaria também a respeito da preparação do nosso País para a Copa do Mundo de 2014, mas diante principalmente das observações do Presidente da Fifa, que fala textualmente que estamos muito atrasados na realização desses empreendimentos relativos à infraestrutura necessária à Copa, quero dizer que concordo com S. Sª. Acho que não podemos ver isso como uma disputa entre o Presidente da Fifa e o Presidente da CBF, mas é óbvio, é lógico que, fora as arenas, como disse o próprio Ministro dos Esportes, Orlando Silva, temos problemas graves em todas as cidades que serão sedes da Copa do Mundo, particularmente na mobilidade urbana, sobretudo na reforma, na ampliação e na construção de novos aeroportos, aeródromos.

            Mas não vou falar disso agora, Sr. Presidente.

            Eu quero, neste momento, usar este pouco tempo que tenho para homenagear uma figura que conheci muito mais de perto no ano de 2002 que é José Alencar, quando ele foi candidato para ser Vice-Presidente na chapa do então candidato Luiz Inácio Lula da Silva.

            Presenciei não apenas no Amazonas, mas em vários Estados brasileiros, a forma vigorosa, a forma apaixonada como ele fazia campanha do primeiro operário a Presidente da República, e falava isso como um grande empresário. No meu Estado mesmo, Senador Armando Monteiro, ele organizou, como em todos os Estados brasileiros, reuniões com o conjunto do empresariado, através da Federação das Indústrias e do Centro das Indústrias. De forma muito simples, mas muito cativante, mostrava, e mais do que isso, convencia o empresário de que, naquele momento, o melhor para o Brasil era a eleição do Presidente Lula, e dizia ter muito orgulho de compor aquela chapa.

            José Alencar nasceu em 17 de outubro de 1931; faria, portanto, 80 anos. Faleceu com 79 anos de idade. Foi um grande empresário e político brasileiro, além de um ser humano com comportamento exemplar de valorização e luta pela vida.

            Eu acho que todas as brasileiras e brasileiros aprenderam a respeitar e a amar José Alencar, não pela sua luta contra a morte, Senador Pedro Simon. José Alencar nunca lutou contra a morte; lutou sempre - e ele fazia questão de dizer - pela vida, que, segundo ele, é o maior bem que temos. Ele tem razão.

            A luta dele foi tão importante, tão árdua, tão vigorosa que ele viveu certamente muito mais do que outras pessoas acometidas de todos os males que o acometeram. Ele viveu e sobreviveu, podemos dizer, em condições de poder atuar como Vice-Presidente e saborear a vida.

            Eu me lembro, como se fosse hoje, de ele discutindo, e os noticiários transmitindo, o pedido para que ele participasse da posse da Presidenta Dilma. Apenas a ordem médica rigorosa retirou o Vice-Presidente José Alencar da posse da primeira mulher Presidenta do Brasil.

            Na vida pública, como aqui já foi dito, foi Presidente da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais, Presidente da Fiemg e Vice-Presidente da Confederação Nacional das Indústrias, entidade essa presidida recentemente e muito bem presidida por V. Exª, Senador Armando Monteiro.

            Candidatou-se às eleições para o Governo de Minas Gerais no ano de 1994, e, no ano de 1998, foi eleito Senador da República com mais de 3 milhões de votos.

            Foi Senador pelo Estado de Minas Gerais e, aqui no Senado, foi Presidente da Comissão Permanente de Serviços e Infraestrutura, a Comissão de Infraestrutura; foi membro da Comissão Permanente de Assuntos Econômicos e da Comissão de Assuntos Sociais.

            Foi um dos maiores empresários do Estado de Minas Gerais, construiu um império no ramo têxtil, sendo a Coteminas a sua principal empresa. Elegeu-se Vice-Presidente da República, como já disse, com o Presidente Lula. Um grande empresário com um grande operário. No ano de 2006, juntamente com o Presidente Lula, foi reeleito até o ano de 2010 Vice-Presidente da República.

            Já a partir de 2004 passou acumular a Vice-Presidência com o cargo de Ministro da Defesa. Por diversas oportunidades, demonstrou-se reticente quanto a sua permanência em um cargo tão distinto de seus conhecimentos empresariais, mas, a pedido do Presidente Lula, exerceu a função até março de 2006. Nessa ocasião, renunciou para cumprir as determinações legais com o intuito de poder participar da eleição de 2006.

            Foi considerado pela revista Época um dos 100 brasileiros mais influentes no ano de 2009.

