Discurso durante a 48ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Solidariedade às famílias das vítimas da chacina ocorrida em escola do Rio de Janeiro e defesa de políticas públicas que beneficiem a juventude.

Autor
Ana Rita (PT - Partido dos Trabalhadores/ES)
Nome completo: Ana Rita Esgario
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
SEGURANÇA PUBLICA.:
  • Solidariedade às famílias das vítimas da chacina ocorrida em escola do Rio de Janeiro e defesa de políticas públicas que beneficiem a juventude.
Publicação
Publicação no DSF de 14/04/2011 - Página 11407
Assunto
Outros > SEGURANÇA PUBLICA.
Indexação
  • SOLIDARIEDADE, FAMILIA, VITIMA, VIOLENCIA, ATENTADO, OCORRENCIA, ESTABELECIMENTO DE ENSINO, ESTADO DO RIO DE JANEIRO (RJ), NECESSIDADE, GOVERNO FEDERAL, MELHORIA, POLITICAS PUBLICAS, BENEFICIAMENTO, JUVENTUDE.

  SENADO FEDERAL SF -

SECRETARIA-GERAL DA MESA

SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


            A SRª ANA RITA (Bloco/PT - ES. Sem apanhamento taquigráfico.) - Sr. Presidente, Srªs Senadoras e Srs. Senadores, venho manifestar a minha solidariedade às famílias das vítimas da chacina ocorrida na Escola do Rio de Janeiro. Hoje foi celebrada a missa de 7º dia em homenagem a memória destas brasileirinhas e destes brasileirinhos, como a nossa Presidenta Dilma muito bem destacou.

            Mais do que prestar solidariedade, acredito que este é um momento de muita dor. Um momento que deve servir para que todos nós estejamos unidos no repúdio a esse tipo de violência, sobretudo com crianças indefesas.

            Este deve ser um momento de mobilização para repensarmos os valores da nossa sociedade e a respeito da banalização da vida.

            Infelizmente, em nosso País, a violência continua a vitimar anualmente, centenas de jovens e a ser a principal causa de morte entre a população de 15 a 24 anos.

            Dados do Mapa da Violência/2011, divulgado, recentemente, pelo Ministério da Justiça e o Instituto Sangari, revelam que no Brasil, as mortes violentas representam 62,8% das causas de óbitos entre os jovens.

            Os homicídios são responsáveis por 39,7% do total de mortes, mais que os acidentes de trânsito (19,3%) e os suicídios (3,9%).

            Entre a população jovem, 26,4 porcento das mortes têm causas naturais, enquanto 73,6 porcento são motivadas por causas externas.

            A pesquisa revela, ainda, que entre 1998 e 2008, a taxa de homicídio na população de 15 a 24 anos teve um aumento de 10,9%.

            Diante dos números, não é difícil concluir que o extermínio da juventude brasileira é o que explica basicamente o incremento que houve nos últimos anos nos homicídios em nosso País.

            A pesquisa revela, ainda, que meu Estado, lamentavelmente, ocupa o 2º lugar em nosso País, em mortes de jovens entre 15 e 24 anos. São jovens que, infelizmente, se unem cada vez mais ao tráfico e ao uso de drogas.

            Não posso deixar de apontar que os jovens que mais sofrem algum tipo de violência são, em sua maioria, pobres e negros.

            Em meio a toda essa violência, é imprescindível que não nos calemos. Neste sentido, quero elogiar o governador Renato Casagrande que preocupado com esta temática, logo após assumir o governo, em janeiro deste ano, anunciou que irá articular ações de combate a violência aos jovens no Espírito Santo.

            Também elogiar a Campanha Estadual Contra a Violência e Extermínio de Jovens, que é encampada por diversos segmentos juvenis da sociedade civil organizada. Vale destacar, que o comitê capixaba realizou, no final de março, um grande seminário sobre segurança pública e políticas públicas para a juventude. Dentre as ações tiradas no encontro, destaco a luta pela instalação do Conselho Estadual de Juventude, lei de autoria do deputado estadual, do PT-ES, Claudio Vereza. A instalação do comitê é importante para a implementação de ações afirmativas e de políticas públicas para a juventude.

            Voltando à chacina ocorrida no Rio de Janeiro, que deixou a todos estarrecidos diante de tamanha violência, aproveito para fazer um pedido especial a nossa presidenta Dilma Rousseff e as autoridades federais para que continuem a ajudar o Espírito Santo a implementar programas que valorizem a nossa juventude e a vida dos nossos jovens.

            E, neste sentido, é lastimável que alguns ainda defendam a redução da maioridade penal. Sabemos que o principal responsável pela violência, não é o fato de ser jovem, mas a desigualdade social. Não é o simples encarceramento de jovens em prisões superlotadas e sem condições de recuperação que coibiremos a criminalidade e a delinquência.

            Esta tragédia ocorrida no Rio de Janeiro despertou inúmeras reações que acredito serem salutares, como a rediscussão do desarmamento. Não é deixando a população armada que combateremos a criminalidade. Devemos evitar que pessoas desequilibradas tenham acesso a armas de fogo e isso só será possível com tolerância zero contra as armas.

            Outra discussão que ainda está sendo feita de forma tímida, mas que é fundamental é a questão do BULLYING. É preciso capacitar as escolas para o enfrentamento a esta forma de violência contra os jovens. Não tenho dúvidas de que a mentalidade doentia do assassino foi moldada, em grande medida, pelos anos de humilhações, exclusão e violência psicológica sofridas no ambiente escolar.

            Professores e diretores devem ser capacitados para o combate ao bullying. A falta de conhecimento específico para lidar com temas relativos a diversidade e preconceitos acabam por impor a alunos e alunas rotinas diárias de humilhações e exclusão.

            Nossas crianças e nossos jovens devem entender que as brincadeiras e as gozações podem prejudicar o desenvolvimento psicológico de um ser humano, que as diferenças fazem parte da sociedade e devemos respeitá-las. O rapaz certamente já possuía tendência para o desequilíbrio mental e que o bullying agravou.

            É preciso estabelecer procedimentos de combate ao bullying nas escolas, discutir a questão do preconceito e a discriminação no ambiente escolar para que outros “monstros” não sejam gerados.

            Diante de tamanha crueldade com a nossa juventude, não podemos ficar de braços cruzados. Devemos lutar para implementar cada vez mais políticas públicas que beneficiem a juventude.

            Era o que tinha a dizer.

            Muito obrigada.


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 14/04/2011 - Página 11407