A SRª MARTA SUPLICY (Bloco/PT - SP. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador) - Prezado Presidente Sarney, Senadores, Senadoras, existem pessoas que nascem e desenvolvem muitos talentos na vida, mas José Alencar desenvolveu talentos extraordinários: talento extraordinário para o trabalho, talento extraordinário que o levou a construir um império no Brasil, saindo do nada; talento extraordinário para constituir uma família extremamente carinhosa, unida, feliz. E presente - pudemos todos nacionalmente acompanhar o que foi o apoio da família, de Dona Marisa nesses últimos anos de vida.

            Quero dar aqui um testemunho do talento extraordinário desse homem. Foi quando Lula resolveu que ele seria o Vice, e já estava mais ou menos todos no meu Partido, o Partido dos Trabalhadores, entendendo que aquela escolha iria prosperar. E foi numa reunião em São Paulo que ele foi apresentado à militância do PT. A situação era de grande tensão porque não era algo fácil; e nem a militância estava muito entusiasmada. Ele começou a falar, e, nesse momento, as pessoas ficaram estarrecidas, porque ele foi contando a sua história, a sua origem, ele foi contando como ele pensava a vida. Eu percebi naquele momento que ele conquistou cada um daquela platéia. Ele foi conectando com cada olhar naquela platéia. As pessoas se sentiram muito irmãs. E, naquele momento, quando terminou a sua explanação, houve uma ovação, Presidente Sarney, que não deixou dúvida alguma de que a escolha havia sido muito acertada, como mostrou que foi.

            Acredito que ele foi determinante na eleição do Presidente Lula, foi uma segurança muito grande na segunda eleição do Presidente Lula. E o tempo todo, como conversávamos, Presidente Sarney, ele fez uma oposição leal. E é muito importante para um Chefe de Nação ter um Vice que fale o que pensa, que mostre o outro lado, que seja ele. E ele tinha peso. Mas, ao mesmo tempo, estava junto e leal todo o tempo.

            Essa observação que V. Exª fez hoje pela manhã calou, porque é verdade. É uma qualidade muito rara falar o que se pensa para um mandatário da Nação e, ao mesmo tempo, manter a lealdade até o fim.

            Depois, quando a doença o assumiu inteiro, nós todos pudemos observar um outro José Alencar, aquele que não conhecíamos. Não tínhamos ainda percebido essa faceta da sua personalidade, essa extraordinária determinação - que ele deve ter tido desde pequeno, porque senão não chegava aonde chegou. E a coragem! Quantas vezes o víamos entrar em um hospital, e era descrito pelos jornais o tipo de problema que havia ocorrido. Todo mundo ou já teve ou já passou perto de alguém que padeceu dessas dores e sabe que as dores deviam ser atrozes. Ele ia, sorria e mostrava a vontade de viver. Um homem fora de série neste sentido, com uma garra de viver extraordinária. Essa força ele levou a milhares de famílias que vivem nesta situação, mas expandiu, porque tenho certeza que todo brasileiro, em algum momento, olhou aquele homem sofrendo e pode dizer: se ele tem coragem para enfrentar isso, eu posso ter também. E não foi só na doença. Ele deu muita força. Acredito que nos últimos anos admirado como ele só o Presidente Lula, Presidente José Sarney. E foi-se um grande brasileiro, mas ficaram grandes exemplos de um extraordinário brasileiro.

            Era o que tinha dizer, Sr. Presidente.

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