Discurso durante a 74ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Manifestação de repúdio à matéria publicada na revista Época, desta semana, intitulada "Dos Índios para o Cacique".

Autor
Geovani Borges (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/AP)
Nome completo: Geovani Pinheiro Borges
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
ESTADO DO AMAPA (AP), GOVERNO ESTADUAL.:
  • Manifestação de repúdio à matéria publicada na revista Época, desta semana, intitulada "Dos Índios para o Cacique".
Publicação
Publicação no DSF de 17/05/2011 - Página 16574
Assunto
Outros > ESTADO DO AMAPA (AP), GOVERNO ESTADUAL.
Indexação
  • REPUDIO, ARTIGO DE IMPRENSA, PERIODICO, EPOCA, ESTADO DE SÃO PAULO (SP), RELAÇÃO, ACUSAÇÃO, ORADOR, CRIME CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PUBLICA, ASSINATURA, CONVENIO, ORGANIZAÇÃO NÃO-GOVERNAMENTAL (ONG), DURAÇÃO, GESTÃO, GOVERNO ESTADUAL, ESTADO DO AMAPA (AP).

                          SENADO FEDERAL SF -

            SECRETARIA-GERAL DA MESA

            SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


            O SR. GEOVANI BORGES (Bloco/PMDB - AP. Para uma comunicação inadiável. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, ouvintes e telespectadores da Rádio e da TV Senado, povo do meu querido Estado do Amapá, meu saudoso pai, Miguel Pinheiro Borges, em sua sabedoria empírica, costumava dizer que não se pede favor a três tipos de pessoas: a gerente de banco, a juiz e a inimigo declarado. Ao primeiro, propõe-se negócio; ao segundo, clama-se por justiça, e, do terceiro, devemos esperar os golpes mais torpes, achincalhes os mais vis e botes do veneno mais peçonhento.

            Todavia, homem temente a Deus, Dona Cícera, minha mãe, me chama a atenção para este versículo, no qual acredito piamente: “nada há encoberto que não haja de ser manifesto; e nada se faz para ficar oculto, mas para ser descoberto”, conforme afirma São Marcos, no capítulo IV, versículo 22, do Livro Sagrado.

            Ainda assim, ou por isso mesmo, sinto-me impelido a ocupar esta tribuna na tarde de hoje para rechaçar, veementemente, a matéria sórdida, eivada de mentiras e concebida adrede e a fim de transformar o honesto em bandido e o bandido em herói.

            Pela dignidade, Sr. Presidente desta Casa - e em respeito a opinião pública que, necessariamente, como neste caso específico, não significa a opinião publicada -, é que ora ocupo este púlpito.

            A matéria da revista Época desta semana, edição nº 678, publicada às paginas 48, 49, 50 e 51, intitulada “Dos Índios para o Cacique”, apresenta uma combinação anômica de sofismas e má-fé, para validar a mentira e a armação, que ensejam golpe vil e torpe por parte dos nossos inimigos públicos e declarados: a família Capiberibe.

            Em política, Sr. Presidente, morre-se muitas vezes. Mas só aos que combatem o bom combate é permitido morrer de pé, com a altivez dos que se dedicam a uma causa nobre e honesta.

            Quiseram transformar uma doação de campanha, que foi legal e pública, em crime de desvio de recursos públicos.

            Não cederei à vontade dos abutres, que desejam espaço e holofote para autopromoção.

            A matéria publicada deixa claro quem foi a fonte da notícia e o real objetivo daqueles que a produziram para a revista. A fonte é a família Capiberibe, e o objetivo pérfido é o de influenciar os Ministros do Supremo Tribunal Federal no julgamento sobre o indeferimento do registro de candidatura do ex-Senador cassado João Capiberibe, barrado pela Lei da Ficha Limpa.

            A explicação para os supostos crimes de que nos acusam e para os quais a nossa defesa já foi entregue à Justiça é um convênio firmado entre a ONG Apitu, Associação dos Povos Indígenas do Tumucumaque, e a empresa AFG Consultores Ltda.

            O dado curioso desse convênio, Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, é que a ex-Deputada cassada Janete Capiberibe, mulher do ex-Senador cassado João Capiberibe e mãe do então Deputado Estadual, responsável pela denúncia e hoje Governador do Amapá, Camilo Góes Capiberibe, é a fundadora da ONG Apitu.

            Aliás, vale ressaltar que, no governo de oito anos do marido, João Capiberibe, a Apitu recebeu milhões de reais do Governo do Estado, cujo destino deveria ser rigorosamente rastreado.

            Na matéria constante da revista Época, o Senador Gilvam Borges, com a coragem e a retidão de caráter que o caracterizam, diz - neste momento, Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, abro aspas, Senador Mário Couto: “fui eu que liberei o dinheiro na Funasa, acreditei que a AFG era uma empresa séria e aceitei o financiamento para a campanha eleitoral”. E acrescentou, com a sua habitual franqueza: “Eu achava que a AFG era uma empresa idônea. Logo, também fui vítima do golpe”.

            Não se pode esquecer de que foi o próprio Senador Gilvam Borges quem deu ampla divulgação em toda a mídia do Estado sobre a liberação do recurso do convênio da Funasa. É uma característica peculiar do Senador Gilvam Borges tornar públicos, desta tribuna, de forma transparente, para conhecimento de todos, os recursos liberados, com o seu tradicional jargão, Senador Mário Couto: “dinheiro na conta das prefeituras e do meu Estado”. Dava o número da agência, o número da conta, dando ampla divulgação de todas as suas atividades parlamentares nesta Casa.

            A verdade, inclusive, acerca da escuta ilegal de que fomos vítimas por mais de dois anos, está nos autos do inquérito da Polícia Federal, na minha prestação de contas aprovada quando candidato a Prefeito de Santana - tive a honra de ser prefeito daquela cidade -, nas eleições de 2008, que está disponibilizada no site da Justiça Eleitoral do meu País. Só agora, entendo.

            Cumpre informar, ainda, que, na última terça-feira, dia 10 de maio, eu e o Senador Gilvam Borges ingressamos com representações junto ao Procurador- Geral da República, ao Ministro da Justiça e ao Presidente do Congresso Nacional, a fim de que todos, juntos e em separado, investiguem a fundo, com absoluta isenção, o grave episódio de que trata as interceptações clandestinas realizadas no meu gabinete desta augusta Casa.

            Passei a despachar aqui no plenário, lá no cafezinho. Os telefones do meu gabinete, grampeados, como já ocorreu com parlamentares, com ministros, sem a devida autorização legal.

            Talvez, então, a Época reconheça que Gilvam é muito mais do que o Senador conhecido pelas sandálias que usa, mas sim pelos passos incansáveis que percorre, a fim de dar condições dignas de vida a um povo vitimado pelas “pororocas” promovidas por um grupo liderado pelos capiberistas, que agem motivados por perseguição, interesses espúrios e escusos.

            Lamentavelmente, Sr. Presidente, tive que trazer tudo isso ao conhecimento desta Casa. Agradeço V. Exª pelo tempo que me destinou nesta segunda-feira e concluo o meu pronunciamento.

            Desculpe-me por estar aqui um pouco exaltado e indignado.

            Muito obrigado.


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 17/05/2011 - Página 16574