A SRª VANESSA GRAZZIOTIN (Bloco/PCdoB - AM. Para uma comunicação inadiável. Sem revisão da oradora.) - Obrigada, Srª Presidenta.

            Srª Presidenta, Srªs e Srs. Senadores, companheiros e companheiras, o que me traz à tribuna no dia de hoje é um tema muito caro para o Brasil e, sobretudo, para o meu Estado do Amazonas, para minha querida cidade de Manaus.

            Nós conseguimos, com muita luta, fazer com que o Brasil se destacasse internacionalmente por conta de que sediará as competições esportivas mais importantes do mundo. Em 2014, receberemos o Mundial de Futebol, a Copa do Mundo. Logo em seguida, dois anos depois, estaremos, Senador Paulo Paim, recebendo um outro grande evento esportivo: as Olimpíadas. Estas ocorrerão na cidade do Rio de Janeiro, que já começa a se preparar para receber evento de tamanha magnitude.

            Já a Copa do Mundo de Futebol acontecerá de forma simultânea em 12 Estados, em 12 capitais brasileiras. E é importante registrarmos a preocupação do Governo anterior, Senadora Marta, de fazer com que todas as regiões estivessem representadas e recebessem também esse evento esportivo dos mais importantes. De tal forma que, além do Estado de Mato Grosso, da cidade de Cuiabá, localizada na Região Centro-Oeste, teremos uma sede - Senador Mário Couto, V. Exª sabe - na Região Norte, na nossa belíssima Amazônia, na cidade de Manaus.

            Gostaríamos imensamente que, assim como Manaus, a cidade de Belém pudesse receber também a Copa do Mundo, mas, pelas condições técnicas, geográficas, Manaus foi a cidade escolhida para representar a Amazônia e sediar jogos desse campeonato importante.

            Semana passada, assistimos ao início de uma discussão, de uma polêmica entre o Presidente da FIFA e membros do Governo brasileiro e da própria CBF, o Presidente Ricardo Teixeira. Joseph Blatter nos acusou de estarmos mais atrasados, a três anos do campeonato, do que estava a África do Sul, a última sede desse mundial. Obviamente que o Governo brasileiro e o Presidente da CBF reagiram de forma dura.

            Entretanto, quero aqui, desta tribuna, Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, dispor de forma muito aberta e, principalmente, muito franca, pois acho que esse é o nosso papel. Falar de forma muito franca das dificuldades, Senador Paim, que estamos encontrando no Brasil, vivenciando, sobretudo, na minha cidade de Manaus. Talvez seja a construção da arena da cidade de Manaus uma das mais adiantadas do Brasil. Temos problemas em relação à mobilidade urbana, que precisa ser resolvida e está a caminho de ser resolvida. Entretanto, neste momento, quero me referir à reforma do novo aeroporto da cidade de Manaus, obra esta que está a cargo, Senador Paim, da Infraero, uma empresa pública do Governo Federal.

            Mesmo quando eu estava, na legislatura passada, na Câmara dos Deputados, inúmeras vezes tivemos audiências com a Infraero, conversas com a Infraero, convidamos representantes da Infraero para irem à Câmara dos Deputados a fim de tratarem do assunto. E cada vez que conversávamos com a Infraero ela dizia: daqui a quatro meses sai o projeto básico do novo aeroporto da cidade de Manaus - que, aliás, é o aeroporto mais antigo em operação do Brasil. Em 1976, ele foi o aeroporto mais moderno do Brasil, o primeiro do Brasil a ter finger, aquele túnel que liga a aeronave até o terminal de passageiros, em 1976. De lá para cá, o aeroporto não sofreu nenhuma intervenção de reforma, nenhuma ampliação, nenhuma melhoria, absolutamente nada. Então, é um aeroporto ultrapassado pelo tempo, tem mais de três décadas, e a Infraero nos prometendo - isso já há mais de dois anos - que daqui a três meses sairá o projeto básico, daqui a dois meses sairá o projeto básico...

