Discurso durante a 52ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Homenagem a Dorina Nowill, deficiente visual que criou a Fundação para o Livro do Cego do Brasil, cujo objetivo é difundir e tornar acessíveis materiais escritos em braile.

Autor
Geovani Borges (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/AP)
Nome completo: Geovani Pinheiro Borges
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM. DIREITOS HUMANOS.:
  • Homenagem a Dorina Nowill, deficiente visual que criou a Fundação para o Livro do Cego do Brasil, cujo objetivo é difundir e tornar acessíveis materiais escritos em braile.
Publicação
Publicação no DSF de 19/04/2011 - Página 11799
Assunto
Outros > HOMENAGEM. DIREITOS HUMANOS.
Indexação
  • HOMENAGEM, PESSOA PORTADORA DE DEFICIENCIA, FUNDADOR, INSTITUIÇÃO BENEFICENTE, PROMOÇÃO, ACESSO, LIVRO, UTILIZAÇÃO, CODIGO BRAILLE, COBRANÇA, COMPROMISSO, PODER PUBLICO, MELHORIA, QUALIDADE DE VIDA, GARANTIA, DIREITOS, DEFICIENTE FISICO, IMPORTANCIA, INVESTIMENTO, TECNOLOGIA, FACILIDADE, EDUCAÇÃO, CEGO.

                          SENADO FEDERAL SF -

            SECRETARIA-GERAL DA MESA

            SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


            O SR. GEOVANI BORGES (Bloco/PMDB - AP. Para uma comunicação inadiável. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, há poucos dias, a Comissão de Direitos Humanos desta Casa realizou sessão comemorativa pelo Dia Nacional do Sistema Braile para cegos.

            Outras citações foram feitas a respeito, e eu, de forma pessoal, não quero que o mês de abril se vá sem que outras palavras sejam trazidas em favor dos quase oito milhões de deficientes visuais, entre cegos e pessoas com baixa visão aqui no Brasil.

            Como já foi mencionado por alguns colegas, 2011 é também ano referencial da iniciativa de uma mulher que mudou a vida dos deficientes visuais no Brasil e cujo marco está completando 65 anos. Eu me refiro a Dorina Nowill e à sua Fundação para o Livro do Cego do Brasil, criada em 1946, com o objetivo de difundir e tornar acessíveis materiais escritos em braile aos deficientes visuais.

            Dorina Nowill morreu em agosto de 2010, aos 91 anos. Deficiente visual desde os 17 anos, viu seu legado crescer e recebeu o reconhecimento da sociedade por seu trabalho incansável e sua luta em favor dos seus semelhantes. Eu poderia até dizer semelhantes de infortúnio, mas, diante da grandeza de seu trabalho e de sua força, o certo mesmo é dizer semelhantes de desafios, de superação.

            Dorina recebeu diversos prêmios nacionais e internacionais pelo seu trabalho. Em 56 anos de existência, a Fundação produziu mais de seis mil títulos, atendeu cerca de 20 mil pessoas nos diferentes serviços que realizou, além de ter sido a primeira deficiente visual a estudar em uma escola regular.

            É preciso que se diga que, durante todos estes anos, muitas transformações aconteceram no mundo em relação às pessoas cegas, condições sociais e à própria cegueira.

            A deficiência visual é um fato que pode acontecer na vida e produz nas pessoas comportamentos e atitudes que diferem de pessoa para pessoa, mas, acima de tudo, se reconhece que a pessoa cega ou com baixa visão é um ser humano igual aos outros em sua essência, inclusive com os mesmos deveres e direitos.

            A evolução dos processos de saúde, educação e a tecnologia trouxeram modificações na maneira de se avaliar e atender as pessoas com deficiência visual.

            No Brasil, é preciso reconhecer que soluções foram apontadas e, no decorrer dos anos, muitos aspectos do atendimento especializado às pessoas com deficiência visual contribuíram para a melhoria das condições de vida, e, de certa forma, modificaram a participação das mesmas na vida cotidiana.

