Discurso durante a 73ª Sessão Especial, no Senado Federal

Comemoração ao centésimo vigésimo aniversário do Jornal do Brasil.

Autor
Lindbergh Farias (PT - Partido dos Trabalhadores/RJ)
Nome completo: Luiz Lindbergh Farias Filho
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Comemoração ao centésimo vigésimo aniversário do Jornal do Brasil.
Publicação
Publicação no DSF de 17/05/2011 - Página 16319
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM, SESSÃO ESPECIAL, COMEMORAÇÃO, ANIVERSARIO DE FUNDAÇÃO, JORNAL, JORNAL DO BRASIL, ESTADO DO RIO DE JANEIRO (RJ).

                          SENADO FEDERAL SF -

            SECRETARIA-GERAL DA MESA

            SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


            O SR. LINDBERGH FARIAS (Bloco/PT - RJ. Pela Liderança. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente Wilson Santiago, Exmº Senador Marcelo Crivella, grande Senador da República, trabalhador atuante.

            Não falo isso porque estou na sua frente, mas é que estamos presentes neste Senado Federal e podemos acompanhar, no dia a dia, os debates. Então, faço questão de registrar isso. Parabéns pela belíssima homenagem.

            Cumprimento a Srª Ângela Moreira, Presidente do Jornal do Brasil; o Sr. Reinaldo Paes, Diretor do Jornal do Brasil; nosso grande Mauro Santayana - que felicidade tê-lo aqui fazendo parte dessa Mesa do Senado Federal, sou um admirador seu -; nosso Diretor Humberto Tanure - mando uma saudação especial para o Nelson Tanure -; o Editor Executivo, Sr. Marcelo Migliaccio, que está aqui presente também; o nosso jornalista Luís Orlando Carneiro, memória viva do Jornal do Brasil. Cumprimento também a Soninha Carneiro, que está ali atrás - passei muito tempo aqui em Brasília na época do impeachment do Collor, e a Soninha estava sempre cobrindo a política aqui em Brasília -; Leandro Mazzini, que toca o jornal e está sempre no dia a dia de Brasília; nossa querida amiga Heloísa Tolipan - viemos juntos do Rio de Janeiro.

            Vou ser muito breve, porque estamos no final desta sessão. Creio que, depois da minha fala, fale o Senador Cristovam Buarque.

            Quando o Senador Pedro Simon falava, eu pensava comigo: “O que vou falar depois do Senador Pedro Simon?”. Quero, a propósito, falar da minha alegria de compartilhar este espaço de atuação política com o Senador Pedro Simon, que acaba de fazer uma intervenção fantástica: falou da história do Brasil, falou do Jornal do Brasil, das matérias dos jornalistas, da história dele, da história vivida por ele. Eu estava certo de que seria o Senador mais jovem deste Senado Federal, mas o Senador Randolfe, que fazia oposição a mim no movimento estudantil, Senador Pedro Simon, é Senador eleito com 37 anos - eu tenho já 41 anos de idade. Senador Pedro Simon, devo dizer que nós, que estamos entrando neste Senado Federal, admiramos muito sua atuação. V. Exª é uma referência para nós, queremos ter uma história como a história que V. Exª construiu, com independência política, com respeito aos valores éticos, com compromisso com o povo.

            Meu amigo Pedro Grossi - tenho de citá-lo aqui -, no começo dos debates nesta Casa, houve um momento em que o Senador Pedro Simon nos chamou - tratava-se de debate sobre medidas provisórias, sobre o esvaziamento desta Casa. Entendi como uma convocação: “Vocês, jovens, têm de fazer alguma coisa, não podem aceitar isso”.

            Como é forte para mim a palavra do Senador Pedro Simon! Então, pouco tenho a acrescentar, Senador Pedro Simon, à sua fala.

            Mas devo dizer que o Jornal do Brasil me faz lembrar a minha história também. Comecei muito garoto na política, com quatorze anos. Faço uma associação entre o Jornal do Brasil e meu pai, na Paraíba, em João Pessoa, que também havia sido líder estudantil, havia sido da União Nacional dos Estudantes. Lembro-me de que, todo final de tarde, em João Pessoa, meu pai ia comprar o Jornal do Brasil. Era uma hora sagrada para ele - para a minha formação também -; na poltrona, era ele e o Jornal do Brasil, e eu ao lado, com quatorze anos - já fazia o movimento estudantil. Comecei a participar, entrar na vida política com o Jornal do Brasil. E não estou aqui falando isso porque estou na presença dos senhores e porque estamos falando dos 120 anos do Jornal do Brasil, mas porque o Jornal do Brasil tinha independência. Meu pai comprava o Jornal do Brasil por causa de sua posição de resistência em todo o período da ditadura militar. Eu vivi tudo isso. Eu participei da campanha das Diretas lendo o Jornal do Brasil e organizando, com quatorze anos, as passeatas na Paraíba. Lembro-me da vitória do Tancredo, de cada detalhe daquilo tudo. De uma hora para outra, acabamos, de certa forma, entrando na história com o movimento do impeachment.

