Discurso durante a 44ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Solidariedade às famílias das vítimas da tragédia ocorrida no Rio de Janeiro, destacando a necessidade de se intensificar a luta em prol da segurança e o combate às drogas.

Autor
Casildo Maldaner (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/SC)
Nome completo: Casildo João Maldaner
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
CALAMIDADE PUBLICA.:
  • Solidariedade às famílias das vítimas da tragédia ocorrida no Rio de Janeiro, destacando a necessidade de se intensificar a luta em prol da segurança e o combate às drogas.
Publicação
Publicação no DSF de 08/04/2011 - Página 10486
Assunto
Outros > CALAMIDADE PUBLICA.
Indexação
  • SOLIDARIEDADE, VOTO DE PESAR, FAMILIA, VITIMA, HOMICIDIO, CRIANÇA, ESCOLA PUBLICA, ESTADO DO RIO DE JANEIRO (RJ), NECESSIDADE, COMBATE, VIOLENCIA, DROGA, ARMA.

                          SENADO FEDERAL SF -

            SECRETARIA-GERAL DA MESA

            SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


            O SR. CASILDO MALDANER (Bloco/PMDB - SC. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Obrigado.

            Sr. Presidente, nobres Colegas, há pouco o Senador Lindbergh Farias, trazia a esta Casa o drama vivido pelo Rio, drama que é de todos nós brasileiros.

            Portanto, neste momento, Sr. Presidente, eu gostaria, em função desse acontecimento fatídico ocorrido hoje, - sei que há pouco ainda o nosso Senador catarinense Paulo Bauer também teceu comentários, ele que foi Secretário da Educação, conhecedor dessas questões, profundo conhecedor, fez considerações com relação a isso -, mas eu gostaria também de falar aos nossos colegas do Rio. Ao Senador Lindbergh Farias, ao Senador Dornelles e ao Senador Crivella, os três representantes do Rio nesta Casa, a nossa solidariedade, o nosso apoio, a nossa sintonia. O Rio está enlutado, as famílias estão enlutadas, por que não dizer, o Brasil, e todos nós. Então, trago algumas considerações com relação a isso.

            Quero, assim como meus colegas, externar meu profundo pesar pela tragédia ocorrida hoje, que vitimou 11 crianças e deixou 13 feridas. Acima de tudo, deixo aqui a minha palavra de conforto para os familiares - avós, pais, mães, irmãos -, que nesse momento deparam-se com a dor, com o choque, sobretudo, com a própria incompreensão. É difícil de entender um negócio desses. É muito difícil, viu, Sr. Presidente? Não é fácil. Esse é um sentimento que nos assalta neste momento. Por que ocorrem tragédias como estas? Onde estão as razões, as explicações e o que podemos fazer diante disso? Nesse episódio há duas vertentes que podem nos indicar um caminho, apontar-nos respostas. A primeira é a do imponderável, daquilo que não está ao nosso alcance. Estão além da nossa compreensão os tortuosos trajetos da mente desse jovem de apenas 24 anos, que entra, armado, em sua ex-escola e sai disparando com uma arma de fogo contra crianças indefesas. O que vai no desvão dessa alma? Provavelmente, nunca saberemos. Mas, caros colegas, há a vertente dos fatos concretos, daquilo que nos cabe, das ações que poderiam ter sido tomadas para evitar essa catástrofe, pelo menos para minimizar isso.

            Em 20 de abril de 1999, um massacre no Instituto Columbine, Estado do Colorado, nos Estados Unidos, dois alunos adentraram à escola, fortemente armados, e vitimaram 13 colegas, deixando outros 21 feridos. A tragédia comoveu o País inteiro e motivou um intenso debate sobre armas, educação e segurança.

            Aqui no Brasil, também temos de discutir e, mais do que isso, agir. Não podemos resumir nossa ação ao inerte lamento. Não podemos ficar só nisso. Não é possível ficarmos de braços cruzados. É preciso rever as regras de segurança em nossas escolas, em especial as públicas, que estão reféns da crescente violência em nossas cidades, ter consciência das nossas carências que, em alguns lugares, inclui até merenda escolar, um quadro negro ou uma simples cadeira. São problemas que existem, mas isso não pode nos impedir de discutir a segurança, que faz parte disso, como a merenda, o quadro negro, a cadeira... A segurança faz parte disso.

