O SR. ALVARO DIAS (Bloco/PSDB - PR. Como Líder. Sem revisão do orador) - Srª Presidente Senadora Ana Amelia, Srs. Senadores, Srªs Senadoras, a inflação, infelizmente, volta a ser assunto inevitável na pauta dos debates e, certamente, na pauta da administração da União.

            O mercado elevou, pela sétima vez consecutiva, a previsão para a inflação oficial neste ano, o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), passando de 6,29%, na semana passada, para 6,34% hoje, segundo o boletim Focus, divulgado pelo Banco Central nesta segunda-feira.

            Hoje mesmo a Presidente Dilma Rousseff, após participar da campanha da vacinação contra a gripe, declarou que o Governo tem uma imensa preocupação” com a inflação e que não haverá hipótese alguma de desmobilização para o controle da meta. É bom que a Presidente assuma realmente essa postura, priorizando o combate à inflação.

            A Presidente foi taxativa, ao afirmar: “Todas as nossas atenções estão voltadas para o combate acirrado da inflação”. A imensa preocupação manifestada pela Presidente é justificada. O aumento da inflação nos últimos meses inspira cuidados. Os mecanismos informais de indexação de preços, notadamente no campo dos serviços, foram ressuscitados.

            O que é questionável é se o efetivo engajamento do Governo em cortar gastos e assumir o combate acirrado da inflação é real. Os exemplos que temos demonstram uma postura claudicante do Governo no combate à inflação. Vejam, no primeiro trimestre, os gastos com pessoal e custeio cresceram R$10 bilhões em comparação ao mesmo período do ano passado. Se forem computados os gastos com juros, o aumento chega a R$13,2 bilhões (montante suficiente para custear um ano do Programa Bolsa Família), e nós estamos falando em um trimestre. Os investimentos diminuíram R$317,2 milhões.

            Nós estamos, evidentemente, acompanhando sem os critérios técnicos a evolução da inflação no País. Quem acompanha melhor é o cidadão comum. Especialmente aqueles que recebem até cinco salários mínimos estão sendo já alvos da inflação com certa contundência. Os que ganham até cinco salários mínimos já sofrem consequências inevitáveis do retorno da inflação; todos sofremos evidentemente, mas, notadamente, aqueles que ganham menos. Quem vai ao supermercado, quem vai à farmácia, quem vai ao posto de gasolina, todos estão sentindo que há recrudescimento inflacionário, e nós não podemos, de forma alguma, descuidar do combate à inflação, para não colocarmos em risco um patrimônio extraordinário que o povo brasileiro adquiriu.

            É possível até que tente esse ou aquele, na atividade publica, trazer para si mérito sobre essa conquista, mas é uma conquista coletiva. Obviamente, os Governos de Itamar Franco e Fernando Henrique Cardoso foram fundamentais, mas a sociedade brasileira é que conquistou esse patrimônio da estabilidade econômica. A estabilidade econômica, a responsabilidade fiscal, a sustentabilidade financeira, a competitividade da economia são conquistas da sociedade brasileira: tiveram artífices exponenciais na vida pública, mas sem duvida são patrimônio que deve ser creditado ao povo brasileiro.

            É por essa razão, Srª Presidente, que nós voltaremos a esse assunto inúmeras vezes. Nesta segunda-feira, quisemos fazer referência a um dado novo, a este número apresentado pelo boletim Focus, divulgado pelo Banco Central, para destacar também a afirmação da própria Presidente da República, de que há uma imensa preocupação com o retorno da inflação. E nós teremos de voltar a esse assunto inúmeras vezes, lastimavelmente.

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