Discurso durante a 47ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Comentários sobre as manifestações de solidariedade pela morte das doze crianças na escola Tasso da Silveira, no bairro do Realengo, Rio de Janeiro; e outros assuntos.

Autor
Eduardo Suplicy (PT - Partido dos Trabalhadores/SP)
Nome completo: Eduardo Matarazzo Suplicy
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
SEGURANÇA PUBLICA.:
  • Comentários sobre as manifestações de solidariedade pela morte das doze crianças na escola Tasso da Silveira, no bairro do Realengo, Rio de Janeiro; e outros assuntos.
Publicação
Publicação no DSF de 13/04/2011 - Página 11052
Assunto
Outros > SEGURANÇA PUBLICA.
Indexação
  • REGISTRO, MANIFESTAÇÃO, SOLIDARIEDADE, FAMILIA, ADOLESCENTE, VITIMA, ATENTADO, ESTABELECIMENTO DE ENSINO, ESTADO DO RIO DE JANEIRO (RJ), REPUDIO, ORADOR, VIOLENCIA.
  • APOIO, REALIZAÇÃO, PLEBISCITO, DESARMAMENTO, DEFESA, PROIBIÇÃO, VENDA, ARMA DE FOGO.

                          SENADO FEDERAL SF -

            SECRETARIA-GERAL DA MESA

            SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


            O SR. EDUARDO SUPLICY (Bloco/PT - SP. Para uma comunicação inadiável. Sem revisão do orador.) - Srª Presidenta, Senadora Marta Suplicy, Srªs Senadoras, Srs. Senadores, o episódio da morte de doze crianças na Escola Tasso da Silveira, no bairro do Realengo, no Rio de Janeiro, chocou o País. Temos visto manifestações de solidariedade àquelas famílias, aos estudantes e aos professores daquela escola em todo o País, inclusive com repercussão internacional.

            Muitas manifestações foram realizadas nos estádios de futebol, nos concertos de música. Entre as mais bonitas que testemunhei, está a manifestação de iniciativa da banda U2 perante mais de noventa mil pessoas, tanto no sábado quanto no domingo, quando os nomes das doze crianças foram mostrados antes da música final cantada pelo U2 e pelo Bono, sobretudo quando ele ali alertou para que pudéssemos viver num mundo sem tanta violência.

            Quero saudar aqui a reação que os Líderes do Senado e o Presidente José Sarney, hoje, tiveram no sentido de que votemos um projeto que proponha um plebiscito, em outubro próximo, relativamente ao desarmamento.

            Meu pai, Paulo Cochrane Suplicy, sempre disse aos seus filhos - éramos onze, perdemos dois, somos ainda nove - que ele não tinha e nunca quis ter armas em casa. Ele nos ensinou a respeitar as pessoas, a evitar brigas com as pessoas, por mais difícil que fosse a situação. Ainda hoje, tenho comigo esses ensinamentos, para evitar o uso da violência. Tenho sido assertivo e firme em minhas opiniões, mas sou inteiramente contra a violência, seja ela verbal, física ou psicológica, e nunca senti a necessidade de ter uma arma de fogo. Inclusive, pratiquei e aprendi boxe, pugilismo, mas, nos tempos em que aprendi essa modalidade e em que soube como me defender, sempre me senti com maior segurança para jamais utilizar a violência contra quaisquer pessoas.

            Todos os dias, a mídia tem nos informado, à exaustão, os inúmeros casos de vitimas de violência, da violência doméstica, da violência no trabalho, nas ruas, nas escolas. Muitos desses casos terminam em mortes, e, em sua grande maioria, isso acontece por que as pessoas tinham uma arma ao alcance das mãos. Se não estivessem armadas, muitas dessas mortes poderiam ser evitadas.

            Aqueles que me conhecem sabem que sou um admirador dos homens e mulheres que têm transformado a sociedade, utilizando-se dos meios não violentos, como Mahatma Gandhi, Madre Teresa de Calcutá e Martin Luther King Jr. Devemos sempre lutar pelo que acreditamos com toda a nossa força, sempre procurando enfrentar a força física com a força da alma, das ideias.

            O Estatuto do Desarmamento assegurou ao Poder Executivo os meios de controlar o comércio e o uso de armas de fogo. Além disso, também estimulou a população a entregar suas armas. Segundo o Ministério da Justiça, de 2004 a 2008, foram recolhidas 500 mil armas, e 1,5 milhão de armas foram regularizadas. Apesar de o Brasil continuar a registrar elevado número de mortes por armas de fogo, de acordo com o Ministério da Justiça, de 2004 a 2010, a taxa de mortalidade por armas de fogo caiu 8%.

            É uma questão, pois, de bom senso. Basta lembrar quantas vezes observamos desavenças banais, que, certamente, poderiam ser resolvidas por meio do diálogo e da negociação, transformarem-se em tragédias irreversíveis. Diariamente, no trânsito pesado das cidades, muitos motoristas perdem a cabeça e, por pouco, não chegam a brigas físicas, que, às vezes, acontecem de fato. Se um deles tiver uma arma, a probabilidade de tragédia é altíssima. Portanto, para viver num Brasil mais seguro, teremos de fazer muito mais, para que nossa sociedade se torne mais justa e para que, em consequencia, isso resulte em paz social.

            Eis por que quero saudar a decisão do Presidente José Sarney, que, em conjunto com os líderes, propôs que nós todos votássemos a realização de um plebiscito nacional, a fim de que a população respondesse à seguinte pergunta: “O comércio de armas de fogo e munição deve ser proibido no Brasil?”.

            Aqui, divirjo um pouco dos meus colegas, como do meu amigo Senador Roberto Requião, que, há pouco, me dizia que acha importante manter armas em casa, no caso de entrar alguém que queira assaltá-la.

            Mas entendo que o povo, após receber informações mais claras sobre a questão, saberá optar pela proibição do comércio de armas em nosso País.

            Muito obrigado.


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 13/04/2011 - Página 11052