Discurso durante a 57ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Preocupação com as chuvas que assolaram o Rio de Janeiro e sugestão para a adoção de um sistema para aproveitamento das águas das chuvas.(como Líder)

Autor
Marcelo Crivella (PRB - REPUBLICANOS/RJ)
Nome completo: Marcelo Bezerra Crivella
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
CALAMIDADE PUBLICA. ESTADO DO RIO DE JANEIRO (RJ), GOVERNO MUNICIPAL. POLITICA DO MEIO AMBIENTE.:
  • Preocupação com as chuvas que assolaram o Rio de Janeiro e sugestão para a adoção de um sistema para aproveitamento das águas das chuvas.(como Líder)
Publicação
Publicação no DSF de 27/04/2011 - Página 12378
Assunto
Outros > CALAMIDADE PUBLICA. ESTADO DO RIO DE JANEIRO (RJ), GOVERNO MUNICIPAL. POLITICA DO MEIO AMBIENTE.
Indexação
  • SOLIDARIEDADE, FAMILIA, VITIMA, INUNDAÇÃO, MUNICIPIO, RIO DE JANEIRO (RJ), ESTADO DO RIO DE JANEIRO (RJ).
  • ELOGIO, INICIATIVA, PREFEITO, MUNICIPIO, RIO DE JANEIRO (RJ), ESTADO DO RIO DE JANEIRO (RJ), REFERENCIA, APOIO, APROVAÇÃO, CAMARA MUNICIPAL, MATERIA, DIREITOS, PAGAMENTO, METADE, PASSAGEM, BENEFICIARIO, ESTUDANTE, PROGRAMA NACIONAL, BOLSA DE ESTUDO, ENSINO SUPERIOR.
  • IMPORTANCIA, AGILIZAÇÃO, PROJETO DE LEI, AUTORIA, ORADOR, TRAMITAÇÃO, CAMARA DOS DEPUTADOS, MATERIA, CONSTRUÇÃO, SISTEMA, ARMAZENAGEM, AGUA, CHUVA, SOLICITAÇÃO, PREFEITO, MUNICIPIO, RIO DE JANEIRO (RJ), ESTADO DO RIO DE JANEIRO (RJ), ADOÇÃO, SUGESTÃO.

                          SENADO FEDERAL SF -

            SECRETARIA-GERAL DA MESA

            SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


            O SR. MARCELO CRIVELLA (Bloco/PRB - RJ. Como Líder. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, senhores telespectadores da TV Senado, senhores ouvintes da Rádio Senado, ilustres cidadãos que abrilhantam esta sessão com suas presenças, senhores jornalistas, membros da Mesa, as notícias do Rio de Janeiro nesse final de semana foram trágicas. As chuvas caíram torrencialmente e inundaram vários locais na nossa cidade. Um senhor morreu afogado - pasmem - na Praça da Bandeira, no centro da cidade, cercada de hospitais. Uma coisa que atenta contra a nossa civilidade, atenta contra os processos da nossa cidadania.

            Sr. Presidente, ao mesmo tempo em que quero parabenizar o Prefeito da cidade do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, por ter mandado mensagem e mobilizado sua base na Câmara Municipal parda aprovar a meia passagem para os estudantes das cotas e do ProUni, medida de alto alcance social, de extraordinária relevância em benefício a talvez a nossa maior dívida, que é a dívida com a educação, eu gostaria de chamar a atenção do Prefeito. Nós precisamos ter um sistema de aproveitamento de água de chuva. É um projeto que já apresentei no Senado, já foi aprovado, mas tramita na Câmara dos Deputados. E até faço um apelo aos colegas da Câmara: cidades, capitais altamente impermeabilizadas, nas áreas tropicais, e sujeitas ao fenômeno do El Niño precisam adotar com urgência o sistema de aproveitamento de água de chuva. Na própria Praça da Bandeira, debaixo da praça, debaixo da bandeira, debaixo dos jardins, é preciso haver um grande reservatório para onde possa escoar a água da chuva no momento de precipitações volumosas como as que ocorreram nesse último fim de semana. Cada edifício, cada instalação comercial, cada igreja, cada clube, que impermeabiliza seu solo deve cuidar da água pluvial.

            Ela tem de ser armazenada. No dia seguinte ela vai ser usada para regar os jardins, para limpar as calçadas e lavar os carros. É assim que nós temos de fazer. E nós estamos clamando aqui, meu Deus, como João Batista clamava no deserto da Judéia. Nós estamos vivendo um tempo novo. Nós estamos vivendo o tempo do aquecimento global. E todos sabem que a cada ano que passa as precipitações são cada vez mais curtas e mais intensas. Nós precisamos adotar isso.

