Pronunciamento de Cristovam Buarque em 09/05/2011
Discurso durante a 68ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal
Considerações sobre os trabalhos da subcomissão criada, no âmbito da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional, com a finalidade de acompanhar a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável (Rio+20). (como Líder)
- Autor
- Cristovam Buarque (PDT - Partido Democrático Trabalhista/DF)
- Nome completo: Cristovam Ricardo Cavalcanti Buarque
- Casa
- Senado Federal
- Tipo
- Discurso
- Resumo por assunto
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POLITICA DO MEIO AMBIENTE.:
- Considerações sobre os trabalhos da subcomissão criada, no âmbito da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional, com a finalidade de acompanhar a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável (Rio+20). (como Líder)
- Publicação
- Publicação no DSF de 10/05/2011 - Página 14668
- Assunto
- Outros > POLITICA DO MEIO AMBIENTE.
- Indexação
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- REGISTRO, CRIAÇÃO, SUBCOMISSÃO, COMISSÃO DE RELAÇÕES EXTERIORES E DEFESA NACIONAL, ACOMPANHAMENTO, PREPARAÇÃO, CONFERENCIA, ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS (ONU), ESTADO DO RIO DE JANEIRO (RJ), DISCUSSÃO, POLITICA INTERNACIONAL, DESENVOLVIMENTO SUSTENTAVEL, IMPORTANCIA, REUNIÃO, LIDERANÇA, MUNDO, NECESSIDADE, DEBATE, SUSTENTABILIDADE, CRESCIMENTO ECONOMICO.
| SENADO FEDERAL SF -
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O SR. CRISTOVAM BUARQUE (Bloco/PDT - DF. Pela Liderança. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Cícero Lucena, Srs. Senadores, Srªs Senadoras, aproveito este curto tempo, oferecido à Liderança do meu partido, para falar da subcomissão criada, dentro da Comissão de Relações Exteriores, com a finalidade de acompanhar o que vai ser a maior das conferências que já se realizou talvez mesmo neste século - se não a maior, certamente a mais importante até aqui: a chamada conferência Rio+20, da qual o Senador Lindbergh faz parte.
Comunico que, na última segunda-feira, fomos um grupo de Senadores - o Senador Lindbergh, o Senador Collor, o Senador Aloysio Nunes, Senadores outros que já estavam lá - ao Rio de Janeiro e nos tranquilizamos ao vermos que as instalações parecem estar avançando corretamente. Há tempo suficiente para transformar aqueles imensos e bonitos galpões, onde antes eram as docas do Rio, em um local onde 130, 150 ou mais chefes de Estado ou de Governo vão se reunir para discutir o futuro do mundo.
Preocupa-nos ainda, entretanto, a diplomacia para trazer para cá os chefes de Estado e de Governo dos diversos países, porque, se for feita com o segundo escalão, essa reunião não vai ter a importância necessária.
E eu fico feliz de ver o Senador Cícero Lucena, que é um preocupado também com isso e por também, na Comissão de Mudanças Climáticas, dirigir um grupo igual ao nosso. Se nós não conseguirmos trazer para cá os grandes líderes mundiais para debatermos o futuro do mundo, corremos o risco de um grande fracasso.
Além disso, o segundo aspecto que temo é que a temática a ser debatida não seja suficientemente abrangente para cuidar de todos os assuntos que ameaçam o futuro da humanidade.
Nós estamos todos voltados para 2014, quando vamos ver quem é campeão; para 2016, para ver quem é que vai ganhar mais medalhas, e não estamos olhando para 2012, para saber quem sobrevive dentro de mais 100 anos de um processo de crescimento depredador.
E é neste sentido, de tentar colaborar para o terceiro aspecto da temática, que nós já estamos organizando, a partir da próxima semana, uma série de debates no Senado, na Comissão de Relações Exteriores, para discutir, por exemplo, água - como vamos conservar a água, que vai se acabar?; energia - para que precisamos de tanto e onde buscá-la?; desenvolvimento sustentável - o que é desenvolvimento sustentável?; economia verde, um outro conceito parecido - o que é economia verde?; padrões de consumo e de produção - quais são aqueles que são viáveis em longo prazo?; pobreza - como é que a gente vai enfrentar e superar o problema da pobreza?; cidade - o que fazer com as cidades do mundo?; biodiversidade e florestas - como mantê-las com o processo de civilização, de crescimento que tende a destruí-las?; mudança do clima - obviamente, como enfrentar ou como nos adaptarmos ao aquecimento global?
Nós temos que discutir quais são os novos indicadores de progresso que devem substituir o Produto Interno Bruto per capita, que não carrega dentro dele todas as fragilidades de uma produção que depreda, que rouba tempo, que provoca doenças e até tragédias, como as que a gente vê agora em Fukushima e já viu em Chernobyl.
Nós queremos colaborar com o Governo brasileiro para que essa seja a grande conferência da Presidenta Dilma, para que seja o grande ponto, o ponto alto do seu período na Presidência. Mas, se não tomarmos cuidado, essa será uma conferência fracassada, frustrada: ou por não termos as instalações - e isso parece estar sendo superado -, ou por não termos a representatividade, ou por não termos os temas corretos sendo debatidos.
No Senado - e o Presidente Collor tem sido o grande apoiador disso, até porque foi na presidência dele que se realizou a conferência de 1992, a Eco 92 - nós queremos colaborar. Agora, para isso é preciso que o Governo brasileiro demonstre o compromisso diplomático em trazer para cá as mais altas figuras do mundo e o compromisso temático de debater os temas fundamentais e transformar esses debates em uma grande carta dos chefes de Estado de 2012 ao mundo inteiro, mostrando que vivemos em uma barca, a barca Terra, com esse modelo de crescimento.
Nós temos, Senador Lindbergh, três alternativas: ou afundar nessa barca, com todos dentro; ou jogarmos para fora os excluídos e fazermos um desenvolvimento só para os que estão dentro; ou mudarmos o rumo da barca em direção ao novo projeto civilizatório.
Espero que a Presidenta Dilma seja líder, como nossa Presidenta, na definição de um novo rumo para o progresso do mundo inteiro. E que o Brasil possa dar o exemplo de que aqui nós queremos, sim, uma barca para todos os brasileiros, no bom caminho que incorpore as gerações futuras por meio de um desenvolvimento equilibrado com a natureza.
Era isso, Sr. Presidente, o que eu tinha para colocar, agradecendo o tempo de 1 minuto e 40 segundos a mais que me ofereceu.
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