Discurso durante a 65ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Comemoração dos 185 anos de instalação do Senado Federal.

Autor
Vanessa Grazziotin (PC DO B - Partido Comunista do Brasil/AM)
Nome completo: Vanessa Grazziotin
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM. SENADO.:
  • Comemoração dos 185 anos de instalação do Senado Federal.
Publicação
Publicação no DSF de 06/05/2011 - Página 14243
Assunto
Outros > HOMENAGEM. SENADO.
Indexação
  • HOMENAGEM, ANIVERSARIO DE FUNDAÇÃO, SENADO, IMPORTANCIA, EXISTENCIA, GARANTIA, EQUIDADE, ESTADOS, ELOGIO, PARTICIPAÇÃO, MULHER, LEGISLATIVO.

                          SENADO FEDERAL SF -

            SECRETARIA-GERAL DA MESA

            SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


            A SRª VANESSA GRAZZIOTIN (Bloco/PCdoB - AM. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão da oradora.) - Muito obrigada, Senadora Marta Suplicy, que orgulha todas as mulheres brasileiras ao estar, neste momento, dirigindo uma sessão tão importante e que marca a democracia brasileira.

            Quero cumprimentar os Srs. Senadores, Srªs Senadoras, os convidados presentes, todos eles já nominados pela nossa Presidenta, e dizer que, desde a abertura do Senado brasileiro, há 185 anos, que será comemorado no dia de amanhã, dia 6 de maio, abertura feita pelo Imperador Dom Pedro I, esta Casa, o Senado Federal, esteve sempre presente nos momentos mais importantes do País.

            O que foi, no passado e no seu início, uma “casa de nobreza” hoje se mostra mais plural, no que diz respeito à representatividade da Nação. Digo isso, Srª Presidenta, Srªs e Srs. Senadores, destacando que somos eleitos em nossos Estados pelo voto majoritário, ou seja, para chegar aqui, toda Senadora, todo Senador tem de ter alcançado a maioria dos votos do seu Estado.

            Aqui representamos, como foi dito com muita ênfase pelos nobres Senadores que me antecederam, o Senador Dornelles, mas sobretudo pelo Senador do Estado de Roraima, Senador Mozarildo Cavalcanti, que nós somos eleitos em número de três, em cada uma das Unidades da Federação, do Distrito Federal, em cada um dos nossos Estados. Isso é muito importante, porque, como aqui já foi dito - e eu vou pular essa parte do meu pronunciamento -, garante o equilíbrio federativo do nosso País. Um País que - nunca é demais lembrar - é uma das maiores nações do mundo, não apenas quanto ao seu contingente populacional, não apenas quanto à sua economia - e hoje somos a sétima economia do mundo -, mas também na nossa dimensão territorial.

            Somos um País de 8,5 milhões de quilômetros quadrados. Um País que, como nenhum outro, possui uma riqueza natural fantástica e ainda não aproveitada. Um País de um clima frio no Sul e um clima sempre quente do Norte. Um País que parece a Europa no Sul, mas que tem ainda uma grande população indígena no Norte. Somos, graças a Deus - diz o Senador Pedro Taques -, um País das belas praias do Nordeste brasileiro.

            É exatamente o Senado Federal que tem a capacidade de fazer com que cada um dos nossos Estados, com que cada uma dessas realidades tão diferentes sejam representadas igualmente aqui.

            Como bem frisou o Jornal do Senado, o nosso jornal, ao comemorar os 185 anos desta Casa, a própria unidade do nosso território tem parte de sua explicação na atuação dos Senadores.

            Desde o início foram esses que agiram e agem como referência para a manutenção da estabilidade nacional, em um continente ainda marcado por profundas divisões políticas e, principalmente, por profundas desigualdades regionais.

            Este é o papel do Senado, senhoras e senhores, o de não somente legislar, mas também fiscalizar e legitimar o exercício do poder.

            Em muitas situações, em consulta ao Parlamento, é esta Casa que se coloca como referência, em última instância, sobre o que deve ser feito com a coisa pública, como bem disse o historiador Marcos Magalhães.

            Ao comemorarmos mais um aniversário do Senado Federal, 185 anos, quero destacar a participação das mulheres e a nossa luta pelos nossos direitos. Desde as décadas de 20 e 30, em meio aos protestos pelo direito da mulher para votar e ser votada, garantindo a cidadania plena a todos nós, quando a médica Carlota Pereira foi eleita para um mandato na Assembleia Nacional Constituinte de 1933, passando pela era Vargas, pelos governos populistas, pelo regime militar e pela redemocratização do Brasil, a presença feminina no Parlamento brasileiro vem crescendo paulatinamente, embora em ritmo ainda lento, em ritmo que precisa ser acelerado.

            Embora a primeira Senadora do Brasil tenha sido a Princesa Isabel, que, apesar de exercer algumas funções políticas, nunca foi nomeada como Senadora, mas exerceu funções políticas como tal, a primeira Senadora eleita do Brasil só chegou a esta Casa no ano de 1979. No dia 12 de maio de 1979. Portanto, há pouquíssimos 35 anos foi quando chegou pela primeira vez a primeira mulher aqui no Senado Federal.

            À época, ao noticiar o fato, em 12 de maio de 1979, de que o Brasil tinha finalmente sua primeira Senadora, os principais jornais brasileiros não diferenciaram muito na abordagem.

            A Folha de S. Paulo, por exemplo, à época, sintetizou a conquista com o título da matéria principal de capa: “Com a morte do Senador Bosco, mulher chega ao Senado”, Senador Pedro Taques. No mesmo dia, o título da matéria do jornal O Estadão foi o seguinte: “Morte de Bosco leva ao Senado a primeira mulher”. E assim seguiram o Correio do Povo, o Jornal do Brasil; jornais de todos os Estados brasileiros.

            O destaque não era a chegada da mulher ao Senado, que, aliás, contribuiu na chapa com 46% dos votos.

            À época, eram chapas em que a somatória dos dois candidatos fazia com que o primeiro chegasse ao Senado. E a Senadora Eunice Michiles por muito pouco não foi a primeira colocada. Por muito pouco. Uma das razões, Senadora Marta, foi a discriminação, mas ela teve 46% dos votos. Mas os jornais não noticiaram que a mulher chegou por mérito e com voto ao Senado, não; disseram que tinha sido a morte do Senador que trouxe a primeira mulher.

            Nós chegamos aqui em 1979. Hoje, somos doze Senadoras, somos 15%. Temos a alegria de ver uma mulher na 1ª Vice-Presidência. Não é na 1ª, é na Vice-Presidência, porque aqui só têm o Presidente e o Vice-Presidente, e para a gente é uma honra muito grande, Senadora Marta Suplicy.

            Portanto, neste dia em que comemoramos 185 anos do Senado, eu, como Senadora da República, eleita pelo Estado do Amazonas, Diretora Doris, Diretora Cláudia Lyra, não poderia deixar de falar sobre a nossa presença e a contribuição que as mulheres vêm dando não apenas no Parlamento, mas na construção desta bela e amada nação que se chama Brasil. Parabéns às Srªs Senadoras, parabéns aos Srs. Senadores, parabéns ao Brasil, que tem a felicidade de, num ambiente de democracia, num ambiente de liberdade, comemorar os 185 anos de uma instituição tão importante como é o Senado Federal.

            Muito obrigada, Srª Presidente. (Palmas.)


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 06/05/2011 - Página 14243