O SR. MÁRIO COUTO (Bloco/PSDB - PA. Como Líder. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, V. Exª é um homem que tem equilíbrio, sensato, tranquilo, que sabe que hoje é segunda-feira, poucos Senadores. V. Exª deixa os Senadores à vontade. V. Exª é admirável. Meus parabéns!

            O Sr. Cícero Lucena (Bloco/PSDB - PB) - Senador Mário, S. Exª disse: desde que o senhor se comporte no estilo dele.

            O SR. MÁRIO COUTO (Bloco/PSDB - PA) - Com certeza. Admirável, por sinal.

            Domingo, dia 15 de maio de 2011, ontem, Folha de S.Paulo, primeira página, letras garrafais: “Palocci multiplica seu patrimônio pessoal por 20 em 4 anos”.

            Mais um escândalo petista; o primeiro do Governo Dilma. Sinceramente, eu não esperava que fosse tão cedo assim, Brasil. Sinceramente, eu não esperava que, em tão pouco tempo, os maiores jornais deste País, das grandes cidades deste país, poderiam já dar como manchete escândalos no Governo da nossa Presidenta.

            Palocci, um dos mais conceituados membros petistas; Palocci do escândalo do carteiro da Caixa Econômica; Palocci, agora, o milionário, enquanto os aposentados do Brasil vivem a miséria, abandonados e maltratados, sem que ninguém levante as suas bandeiras.

            Abrem-se os jornais de domingo e as manchetes são terríveis. Aliás, Brasil, fico a pensar o tanto que se fala, o tanto que se denuncia, tantas denúncias no Ministério Público, tantas denúncias na Polícia Federal - e olha que vejo isso se multiplicar há muitos anos -, e não se vê nenhuma providência concreta. Nada, Brasil; absolutamente nada! Os escândalos no Governo do Presidente Lula...o Presidente Lula fez um governo até aplaudido pela população brasileira, apesar de eu discordar de vários pontos do seu governo

            E este é um.

            No Governo Lula, foram 134 escândalos graves neste País. Nenhum, absolutamente nenhum petista foi para a cadeia ou está próximo dela. Nenhum. Absolutamente nenhum. Quantos milhões ou bilhões foram roubados dos brasileiros?

            CPIs? O Senado Federal tem a obrigação de fiscalizar o dinheiro público. É verdade. Diz a Constituição brasileira, é verdade. O Senado Federal tem a obrigação de fiscalizar o dinheiro público. É uma das atribuições de cada um Senador e cada uma Senadora.

            Um dos instrumentos da minoria é a CPI. E a minoria tenta fazer a fiscalização, mas não consegue. Não consegue porque a maioria é Governo, a maioria é dominada pelo Governo. A maioria obedece as ordens do Governo. E aqui não se consegue finalizar com autenticidade nenhuma CPI. Nenhuma, absolutamente nenhuma.

            O Senador que se propor aqui a fiscalizar o Governo não vai conseguir. Não irá conseguir. Pior, passará vergonha, como eu passei. Passará vergonha como eu passei.

            O Dnit, por exemplo, um órgão corrupto. Aquele seu diretor que, enquanto eu o denunciava aqui, me levava ao Supremo para calar a minha voz.

            Este Poder perdeu a sua atribuição, brasileiros. Lamentavelmente, brasileiros. Este Poder perde, a cada dia que passa, o poder de suas atribuições.

            Quem pode me contestar? Quem? Quem pode me dizer? Quem, meu caro Suplicy? Quem, meu caro Cícero Lucena? Quem pode me dizer que, se eu abrir uma CPI aqui neste Senado, terei sucesso? Quem? Quem pode me contestar? Quem pode dizer que não estou falando a verdade aqui nesta tribuna? Quem?

            Isto aqui, que o Palocci ficou milionário, é comum nas esferas petistas. A imprensa cansou. Ninguém liga mais para isto. Isto aqui não é novidade no Brasil. O que vai acontecer com o Palocci? Acho graça, Presidente. Acho graça, Presidente.

            No meu Estado, uma governadora assaltou os paraenses durante quatro anos. Sabe o que aconteceu? Absolutamente nada! Aqui, todo mundo se preocupa com a floresta. “A floresta amazônica não pode ser tocada, não pode ser derrubada!” Eu mesmo já fiz vários pronunciamentos preocupado com isso. Lá, no meu Estado, eles negociam com plano de manejo. Eles vendem o plano de manejo, meu caro Cícero Lucena. Eles se elegem à custa do plano de manejo. Tem um Deputado Federal chamado Puty, esse é o nome dele, que se elegeu à custa da floresta. À custa da venda de planos de manejo, à custa de negociar com a derrubada da floresta, à custa de negociar com madeireiros. O que aconteceu com Puty? O que aconteceu com Ana Júlia? O que aconteceu com José Dirceu, com Waldomiro? Nada, Brasil! Nada! Eu já falei desta tribuna. E todos eles cantam de galo. Todos eles mandam e desmandam. Todos eles são autoridades. Todos eles acusam. Acusam! Brasil, isto aqui virou cultura neste País. Isto aqui não significa absolutamente nada.