            Então, Sr. Prefeito Eduardo Paes, V. Exª que já montou um sistema de monitoramento, que merece todo o nosso aplauso, antes da aprovação desse projeto pelo Congresso, adote isso, sobretudo nessas áreas que todos nós sabemos são mais baixas, são áreas em depressão na nossa cidade e são confluências de rios que foram mal canalizados no passado.

            Nós não temos como esgotar essas águas no nosso sistema pluvial, até porque há momentos em que a Baía da Guanabara sobe de nível e em vez de as nossas redes pluviais lançarem água no mar, é a água do mar que entra no continente, para dentro da nossa cidade.

            Eu quero prestar toda a minha solidariedade à família desse brasileiro. Os jornais não disseram se é carioca, se é fluminense, mas é uma agonia, parte o nosso coração. Eu quero expressar aqui o sentimento de dor, e mais, o sentimento de vergonha, como autoridade, como um dos responsáveis pela políticas públicas do Brasil e da minha terra, de ver alguém morrer afogado na Praça da Bandeira.

            Isso é ago que realmente estraçalha o coração e mancha a nossa cidadania. Para que nós não vejamos pessoas morrendo no ano que vem, em vez de uma, duas ou três, nós precisamos, repito, adotar o programa de aproveitamento de água de chuva. As águas pluviais não podem ser mais catástrofe. Elas têm que ser para nós uma dádiva, uma bênção de Deus, desde que saibamos cada um de nós ter a responsabilidade de armazená-las. As chuvas são inversamente proporcionais a sua intensidade: quanto mais intensas, mais curtas. O problema ocorre de maneira repentina, mas ele é curto, é um episódio curto, e é nesse momento que precisamos abrir os reservatórios de cada prédio, de cada clube, de cada igreja e até públicos, sobretudo na Praça da Bandeira. Nós precisamos construir ali um grande reservatório para um milhão, dois milhões, dez milhões de litros e, na época da chuva, enchê-lo e certamente no dia seguinte usá-lo para limpar a cidade, tirar lama das ruas, lavar os carros, molhar o jardim. Essas são o que hoje na engenharia se chama de águas cinza. Em muitos países hoje as pessoas já estão utilizando água de pia, água de chuveiro, não vaso sanitário, mas de pia, de chuveiro, pia do tanque, da cozinha e do banheiro. Estão tratando essas águas que chamam de águas cinza. Elas não são para fazer comida, mas ficam armazenadas junto com a caixa d’água no teto, no telhado do edifício, para serem usadas no vaso sanitário, para serem usadas para molhar jardins ou limpar as áreas comuns do condomínio: as garagens, as entradas do edifício, as calçadas dos prédios.

            Nós estamos permitindo que as chuvas matem afogado um cidadão da nossa cidade que teve a infelicidade de estar a caminho de casa num domingo na hora da chuva e teve a sua vida ceifada.

            Daqui a pouco nós vamos ter de adotar salva-vidas na Praça da Bandeira.

            Nós vamos precisar de ter salva-vidas na Praia de Copacabana, na Barra da Tijuca.

            Vai chover? Aí vai mandar dois rapazes fortes, jovens, para serem salva-vidas na Praça da Bandeira. É o fim do mundo!

            Então faço aqui o meu apelo.

            Minha parte já fiz: apresentei o projeto, que foi debatido, foi pautado, foi relatado, foi discutido, foi emendado em quatro comissões e aprovado.

            Foi para a Câmara dos Deputados.

            Que lá S. Exªs se debrucem sobre o tema, melhorem o projeto. Ele cria um fundo de financiamento e dá possibilidade aos gestores públicos dessas áreas onde as águas sobem até os tetos das casas, para ali criarem um sistema de reservatório de águas pluviais.

            Já vou terminar, Sr. Presidente.

            Ainda que a Câmara não debata o tema - e o processo legislativo no Brasil é muito lento - faço esse apelo ao Sr. Prefeito do Rio de Janeiro, que tantos benefícios tem trazido à nossa cidade.

            Mais uma vez eu o aplaudo por ter adotado a meia passagem nos ônibus. Em todos os ônibus do Rio de Janeiro hoje estudantes do ProUni e estudantes cotistas vão pagar meia passagem.

            Parabéns, Prefeito, mas, por favor, lembre-se: sistema de armazenamento de água de chuva.

            Muito obrigado.


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 27/04/2011 - Página 12378