Discurso durante a 63ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Congratulações à Comissão de Assuntos Econômicos do Senado Federal pela importância dos temas debatidos no órgão, especialmente durante audiência pública realizada hoje com o Ministro da Fazenda Guido Mantega.

Autor
Gleisi Hoffmann (PT - Partido dos Trabalhadores/PR)
Nome completo: Gleisi Helena Hoffmann
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA ECONOMICO FINANCEIRA.:
  • Congratulações à Comissão de Assuntos Econômicos do Senado Federal pela importância dos temas debatidos no órgão, especialmente durante audiência pública realizada hoje com o Ministro da Fazenda Guido Mantega.
Publicação
Publicação no DSF de 04/05/2011 - Página 13722
Assunto
Outros > POLITICA ECONOMICO FINANCEIRA.
Indexação
  • REGISTRO, PARTICIPAÇÃO, GUIDO MANTEGA, MINISTRO DE ESTADO, MINISTERIO DA FAZENDA (MF), REUNIÃO, AUDIENCIA PUBLICA, COMISSÃO DE ASSUNTOS ECONOMICOS, DISCUSSÃO, POLITICA ECONOMICO FINANCEIRA, GOVERNO FEDERAL, PROBLEMA, INFLAÇÃO, PAIS.

                          SENADO FEDERAL SF -

            SECRETARIA-GERAL DA MESA

            SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


            A SRª GLEISI HOFFMANN (Bloco/PT - PR. Para uma comunicação inadiável. Sem revisão da oradora.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs Senadores, quero aqui fazer o registro de que hoje recebemos na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado o nosso Ministro da Fazenda, Guido Mantega, para um debate sobre a política econômica em curso, administrada pelo Governo da República e também sobre questões relativas à inflação, que está sendo tema e pauta de debates no País.

            Aliás, quero aqui fazer um reconhecimento dos debates que temos feito na Comissão de Assuntos Econômicos. Quero parabenizar a Comissão pela pauta apresentada. Há pouco a Senadora Ana Rita referiu-se a um debate sobre política tributária. De fato, tivemos um grande debate na semana passada com o Secretário Nelson Barbosa, com representantes do Confaz exatamente sobre as alíquotas do ICMS em relação a produtos importados, sobre os quais V. Exª tão bem expôs aqui e que interfere em seu Estado.

            Tenho certeza de que a CAE já está sendo palco de grandes debates.

            Quero fazer aqui uma saudação muito especial ao Ministro Guido Mantega que fez, na CAE, uma explanação mostrando a consistência e coerência da política econômica do Governo que está em curso. É uma política que tem como uma meta clara o controle de inflação, mas também o crescimento econômico e a distribuição de renda.

            É esse o tripé que tem sustentado o sucesso do desenvolvimento brasileiro. Afirmou o Ministro que a inflação está sob controle. Aliás, lembrou ele que nós estamos na meta inflação desde 2005.

            O regime de metas da inflação começou em 1999, com o então Presidente Fernando Henrique Cardoso. E ele é de grande mérito, porque olhamos para frente e não para trás. Portanto, estamos preocupados com o futuro, estabelecendo metas para que nossa economia não seja corroída por essa situação ruim que é a inflação.

            Na época em que foi implantado o regime de metas, em 1999, tínhamos uma grande inflação, e a meta se pretendia muito ousada, uma meta grande. 

            Para isso, o remédio adotado pelo governo de então foi o aumento considerável na taxa de juros, na taxa Selic. A partir de lá se conseguiu fazer o equilíbrio. Entretanto, tivemos um problema: quando quisemos fazer a retomada do crescimento econômico por já termos inflação controlada, não conseguimos porque não tínhamos visão de investimentos, principalmente em infraestrutura. E o Brasil conheceu o apagão.

            Quando o Presidente Lula assumiu o governo em 2002, a inflação estava muito alta, de 12,5%; na realidade, uma inflação de quase descontrole. Mesmo o regime de metas, mesmo a imposição de taxa Selic alta pelo governo então não foi suficiente; o governo não conseguiu fazer adequação da inflação. Em maio de 2003, tivemos uma inflação que bateu a casa de 17%. Portanto, estávamos numa situação de descontrole quando o Presidente Lula assumiu. De lá para cá, vimos uma política econômica administrada que conseguiu reverter esses índices. Tive oportunidade de parabenizar o Ministro Guido Mantega, porque grande parte da responsabilidade por esses números foi dele. Para se ter idéia, a inflação, que era de 17,3% em maio de 2003, chegou agora, no Governo da Presidenta Dilma, na média de 5%. Os juros reais, que eram de 16%, passaram para 6%; o crescimento econômico médio daquela época, que era de 2,5%, passou para 4,5%, e tivemos uma política consistente de salário mínimo com distribuição de renda. O Ministro Guido Mantega afirmou hoje na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado que o Governo está fazendo controle inflacionário. Ele teve crédito e respeitabilidade porque trouxe a esta Casa dados que mostram que a inflação está sob controle, o juro real caiu e temos crescimento efetivo no País.

            É importante administrarmos as nossas expectativas porque também falava o nosso Ministro Guido Mantega das profecias pessimistas e o quanto isso influencia os índices inflacionários. A inflação está sob controle, mas ainda teremos repique inflacionário que deve chegar, em agosto, a 7%. Por que vamos olhar para trás? Nos últimos 12 meses, se computarmos a inflação, veremos que ela se projeta para agosto nesses números porque nós retiraremos do cálculo dos últimos 12 meses três meses de inflação zero: junho, julho e agosto.

            Portanto, não é possível que haja especulação de alguns analistas de mercado, principalmente na véspera da reunião do Copom, que dizem que a taxa de juros tem de aumentar 1%, 0,75, 0,50, alegando que o Governo não está sendo firme no combate à inflação porque não aumenta a taxa Selic. São setores que estão especulando para ganhar com esse processo financeiro.

            Mas o Ministro Guido Mantega mostrou que o Governo está unido, tem direção, sabe o que está fazendo, a inflação está sob controle e, aliás, o IGP, que avalia e indica a inflação futura, já está mostrando o declínio inflacionário.

            Gostaria de dizer isso a esta Casa, para que fique registrado de forma clara que temos uma política consistente do processo da macroeconomia, principalmente do controle da inflação, sem comprometer o desenvolvimento econômico, sem comprometer a distribuição de renda, porque temos também uma política consistente do salário-mínimo.

            Termino este meu pronunciamento, este meu comunicado, com a afirmação feita ontem, em um artigo de opinião publicado no jornal Valor Econômico do ex-Presidente do Banco Central Gustavo Loyola no Governo do Presidente Fernando Henrique, que fala claramente sobre o que chama de expectativa de mercado e ao que está gerando essa expectativa de inflação.

            Diz o ex-Presidente Gustavo Loyola:

Vale notar que não há nada de negativo no fato de o Banco Central agir contrariamente às expectativas de mercado. Como lembrou Alan Blinder, que já foi vice-presidente do Federal Reserve (FED, Banco Central americano), quando o Banco Central segue sistematicamente as percepções de mercado, o resultado costuma ser uma política monetária de baixa qualidade. O que importa mesmo é a capacidade do BC de ter um discurso e uma ação coerentes e consistentes no tempo.

            Isso, com certeza, nosso Banco Central, a equipe econômica e a Presidenta Dilma estão tendo.

            Muito obrigada, Sr. Presidente.


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 04/05/2011 - Página 13722