Fala da Presidência durante a 38ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Reverência à memória do ex-Senador Mário Covas no transcurso do décimo aniversário de seu falecimento.

Autor
Marta Suplicy (PT - Partido dos Trabalhadores/SP)
Nome completo: Marta Teresa Suplicy
Casa
Senado Federal
Tipo
Fala da Presidência
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Reverência à memória do ex-Senador Mário Covas no transcurso do décimo aniversário de seu falecimento.
Publicação
Publicação no DSF de 30/03/2011 - Página 8654
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • ABERTURA, SESSÃO SOLENE, HOMENAGEM, DECENIO, ANIVERSARIO DE MORTE, MARIO COVAS, EX GOVERNADOR, ESTADO DE SÃO PAULO (SP), COMENTARIO, BIOGRAFIA, ELOGIO, VIDA PUBLICA.

            A SRª PRESIDENTE (Marta Suplicy. Bloco/PT - SP) - Há número regimental. Declaro aberta a sessão.

            Sob a proteção de Deus, iniciamos nossos trabalhos.

            O tempo dos oradores do Período do Expediente da presente sessão deliberativa ordinária do Senado Federal destina-se a reverenciar a memória do ex-Senador Mário Covas pelo transcurso do décimo aniversário do seu falecimento, nos termos do Requerimento nº 221, de 2011, da Senadora Marisa Serrano, do Senador Aécio Neves e de outros Srs. Senadores.

            Chamo para fazer parte da Mesa o ilustríssimo Governador do Estado de São Paulo, Sr. Geraldo Alckmin; os primeiros signatários da presente sessão, Senadora Marisa Serrano e Senador Aécio Neves; o Deputado Estadual e Secretário da Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São Paulo, neto do Senador Mário Covas, representando a família, Sr. Bruno Covas; o Deputado Federal e Presidente Nacional do PSDB, Sr. Sérgio Guerra; e o ex-Governador do Estado de São Paulo, Sr. José Serra. (Palmas.)

            Quero registrar também a presença do Procurador de Justiça do Ministério Público de São Paulo e ex-Secretário de Segurança Pública no Governo Mário Covas, Sr. Marco Petreluzzi; e do Deputado Federal, jovem membro da Fundação Mário Covas, Vinicius Silva Caruso.

            Cumprimento ainda as Srªs e os Srs. Parlamentares, as senhoras e os senhores aqui presentes.

            Convido todos a, de pé, acompanharmos o Hino Nacional brasileiro, que será cantado pelo coral do Senado.

(Procede-se à execução do Hino Nacional.)

 

            A SRª PRESIDENTE (Marta Suplicy. Bloco/PT - SP) - Srªs Senadoras e Srs. Senadores, todos que se fazem presentes nesta cerimônia, quero abrir esta sessão solene, fazendo um breve histórico da vida política de Mário Covas, um dos políticos mais influentes de seu tempo e homem de coerência exemplar.

            Covas nasceu na cidade de Santos e lá fez seus estudos básicos, somente tendo deixado a cidade natal para cursar Engenharia, na Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP), na qual se formou engenheiro civil, em 1955. Nessa época, na política estudantil, já demonstrou qual seria sua verdadeira vocação, tendo chegado a Vice-Presidente da União Nacional dos Estudantes (Une).

            Em 1961, ficou em segundo lugar na disputa pela Prefeitura de Santos, mas, em 1962, foi eleito Deputado Federal.

            Democrata que era, em 1964, discordou da eleição indireta do Marechal Castello Branco e votou, em sinal de protesto, no Marechal Juarez Távora, que nem sequer concorria.

            Em 1965, após o Ato Institucional nº 2, que extinguiu o pluripartidarismo, Covas filiou-se ao Partido de Oposição, o MDB. Reeleito em 1966, foi destituído, em 1969, do cargo de Deputado Federal, como decorrência do Ato Institucional nº 5, e, consequentemente, teve os direitos políticos suspensos por dez anos, tendo passado dez dias preso em um quartel da Aeronáutica, em São Paulo.

            Com a volta do pluripartidarismo, em 1979, filiou-se ao PMDB e, em 1982, conseguiu expressiva votação, para a época, de mais de 300 mil votos como Deputado Federal.

            Assumiu a Prefeitura da cidade de São Paulo, em 1983, por indicação do então Governador Montoro, tendo permanecido, até 1985, nesse cargo.

            Em 1986, candidato a Senador, foi eleito com 7,7 milhões de votos. Nessa época, a capacidade para o diálogo e as articulações para a busca do consenso fizeram de Mário Covas o Líder do seu Partido na Assembleia Constituinte.

            Na Constituinte, o PMDB, sucessor do MDB, que tinha lutado incisivamente pela redemocratização do País, acabou por mostrar divergências inconciliáveis entre seus líderes. Como resultado, alguns deles, entre os quais Mário Covas, fundaram o Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB), em junho de 1988. Alguns meses depois, Covas foi eleito Presidente Nacional do PSDB.

            Em 1989, foi candidato do novo Partido à Presidência da República, mas ficou em quarto lugar na disputa. Em 1990, concorreu ao Governo do Estado de São Paulo e ficou em terceiro lugar.

            Em 1994, em eleição que disputamos, foi eleito Governador de São Paulo com 8,6 milhões de votos e, em 1998, reeleito com 9,9 milhões de votos.

            Por toda essa trajetória, acredito que as divergências partidárias não poderiam jamais servir para diminuir o homem por trás da liderança política. E é por essa razão também que, na minha eleição para a Prefeitura de São Paulo, em 2000, tive a honra de contar com o apoio desse grande brasileiro no segundo turno, que, já doente, postergou sua internação para aquele dia - e isso nunca esquecerei -, para poder ir ao Sindicato dos Jornalistas e dar apoio à nossa eleição, apoio esse, quero dizer aqui, que foi fundamental para que ganhássemos a Prefeitura de São Paulo.

            Era um candidato e, às vezes, adversário coerente e leal. Eu gostava muito dele.

            Era esse meu depoimento.

            Concedo a palavra à Senadora Marisa Serrano, subscritora do Requerimento.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 30/03/2011 - Página 8654