Discurso durante a 73ª Sessão Especial, no Senado Federal

Comemoração ao centésimo vigésimo aniversário do Jornal do Brasil.

Autor
Walter Pinheiro (PT - Partido dos Trabalhadores/BA)
Nome completo: Walter de Freitas Pinheiro
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Comemoração ao centésimo vigésimo aniversário do Jornal do Brasil.
Publicação
Publicação no DSF de 17/05/2011 - Página 16321
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • SAUDAÇÃO, AUTORIDADE, JORNALISTA, COMEMORAÇÃO, SESSÃO SOLENE, HOMENAGEM, ANIVERSARIO DE FUNDAÇÃO, JORNAL, JORNAL DO BRASIL, ESTADO DO RIO DE JANEIRO (RJ).

                          SENADO FEDERAL SF -

            SECRETARIA-GERAL DA MESA

            SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


            O SR. WALTER PINHEIRO (Bloco/PT - BA. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, quero aqui, em nome do Senador Marcelo Crivella, autor do requerimento, e, obviamente, acompanhado pelo nosso Senador “Lindobergh”, como, carinhosamente, chamamos o Senador Lindbergh Farias, completando com o Senador Dornelles essa trinca que representa aqui sobejamente bem o Rio de Janeiro e que tem, na atitude de hoje, uma sessão de homenagem a uma das etapas mais importantes da nossa história, que é a consolidação da imprensa e, portanto, nesse particular, do papel que cumpre o Jornal do Brasil .

            Quero saudar o meu companheiro de Casa, neste evento presidindo a sessão do Senado, Senador Wilson Santiago, que é o nosso 2º Vice-Presidente da Mesa, quero saudar a Srª Ângela Moreira, Presidente do Jornal do Brasil, o Sr. Reinaldo Paes, Diretor do Jornal, o Editor Executivo Marcelo Migliaccio, o Editor do Jornal do Brasil, Humberto Tanure, o jornalista Sr. Luis Orlando Carneiro, o Mauro Santayana, nossa figura sempre presente aqui...

            Mauro, tenho brincado muito dizendo para jornalistas e figuras do mundo do jornal, como brinco em particular agora contigo, assim como poderíamos falar com o Márcio, que a gente sempre costumava chamá-los - no caso, na minha época na Câmara - de “o 514”, “o 515”. Tão incorporados estavam à vida do Parlamento, que nós enxergávamos vocês como mais um nesta Casa e, portanto, numa contribuição diferenciada, podendo ser mais um aqui e, ao mesmo tempo, como se fosse uma das vozes mais importantes da representação legítima desta imprensa brasileira cobrindo e transformando até a ordem do dia na pauta a partir daquela forma rigorosa no trato com a verdade com que vocês sempre trabalharam. Portanto, faço esta homenagem a você não só como membro da Mesa, mas também como uma dessas figuras.

            Obviamente, eu teria que estender esta nossa homenagem a algumas figuras que, na relação da baianidade, têm trilhado conosco. É o caso de Espínola, pessoa que, durante muitos anos, tocou o Jornal do Brasil na Bahia, e também, presente a esta sessão, ao nosso Fonseca, com quem, durante anos e anos, além do Jornal do Brasil, tivemos a oportunidade de conviver como nosso correspondente, não é? Era a forma de encontrarmos a Bahia todo dia e, ao mesmo tempo, levarmos diariamente para a Bahia as notícias daqui. E há esta figura bonita que, carinhosamente, chamamos de Soninha, que agora faz a parceria direta com a nossa Bahia. Então, é uma figura das mais bonitas que a Bahia ganhou nos últimos anos, vinda diretamente dos quadros do Jornal do Brasil e desta nossa grande cobertura aqui na Casa para ser o nosso braço direito da representação da Bahia aqui na Capital Federal.

            Portanto, o Jornal do Brasil pode dizer hoje, meus caros dirigentes, que tem um braço do Governo na Bahia, porque está ali a queridíssima Soninha, figura que, na sua generosidade, na sua forma de ser, na sua capacidade de, eu diria, chamar e colocar todos em volta e também com sua grande capacidade de se relacionar, fazer a ponte entre a imprensa e as ações que desenvolvemos a cada dia.

            Portanto, quero fazer esta saudação e incluir também o Sr. Leandro Mazzini e a Srª Heloísa Tolipan, jornalistas do Jornal do Brasil.

            Eu quero, em rápidas palavras, dizer da grata satisfação que temos de prestar homenagem a um veículo de comunicação como o Jornal do Brasil, revolucionário, principalmente para sua época, com uma modernização em duas frentes. A gráfica mexeu na sua estrutura, quebrando paradigmas de um jornal que só se lia dessa ou daquela forma; portanto, tendo a coragem de inovar graficamente.

