Discurso durante a 42ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Encaminhamento de voto de pesar pelo falecimento do ex-Governador do Maranhão, Jackson Lago, e leitura de nota enviada à família.

Autor
José Sarney (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/AP)
Nome completo: José Sarney
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Encaminhamento de voto de pesar pelo falecimento do ex-Governador do Maranhão, Jackson Lago, e leitura de nota enviada à família.
Publicação
Publicação no DSF de 06/04/2011 - Página 9589
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM POSTUMA, EX GOVERNADOR, ESTADO DO MARANHÃO (MA).

                          SENADO FEDERAL SF -

            SECRETARIA-GERAL DA MESA

            SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


           O SR. JOSÉ SARNEY (Bloco/PMDB - AP. Com revisão do orador.) - Eu quero encaminhar à Presidência da Casa um pedido de profundo pesar a ser remetido à família do ex-Governador Jackson Lago. Faleceu ontem e hoje será sepultado no Maranhão o ex-Governador do Estado Jackson Lago. Ele foi meu adversário a vida inteira e com ele muitas vezes tivemos lutas árduas nessas vicissitudes da política, embora tivesse uma vez apoiado sua candidatura a Prefeito de São Luís.

           Mas eu considero que a morte é tão transcendental que faz com que se esqueça de tudo aquilo que, durante a vida, nos separou nesse processo da política em que todos cometemos excessos. É sempre um processo doloroso.

           Nesse sentido, ontem eu passei à família de Jackson lago e também distribui aos jornais uma nota que quero ler perante o Senado:

É com grande comoção que lamento o falecimento do Governador Jackson Lago, figura expressiva que participou da política maranhense durante quase quarenta anos. É com respeito que proclamo o seu caráter, a coerência na defesa das suas ideias socialistas e o idealismo com que exerceu vários cargos que ocupou na vida pública. Ele deixa um exemplo de bom cidadão, de chefe de família, de homem público, e o Maranhão tem a gratidão dos serviços que ele prestou à nossa terra.

Eu, minha esposa e meus filhos nos associamos à dor da sua esposa,

da sua família, do povo maranhense e da classe política pela perda que acabamos de ter. Pedimos a Deus que nos conforte com a lembrança de tudo de bem que fez pela sociedade, pelo Estado e pelo País.

           Eram essas as palavras que eu tinha que dizer, pedindo um voto de pesar.

           Os latinos tinham uma expressão: “De mortuis nil nisi bonum”. Quer dizer, a morte faz que só falemos dos mortos aquilo que, naturalmente, deve ser falado, das coisas boas. E é justamente isso que eu quero dizer: que, apesar das nossas lutas políticas, de termos sido adversários tantos anos, a morte tem essa condição de que só relembremos as coisas boas.

           Eu reconheço, como seu adversário durante tanto tempo, que ele era um homem respeitável, um homem que tinha uma conduta de coerência na defesa daquilo que ele achava correto, e que foi muito coerente nas lutas que teve no meu Estado. Eu queria expressar isso da tribuna do Senado, mostrando, com o testemunho do adversário que fui durante toda a sua vida, o reconhecimento do que realmente nós perdemos: um homem de grande expressão na política do Maranhão.

           Essa frase que eu disse em latim, que procurei traduzir numa tradução livre, foi citada por Diógenes Laércio, em sua Vida dos Grandes Filósofos, como de Quílon de Esparta. Tornou-se parte da sabedoria latina que nós devemos ter sempre presente: uma grande reverência pelos mortos e, ao mesmo tempo, o reconhecimento daquilo que eles fizeram de bom durante a vida.

           Muito obrigado.


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 06/04/2011 - Página 9589