Discurso durante a 66ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Homenagem às mães pelo transcurso, no próximo domingo, do Dia das Mães.

Autor
Mozarildo Cavalcanti (PTB - Partido Trabalhista Brasileiro/RR)
Nome completo: Francisco Mozarildo de Melo Cavalcanti
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Homenagem às mães pelo transcurso, no próximo domingo, do Dia das Mães.
Aparteantes
Gleisi Hoffmann.
Publicação
Publicação no DSF de 07/05/2011 - Página 14416
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM, DIA NACIONAL, MÃE, LEITURA, TEXTO, POETA.

                          SENADO FEDERAL SF -

            SECRETARIA-GERAL DA MESA

            SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


            O SR. MOZARILDO CAVALCANTI (PTB - RR. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Senador Acir, Srs. Senadores, Srªs Senadoras, inscrevi-me na lista de oradores normais desta sexta-feira para homenagear a minha mãe e as mães de todo o País pelo dia delas, no domingo, já que, domingo, não há sessão do Senado Federal.

            Coincidentemente, no dia 12 de abril, ocupei esta tribuna para homenagear os obstetras. Como obstetra, fiz aqui um relato de quanto esta especialidade, a obstetrícia, dá ao médico satisfação. Em cada ato, uma satisfação dupla: a de poder fazer um parto em que a mãe fique bem e a de que o neném que nasce também esteja bem.

            Ontem, dia 5 de maio, foi o Dia das Parteiras. Eu homenageei aqui as parteiras, até porque creio que praticamente todos os Senadores, cuja média de idade está em torno de 50 anos - talvez um ou outro tenha nascido pelas mãos de um obstetra -, nasceram pelas mãos de alguma parteira. Eu fui um. Minha mãe, aliás, teve os quatro partos assistidos por uma parteira.

            O interessante é que homenageei o obstetra, a parteira e, hoje, vamos homenagear o objeto do trabalho dessas duas profissões. No fundo, no fundo, o obstetra nada mais é um do que um parteiro mais qualificado, vamos dizer assim.

            Mas eu estava lendo, num dia desses, um artigo, e uma frase me chamou muito a atenção: “O Dia das Mães devia ter, na verdade, o rótulo de dia do ser humano”, porque metade dos seres humanos é mulher, a grande maioria deles, mães, e os que não são vieram de alguma mãe. Portanto, nós homens somos fruto de uma mãe.

            Aqui ouvi V. Exª e a Senadora Vanessa fazerem homenagens muito bonitas às mães. Quem tem a felicidade, como nós dois temos, Senador Acir, de ter uma mãe viva, mesmo que doente às vezes, sente muita felicidade e, às vezes, pensa: “Como é que pudemos, em um determinado momento da vida, contrariar a nossa mãe em alguma coisa? Como é que a gente pôde, em algum momento também da vida, seja da infância ou da adolescência principalmente, ou até mesmo da idade adulta, achar que sabíamos mais do que as nossas mães?”

            Depois que a gente vira pai, vira avô, como no meu caso, é que a gente realmente entende a dimensão dessa figura, esse status da mulher, que é o de ser mãe.

            Então, a cada dia que passa, eu agradeço a Deus por ainda ter a minha mãe viva e, embora more em outro Estado, eu dificilmente passo um dia sem telefonar para ela, para saber como ela está, porque ela tem uma saúde, hoje, fragilizada. Mas me dá muito prazer ver o que ela foi capaz de fazer por mim, de renunciar por mim, para que eu pudesse chegar aonde eu cheguei.

            Então, eu quero, por intermédio dela, abraçar e parabenizar todas as mães. Ainda não tenho netas mães, mas tenho filhas que são mães, e eu sei o quanto, às vezes, nós homens, como esposos, não sabemos dar a dimensão precisa para a figura da mãe. Eu não quero, como se diz no popular, me gabar, mas eu tenho uma esposa com quem eu vivo há 43 anos e para quem eu sempre digo: “60% ou mais do que foi feito pelos meus filhos foi ela que fez”. Ela como professora abandonou o emprego e se dedicou a ser mãe, professora, tudo dos filhos. Eu trabalhava muito, como médico obstreta trabalhava muito e ficava muito pouco em casa. Graças a Deus os três filhos que tivemos, todos os três, conseguiram, como se diz no popular, vencer na vida, são hoje profissionais que têm sua independência, que já têm suas famílias constituídas, e isso me dá muita felicidade.

            Mas eu quero indagar à Senadora Gleisi se vai me dar a honra de um aparte?