            Temos de intensificar o debate e a luta contra as drogas, em especial o crack, que tem consumido os nossos jovens e está, via de regra, envolvido na maioria das ocorrências de violência registradas no Brasil.

            Temos, da mesma forma, que seguir ativamente brigando contra a erva daninha do preconceito, seja ele de raça, classe, opção sexual ou religiosa, que continua enraizada no seio de nossa sociedade.

            Há quase seis anos, a maioria dos brasileiros decidiu, em plebiscito, não proibir a comercialização de armas em nosso País.

            Mas, Sr. Presidente e nobres Colegas, tenho a convicção de que o debate pode ser retomado, com regras ainda mais rígidas para aquisição e posse de armas, e assim por diante.

            Caros colegas, renovo aqui meus sentimentos e minha prece, para que Deus console o coração desses familiares e para que nós, Senadores, Deputados, Governadores, Prefeitos, enfim, todos juntos tomemos medidas que protejam nossos filhos e que possam, em uma instância mais profunda, interferir nas origens da violência e do preconceito no Brasil.

            Digo isso porque é duro, Sr. Presidente, nobres colegas. Imagino como essas pessoas estão vivendo hoje, os familiares, como disse antes, os pais, os irmãos, os parentes, os padrinhos, os avós. Não é fácil. Já se disse hoje que temos de participar.

            Geralmente, quando acontece, são os pais que são enterrados pelos filhos. Não é isso? Isso é a norma. É a norma os filhos enterrarem seus pais, seus avós. Agora, quando os pais têm de fazer os funerais de seus filhos, é duro. Qualquer um de nós imagina o drama. Às vezes, em Florianópolis, eu tenho ido ao colégio buscar minha neta. Não é fácil chegar e ter ocorrido isso. Imagino como estão passando, imagino como estão os pais, que são mais diretamente ligados. Então, há um enlutamento da família. Aí, a segurança... Não sei as coisas. Isso não é fácil, porque ninguém espera isso. Acho que solidariedade... Nós...

            Como disse antes, tem o ponderável e o imponderável. O imponderável por ter sido um tresloucado. Isso é o imponderável. Agora, o ponderável é que não podemos ficar de braços cruzados. Nós precisamos reagir.

E aí acho que nós todos temos responsabilidade de debater isso, de levar, porque não é fácil, não é fácil. E eu acho que aí eu diria que uma das grandes razões, eu diria, Sr. Presidente, nobres Colegas, nós precisamos é agir. Isso vale para nós, aqui no Senado, vale para os Deputados, vale para o Executivo federal, vale para os governadores, para os prefeitos.

            É claro que há solidariedade também, os pêsames para o Governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, para o nosso prefeito do Estado do Rio, enfim, mas isso vale para todos os governadores, para todos nós que temos uma certa responsabilidade para com inocentes, para com pais que confiam no estabelecimento.

            A segurança, de que maneira, como melhorar isso. Isso não é fácil. Eu até imaginava, quando em 99 ocorreu, e ocorre, nos Estados Unidos, pensava que ocorre lá, mas na nossa casa não vai acontecer. Conosco não vai ocorrer.

            Mas isso desperta mais quando vem cá, não esperamos isso. O mundo está acompanhando hoje essa tragédia. Então, essa dor não é fácil. E nós precisamos, nós precisamos não ficar, como disse, de braços cruzados.

            Então, quero aqui deixar a nossa solidariedade, participando nesse processo, de uma forma ou de outra, para procurarmos encontrar melhores caminhos.

            Eram as ponderações, Sr. Presidente, nobres Colegas, que gostaria de deixar já no fim da tarde de hoje, no começo da noite, sobre essa tragédia ocorrida hoje no Rio de Janeiro.


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 08/04/2011 - Página 10486