            Eis as manchetes dos nossos jornais, de alguns dos jornais da cidade de Manaus, na semana passada: “Aeroporto fica pronto após a Copa de 2014”. Vamos ver outra manchete: “Projeto do aeroporto estará pronto dia 30”. Projeto básico do aeroporto, e não o projeto já iniciado das obras!

            Ora, Sr. Presidente, é óbvio que uma situação como esta deve nos remeter não só a uma preocupação, mas deve nos remeter à necessidade de que desenvolvamos, nós da Bancada do Amazonas, uma forte ação perante a Infraero para que essas obras se iniciem. Porque não é possível! Se continuarem as coisas como estão, Manaus já estará fora da Copa das Confederações, que acontece um ano antes, porque não há hipótese nem possibilidade, a continuar a previsão do calendário estabelecido pela Infraero, de concluir as obras do aeroporto até o ano de 2013.

            Segundo, Sr. Presidente, nós não estamos falando de uma cidade qualquer ou de um aeroporto qualquer, não. O aeroporto da cidade de Manaus, Aeroporto Internacional Eduardo Gomes, é o terceiro aeroporto do Brasil em movimentação de cargas, e nós sabemos que a fonte de recursos dos aeroportos brasileiros não é nem tanto a movimentação de passageiros, é muito mais a movimentação de cargas.

            Portanto, o aeroporto da cidade de Manaus, capital que abriga o maior polo eletro-eletrônico do nosso continente, é um aeroporto lucrativo para a Infraero, um aeroporto que canaliza recursos para a Infraero. Portanto, não tem desculpa nenhuma, nenhuma desculpa para tratar a nossa reforma da forma como vem tratando. Aliás, em reunião recente com o Ministro dos Esportes, na cidade de Manaus, que tem sido muito operoso nessa questão - na próxima quinta-feira, o Governador do meu Estado, o Governador Omar Aziz, deverá estar aqui em Brasília para uma audiência com o Ministro Orlando Silva, para tratar dos problemas da Copa do Mundo, na cidade de Manaus -, o Governador, numa reunião recente na minha cidade, com o Prefeito, nos disse que não estava prevista no projeto básico a construção de uma segunda pista. E nós dissemos ao Ministro: - Não, está prevista sim a construção de uma segunda pista. Ora, nós temos razão e o Ministro tem também, porque, até então, sequer o projeto básico está concluído - até então, Sr. Presidente, sequer o projeto básico está concluído.

            Já apresentei um requerimento na Comissão de Infraestrutura para que convoquemos o Presidente da Infraero para vir falar especificamente do aeroporto de Manaus. Iremos com ele, toda a Bancada do Estado, para tratar desse assunto. E repito que aqui não vai uma crítica à Presidenta Dilma, não, porque sei que a preocupação nossa é também a dela. Aqui vai uma crítica, sim, à direção da Infraero, que não pode continuar tratando o aeroporto de Manaus com tamanho descaso. E eu falo isso, Sr. Presidente, num momento em que a paciência se vai. Se vai porque estamos tratando do assunto há dois anos e, há dois anos, a Infraero não vem falando a verdade nem tratando o assunto com a seriedade que ele merece ser tratado, com a nossa bancada. Todas as vezes eles dizem que, daqui a três meses, estará pronto o projeto básico. Ora tem segunda pista, ora não tem mais segunda pista. Qual é mesmo o problema? Falta de recursos eu já disse que não é. O aeroporto da cidade de Manaus é o terceiro em movimentação de cargas do Brasil, perdemos somente para Guarulhos e Viracopos. Somos o terceiro e somos tratados desse jeito!?

            Não podemos correr qualquer risco de perder a cidade de Manaus como uma das sedes da Copa do Mundo.

            O Sr. Marcelo Crivella (Bloco/PRB - RJ) - Senadora Vanessa, me permite um aparte?

            A SRª VANESSA GRAZZIOTIN (Bloco/PCdoB - AM) - De perdermos a cidade de Manaus como uma das sedes da Copa do Mundo.

            Pois não.