            As novas tecnologias abriram acessos favoráveis à inclusão das pessoas com deficiência na vida comunitária, favorecendo uma adequada atitude em relação ao exercício da própria cidadania.

            No entanto, toda essa luta ainda enfrenta desafios gigantescos a serem superados.

            E ainda hoje, uma das maiores dificuldades das pessoas com deficiência visual está diretamente ligada à mobilidade, acrescida de outras dificuldades, como a perda do emprego, dificuldades financeiras, ausência de legislação adequada, entre outras insuficiências.

            A Constituição brasileira diz que “a educação é um direito de todos”. Porém, se considerarmos os dados estatísticos disponíveis sobre o número de pessoas com deficiência visual, é fácil concluir que muitos não têm as mesmas oportunidades de acesso a esse bem, devido a fatores diversos como recursos financeiros e número de profissionais especializados.

            Estou, portanto, aqui, trazendo este breve registro apenas para realimentar o compromisso que deve ser por todos abraçado, que é o de melhorar a qualidade de vida dessa parcela da sociedade, a começar pelo investimento na produção de livros e materiais acessíveis ao público com deficiência visual.

            Muitas pessoas não imaginam, mas as pessoas que não enxergam gostam de ler e fazem uso da leitura com muita frequencia.

            O fato é que, para eles, a leitura se dá por meio de outros sentidos que não a visão, como o tato e a audição. O livro braile, o falado, e, mais recente, o livro digital garantem o acesso mais rápido à cultura, à informação e ao lazer.

            É uma luta que já dura 65 anos Sr. Presidente. Nos anos 40, eram raros os livros em braile no País. Convencidas de que eles eram essenciais para a inclusão do deficiente visual, Dorina e um grupo de amigos criaram a Fundação para o Livro do Cego no Brasil. O que era uma pequena gráfica virou a maior editora de livros em braile da América Latina, uma instituição sem fins lucrativos, administrada por voluntários.

            Por ano, 64 mil livros são distribuídos gratuitamente para bibliotecas e deficientes visuais em todo o País. Além de publicações em braile, tem também livros digitais e os livros falados. Assim, muito reaprendem a ler, a entender formas, a se localizar.

            E nossos deficientes visuais, é preciso que se diga, não querem ser vistos e tratados como coitadinhos, de quem se tenha que ter pena.

            Longe disso! São pessoas conscientes de suas limitações, porém capazes de realizar seus desejos.

            Recentemente, lá no meu Amapá, o Centro de Apoio Pedagógico ao Deficiente Visual lançou o livro digital acessível para deficiente visual. O objetivo é disponibilizar o produto aos alunos cegos do 6º ao 9º ano do ensino fundamental.

(O Sr. Presidente faz soar a campainha.)

            O SR. GEOVANI BORGES (Bloco/PMDB - AP) - Sr. Presidente, estou quase concluindo.

            O livro foi produzido por meio de um projeto do Ministério da Educação baseado no padrão internacional Daisy, uma ferramenta brasileira que traz sintetizador de voz e introdução para o uso em português.

            Essa ferramenta de leitura permite a pessoa cega ou de baixa visão, acesso à leitura de forma rápida e estruturada. “É possível manusear o texto sonoro de maneira semelhante ao texto escrito, onde o usuário pode visualizar o conteúdo do texto em vários níveis de ampliação e ouvir sua gravação em uma voz sintetizada de forma simultânea.

            Sr. Presidente, dada a exiguidade do tempo, e V. Exª já tem sido muito generoso, solicito, na forma regimental, que seja transcrito, na íntegra, o nosso pronunciamento .

 

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SEGUE, NA ÍNTEGRA, DISCURSO DO SR. SENADOR GEOVANI BORGES.

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            O SR. GEOVANI BORGES (Bloco/PMDB - AP. Sem apanhamento taquigráfico.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores,


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 19/04/2011 - Página 11799