            Não é um desafio qualquer, até porque é da natureza humana o conservadorismo das suas práticas e atitudes. As mudanças sempre encontram resistências. Mudar sempre é difícil e o Jornal do Brasil mostrou que era possível inovar graficamente. Obviamente, essa inovação trouxe, do ponto de vista do mundo, no jornal deste País e da imprensa, algumas vitórias importantes, como a introdução do Segundo Caderno, outra marca desse jornal, até, de certa forma, fazendo a pauta de como se movimentar nas páginas de um jornal: como ler, o que escolher, como separar os assuntos, estabelecendo, no seu modo gráfico, a oportunidade de viajar por um jornal já sabendo, de cor e salteado, onde procurar e de que forma procurar, num cenário onde todo mundo até estava consolidado com um padrão.

            O Jornal do Brasil teve a coragem de entrar nessa área e dizer que dá pra fazer de forma diferente, não pensando no status quo nem na possibilidade de o jornal continuar fazendo a mesma coisa que todo mundo faz. Teve a coragem de arriscar, mas para entregar ao leitor uma outra oportunidade: a oportunidade de, agora, viajar por um jornal graficamente mais bem estruturado.

            A outra ousadia é de forma, eu diria, mais incisiva, nesse contexto do papel que um jornal cumpre numa sociedade, que foi a ousadia da modernização, a ousadia da verdade, a ousadia de enfrentar inclusive poderes locais fortemente centrados, inclusive na mídia. Falo da ousadia editorial. Acho que esta é, meu caro Senador Crivella, a grande marca desse jornal: a ousadia editorial.

            Esse é um jornal que foi da linha de frente das lutas contra a ditadura, portanto, mantendo-se firme e claro na sua posição. Alguns até diziam que o jornal tinha posição. O jornal cumpria um papel fundamental, não assumindo posições de seus dirigentes, ou de seus editores ou de seus jornalistas, mas assumindo posição com a verdade. Um jornal informativo, mas um jornal que não perdeu a condição de ousar no momento decisivo da nossa história, de apresentar essas posições; um jornal que soube fazer a transposição das suas movimentações.

            Aparentemente, um jornal do Rio de Janeiro, mas ganhou o caráter de jornal de circulação nacional, sem perder a sua característica local, sem abandonar os aspectos regionais e sem desprezar o que ocorria em cada canto deste País, fazendo o bom debate, fazendo a boa cobertura, tratando das questões em nível nacional, mas também com coragem de “futucar” nas raízes deste nosso País - digo, a partir da nossa Bahia. Esse jornal teve a coragem, inclusive, de fazer, no momento decisivo, as denúncias envolvendo os abusos do poder local. Isso poderíamos falar em diversos cantos do nosso País.

            Portanto, quero aqui encerrar esta minha breve saudação e dizer da alegria de poder estar aqui, numa segunda-feira, comemorando esta etapa, comemorando este aniversário. Tenho a oportunidade de dizer que o bom, quando a gente festeja a contagem dos dias ou dos anos que vivenciamos ou nas nossas próprias vidas ou de organismos que dirigimos ou de que participamos, neste particular o tempo desta instituição, é saber que dá para a gente contar os nossos dias. Portanto, há o que contar desses dias. Podemos falar da passagem desses anos sempre com a boa expectativa de que esses anos continuem nos brindando, daqui para a frente, com mais e mais desafios, sejam eles do ponto de vista gráfico, sejam eles do ponto de vista editorial.

            Mas, cada vez mais, ganhamos a certeza de que quem conseguiu construir, ao longo dos 120 anos, uma história tão sólida, com certeza, permanecerá por muito e muitos anos contribuindo para a consolidação desta nossa democracia e principalmente para a consagração, meu caro Marcelo Crivella, deste direito consagrado por cada cidadão e por cada instituição da liberdade de imprensa.

            Esta sessão acontece, inclusive, a menos de 48 horas de uma sessão em que todos nós esperamos aprovar aqui o Projeto de Lei nº 41, que trata do acesso à informação.

            Esse foi um jornal que muito clamou pela oportunidade de o povo brasileiro conhecer a sua história, para poder divulgar essa história e para poder cada vez mais informar ao povo brasileiro não só sobre a sua história, mas também sobre a próxima história que o povo brasileiro vai escrever.

            Parabéns a todos vocês. (Palmas.)


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 17/05/2011 - Página 16321