            O Sr. Marcelo Crivella (Bloco/PRB - RJ) - Senadora Vanessa, que foi brilhante Deputada, eu gostaria de prestar solidariedade a V. Exª em dois pontos do seu discurso. Primeiro a essa defesa veemente, com toda legitimidade, que a senhora empreende da tribuna do Senado. Manaus é importantíssima. Teve uma conquista extraordinária que é ser uma das sedes da Copa do Mundo. Uma outra coisa que eu gostaria muito de aproveitar o seu pronunciamento para fazer é dar um depoimento de solidariedade ao nosso Ministro Orlando, que eu sei que é do seu partido e talvez um dos ministros que mais se esforce, que mais trabalhe, que mais lute em favor do esporte. Eu estava ao lado dele quando conquistamos as Olimpíadas em Copenhague. Ele tem feito uma cruzada heróica por este País para que as nossas obras andem a tempo. Agora é essa fase de projetos e depois obras. Nós do Congresso precisamos prestigiá-lo, precisamos aplaudi-lo, sobretudo porque setores da imprensa têm feito críticas que não são justas e, pior, muitas vezes falando da honestidade de um ministro que é um abnegado. Nós não podemos desonrar nossos homens públicos, sobretudo esses que têm essa capacidade de trabalho, essa honradez moral e, acima de tudo, o espírito público que tem o Ministro Orlando. Muito obrigado.

            A SRª VANESSA GRAZZIOTIN (Bloco/PCdoB - AM) - Eu agradeço o aparte de V. Exª.

            Para concluir, Sr. Presidente e Senador Crivella, devo dizer que já havia falado instantes antes, momentos antes de V. Exª chegar ao plenário, sobre a dedicação do Ministro Orlando Silva em relação principalmente à realização da Copa do Mundo. Há alguns dias, ele esteve na cidade de Manaus, como passou por todas as doze cidades-sede da Copa do Mundo, reunindo Governadores, Prefeitos, autoridades envolvidas nessa área.

            Nesta quinta-feira, o Governador do meu Estado estará aqui para uma reunião com o Ministro Orlando Silva, que está procurando ajudar a cada um dos doze Municípios na resolução dos seus problemas.

            Concordo com V. Exª. Agradeço a referência que faz ao Ministro Orlando Silva que não é apenas a ele, mas entendemos como uma referência a todo o nosso partido, à militância que vê na nossa política uma forma de melhorar a vida das pessoas, a vida da coletividade.

            Assim é o nosso procedimento, assim tem sido. Se nós acompanhamos o Presidente Lula durante os oito anos de sua administração, se acompanhamos a Presidenta Dilma agora é porque entendemos que eles são o melhor para o Brasil, que as mudanças pelas quais tantos lutamos e sonhamos vêm acontecendo, vêm acontecendo, talvez não no ritmo que pudesse ser, mas vêm acontecendo.

            Hoje temos o Estado brasileiro sendo fortalecido e temos muito orgulho de ser parte desse projeto, principalmente por meio da participação do Ministro Orlando Silva no Ministério dos Esportes.

            Agradeço a V. Exª.

            Para concluir, Senador Paulo Paim, quero repetir aqui, se V. Exª me permite, porque o tempo acaba, para concluir com poucas palavras e repetir tudo o que eu disse com relação à Infraero.

            A Infraero não pode continuar com o tratamento que vem dando ao aeroporto da cidade de Manaus. Não pode. Isso é muito grave, mas é muito grave mesmo, Sr. Presidente. A nossa bancada está atenta, está mobilizada. Estaremos, espero que muito breve, nesta semana ainda, com o Presidente da Infraero que deverá vir aqui à Comissão de Infraestrutura. Temos matérias de dois anos em que a própria Infraero diz “daqui a alguns meses sai o projeto básico”. E, agora, ela prometeu para o dia 30. Eu ainda não conheço o projeto básico do aeroporto de Manaus, mas, ou se aceleram essas reformas ou a nossa cidade corre o sério risco de perder a sede da Copa do Mundo.

            Muito obrigada, Presidente.

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