Discurso durante a 38ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Homenagem ao ex-Vice-Presidente da República, José Alencar.

Autor
Demóstenes Torres (DEM - Democratas/GO)
Nome completo: Demóstenes Lazaro Xavier Torres
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Homenagem ao ex-Vice-Presidente da República, José Alencar.
Publicação
Publicação no DSF de 30/03/2011 - Página 8757
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM POSTUMA, JOSE SERRA, EX VICE PRESIDENTE DA REPUBLICA, ELOGIO, BIOGRAFIA, DIGNIDADE, LUTA, COMBATE, CANCER, ATUAÇÃO, GOVERNO, LUIZ INACIO LULA DA SILVA, EX PRESIDENTE DA REPUBLICA.

                          SENADO FEDERAL SF -

            SECRETARIA-GERAL DA MESA

            SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


            O SR. DEMÓSTENES TORRES (Bloco/DEM - GO. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs Senadoras, Srs. Senadores, em setembro do ano passado, depois de uma das muitas crises do Senador, nosso querido José Alencar, Vice-Presidente da República naquela época, eu escrevi um artigo no blog do Noblat chamado “Ao Mestre com Carinho”, em referência a um filme que fez muito sucesso na década de 70.

            Eu lembrava, naquele artigo - e achava que o Vice-Presidente, Senador José Alencar, já estava nas últimas, e, para nós, graças a Deus, ele ainda resistiu por mais quase sete meses -, escrevi que ele era um homem que podia ser espelho para muitos.

            Homem diferenciado, nasceu na Zona da Mata, em Minas, interior pouco promissor; filho de um dono de birosca - nós chamamos assim no interior -, de uma venda, um lugar que, naquela época, para muitos, era sinônimo de acomodação. Muito pelo contrário, migrou, foi para uma cidade grande. Aos 18 anos, transformou-se em pequeno empresário. Montou sua primeira loja. Foi um vitorioso. Foi um batalhador. Um empresário reconhecido. Só depois disso, entrou para a política. Para muitos que pensam que não existe vida fora de herança e de contracheque, nosso grande José Alencar foi um exemplo.

            Escrevia, já antevendo, o que era uma fatalidade, porque ia realmente acontecer, que José de Alencar era uma espécie, naquele momento, de pai da Nação, porque nos apegamos muito a exemplos, pessoas que se dão inteiramente, e José Alencar era aquela pessoa que todos olhávamos e dizíamos: “Olha, quem me dera ter a fibra de José Alencar! Quem me dera ter o comportamento de José Alencar! Queria pelo menos ter 10% do que era José Alencar”.

            E ele, no outro dia, para minha surpresa, depois de ter feito uma daquelas cirurgias imensas... O homem não vai sair dessa mais. Ele teve que refazer o intestino. Fez outra cirurgia experimental. No outro dia, à tarde, Presidente Sarney, ele me liga: “Olha, fique tranquilo porque eu não vou agora, não.” Ele era muito espirituoso. Duas semanas depois, nos encontramos em uma solenidade em uma das Forças. Ele era homenageado de uma das Forças Armadas.

            Ali ele comia como se não tivesse nada; pegava um salgado e comia. “Esse homem não está doente!” Se não me engano, também tomava alguma coisa. Dizia, conversava: “Demóstenes, sabe, você me escreveu aquele artigo, aquela carta, mas quero dizer também para você que você é um homem que deve continuar, que deve ir adiante”. Falei: Mas o senhor é um homem tão especial. Depois de feito, nessa luta incessante... Disse: O senhor é um dos grandes homens como aqueles que vêm de Minas, um Tancredo Neves, um Juscelino Kubitschek, um Itamar Franco. Ele disse: “Sou nada, sou um roceiro cuja grande virtude é ser um trabalhador, um homem que me dediquei a vida toda a fazer e a construir. Acredito nas pessoas, Demóstenes”. Essa frase ficou em mim, Sr. Presidente, a frase de um homem que acreditava nas pessoas.

            Do apego à vida, todos aqui são testemunhas; todos falaram exatamente dessa sua característica. José Alencar viveu bem porque viveu na plenitude daquilo em que acreditava. Transformou-se em um ícone político porque, dentro da política, ele não se transformou. Foi um empresário que deu crédito para que o Partido dos Trabalhadores, para que um trabalhador chegasse à Presidência da República. Quantos não tinham desconfiança do que o Presidente Lula pudesse fazer na Presidência?

            E, ele, como vice, muitos diziam: “O José Alencar incomoda porque ele fala, ele tem posição, ele é contra esses juros altíssimos do Banco Central.” Mas felizmente era um homem de opinião, era um homem bom, e esse exemplo frutificou e fica para todos nós, Sr. Presidente.

            A lembrança que eu tenho dele é de uma figura expressiva, exemplo para o Brasil, e que, nos momentos poucos que eu tive com ele, dizia-me: “Prossiga”, como ele prosseguiu até o fim.

            Muito obrigado, Sr. Presidente.


Modelo1 5/17/247:09



Este texto não substitui o publicado no DSF de 30/03/2011 - Página 8757