            Quantos, quantos casos iguais? Quantos casos piores? Eu li aqui desta tribuna, Brasil, que uma Procuradora da Secretaria de Educação do meu Estado escreveu no processo: “Mesmo a obra não sendo licitada e não estando pronta, pague-se”. Pagaram. O que aconteceu? Nada! Absolutamente nada!

            Vou tentar, vou tentar mais uma vez. Não desisto. Vou, segunda-feira, hoje, terça-feira, amanhã, vou começar a coletar assinaturas para a CPI do Manejo Florestal, desde o tempo de Ana Júlia, lá no meu Pará, desde o tempo de Ana Júlia, foi amplamente divulgado pela revista Veja, até a época do Puty. 

            Palocci, não me leva para o Supremo, não. Palocci, não faz como o santo Pagot. Ora, Presidente, o Pagot trabalhou aqui neste Senado. O Pagot trabalhou entre aspas, porque ele não vinha. Ele levou deste Senado, sem trabalhar, meio bilhão. Meio milhão! Sabe o que aconteceu com o Pagot? Deram a presidência do Dnit.

            O Tribunal de Contas da União, Brasil, mandou para esta Mesa mais de quinhentos relatórios dizendo assim: “O Pagot faz as licitações aqui, e nós temos que dizer que elas são irregulares”. Tem corrupção no Dnit, Senado Federal do meu País.

            E sabe o que acontece? Nada.

            Está mais do que comprovado que aquele Dnit tem como presidente um ladrão. Vai, Pagot, vai ao Supremo contra mim. Não devo, Pagot. Não devo! Não temo. E tenho pelo menos o dever de dizer àqueles que me colocaram aqui que eu não me calo, que eu não me calarei, que eu vou tentar, até o último dia que estiver aqui, mostrar ao meu Estado aqueles que roubaram e lesaram o meu Estado. Vou tentar mostrar à Nação a corrupção desenfreada que leva dos nossos contribuintes US$3 bilhões por ano - dados da Fundação Getúlio Vargas. Três bilhões de dólares por ano é o valor que o brasileiro paga pela corrupção neste País.

            Começaram cedo, Dilma, começaram cedo os escândalos no seu Governo, Dilma. Ninguém desejava isso. Mas olha, Dilma, fica tranqüila.

            Quem sou eu para dar tranquilidade para a Dilma? Mas fique, Presidenta, nada pega. Amanhã, não se fala mais; amanhã não se diz mais nada. E o Palocci fica lá, tranquilo.

            Cadê o Waldomiro? Aonde anda o Waldomiro? Está bem de vida, está bem de vida. Aonde anda o José Dirceu, homem poderosíssimo neste País? Poderosíssimo neste País, brasileiros. Li outro dia na revista Veja o poder que ele tem de assimilação junto aos empresários brasileiros. É verdade. E o brasileiro, ganhando 545 reais de salário mínimo. E o aposentado, Senador, morrendo à míngua, abandonado.

            E o contribuinte, Senador? Hoje, o impostômetro lá em são Paulo marca mais de 500 bilhões que o brasileiro já pagou desde janeiro. Em cinco meses, brasileiros, vocês já pagaram 500 bilhões de reais. Sabem o que significa isso? Que até o final do ano vamos passar, brincando, de um trilhão de reais. Um trilhão! Deve dar, este ano, pela minha previsão, mais ou menos 1,4 trilhão de reais o que o brasileiro tira do bolso para pagar. E aí ele abre o jornal e vê o Palocci multiplicando seu patrimônio e já sabe que nada vai acontecer.

            Nobres Senadores, espero que, quando este Senador passar à presença de V. Exªs colhendo assinatura, até como uma forma de proteger a floresta amazônica, vamos ver quais foram aqueles que negociaram o manejo para se eleger.

            Eu quero que V. Exªs pensem nisso. Eu quero que V. Exªs mostrem à Nação. Eu quero que V. Exªs pensem naquele eleitor que votou com esperança em V. Exªs. Assinem a CPI. Assinem a CPI. Levem a sério essa CPI, para que o Brasil possa voltar a acreditar neste Senado Federal.

            Muito obrigado, Presidente.

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