            A Srª Gleisi Hoffmann (Bloco/PT - PR) - Gostaria, sim, Senador Mozarildo, muito obrigada pela gentileza. Eu queria cumprimentá-lo pelo pronunciamento, pela sua sensibilidade, pelas afirmações emocionadas que faz sobre a mãe. Ser mãe, como muitos dizem, é padecer no paraíso, porque ser mãe é uma alegria que não tem como explicar. Ter um filho, Senador Mozarildo, gerar, gestar, fazer com que nasça uma criança e ser responsável pela vida é algo que não tem paralelo. A gente muda completamente; antes de ter um filho e depois de ter um filho. Então é um amor que não tem referência na sociedade, é um amor de entrega. E as mães realmente fazem essa entrega aos seus filhos. Agora eu quero fazer uma homenagem aqui porque também não é simples ser mãe, não é simples ter um bebê, ficar noites intermináveis acordada cuidando dessa criança, cuidando da criança na fase da infância, muitas vezes com pouca solidariedade dos companheiros ou com pouca solidariedade da família. Uma mãe que trabalha dentro de casa e trabalha fora tem que equilibrar o seu tempo, equilibrar suas funções, para dar conta de pôr o filho na escola, de educar, de trazer; as crianças, por si só, requerem das mães uma energia muito grande, uma atenção muito grande. É uma fase em que a mulher, principalmente quando as crianças são pequenas, praticamente se anula para poder sustentar e para poder criar seus filhos. É claro que nós temos situações também trágicas na nossa sociedade; de mães que renegam seus filhos, de mães que matam seus filhos, mas, com certeza, isso é a exceção da exceção. Majoritariamente, as mães têm uma dedicação infinita. E é isso que faz com que as mulheres expressem a sua solidariedade. Por isso eu sempre digo: “As mulheres são mais dadas a compreender o outro exatamente pela função materna que exercem”. Então queria parabenizar V. Exª pelo discurso, pelo carinho com que V. Exª fala das mães. Também quero aqui deixar meus parabéns a todas as mães, fazer uma saudação especial a minha mãe, que me ajuda. Em razão dela, hoje eu posso estar aqui como Senadora da República porque partilhei com ela o cuidado dos meus filhos. Sei que há muitas mulheres que abrem mão de suas carreiras, que abrem mão inclusive da militância política porque não têm com quem contar para ajudar na criação dos filhos. Então quero deixar aqui um carinho, um abraço muito grande, muito forte a todas as mães brasileiras.

            O SR. MOZARILDO CAVALCANTI (PTB - RR) - Senadora Gleisi, fico muito honrado e emocionado com o aparte de V. Exª porque o aparte de uma mãe em um pronunciamento que homenageia as mães realmente completa este meu pronunciamento.

            Eu quero dizer que é difícil encontrar palavras exatas para homenagear completamente a figura maternal da mulher, mas queria, ao terminar, ler dois poemas - já que não sou poeta - em homenagem a todas mães do meu Estado, Roraima, a todas as mães do Brasil, mas, especialmente, à minha mãe, às minhas irmãs que já são mães, à mãe dos meus filhos, às mães dos meus netos, as minhas assessoras que são mães e também as mães dessas assessoras, enfim, a todas as mães aqui do Senado que trabalham diuturnamente conosco. Quero terminar lendo dois poemas, um de autoria de Don Ramon Angel Jara, Bispo e orador chileno.

Retrato de Mãe

Uma simples mulher existe que, pela imensidão de seu amor, tem um pouco de Deus, e muito de anjo pela incansável solicitude dos cuidados seus;

Uma mulher que, ainda jovem, tem a tranqüila sabedoria de uma anciã e, na velhice, o admirável vigor da juventude;

Se de pouca instrução, desvenda com intuição inexplicável os segredos da vida e, se muito instruída, age com a simplicidade de menina;

Uma mulher que, sendo pobre, tem como recompensa a felicidade dos que ama, e quando rica todos os seus tesouros daria para não sofrer no coração a dor da ingratidão;

Sendo frágil, consegue reagir com a bravura de um leão;

Uma mulher que, enquanto viva, não lhe damos o devido valor, porque ao seu lado todas as dores são esquecidas;

Entretanto quando morta, daríamos tudo o que somos e tudo o que temos para vê-la de novo ao menos por um só momento, receber dela um só abraço, e ouvir de seus lábios uma só palavra.

Dessa mulher não me exijas o nome, se não quiseres que turve de lágrimas esta lembrança, porque...

Ela me ajudou a ver o meu caminho.

Quando teus filhos já estiverem crescidos, lê para eles estas palavras.

E quando eles cobrem a tua face de beijos, conta-lhes que um humilde peregrino, em paga da hospedagem recebida, deixou aqui para todos o esboço do retrato de sua própria mãe.

            Por fim, Senador Acir, quero ler um poema de Carlos Drummond de Andrade.

Para Sempre

Por que Deus permite que as mães vão-se embora?

Mãe não tem limite, é tempo sem hora,

Luz que não apaga quando sopra o vento

E chuva desaba, veludo escondido

Na pele enrugada, água pura, ar puro,

Puro pensamento.

Morrer acontece com o que é breve e passa sem deixar vestígio.

Mãe, na sua graça, é eternidade.

Por que Deus se lembra - mistério profundo - de tirá-la um dia?

Fosse eu Rei do Mundo, baixava uma lei:

Mãe não morre nunca, mãe ficará sempre

Junto de seu filho e ele, velho embora,

Será pequenino, feito grão de milho.

            Senador Acir, agradeço a atenção e termino, portanto, com a homenagem a todas as mães do meu Estado, de nossa Amazônia e de todo o Brasil.

            Muito obrigado.


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 07/05/2011 - Página 14416