            Aliás, o maior susto da minha vida - eu parei, sentei, fiquei meia hora ali, refletindo - foi quando abri o Jornal do Brasil - eu estava em São Paulo; era época das primeiras passeatas - e vi uma coluna do Castelinho em que perguntava: “Quem é Lindbergh Farias?”. Eu, um garoto, que havia feito as minhas primeiras passeatas - era a segunda passeata -, e queriam saber, mais ou menos, o que era aquele movimento do impeachment, como era. Ele fez uma coluna dizendo que eu era filho de um médico na Paraíba e... Eu, Senador Pedro Simon, parei, sentei e foi ali que... Eu tomei um choque profundo, porque eu era - todos nós - apaixonado pela forma como Castelinho conseguia escrever daquela forma, com aquela isenção. Então, tomei um susto e posso dizer que ali comecei a entender o que estava acontecendo, porque não tínhamos a dimensão daquele movimento do impeachment.

            Então, era isso que eu queria falar hoje. Eu dizia para o Dr. Pedro Grossi: o Jornal do Brasil não morreu, mas, como o Senador Pedro Simon, eu queria muito poder pegar novamente no Jornal do Brasil. Eu dizia também para o Dr. Pedro Grossi, Senador Pedro Simon, da saudade que tenho de algumas coisas do Brasil - o Jornal do Brasil não morreu, não é por isso -, como a Varig e o Jornal do Brasil. São coisas fantásticas, que têm história!

            Toda essa história - eu só queria concluir dizendo isso -, com esses nomes todos, Joaquim Nabuco, Olavo Bilac, Rui Barbosa, Barbosa Lima Sobrinho... Senador Pedro Simon, também tive - tenho de agradecer muito a Deus por isso - a oportunidade de, mesmo jovem, conviver com Barbosa Lima Sobrinho. Eu convivi muito com Barbosa Lima Sobrinho durante aquele episódio do impeachment, durante todas aquelas mobilizações e depois. Também guardo como uma grande recordação - imaginem que absurdo! - uma fala do Barbosa Lima, em uma entrevista na TVE: “Tenho amigos jovens também; sou amigo do Lindbergh”. Imagine o Barbosa Lima Sobrinho dizer isso! É uma das relíquias - e eu dificilmente guardo as coisas - que guardo da minha vida: Barbosa Lima Sobrinho. Eu ainda tive a oportunidade de compartilhar com Barbosa Lima Sobrinho...

            E o Senador Randolfe falou aqui do Proconsult e de Brizola, do papel do Jornal do Brasil no Proconsult.

            Então, não tenho muita coisa a dizer, mas quero deixar uma certeza aqui antes de encerrar esta minha breve fala: o Jornal do Brasil vai voltar muito mais forte. Vai ter muita força! Não tenho a menor dúvida disso. É um patrimônio fantástico que se confunde verdadeiramente com a história deste País.

            Então, no futuro, os senhores que hoje estão na resistência no Jornal do Brasil vão observar: os senhores vão entrar para a história como os que seguraram uma travessia num momento difícil. Pela grandeza, há que se arranjar uma forma, tenho certeza de que o Jornal do Brasil vai existir por muito e muito tempo. Este Senado Federal vai fazer muitas outras sessões de homenagem.

            Só para encerrar, eu queria fazer uma homenagem aos jovens. Nosso amigo Pedro Grossi falava de Ancelmo Gois, Zózimo, Marcos Sá Corrêa, Maurício Dias. Desejo toda sorte nessa reabilitação - tenho certeza de que o Maurício Dias vai ficar muito feliz por eu tê-lo incluído entre os jovens do Jornal do Brasil - a essa turma que fez o Jornal do Brasil nesse período da história que eu vivi.

            Muito obrigado. Parabéns ao Jornal do Brasil pelos seus 120 anos! (Palmas)


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 17/05/2011 - Página 16319