Discurso durante a 68ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Considerações sobre os trabalhos da subcomissão criada, no âmbito da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional, com a finalidade de acompanhar a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável (Rio+20). (como Líder)

Autor
Cristovam Buarque (PDT - Partido Democrático Trabalhista/DF)
Nome completo: Cristovam Ricardo Cavalcanti Buarque
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA DO MEIO AMBIENTE.:
  • Considerações sobre os trabalhos da subcomissão criada, no âmbito da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional, com a finalidade de acompanhar a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável (Rio+20). (como Líder)
Publicação
Publicação no DSF de 10/05/2011 - Página 14668
Assunto
Outros > POLITICA DO MEIO AMBIENTE.
Indexação
  • REGISTRO, CRIAÇÃO, SUBCOMISSÃO, COMISSÃO DE RELAÇÕES EXTERIORES E DEFESA NACIONAL, ACOMPANHAMENTO, PREPARAÇÃO, CONFERENCIA, ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS (ONU), ESTADO DO RIO DE JANEIRO (RJ), DISCUSSÃO, POLITICA INTERNACIONAL, DESENVOLVIMENTO SUSTENTAVEL, IMPORTANCIA, REUNIÃO, LIDERANÇA, MUNDO, NECESSIDADE, DEBATE, SUSTENTABILIDADE, CRESCIMENTO ECONOMICO.

                          SENADO FEDERAL SF -

            SECRETARIA-GERAL DA MESA

            SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


            O SR. CRISTOVAM BUARQUE (Bloco/PDT - DF. Pela Liderança. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Cícero Lucena, Srs. Senadores, Srªs Senadoras, aproveito este curto tempo, oferecido à Liderança do meu partido, para falar da subcomissão criada, dentro da Comissão de Relações Exteriores, com a finalidade de acompanhar o que vai ser a maior das conferências que já se realizou talvez mesmo neste século - se não a maior, certamente a mais importante até aqui: a chamada conferência Rio+20, da qual o Senador Lindbergh faz parte.

            Comunico que, na última segunda-feira, fomos um grupo de Senadores - o Senador Lindbergh, o Senador Collor, o Senador Aloysio Nunes, Senadores outros que já estavam lá - ao Rio de Janeiro e nos tranquilizamos ao vermos que as instalações parecem estar avançando corretamente. Há tempo suficiente para transformar aqueles imensos e bonitos galpões, onde antes eram as docas do Rio, em um local onde 130, 150 ou mais chefes de Estado ou de Governo vão se reunir para discutir o futuro do mundo.

            Preocupa-nos ainda, entretanto, a diplomacia para trazer para cá os chefes de Estado e de Governo dos diversos países, porque, se for feita com o segundo escalão, essa reunião não vai ter a importância necessária.

            E eu fico feliz de ver o Senador Cícero Lucena, que é um preocupado também com isso e por também, na Comissão de Mudanças Climáticas, dirigir um grupo igual ao nosso. Se nós não conseguirmos trazer para cá os grandes líderes mundiais para debatermos o futuro do mundo, corremos o risco de um grande fracasso.

            Além disso, o segundo aspecto que temo é que a temática a ser debatida não seja suficientemente abrangente para cuidar de todos os assuntos que ameaçam o futuro da humanidade.

            Nós estamos todos voltados para 2014, quando vamos ver quem é campeão; para 2016, para ver quem é que vai ganhar mais medalhas, e não estamos olhando para 2012, para saber quem sobrevive dentro de mais 100 anos de um processo de crescimento depredador.

            E é neste sentido, de tentar colaborar para o terceiro aspecto da temática, que nós já estamos organizando, a partir da próxima semana, uma série de debates no Senado, na Comissão de Relações Exteriores, para discutir, por exemplo, água - como vamos conservar a água, que vai se acabar?; energia - para que precisamos de tanto e onde buscá-la?; desenvolvimento sustentável - o que é desenvolvimento sustentável?; economia verde, um outro conceito parecido - o que é economia verde?; padrões de consumo e de produção - quais são aqueles que são viáveis em longo prazo?; pobreza - como é que a gente vai enfrentar e superar o problema da pobreza?; cidade - o que fazer com as cidades do mundo?; biodiversidade e florestas - como mantê-las com o processo de civilização, de crescimento que tende a destruí-las?; mudança do clima - obviamente, como enfrentar ou como nos adaptarmos ao aquecimento global?

            Nós temos que discutir quais são os novos indicadores de progresso que devem substituir o Produto Interno Bruto per capita, que não carrega dentro dele todas as fragilidades de uma produção que depreda, que rouba tempo, que provoca doenças e até tragédias, como as que a gente vê agora em Fukushima e já viu em Chernobyl.

            Nós queremos colaborar com o Governo brasileiro para que essa seja a grande conferência da Presidenta Dilma, para que seja o grande ponto, o ponto alto do seu período na Presidência. Mas, se não tomarmos cuidado, essa será uma conferência fracassada, frustrada: ou por não termos as instalações - e isso parece estar sendo superado -, ou por não termos a representatividade, ou por não termos os temas corretos sendo debatidos.

            No Senado - e o Presidente Collor tem sido o grande apoiador disso, até porque foi na presidência dele que se realizou a conferência de 1992, a Eco 92 - nós queremos colaborar. Agora, para isso é preciso que o Governo brasileiro demonstre o compromisso diplomático em trazer para cá as mais altas figuras do mundo e o compromisso temático de debater os temas fundamentais e transformar esses debates em uma grande carta dos chefes de Estado de 2012 ao mundo inteiro, mostrando que vivemos em uma barca, a barca Terra, com esse modelo de crescimento.

            Nós temos, Senador Lindbergh, três alternativas: ou afundar nessa barca, com todos dentro; ou jogarmos para fora os excluídos e fazermos um desenvolvimento só para os que estão dentro; ou mudarmos o rumo da barca em direção ao novo projeto civilizatório.

            Espero que a Presidenta Dilma seja líder, como nossa Presidenta, na definição de um novo rumo para o progresso do mundo inteiro. E que o Brasil possa dar o exemplo de que aqui nós queremos, sim, uma barca para todos os brasileiros, no bom caminho que incorpore as gerações futuras por meio de um desenvolvimento equilibrado com a natureza.

            Era isso, Sr. Presidente, o que eu tinha para colocar, agradecendo o tempo de 1 minuto e 40 segundos a mais que me ofereceu.


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 10/05/2011 - Página 14668