            O Sr. Blairo Maggi (Bloco/PR - MT) - Senadora Vanessa, me permite um aparte?

            A SRª VANESSA GRAZZIOTIN (Bloco/PCdoB - AM) - Pois não, Senador Blairo Maggi, com muito prazer.

            O Sr. Blairo Maggi (Bloco/PR - MT) - Quero cumprimentar V. Exª pelo pronunciamento e aproveitar para externar também os meus sentimentos pela passagem do nosso Vice-Presidente José Alencar, somando-me a todos aqueles que já falaram e que com certeza ainda falarão mais à frente da sua importância como ser humano e como cidadão. Eu tive a oportunidade de conviver com José Alencar, como empresário. Como ele tinha um entusiasmo pela economia do País, como ele olhava, de forma vigorosa, principalmente para o setor em que ele militou, que era o setor do algodão. Lembro-me de que, no início da década de 90, começamos um movimento em Mato Grosso para retomar a produção do algodão brasileiro, uma vez que o Brasil foi o segundo maior exportador de algodão por um tempo e depois passou a ser o terceiro maior importador. O falecido José Alencar, então, compartilhou conosco desse momento. Por várias vezes, ele esteve em Mato Grosso e participou em dias de campo, sempre levando o seu entusiasmo e dizendo a todos nós que precisávamos retomar aquela posição de produtor de algodão. Passados dez, doze anos, somos novamente o segundo maior exportador de algodão do mundo, com credibilidade para vendermos a produção de 2012, 2013, 2014. Ganhamos não só o mercado, mas também credibilidade. Eu quero aqui, então, relembrar esse fato, além da vida política dele, que foi sensacional e que deixou muitos exemplos para todos nós. Então, parabéns pela sua fala e pelo seu posicionamento. Em nome de todos os mato-grossenses, quero registrar aqui o nosso respeito e a nossa consideração ao nosso querido ex-Vice-Presidente.

            A SRª VANESSA GRAZZIOTIN (Bloco/PCdoB - AM) - Agradeço o aparte de V. Exª, Senador Blairo. V. Exª, com esse aparte, engrandece enormemente este singelo pronunciamento de alguém que, do fundo do coração, fala de uma pessoa que aprendeu a admirar, principalmente durante os anos de vida pública.

            Vou concluir, Sr. Presidente, porque sei que meu tempo se vai. Quero apenas lembrar a última solenidade pública da qual ele teria participado. Aconteceu em 25 de janeiro de 2011, quando recebeu a Medalha 25 de Janeiro, da Prefeitura de São Paulo. O Prefeito daquela cidade incumbiu a Presidenta Dilma de entregar essa medalha ao ex-Vice-Presidente José Alencar. Ao entregar a medalha a José Alencar, a Presidenta Dilma Rousseff ressaltou - repito as palavras da Presidenta no ato da entrega da medalha:

Tenho certeza de que cada brasileiro e brasileira deste imenso País gostaria de estar agora em São Paulo, essa cidade-síntese do espírito empreendedor do País, que completa hoje 457 anos de existência, para entregar, junto conosco, a Medalha 25 de Janeiro ao nosso eterno Vice-Presidente da República José Alencar.

            Quando o Vice-Presidente José Alencar falou, ele disse o seguinte: “Eu não posso me queixar. A situação está tão boa que não tem como melhorar. Todo mundo está rezando por mim”. Apesar de estar em uma cadeira de rodas, ele ainda brincou com o público, dizendo, no final do seu pronunciamento: “Aprendi com o Lula que os discursos devem ser como um vestido de mulher: nem tão curtos que possam escandalizar, nem tão longos que possam entristecer”. Assim era José Alencar...

(Interrupção do som.)

(O Sr. Presidente faz soar a campainha.)

            A SRª VANESSA GRAZZIOTIN (Bloco/PCdoB - AM) - Já vou concluir, Senador Ciro. Não usarei nem um minuto. Vou concluir, dizendo que assim era José Alencar: uma pessoa que não se abatia nem com a doença, por pior que ela fosse. Acima de tudo, era um brasileiro, um empresário que acreditava no povo e no desenvolvimento deste País.

            Nós que aqui estamos temos que continuar esse legado. Temos que continuar acreditando no povo e continuar acreditando e lutando pelo nosso País. Um grande abraço aos familiares, ao povo brasileiro, e, onde estiver, José Alencar, receba um beijo profundo.

            Muito obrigada, Sr. Presidente.


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 30/03/2011 - Página 8679